O calor do Rio de Janeiro era intenso e por um segundo, senti saudades do verão do interior.
Minha cidade tinha tantas árvores, que o Verão era agradável e podíamos nos sentar no jardim do parque para ler ou fazer qualquer besteira que adolescente faz.
Puxei meus cabelos em um coque no topo da cabeça, deixando alguns fios soltos. Passei um rímel nos olhos e me olhei no espelho.
Meu short Jeans recém comprado por minha mãe estava um pouco curto e o cropped preto me deixava confortável. Espirrei um pouco de perfume e um desodorante, hidratei as pernas e peguei meu celular em cima da cômoda do quarto de Lucas.
Sai do quarto e voltei para a sala, percebendo os amigos de Lucas jogando FIFA no Xbox montado no meio tapete. Abri as janelas, antes fechadas para que o ar corresse pela casa e bebi um copo com água bem gelada, antes de pegar meu aparelho celular e chamar por um carro no aplicativo.
- Pra onde você vai? - Lucas perguntou sem me olhar.
- Vou ver aquele apê que eu falei pra você! - balancei as mãos em frente ao rosto, tentando diminuir o calor.
- Eu já disse que você não precisa disso. - Lucas não gostava da história de eu ter a minha própria casa e minha independência. Ele queria que eu ficasse aqui, com ele..
- Preciso sim! - rolei os olhos. - Quero meu próprio canto.
Ele me encarou sério, respirou fundo e voltou a sua atenção para a televisão. Dei os ombros, não entraria nessa conversa de novo.
•
O carro parou na frente de um prédio grande e bonito. Desci do Uber, e parei na frente do portão.
- Bom dia, Senhor! - Cumprimentei o porteiro. - Pode me ajudar?
- Bom dia. - Ele sorriu e se levantou da mesa, apoiando o celular ali. - Que deseja?
- Eu estou aqui por causa do anúncio da Amélia, do quatrocentos e três. - falei, lendo as informações no celular. - Eu marquei uma visita.
- Vou ver se liberam a sua entrada. - O homem se afastou, e após balbuciar algumas poucas palavras no interfone, ouvi o clique no portão. - Ela está te esperando.
- Obrigada. - Falei me aproximando e comecei a subir o elevador.
Me admirei no espelho por algum tempo antes da porta pesada se abrir na minha frente. Suspirei e entrei no corredor, olhei para os dois lados e percorri o corredor com os olhos até os números 4 0 3 brilharem em uma porta fechada.
Caminhei até ela nervosamente e toquei a campanhia, esperando que alguém a abrisse para mim.
- Ah, oi! - Uma moça branca, com cabelos lisos e magra me atendeu sorrindo. - Entra!
- Obrigada. - Sorri sem graça e entrei na casa. - você deve ser a Manu. - Dei minha mão para que ela pudesse apertar.
- Sim, bom, eu estou procurando alguém para dividir o apartamento..- Manu fez um coque no cabelo, antes de apontar o controle para o ar-condicionado no teto. - Meus pais pagam o apartamento sozinhos, mas, você sabe.. é muito grande pra uma pessoa só.
- Entendo. - me limitei a dizer, olhando para a sala perfeitamente arrumada.
- Vem, vou te mostrar o apê. - Manu estava animada, e enquanto ela falava sem parar, começamos a andar pelo apartamento.
O lugar era mediano, tinha dois quartos mobiliados, três banheiros, uma cozinha espaçosa, uma sala ampla, duas varandas e uma pequena área de serviço.
- E então, o que achou? - Manu perguntou, apoiando a xícara no balcão da cozinha.
- Eu achei incrível. - Sorri abertamente.
- O apartamento sai a oitocentos por mês, então, a gente pode dividir quatrocentos para cada uma, mais o acréscimo da alimentação.
- Quando posso me mudar? - Perguntei e o rosto de Manu se iluminou.
- Quando você quiser.
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- Vamos, Bruna! - Lucas bufou impaciente.
- Espera! - Disse irritada.
Estávamos nos arrumando para a festa de aniversário de um dos amigos de Lucas. O moreno segurava um engradado de cerveja em uma das mãos, enquanto eu passava o gloss nos lábios.
Olhei-me no espelho e me senti feliz com a roupa que eu estava usando, o vestido preto sem mangas ia até a metade da cocha e era justo, valorizando todas as curvas do meu corpo.
- Já estou pronta. - Bufei, pegando a bolsa que dispunha do meu celular e dinheiro.
