Já correram cinco meses desde a minha chegada ao Rio De Janeiro. Eu já estava morando com Manu em seu apartamento e nós nos dávamos perfeitamente bem.
O meu problema é bem pior. Estou atolada em dívidas, dívidas altas e não tenho como pagar. Meu trabalho em uma lanchonete não cobre sequer os juros da dívida e estou a ponto de explodir.
Eu não quero ir embora do Rio, e é por isso que não posso pedir mais de três mil reais para o meu pai. E o pior, estou sofrendo milhares de ameaças desse tal de Carlos, e não consigo entender ainda, como cheguei a esse ponto.
Limpei a última mesa do estabelecimento, eram três da manhã e já havíamos fechado. Fiz um coque frouxo no topo da cabeça, me despedi dos outros funcionários e caminhei até a minha casa, que não era muito longe.
Eu não posso dizer, na verdade, que não entendo como cheguei a essa situação. Eu entendo e entendo muito bem.
Tudo começou quando Carlos começou a aparecer muito lá em casa, Lucas sempre o recebia e ambos ficavam conversando na cozinha, enquanto eu, ia para o quarto para não ficar na presença do mais velho.
Quando porém, queríamos fazer uma viagem incrível para Fernando De Noronha e não tinhamos um centavo no bolso, descobri que Carlos emprestava dinheiro e que eu poderia pagar depois, com um pouco de juros, mas depois...
Grande erro! A viagem foi ótima, aproveitei muito, mas, as dívidas começaram a bater na porta e Lucas ficou sem trabalho, e para que eu não sofresse as duras consequências de Carlos, tentava dar os juros da dívida todo mês.. o problema era que a dívida só aumentava e isso estava me deixando maluca.
— Oi, amiga. — Manu disse animada. — Você tá bem?
— Oi, estou um pouco cansada, e você? Tá acordada a essa hora?
— Tô assistindo uns filmes e nem percebi a hora voando. — Ela riu, ligando a tela do celular. — Acho melhor eu dormir, está tarde.
— É, eu também já vou. — sorri, deixando o chinelo no canto. — Boa noite, Manu!
— Boa noite, Bru! — Ela disse, desligando a TV e se levantando.
Aproveitei ao máximo cada minuto do meu banho, permitindo a água gelada lavasse todo o meu corpo. Suspirei, fechando os olhos e encostando a testa no piso frio do banheiro.
Será que era certo eu ter vindo para o Rio? Eu fiz certo em largar tudo? Qual seria meu futuro daqui para frente? Pensei.
Sai do banheiro rapidamente, já vestida e me joguei em minha cama macia, pegando no sono rapidamente.
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Acordei com o meu celular berrando ao meu lado, resmunguei. Era cedo, eu acho.
— Alô. — Atendi ao terceiro toque.
— Bom dia, Bruna. — A voz grossa de Carlos invadiu meu ouvido, despertando o meu corpo de imediato. — Te acordei?
— Ah, Carlos.. — Murmurei. — Como você está?
— Bem, mas, não quero conversar amenidades.. — ele suspirou e outro lado da linha. — Preciso encontrar você, tenho uma proposta.
— Proposta? — Franzi a testa. — Onde quer me encontrar?
— Você escolhe.
— Tudo bem, podemos nos encontrar na casa do Lucas. — Decidi.
— Tudo bem, as três. — e desligou.
Continuei olhando para o nada por alguns segundos, antes de me levantar rapidamente e correr para o banheiro. Já eram duas da tarde de um domingo de sol.
Não demorei muito em casa, atravessei a cidade voando e quando cheguei a casa de Lucas, Carlos já estava lá, sentado no sofá, conversando algo com Lucas.
— Que bom que chegou! — Carlos sorriu, me olhando de cima abaixo.
— Vamos ao que interessa, Carlos. — Cruzei os braços. — Qual é a sua proposta?
— Calma, senta aí. — Mandou e eu obedeci, queria acabar logo com esse assunto.
— Você deve saber que eu tenho negócios fora do Brasil, e se não sabe, agora está sabendo.. enfim, eu tenho um bordel na Colômbia e estamos precisando de pessoas novas, se é que me entende.. — Explicou e eu o encarei com a testa franzida.
— Está me chamando para ser prostituta? — Falei com raiva.
— Sim, basicamente. — Ele sorriu nojento. — Você escolhe se quer ou não.. você ficaria até a sua dívida monstruosa estiver paga e depois some do mapa. — Ele disse, batendo os dedos delicadamente no braço do sofá. — E então, que me diz?
