Celine
Estou aqui sentada em um banco de uma praça próximo ao endereço do meu novo emprego. Fiz um lanche rápido e estou no aguardo do horário para ir até a casa em que vou trabalhar.
Dona Nice me explicou que meu novo chefe é médico, e que pediu que eu fosse até lá no período da tarde. Não deu tempo dela me dar mais detalhes sobre ele, pois dona Bárbara interrompeu nossa conversa na cozinha, acertou meu tempo de trabalho e mal pude despedir da dona Nice. Sou muito grata a dona Nice que me salvou mais uma vez. Tô sentindo um frio na barriga de ansiedade, mas tenho fé que tudo vai dar certo. Me sinto envergonhada de chegar assim do nada na casa de uma pessoa de mala e cuia como dizem na minha terra. Caminho por ruas arborizadas de um lindo condomínio de alto padrão, vejo os jardins e uma casa mais bonita do que a outra. Chego em frente a uma linda casa branca com janelas grandes. Um lindo jardim muito bem cuidado por sinal, parei em frente a grande porta e confirmo que já são 14:00h da tarde, respiro fundo e aperto a campainha. Do lado de fora é possível ver uma parte da sala da casa.Cansada de tocar a campainha, fico sem saber o que fazer, mas acredito que não deva ter ninguém em casa, já preciso começar a traçar meu plano B, que é voltar para a pensão que eu vivia. Talvez a pessoa tenha mudado de ideia, o que eu entendo perfeitamente, já que sou uma completa estranha sem referências, a não ser pela dona Nice. Comecei a arrastar a minha mala da entrada da casa, quando escutei o barulho da porta se abrindo e uma voz grave atrás de mim. Me deparei com um homem lindo, alto, vestindo uma calça de pijama e um roupão, seus cabelos desgrenhados parece que acabou de acordar, barba por fazer, mas ainda assim sua beleza é impressionante. Seus olhos verdes como duas esmeraldas. Mesmo com seu aspecto cansado, é um homem de tirar o fôlego. Seu porte atlético chama a atenção.
Sinto um clima diferente no ar, uma sensação vibrante dentro de mim, seu olhar intenso como se estivesse avaliando minha alma, me deixava envergonhada, ele me diz ter conversado ontem à noite com a dona Nice, ele não entra muito nos detalhes, acho que não quis me deixar constrangida. Coloquei minha mala num canto da sala e comecei a pensar que provavelmente é o casal convidado que esteve no jantar de ontem a noite. Só me recordo da mulher pálida, espero que sua esposa não seja como a dona Bárbara e nem que a minha antiga patroa tenha falado coisas negativas sobre mim para esse casal. Sempre fiz bem o meu trabalho, mas o ciúmes que ela tem do marido não está escrito, e o pior ciúmes da pessoa errada. A arrogância dela não a deixa ver que a Dora realmente é, já que ela gosta de ser bajulada e ter uma olheira em casa.
- Então é isso Celine já te mostrei toda a casa, sei que está muito bagunçada, mas também não quero te sobrecarregar. Uma vez na semana uma diarista virá para a faxina.
Ele me disse tantas coisas sobre a casa enquanto caminhava atrás dele. Mas eu me perdia reparando em suas costas largas e em seu cabelo. Um cabelo castanho claro quase loiro, que aparenta ser bem macio, que ele passava suas mãos em alguns momentos colocando os fios no lugar. O que ao invés de organizar deixava mais bagunçado, mas esse homem é tão sexy, que seus movimentos involuntários o torna ainda mais atraente.
Algum tempo depois me sentei no sofá em frente ao meu novo chefe, que como sempre me olhava de forma avaliativa. Sua postura majestosa todo vestido de branco já pronto para o trabalho era um convite para a minha imaginação. Mesmo com uma expressão de seriedade, demonstra ser um homem de bom coração. As palavras da dona Nice ecoavam na minha cabeça, e mais uma vez me senti grata mas com uma certa ansiedade, imaginando como seria viver nessa casa com ele. Vi suas expressões suavizar quando me contou ser médico ortopedista. Foi perceptível notar o amor que esse homem tem pela sua profissão. A cada vez que ele passava as mãos pelos cabelos, ficava mais difícil para mim evitar admirar sua beleza Decidi evitar contato visual ao máximo com medo que ele percebesse.
- Alguma dúvida Celine? - Ele me questiona após falar sobre meu salário e dia de folga.
- Eu não deveria falar com a sua esposa também para saber como ela gosta da arrumação da casa? - Instantaneamente ele muda seu semblante para um ar carrancudo.
- Não! Sou viúvo há dois anos! - Ele me respondeu de forma ríspida, se levantou e começou a arrastar minha mala para um quarto no andar inferior da casa. Eu deveria ter conversado ontem a noite com a dona Nice sobre ele, teria evitado essa gafe, com certeza é um assunto delicado para ele.