Saímos em silêncio, aliás, ficamos assim o dia todo. Lucas estava bravo pela minha ida, mas eu precisava disso, era minha escolha e meu futuro.
- Vai ficar me ignorando até quando? - Bufei, olhando para a janela do Uber.
- Até eu achar que devo. - Seu tom de voz foi rude e eu o ignorei.
- Não precisa ser assim. - Disse baixo, sentindo meu rosto esquentar e meus olhos arderem.
- Claro que preciso. - Lucas se afastou mais de mim e encostei minha testa no vidro.
Eu deixei minha cidade, a minha família e todos os meus amigos para vir para um lugar novo e acabar deixada de lado por sair da casa do homem que jurava que me amava. Será que ele me amava mesmo? Ou tudo isso era uma bela cena?
Funguei um pouco e permiti que uma lágrima solitária escorresse pelo meu rosto, antes de pingar em meu vestido, fazendo um pequeno círculo escuro no tecido.
- Você está chorando? - Lucas perguntou, puxando meu rosto em sua direção. - Por que você tá chorando?
Puxei meu rosto bruscamente de suas mãos e me afastei de seu corpo, eu não queria ele tão perto.
- Não estou chorando. - Disse seca e voltei a encarar a janela que passava rápido entre meus olhos. - continue me ignorando, você estava fazendo um belo trabalho me ignorando.
- Bruna.. - ele me chamou e se aconchegou do meu lado. - Amor, me desculpa.
- Lucas. - Disse e levantei minha mão na frente do seu rosto.
— Ok. - ele respirou fundo e voltou para o outro lado do banco, mantendo silêncio depois disso.
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Descemos do carro em frente a um clube, o lugar estava lotado de pessoas e por um momento e me peguei pensando em quanto amigos o aniversariante poderia ter.
Nós esprememos no meio do pessoal, até chegarmos a um pequeno bar improvisado. A cerveja de Lucas havia sido entregue na entrada, e diferente dele, acabei optando por uma bela latinha de Coca-Cola.
Começamos a rodar o lugar, enquanto procurávamos o pequeno grupo de amigos de Lucas e assim que os avistei, percebi que Giovanna se fazia presente e revirei os olhos. Eu não estou com paciência.
Nos aproximamos calmamente do pessoal, e após cumprimentar a todos eles, me sentei em uma das cadeiras de ferro do pessoal e abri a minha lata de coca, entornando o líquido em um copo de plástico.
- amigo, como você está? - Ouvi Giovanna perguntar ao meu lado, abraçando meu namorado de lado.
- Tô bem e você? - Lucas perguntou, deu um sorriso e levantou seus olhos para mim. O encarei sem expressão.
- tô ótima, e com saudades. - Giovanna se afastou, sentou em uma das cadeiras e virou seu copo de uma só vez.
- É, eu sei. - Ele suspirou, se sentando ao meu lado e apoiando a mão na minha cocha. - você está maravilhosa nesse vestido. - Sussurrou no meu ouvido, antes de beijar meu rosto e voltar a conversar com os outros da mesa, ignorando totalmente a morena.
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A noite estava ótima e enquanto eu conversava animadamente com Amanda e Josi, Lucas apareceu ao meu lado, dizendo que teria algo importante para tratar, apenas assenti e voltei para o meu diálogo animado.
- Eles estão demorando. - Suspirei, correndo os olhos pelo clube. - e já está ficando tarde. - Falei, bloqueando a tela do aparelho. Já se passavam das três da manhã.
- E eles vão demorar mais. - Amanda disse, tomando um gole da sua água.
- Eu quero ir para casa. - Bufei, batendo os pés no chão.
- vamos procurar eles, se não encontrarmos, avisamos a baba ovo da Giovanna que vamos embora. - Josi se levantou da cadeira e puxou seus shorts para baixo, ajustando-o no corpo.
Andamos a festa toda e após eu reclamar de dor nos pés pela milésima vez, voltamos para o nosso lugar de partida. Nada dele.
Avisamos ao pouco das pessoas que sobraram que iríamos para casa, e que era para deixar o recado para o resto do pessoal.
Nós nos esprememos no meio das inúmeras pessoas e após muita insistência, acabei convencendo as duas que a minha casa era mais próxima e que seria a melhor opção para nós.