— Eu não posso aceitar uma coisa dessas! — Falei Alto, chocada demais para acreditar. — Eu não fui criada para isso.
— Nenhuma é. — O homem deu os ombros antes de se levantar. — Propus para não ter que matar você, está me devendo a quatro meses e não paga nada além dos juros.. está me irritando! — Falou calmo, segurando meu queixo. — Você tem quarenta e oito horas para decidir.
Carlos saiu rapidamente da casa, me deixando estática na sala de Lucas e com a cabeça fervilhando de possibilidades.
— O que você decide? — Lucas se pronunciou, chamando a minha atenção.
— Você não pensa que eu vou aceitar, não é? — Perguntei, fazendo uma careta.
— Eu não sei, só que isso resolveria as nossas vidas. — Ele deu os ombros, não conseguindo olhar nos meus olhos.
— E você acha que vendendo o me corpo, vai resolver? — Falei alto, jogando os braços para o alto.
— Eu. Não. Sei! — Disse pausadamente, e então olhou para cima, seus olhos estavam vermelhos. — ele vai me matar!
— Ele vai o que? — Franzi a testa.
— Me matar, eu estou devendo muito, durante muito tempo e não tenho como pagar.. — deu os ombros.
— Ele não pode.. — Falei perplexa.
— Não pode, mais vai! — Exclamou. — É assim que as coisas no Rio funcionam, tudo muito injusto.. eu aceitei as condições!
— Lucas.. eu.. — Me joguei no sofá, jogando a cabeça para trás e passando a mão no rosto. — Eu não sei o que fazer.
— Não quero me meter nas suas decisões, faça o que achar melhor! — Disse, antes de se levantar e ir para o quarto.
Passei o resto da tarde na casa de Lucas, na sala, tentando tomar uma decisão. Não era fácil, mas, eu não podia deixar que o homem que eu amava fosse morto covardemente por dinheiro..
As ideias correram pela minha mente e por um segundo, pensei em deixar tudo para trás e votar para a casa dos meus pais. Dificilmente o homem me acharia em um lugar tão pequeno, que chega a ser desconhecido no mapa.
Entrei na casa silenciosa e me tranquei pelo resto da noite, tentado tomar uma decisão que não afetasse Lucas e nem a mim.. mas, não existia! Um dos dois não sairia ileso, porém, Lucas morreria e eu sairia do país de qualquer maneira.
Bufei, pegando o celular e disquei o número nervosamente, tentando me manter concentrada e não demonstrar o meu nervosimos.
No terceiro toque o aparelho foi atendido, e eu senti minhas mãos molhadas pelo suor.
— Oi, Carlos? — Falei, antes de continuar.. — Já tenho uma resposta para você!
Esse poderia ser o pior erro da minha vida, mas eu não podia deixar Lucas morrer, não se eu pudesse evitar!
— Você tem um mês para aproveitar a sua liberdade. — Carlos soltou, me fazendo assentir em seguida tristemente. Eu não queria ter só um mês.— E depois? — Perguntei, torcendo os lábios.— Depois, você irá comigo para a Colômbia, e ficará por lá até que a sua dívida esteja paga. — Explicou, tomando seu capuccino. — vai durar uns dois ou três anos.— Mas, eu só devo três mil reais. — Franzi a testa.— Me diz, você vai ou não vai segurar as dívidas do Lucas? — Carlos estava impaciente na minha frente, eu sabia que ele o mataria. Era tão perigoso.— E quanto ele deve a você? — Cruzei os braços, suspirando alto.— No mí
Já havia corrido uma semana. Uma longa e cansativa semana.Eu fui a praia duas vezes, e saio quase todas as noites, tentando aproveitar meu último gostinho de liberdade.Lucas me beijava com furor, enquanto apertava meus seios com uma mão e alisava minha bunda com a outra.Levei meus dedos a sua nuca, arranhando a área levemente.Não sei exatamente em que momento ficamos pelados, mas Lucas arremetia contra o meu corpo rapidamente, fazendo uma sensação gostosa invadir meu corpo e um gemido sair da minha garganta.Meu ventre se apertou levemente, e torci para que isso não acabe agora, ouvi a respiração de Lucas mais pesado no meu ouvido e suas estocadas ficarem mais leves e sem velocidade, até parar definitivamente.Lucas jogou seu corpo suado contra os lençóis de sua cama, com a respiração entre cortada.- Foi bom? - Lucas disse, sorrindo fraco.- Sim, foi ótimo. - Menti.Eu não podia dize
Puxei minha última peça de roupa do guarda roupas e coloquei dentro da mala aberta em cima da minha cama.Separei uma calça comprida, uma blusa de alça fina e uma jaqueta jeans. Eu precisava terminar isso ainda hoje.Bufei, diminuindo um pouco mais a temperatura do ar condicionado. O Rio de Janeiro estava quente, com seus belos trinta e cinco graus Celsius, eu me sentia a ponto de derreter a qualquer momento.Se um ovo fosse quebrado na tampa de um esgoto, seria frito em segundos, levando em consideração que eu estava assando na quentura do lugar.Hoje era meu último dia de liberdade e eu queria aproveitar isso ao máximo. Não consigo me lembrar, exatamente, todos os momentos que passei durante esses vinte e oito dias, mas a certeza que eu tinha, era que eu havia me divertido como nunca.— Já está fazendo as malas? — Manu murmurou triste, se jogando ao lado da minha mala.— Sim, eu precisava terminar isso!