Acabei me sentindo envergonhada. Mas como eu iria adivinhar que ele é viúvo. Na minha cabeça, achei que a mulher de ontem fosse sua esposa. Mas mesmo com a minha gafe, me senti feliz por dentro em saber que ele não era casado com aquela mulher, mas nada impede que sejam namorados ou algo mais. Meu Deus na situação que me encontro nem deveria me preocupar com isso! Claro que não sou nem nunca serei uma opção para ele. Já chega Celine! Você mal chegou na casa do homem e já está com esses pensamentos? A voz da minha consciência me chama para razão.
- Me desculpe se fui um pouco rude Celine, não é do meu feitio. Só imaginei que a dona Nice tivesse te contado sobre a minha história.- O seguia enquanto falava comigo.
- Não tivemos tempo para conversar, tive que sair da casa senhora Bárbara muito cedo.
- E onde você estava desde cedo Celine? - Seu tom era de preocupação. Fiquei sem graça de responder, mas falei a verdade.
- Fiquei andando por aí, fiz um lanche, depois fiquei sentada em uma praça aqui perto aguardando o horário combinado.
- Meu Deus Celine! Porque não me ligou? A dona Nice não te passou meu número? Ficar tanto tempo vagando por aí, a Bárbara realmente se supera a cada dia. Não sei como meu amigo aguenta. - Dei um sorriso fraco e optei por não entrar muito no assunto.
Meu sorriso se alargou quando entrei no meu quarto já que imaginei que ficaria em um quarto de empregada, mas estou em um excelente quarto de hóspedes com uma grande janela que dá vista para o jardim, uma cama de casal confortável, um closet que vai ficar bem vazio já que não tenho tantas coisas. Amei o banheiro com um grande espelho e vários detalhes em branco e dourado, o que fez eu me lembrar do meu antigo banheiro na casa do meu pai. Pensei em questionar o Sr. Renê se não seria mais adequado o quarto de empregada, mas se ele optou por me colocar neste quarto, quem sou para reclamar. Depois de trocar mais algumas poucas palavras, saiu rapidamente me dizendo que já estava próximo do seu horário de trabalho, agradeci com um sorriso bobo e comecei a desfazer minha mala.
Renê Quando meus olhos se cruzaram com a figura da bela morena em pé em frente a minha casa, confesso que me senti surpreendido. Não esperava que fosse a bela moça que vi organizando a mesa de jantar na casa do meu amigo. Senti uma certa ansiedade em me imaginar dividindo a casa com ela, uma mulher tão linda. Eu não deveria ter esse tipo de pensamento, mas é algo inevitável. Ela demonstrou ser tímida enquanto conversávamos, não queria fazer contato visual comigo, mas sou um homem que gosta de conversar olhando nos olhos. Não gostei quando perguntou da minha esposa, sei que fui ríspido em minha resposta, afinal de contas como ela iria adivinhar que sou viúvo? Mas compreendi quando ela me disse que não teve tempo para conversar com a dona Nice. Raiva e indignação tomaram conta de mim quando me contou que ficou desde cedo caminhando por aí enquanto aguardava o horário combinado. Me frustrou imaginar que enquanto eu dormia, ela estava tão desamparada. A Bárbara é definitivamente uma
RenêResolvi sair mais cedo para o hospital e dar um certo espaço para Celine se adaptar a casa. Mas a verdade é que pela primeira vez em dois anos, encontrei essa mulher que mexe comigo de alguma forma. Depois do falecimento da minha esposa não me envolvi sentimentalmente nem sexualmente com outra mulher. Longe de mim querer pagar de santo, não se trata disso. Mas a tristeza do luto, do vazio da perda me consumiu. Por mais que eu tentasse sair de casa e interagir com outras pessoas, era como se nada fizesse mais sentido. Aos 38 anos de idade, já não me vejo me aventurando por aí com várias mulheres e noitadas como meus amigos me sugerem. Entrar em um relacionamento também não é uma opção para mim.- Sonhando acordado meu amigo? - Sinto a mão do Frederico apertar o meu ombro. Ele se senta com uma xícara de café de frente comigo na lanchonete do hospital.- Você é quem chega tarde Fred- falei bebericando meu café.- Antes tarde do que nunca! Mas o que está acontecendo Renê? Mesm
- Obrigado rapaz! Se me der licença, preciso ajudar a minha esposa! - As palavras saíram da minha boca no automático, não iria permitir a aproximação desse cara da Celine. Sem conseguir disfarçar seu olhar assustado, o folgado começou a sair apressadamente. Um sorriso de satisfação se formou nos meus lábios, não que eu estivesse com ciúmes, só queria protegê-la desse engraçadinho. Adentrei a cozinha colocando as demais sacolas sobre o balcão. Celine andava de um lado pro outro organizando as compras. Seus cabelos presos em um coque, dando uma bela visão do seu pescoço. Ela é muito bonita e delicada, e sua força e determinação são perceptíveis.- Deseja algo Sr. Renê?- Sim, que pare de me chamar de senhor, acho que não sou tão velho assim. Falei dando um sorriso de lado.- Não, claro que não Sr.Renê, quero dizer Renê. Gostei de ouvir meu nome sair de seus lábios e a forma que corou envergonhada enquanto falava comigo.- Você deseja algo? Posso preparar agora para você?. Ela é semp
