Renê
Resolvi sair mais cedo para o hospital e dar um certo espaço para Celine se adaptar a casa. Mas a verdade é que pela primeira vez em dois anos, encontrei essa mulher que mexe comigo de alguma forma. Depois do falecimento da minha esposa não me envolvi sentimentalmente nem sexualmente com outra mulher. Longe de mim querer pagar de santo, não se trata disso. Mas a tristeza do luto, do vazio da perda me consumiu. Por mais que eu tentasse sair de casa e interagir com outras pessoas, era como se nada fizesse mais sentido.
Aos 38 anos de idade, já não me vejo me aventurando por aí com várias mulheres e noitadas como meus amigos me sugerem. Entrar em um relacionamento também não é uma opção para mim.- Sonhando acordado meu amigo? - Sinto a mão do Frederico apertar o meu ombro. Ele se senta com uma xícara de café de frente comigo na lanchonete do hospital.
- Você é quem chega tarde Fred- falei bebericando meu café.
- Antes tarde do que nunca! Mas o que está acontecendo Renê? Mesmo sendo viciado em trabalho, estou te achando muito estranho, tem algo te preocupando?
Nos minutos seguintes, decidi contar tudo para o meu amigo. Conheço Fred de longa data. Ele me escuta atentamente com as sobrancelhas arqueadas.
- Cara, como você coloca uma pessoa que nunca viu dentro da sua casa? Será que não foi algo precipitado? - Sinto uma certa preocupação em seu tom de voz.
A imagem da Celine e seu jeito tímido e ao mesmo tempo meio atrapalhado me vem à mente. Não acredito que ela seja capaz de algo, demonstra ser uma boa pessoa e sei que dona Nice não me prejudicaria.
- Ela é uma moça simples que estava precisando de ajuda. Não acredito que seja uma pessoa perigosa.
Percebo um sorriso se formando no rosto do meu amigo, lá vem. O conheço bem demais, já posso imaginar o que vai me perguntar. - Ela é gostosa? - Me pergunta de um jeito interessado.
- Não reparei bem na moça. Mantenho minha expressão séria.
- Com essa pra cima de mim, Renê? - Senti seu tom debochado.
- Ela é bonita sim, mas isso não vem ao caso - Falei tentando encerrar o assunto. Seguimos para o nosso plantão, com meu amigo me enchendo de perguntas sobre a Celine e pegando no meu pé o tempo todo, me dando dicas de conquista, pois segundo ele estou fora de forma.
Depois de várias pernas, braços engessados e até cirurgias de fratura exposta. Encerro mais uma noite de plantão na ortopedia. Ao chegar em casa me deparo com o clarear do dia e o silêncio de sempre. Caminho até o meu quarto, e fico surpreso com a organização do mesmo. Me surpreendo com a organização do meu closet e o cheiro de limpeza do meu banheiro. Celine fez milagres em poucas horas na minha casa, o que me surpreende, e me traz um sentimento de estar sendo cuidado. Já tinha me esquecido como é ter uma presença feminina por perto. Scarllet desde que nos casamos era quem se preocupava com a organização do closet. Gostava de tudo em ordem, sempre reclamava da minha bagunça. Tomei um banho demorado, coloquei apenas uma bermuda, e mesmo sentindo o peso do sono e cansaço, decidi ir até a cozinha por curiosidade. Me deparei com uma cozinha impecável e uma vasilha de vidro sobre a bancada com algum tipo de comida dentro. Reparei um bilhete com uma caligrafia bonita “Imagino que você chegue todos os dias além de cansado, com muita fome também. Espero que goste. Assinado Celine.”
Um sorriso de canto surgiu em meus lábios. Senti gratidão pelo seu gesto tão gentil comigo. Ao abrir a vasilha um cheiro maravilhoso se espalhou pela cozinha, mas não um cheiro qualquer, mas um cheiro que remeteu a minha infância. A primeira garfada me fez recordar quando era criança e minha mãe preparava uma de suas muitas especialidades, uma saborosa torta de frango. Fiquei nostálgico e surpreso, não imaginei que uma moça jovem pudesse cozinhar tão bem. Abri a geladeira e me deparei com alguns alimentos. Optei por um suco, e enquanto bebia senti uma sensação de acolhimento, que há muito tempo eu não tinha. Vivendo a tanto tempo sozinho já não me lembrava do quanto é bom ter uma refeição preparada em casa.Acordei depois das três da tarde, dormi um sono tranquilo, mas acabei acordando com uma sensação que estava sendo observado. O que é estranho já que a porta permanecia fechada e tudo estava igual quando eu cheguei. Não ouvi nenhum tipo de barulho. Desci as escadas lentamente, antes me preocupei em estar devidamente vestido já que agora não vivo mais só. Caminhei por toda a casa, mas não vi Celine em nenhum lugar. Seu quarto estava devidamente arrumado. Ao observar tudo, uma certa ansiedade tomou conta de mim, comecei a pensar que talvez ela tivesse desistido do trabalho e talvez tivesse partido sem avisar, o que me levou a decisão de abrir o closet, que para o meu alívio estava com suas coisas guardadas. Vi que não eram tantas mas estavam ali. Fui tomado por um sentimento de alívio.
