Capítulo 5 | Problemas..

—  Você é louco?- Gritei com Lucas que me olhava entediado.

Seus cabelos estavam bagunçado e suas roupas amassadas, roupas de ontem. Ele nem sequer voltou para me dar uma satisfação.

- Olha, Bruna.. eu não quero brigar, tá legal? - Lucas se levantou, me ignorando e caminhou preguiçosamente até o quarto que dividamos por pouco tempo.

Bufei, e bati as unhas na pequena mesa de jantar da cozinha. Eu não podia passar por isso.

Fiz um coque bagunçado no topo do cabelo e suspirei pesadamente, indo atrás de Lucas no quarto.

Me encostei no batente da porta e cruzei minhas pernas e cruzei meus braços na frente do peito, limpei a garganta, chamando a sua atenção.

- Um tal de Carlos esteve aqui. - avisei, chamando toda a sua atenção para mim dessa vez.

- Ele disse algo? - Lucas perguntou, mantendo uma expressão nervosa no rosto.

- Comigo? Não! - tentei mostrar desinteresse. - disse que voltaria.

- Ele não fez nada contigo, não é? - Perguntou, se levantando e segurando meu braço levemente.

- Não. - Franzi a testa, encarando seus olhos castanhos. - Por que faria?

- Nada, só... - Lucas suspirou, passando a mão na cabeça nervosamente. - Só.. não abra a porta para um desconhecido novamente.

- O.k! - Falei, encarando meus pés.

Me virei em direção a sala, pronta para deixa-lo sozinho com a própria consciência, mas fui interrompida com sua mão puxando meu cotovelo.

- Você está brava? - perguntou por fim, soltando-me delicadamente.

- Estou! - suspirei pesado, cruzando meus braços e encarando Lucas.

Desde pequena, aprendi que tínhamos que expor nossos problemas dentro do nosso lar. Meu primeiro namorado tinha um grande problema com expor coisas que ele discordava em nosso relacionamento e fora dele também, e por isso, colocamos um ponto final na nossa história. Bem curta, por sinal.

E eu estava tentando colocar isso dentro do nosso relacionamento, um pouco mais de conversa e menos discussões, mas, Lucas era um homem difícil, e falava pouco sobre o que o incomodava. Normalmente, brigávamos e jogávamos tudo, um na cara do outro.

- Me desculpa! - Pediu.

- Olha, Lucas.. - Suspirei, tirando suas mãos dos meus braços e me afastando um pouco dele. - Eu não consigo agora, tudo bem? Eu estou chateada com você, você sumiu durante uma noite toda e aparece achando que eu iria te receber de braços abertos? - Falei um pouco mais alto. - Eu não sai da minha cidade para isso e é por isso também, que eu vou embora semana que vem! - Explodi, jogando todas as novidades da última semana em Lucas e deixando-o sozinho no quarto.

— Vocês vão na festa da Giovanna? - Uma amiga de Lucas - que eu não lembrava o nome - perguntou, enquanto virava seu copo com um líquido duvidoso.

- Não me dou muito bem com ela. - Amanda disse, passando o esmalte azul nas minhas unhas.

- Ah, mas isso nunca te impediu de ir pra uma festa. - A menina falou, olhando fixamente para a amanda. - Que cor é essa?

- Azul sei lá o que.. - a cacheada respondeu vagamente, centrada no seu trabalho

- nossa, amanda, não sabia que era azul. - A outra disse irónica.

- Aí, Lilian, não enche o saco. - Bufou, olhando para o vidro em sua mão. - O nome tá' apagado. - informou emburrada.

- Para de ser grossa com as pessoas. - Lilian reclamou, apoiando o copo na mesinha.

- Para de ser chata, meu Deus! - Amanda reclamou. - Gostou, Bruna? - Perguntou, soltando minha unha.

- Sim, obrigada, mandi. - Agradeci, assoprando meus dedos.

- Já estão com apelidos? - Lilian voltou a se pronunciar.

- Sim! - falei pela primeira vez, ela já estava enchendo o meu saco.

- Eu quero um também! - reclamou.

- Meu Deus, Lilian.. que implicância! - Foi a vez de um dos meninos reclamar, ainda sem tirar os olhos da TV.

- Vocês que não me aguentam. - Ela debochou, retornando a encher seu copo.

Revirei meus olhos, voltando a me entreter com as minhas unhas recém pintadas.

Durante todo o resto da noite, tive que aguentar as faltas de educação de Lilian e as várias discussões dela com Amanda, que não tinha mais paciência alguma.

Bufei, me levantando repentinamente, e esticando meu corpo.

- Beijos para quem fica, eu estou indo dormir. - Falei, saindo da presença dos demais e entrando no quarto.

Abri meu guarda roupas e pesquei meu pijama, indo para o banheiro lavar meu corpo.

Permiti que a água entrasse em contato com o meu corpo, me permitindo relaxar.

Eu precisa tirar a tensão dos últimos dias do meu corpo, eu necessitava muito disso, quase como eu dependo de ar.

Aproveitei cada minuto do meu banho, e quando decidi sair, me sequei por completo, vesti meu pijama e entrei para dentro do quarto, encostando a porta e ligando o ar condicionado do quarto de Lucas. Deitei na cama, fechando os olhos e relaxando o corpo.

Meu celular vibrou embaixo do travesseiro e eu resmunguei, pegando o aparelho e me perguntando quem ligaria a essa hora da noite.

A luz cegou meus olhos por alguns segundos e eu fiz uma careta, fechando-os e voltando a abri-los, tentando me acostumar com o brilho do aparelho. Sorri quando li aquele nomezinho tão pequeno e tão cheio de significado brilhando na tela do celular, "Mãe".

- oi, mãe! - atendi o celular, sorrindo.

- Oi, minha filha! - ela disse do outro lado da linha. - Estava dormindo?

- Estava me deitando para, mas, para a senhora eu acordaria sem reclamar. - ri fraco e imaginei a mulher que me deu a luz sorrindo do outro lado da linha.

- Como você estão? Sabe que pode voltar a hora que quiser, não sabe? - A mulher desatou a falar, arrancando uma risada de mim .

- Estou ótima, mãe, não se preocupem! - Garanti. - E meu pai? Como está?

- Ótimo, querida, ele está com saudade. - Ela suspirou. - Já já teremos uma nova eleição e seu pai está tentando decidir entre a reeleição ou não. -

- Meu pai deveria deixar outra pessoa cuidar da cidade agora.. - Expressei minha opinião. - Ele já está ficando velho, tem que se cuidar e aproveitar os anos que lhe restam cuidando de você e dele mesmo.

- Eu estou ouvindo, Bruna! - Ele gritou do outro lado da linha e eu ri. - Oi, meu amor. - Ele disse por fim, de forma carinhosa e mais próximo do celular.

- Oi, pai! Que bom que o senhor ouviu, espero que siga meu toque. - firme minha ideia pela última vez.

Passamos os próximos quarenta minutos conversando amenidades e os assuntos gerais sobre a cidade. Minha mãe me deixou a par de todas as fofocas e confusões isoladas da qual ficou sabendo e eu ouvi tudo com bastante atenção, como a boa fofoqueira que eu era.

- Bom, precisamos dormir querida! - Ela anunciou por fim, suspirando do outro lado. - Nós te amamos!

- Eu também amo vocês. - Sorri, e desliguei o celular o posicionando no lugar de antes.

Me virei, e coloquei meu rosto apoiado nas mãos e fechei os olhos, finalmente, relaxando e pegando no sono.

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