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- Tem toalha aqui, caso queiram tomar banho! - avisei, colocando-as no sofá. Josi estava deitada no colchonete, brigando com o sono e Amanda teclava incansavelmente no celular, com a testa franzida e os lábios juntos demais.
- Aconteceu algo? - perguntei preocupada.
- Não é nada demais. - eu não conseguia acreditar. - mesmo. - Garantiu e eu assenti.
Desejei boa noite a ambas e voltei para o quarto de Lucas, me despindo e me deitando na cama seminua na cama confortável.
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Meu sono foi interrompido por barulhos fortes na porta de entrada, olhei para o lado e Lucas não estava, me deixando preocupada com o seu sumiço repentino.
Me levantei, vestindo apenas uma camiseta grande do rapaz e cheguei a sala, podendo escutar mais uma série de batidas frenéticas.
- Lucas! - o homem gritou.
- Já vai! - Bufei, destrancando a porta. Quando finalmente a abri, encontrei um homem de aproximadamente trinta anos, que me olhou de cima abaixo e deu um sorriso de lado. - Quem é você e o que quer?
- Sou um amigo do Lucas.. - O homem se afastou um pouco, e passou os olhos pelas minhas pernas. Me senti constrangida de imediato, e mudei a direção do olhar.
- Você quer alguma coisa? O Lucas não está. - Me apressei a dizer.
- Gracinha, diga a ele que o Carlos veio aqui e que volto depois. - O homem disse, se virando e saindo da minha visão. Me deixando sozinha e com uma má sensação.
— Você é louco?- Gritei com Lucas que me olhava entediado.Seus cabelos estavam bagunçado e suas roupas amassadas, roupas de ontem. Ele nem sequer voltou para me dar uma satisfação.- Olha, Bruna.. eu não quero brigar, tá legal? - Lucas se levantou, me ignorando e caminhou preguiçosamente até o quarto que dividamos por pouco tempo.Bufei, e bati as unhas na pequena mesa de jantar da cozinha. Eu não podia passar por isso.Fiz um coque bagunçado no topo do cabelo e suspirei pesadamente, indo atrás de Lucas no quarto.Me encostei no batente da porta e cruzei minhas pernas e cruzei meus braços na frente do peito, limpei a garganta, chamando a sua atenção.- Um tal de Carlos esteve aqui. - avisei, chamando toda a sua atenç&
Já correram cinco meses desde a minha chegada ao Rio De Janeiro. Eu já estava morando com Manu em seu apartamento e nós nos dávamos perfeitamente bem.O meu problema é bem pior. Estou atolada em dívidas, dívidas altas e não tenho como pagar. Meu trabalho em uma lanchonete não cobre sequer os juros da dívida e estou a ponto de explodir.Eu não quero ir embora do Rio, e é por isso que não posso pedir mais de três mil reais para o meu pai. E o pior, estou sofrendo milhares de ameaças desse tal de Carlos, e não consigo entender ainda, como cheguei a esse ponto.Limpei a última mesa do estabelecimento, eram três da manhã e já havíamos fechado. Fiz um coque frouxo no topo da cabeça, me despedi dos outros funcionários e caminhei até a minha casa, que não era muito longe.Eu não posso dizer, na verdade, que não entendo como cheguei a essa situação. Eu entendo e entendo muito bem.Tudo começou quando Carlos começou a aparecer muito
— Você tem um mês para aproveitar a sua liberdade. — Carlos soltou, me fazendo assentir em seguida tristemente. Eu não queria ter só um mês.— E depois? — Perguntei, torcendo os lábios.— Depois, você irá comigo para a Colômbia, e ficará por lá até que a sua dívida esteja paga. — Explicou, tomando seu capuccino. — vai durar uns dois ou três anos.— Mas, eu só devo três mil reais. — Franzi a testa.— Me diz, você vai ou não vai segurar as dívidas do Lucas? — Carlos estava impaciente na minha frente, eu sabia que ele o mataria. Era tão perigoso.— E quanto ele deve a você? — Cruzei os braços, suspirando alto.— No mí