Alguns minutos depois ouvi um som de um carro em frente a minha casa e decidi observar pela janela da sala. Foi quando vi Celine descer de um carro carregada de sacolas. Um rapaz moreno forte e alto a acompanhava amistoso demais pro meu gosto enquanto retirava mais sacolas do porta-malas e ajudava a carregá-las. Celine passou na frente do homem inocentemente caminhando em direção a porta de entrada, e o safado aproveitou para dar uma boa olhada em seu traseiro, examinando todo o seu corpo de baixo para cima. Meu sangue ferveu com a cena que se desenrolava. Me aproximei da porta abrindo de uma vez só e vi o sorriso do cara desaparecer quando ficou frente a frente comigo. Com facilidade retirei todas as sacolas de suas mãos e acho que Celine percebeu uma certa tensão no ar, agradeceu o rapaz que ainda a buscou com os olhos, mas ela já havia se retirado para a cozinha.
- Obrigado rapaz! Se me der licença, preciso ajudar a minha esposa! - As palavras saíram da minha boca no automático, não iria permitir a aproximação desse cara da Celine. Sem conseguir disfarçar seu olhar assustado, o folgado começou a sair apressadamente. Um sorriso de satisfação se formou nos meus lábios, não que eu estivesse com ciúmes, só queria protegê-la desse engraçadinho. Adentrei a cozinha colocando as demais sacolas sobre o balcão. Celine andava de um lado pro outro organizando as compras. Seus cabelos presos em um coque, dando uma bela visão do seu pescoço. Ela é muito bonita e delicada, e sua força e determinação são perceptíveis.- Deseja algo Sr. Renê?- Sim, que pare de me chamar de senhor, acho que não sou tão velho assim. Falei dando um sorriso de lado.- Não, claro que não Sr.Renê, quero dizer Renê. Gostei de ouvir meu nome sair de seus lábios e a forma que corou envergonhada enquanto falava comigo.- Você deseja algo? Posso preparar agora para você?. Ela é semp
Renê Cada dia que passa me surpreendo mais com a Celine. Não posso negar que após sua chegada minha casa ganhou vida. Seu jeito animado de caminhar pela casa, às vezes cantando, outras vezes conversando sozinha. Tenho observado seus trejeitos, como se porta, a maneira de falar, seus gostos e como demonstra em pequenas situações seu conhecimento. Aparenta ser uma moça que foi criada em berço de ouro, mas ao mesmo tempo sua simplicidade e humildade me confundem, pois não faria sentido ela pertencer a uma família de posses e estar trabalhando na minha casa. Não sai nos domingos de folga, passa grande parte do dia em seu quarto desenhando. Já percebi que é algo que ela gosta de fazer. Vi alguns de seus desenhos e são incríveis, muito profissionais, às vezes acho que ela fez algum tipo de curso. Tive curiosidade em perguntar, mas acabei desistindo por temer que ela pudesse me achar invasivo. Sempre cozinha algo maravilhoso para que eu leve para comer no intervalo do meu plan
Renê Cheguei em casa como sempre com o dia amanhecendo. Percebi de imediato a silhueta feminina deitada no sofá, me aproximei da Celine que dormia tranquilamente enquanto os primeiros raios suaves da luz da manhã se filtravam através das cortinas da sala, criando um ambiente acolhedor. Não resisti, aproveitei que ela dormia profundamente para fazer uma análise detalhada do seu corpo. Senti um certo nervosismo, e mesmo com medo de acordá-la me agachei próximo ao sofá e comecei a observar os traços delicados do seu rosto tão angelical, os lábios levemente entreabertos. O vestido de alças finas destacava seus seios que com certeza devem caber na palma da minha mão. Fiquei ali parado como um bobo olhando as suas belas coxas e as lindas curvas do seu corpo. A visão dela tão próxima e ao mesmo tempo tão distante esquentou meu corpo. Um desejo primitivo à flor da pele. Sentimentos que há muito tempo eu não sentia por uma mulher. A sensação de atração era palpável, não me contive e tir
“O que ele pensa que está fazendo?” Murmurei para mim mesmo cruzando meus braços enquanto observava o desenrolar da cena. O vento suave balançava os cabelos de Celine, enquanto ela recebia de Sérgio um botão de rosa que o mesmo acabava de lhe entregar. Me senti novamente ameaçado com a troca de olhares entre os dois. Por um impulso do momento, saí abruptamente da casa decidido a interromper essa interação que em nada me agradava. Caminhei em direção ao jardim, minha mente fervilhando de ciúmes e insegurança. Ao me aproximar tentei colocar um sorriso no rosto, mas a tensão nos meu ombros era palpável.- Oi Sérgio! Como está indo o trabalho no jardim? - Minha voz soou mais ríspida do que eu pretendia, e Celine virou-se de surpresa.- Oi Renê! já estou terminando aqui. Estava mostrando para Celine como cuidar das plantas. - Ele respondeu com um brilho nos olhos cheio de gentilezas, o que me fez ferver ainda mais por dentro.- Ótimo! Espero que você não esteja se distraindo demais. - D