Renê Cada dia que passa me surpreendo mais com a Celine. Não posso negar que após sua chegada minha casa ganhou vida. Seu jeito animado de caminhar pela casa, às vezes cantando, outras vezes conversando sozinha. Tenho observado seus trejeitos, como se porta, a maneira de falar, seus gostos e como demonstra em pequenas situações seu conhecimento. Aparenta ser uma moça que foi criada em berço de ouro, mas ao mesmo tempo sua simplicidade e humildade me confundem, pois não faria sentido ela pertencer a uma família de posses e estar trabalhando na minha casa. Não sai nos domingos de folga, passa grande parte do dia em seu quarto desenhando. Já percebi que é algo que ela gosta de fazer. Vi alguns de seus desenhos e são incríveis, muito profissionais, às vezes acho que ela fez algum tipo de curso. Tive curiosidade em perguntar, mas acabei desistindo por temer que ela pudesse me achar invasivo. Sempre cozinha algo maravilhoso para que eu leve para comer no intervalo do meu plan
Renê Cheguei em casa como sempre com o dia amanhecendo. Percebi de imediato a silhueta feminina deitada no sofá, me aproximei da Celine que dormia tranquilamente enquanto os primeiros raios suaves da luz da manhã se filtravam através das cortinas da sala, criando um ambiente acolhedor. Não resisti, aproveitei que ela dormia profundamente para fazer uma análise detalhada do seu corpo. Senti um certo nervosismo, e mesmo com medo de acordá-la me agachei próximo ao sofá e comecei a observar os traços delicados do seu rosto tão angelical, os lábios levemente entreabertos. O vestido de alças finas destacava seus seios que com certeza devem caber na palma da minha mão. Fiquei ali parado como um bobo olhando as suas belas coxas e as lindas curvas do seu corpo. A visão dela tão próxima e ao mesmo tempo tão distante esquentou meu corpo. Um desejo primitivo à flor da pele. Sentimentos que há muito tempo eu não sentia por uma mulher. A sensação de atração era palpável, não me contive e ti
“O que ele pensa que está fazendo?” Murmurei para mim mesmo cruzando meus braços enquanto observava o desenrolar da cena. O vento suave balançava os cabelos de Celine, enquanto ela recebia de Sérgio um botão de rosa que o mesmo acabava de lhe entregar. Me senti novamente ameaçado com a troca de olhares entre os dois. Por um impulso do momento, saí abruptamente da casa decidido a interromper essa interação que em nada me agradava. Caminhei em direção ao jardim, minha mente fervilhando de ciúmes e insegurança. Ao me aproximar tentei colocar um sorriso no rosto, mas a tensão nos meu ombros era palpável.- Oi Sérgio! Como está indo o trabalho no jardim? - Minha voz soou mais ríspida do que eu pretendia, e Celine virou-se de surpresa.- Oi Renê! já estou terminando aqui. Estava mostrando para Celine como cuidar das plantas. - Ele respondeu com um brilho nos olhos cheio de gentilezas, o que me fez ferver ainda mais por dentro.- Ótimo! Espero que você não esteja se distraindo demais. - D
Acordei um pouco mais tarde aproveitando que hoje é domingo e estou de folga. Me sentei com uma caneca de café próxima a grande janela de vidro do meu quarto apreciando a vista do jardim. Realmente o Sérgio faz um trabalho incrível com as plantas. Meus pensamentos voltaram para o Renê. A lembrança da forma que ele se aproximou e o seu olhar faminto sobre mim, sempre me deixando agitada. A atração que sinto é forte ,não sei o que fazer e nem como devo me comportar na presença dele, que está desaparecido desde ontem a noite. Escuto o som de leves batidas na porta do meu quarto, meu coração já começa a bater forte. Permaneci sentada e pedi que ele entrasse. Foi uma opção me manter sentada para disfarçar o meu nervosismo.- Bom dia Celine! Atrapalho? - Percebi que ele estava meio sem jeito mas com seu olhar avaliativo de sempre.- Claro que não Renê, precisa de algo? - Respondi tentando disfarçar a excitação que a sua presença me causa. - Vim te fazer um convite. Gostaria que você vie
Celine Comecei a me arrumar animadamente. Optei por um vestido floral mais curto, com um leve decote nas costas. Fiz uma maquiagem leve, soltei meus cabelos e coloquei uma sandália baixa. Como já era de se esperar, Renê me esperava na sala. Ele é um homem de porte muito bonito, seus cabelos castanhos claros quase loiros fazem um belo conjunto com seus olhos verdes. Vestia uma camisa casual branca e uma calça jeans clara que realçou bem seu corpo, e como sempre passava as mãos pelos cabelos, um gesto involuntário mas muito sexy. Entramos em seu carro, um grande SUV preto. Conversamos sobre vários assuntos quando ele me perguntou sobre os meus desenhos e se eu havia feito algum tipo de curso. Contei que desde criança sempre tive talento, mas não revelei minha formação profissional. Com certeza ele não engoliria o fato da minha formação em arquitetura numa faculdade renomada, e trabalhando como empregada. Isso levantaria vários questionamentos, eu teria que revelar a verdade. Ele d