Já havia corrido uma semana. Uma longa e cansativa semana.Eu fui a praia duas vezes, e saio quase todas as noites, tentando aproveitar meu último gostinho de liberdade.Lucas me beijava com furor, enquanto apertava meus seios com uma mão e alisava minha bunda com a outra.Levei meus dedos a sua nuca, arranhando a área levemente.Não sei exatamente em que momento ficamos pelados, mas Lucas arremetia contra o meu corpo rapidamente, fazendo uma sensação gostosa invadir meu corpo e um gemido sair da minha garganta.Meu ventre se apertou levemente, e torci para que isso não acabe agora, ouvi a respiração de Lucas mais pesado no meu ouvido e suas estocadas ficarem mais leves e sem velocidade, até parar definitivamente.Lucas jogou seu corpo suado contra os lençóis de sua cama, com a respiração entre cortada.- Foi bom? - Lucas disse, sorrindo fraco.- Sim, foi ótimo. - Menti.Eu não podia dize
Puxei minha última peça de roupa do guarda roupas e coloquei dentro da mala aberta em cima da minha cama.Separei uma calça comprida, uma blusa de alça fina e uma jaqueta jeans. Eu precisava terminar isso ainda hoje.Bufei, diminuindo um pouco mais a temperatura do ar condicionado. O Rio de Janeiro estava quente, com seus belos trinta e cinco graus Celsius, eu me sentia a ponto de derreter a qualquer momento.Se um ovo fosse quebrado na tampa de um esgoto, seria frito em segundos, levando em consideração que eu estava assando na quentura do lugar.Hoje era meu último dia de liberdade e eu queria aproveitar isso ao máximo. Não consigo me lembrar, exatamente, todos os momentos que passei durante esses vinte e oito dias, mas a certeza que eu tinha, era que eu havia me divertido como nunca.— Já está fazendo as malas? — Manu murmurou triste, se jogando ao lado da minha mala.— Sim, eu precisava terminar isso!
não pensei que me despedir doeria tanto.Acordei cedo naquela manhã, torcendo para que o dia passasse cada vez mais lento.Mesmo com meu coração dolorido, e com a decepção e insatisfação estampada no meu rosto, passamos o dia juntas.Fizemos o melhor almoço do mundo, e elas me acompanharam a minha última visita a praia.Me sentei na areia fofa, e fiquei admirando as ondas indo e voltando. Eu não tinha certeza se os colombianos tinham praia, e não estava muito animada para descobrir, não sei sequer se serei livre para ir e vir, quem dirá para descobrir se eles tem praias.— No que você tanto pensa? — Ket perguntou, se sentando ao meu lado.— Na minha vida. — sorri fraco, ainda sem encarar seus olhos castanhos escuros.— Você tem certeza disso? — Perguntou. — conheço umas pessoas que podem acabar com a raça desse Carlos.— Eu já dei a minha palavra. — falei, triste.
Henry Coleman.— Bom, senhores.. por hoje é só! — Falei, deixando a pasta preta na mesa.Aos poucos, a sala ia esvaziando, até que ficassem apenas eu e minha secretária.— Senhor? — Merliah chamou a minha atenção. — Seu pai está na sua sala, está aguardando o seu retorno.— Obrigado, Merliah. — Sorri fraco, peguei a pequena pasta da mesa e sai da sala.Atravessei os corredores extensos até a minha sala no topo do prédio alto.Eu e meu pai não estávamos nos falando desde a nossa última discussão, ele não dava o braço a torcer e eu era orgulhoso demais para ir atrás do mais velho.Respirei fundo, antes de entrar na sala e encontrá-lo sentado na minha cadeira, enquanto lia alguns papéis.— Pai? — chamei sua atenção e me aproximei, para depositar a pasta ao lado de uma pilha de pastas.— Ah, oi! — Ele se levantou e ajeitou o blazer sobre o corpo, antes de pigarrear e me encar
Bruna Pinheiro. Carlos abriu porta de entrada da boate e me deu passagem para que eu pudesse passar.O lugar, não era ruim, era bem bonito e parecia aconchegante. Percorri meus olhos pela sala ampla e fiquei encantada com a beleza do lugar.Em um dos cantos, um bar estava muito bem posicionado com inúmeros bancos enfileirados um ao lado do outro, uma menina estava sentada no balcão, enquanto conversava animadamente com uma outra que estava lavando um copo no bar.Algumas mesas estavam espelhadas pelo local, com quatro cadeiras cada. Nos cantos, encostados nas paredes, alguns sofás vermelhos que pareciam confortáveis rodeavam mesas quadradas.No centro do lugar, dois palcos redondos e pequeno, com uma uma barra em seu centro. Uma garota estava sentada com outras duas no pequeno palco, comendo tacos e bebendo refrigerante.Percebi algumas garotas espalhadas pelo lugar, pareciam felizes e entretidas em suas próprias con