Acordei um pouco mais tarde aproveitando que hoje é domingo e estou de folga. Me sentei com uma caneca de café próxima a grande janela de vidro do meu quarto apreciando a vista do jardim. Realmente o Sérgio faz um trabalho incrível com as plantas. Meus pensamentos voltaram para o Renê. A lembrança da forma que ele se aproximou e o seu olhar faminto sobre mim, sempre me deixando agitada. A atração que sinto é forte ,não sei o que fazer e nem como devo me comportar na presença dele, que está desaparecido desde ontem a noite. Escuto o som de leves batidas na porta do meu quarto, meu coração já começa a bater forte. Permaneci sentada e pedi que ele entrasse. Foi uma opção me manter sentada para disfarçar o meu nervosismo.- Bom dia Celine! Atrapalho? - Percebi que ele estava meio sem jeito mas com seu olhar avaliativo de sempre.- Claro que não Renê, precisa de algo? - Respondi tentando disfarçar a excitação que a sua presença me causa. - Vim te fazer um convite. Gostaria que você vie
Celine Comecei a me arrumar animadamente. Optei por um vestido floral mais curto, com um leve decote nas costas. Fiz uma maquiagem leve, soltei meus cabelos e coloquei uma sandália baixa. Como já era de se esperar, Renê me esperava na sala. Ele é um homem de porte muito bonito, seus cabelos castanhos claros quase loiros fazem um belo conjunto com seus olhos verdes. Vestia uma camisa casual branca e uma calça jeans clara que realçou bem seu corpo, e como sempre passava as mãos pelos cabelos, um gesto involuntário mas muito sexy. Entramos em seu carro, um grande SUV preto. Conversamos sobre vários assuntos quando ele me perguntou sobre os meus desenhos e se eu havia feito algum tipo de curso. Contei que desde criança sempre tive talento, mas não revelei minha formação profissional. Com certeza ele não engoliria o fato da minha formação em arquitetura numa faculdade renomada, e trabalhando como empregada. Isso levantaria vários questionamentos, eu teria que revelar a verdade. Ele d
- Vou sim meu amigo, mas vou levar uma acompanhante, tudo bem pra você?- Falei encarando Celine que me olhava de forma apreensiva.- Que mudança cara! Uma acompanhante? Posso saber quem é? Aliás, é quem estou pensando? Achei que teria que te buscar amarrado na sua casa. Riu debochado.- Muito engraçadinho e curioso também! Nos vemos então, até mais tarde.Dito isso desliguei o telefone, enquanto Celine me olhava de forma apreensiva.- Você pode me deixar no shopping aqui próximo Renê? - sua voz era quase um sussurro.- Claro que não Celine! Quero que você vá comigo. - Meu tom de voz era baixo mas firme.- Não acho que seja uma boa ideia Renê, até pouco mais de um mês atrás eu era empregada naquela casa, e de repente eu chegar assim com você não me parece adequado. - A tensão em minha voz era palpável.- Ficarei muito feliz se você vier comigo, e quanto a Bárbara fique tranquila que ela não fará nada com você. Conheço ela há muitos anos e sei como colocá-la em seu lugar, ela não vai se
Senti um alívio quando Renê se desvencilhou dela. Seu olhar para ela não era nada amistoso. Se aproximou de nós com um sorriso no rosto, coisa rara de se ver. Ele fica ainda mais lindo quando sorri, é uma pena que o faz tão pouco.- Como vai dona Nice? - Inquiriu enquanto se abraçavam de forma carinhosa, percebi que ele tem muito carinho por ela.- Eu estou bem meu menino, vejo que a Celine está cuidando muito bem de você! Está ainda mais bonito, cortou o cabelo, fez a barba. Consigo ver um brilho diferente em seus olhos, é assim que eu gosto vê-lo meu filho, Acariciou uma das suas bochechas como se ele fosse um menininho.- Vejo que a presença da Celine tem te feito muito bem! - meu rosto queimou de vergonha.- Tem sim dona Nice.Seu olhar encontrou o meu de uma forma intensa, tentei desviar o assunto para os pratos que estavam dispostos na mesa.Fomos interrompidos pelo Sr. Richard que começou a se servir da comida disposta na mesa. Agradeci a Deus por aquela interrupção, eu já não