não pensei que me despedir doeria tanto.Acordei cedo naquela manhã, torcendo para que o dia passasse cada vez mais lento.Mesmo com meu coração dolorido, e com a decepção e insatisfação estampada no meu rosto, passamos o dia juntas.Fizemos o melhor almoço do mundo, e elas me acompanharam a minha última visita a praia.Me sentei na areia fofa, e fiquei admirando as ondas indo e voltando. Eu não tinha certeza se os colombianos tinham praia, e não estava muito animada para descobrir, não sei sequer se serei livre para ir e vir, quem dirá para descobrir se eles tem praias.— No que você tanto pensa? — Ket perguntou, se sentando ao meu lado.— Na minha vida. — sorri fraco, ainda sem encarar seus olhos castanhos escuros.— Você tem certeza disso? — Perguntou. — conheço umas pessoas que podem acabar com a raça desse Carlos.— Eu já dei a minha palavra. — falei, triste.
Henry Coleman.— Bom, senhores.. por hoje é só! — Falei, deixando a pasta preta na mesa.Aos poucos, a sala ia esvaziando, até que ficassem apenas eu e minha secretária.— Senhor? — Merliah chamou a minha atenção. — Seu pai está na sua sala, está aguardando o seu retorno.— Obrigado, Merliah. — Sorri fraco, peguei a pequena pasta da mesa e sai da sala.Atravessei os corredores extensos até a minha sala no topo do prédio alto.Eu e meu pai não estávamos nos falando desde a nossa última discussão, ele não dava o braço a torcer e eu era orgulhoso demais para ir atrás do mais velho.Respirei fundo, antes de entrar na sala e encontrá-lo sentado na minha cadeira, enquanto lia alguns papéis.— Pai? — chamei sua atenção e me aproximei, para depositar a pasta ao lado de uma pilha de pastas.— Ah, oi! — Ele se levantou e ajeitou o blazer sobre o corpo, antes de pigarrear e me encar
Bruna Pinheiro. Carlos abriu porta de entrada da boate e me deu passagem para que eu pudesse passar.O lugar, não era ruim, era bem bonito e parecia aconchegante. Percorri meus olhos pela sala ampla e fiquei encantada com a beleza do lugar.Em um dos cantos, um bar estava muito bem posicionado com inúmeros bancos enfileirados um ao lado do outro, uma menina estava sentada no balcão, enquanto conversava animadamente com uma outra que estava lavando um copo no bar.Algumas mesas estavam espelhadas pelo local, com quatro cadeiras cada. Nos cantos, encostados nas paredes, alguns sofás vermelhos que pareciam confortáveis rodeavam mesas quadradas.No centro do lugar, dois palcos redondos e pequeno, com uma uma barra em seu centro. Uma garota estava sentada com outras duas no pequeno palco, comendo tacos e bebendo refrigerante.Percebi algumas garotas espalhadas pelo lugar, pareciam felizes e entretidas em suas próprias con
Estar aqui a seis meses, era de longe a coisa mais difícil a ser feita. Eu sabia que não seria fácil, mas não imaginei que seria tão repetitivo e entediante.Todas as noites era o mesmo, nós íamos para o salão, esperávamos eles aparecerem e nos jogávamos em cima, como urubus em carne podre.Eu não me orgulhava disso, na verdade, queria correr dali a qualquer momento, era bastante humilhante.. mas, eu precisava disso. Eu precisava quitar a dívida e salvar a vida de Lucas, estava tudo em minhas mãos.Eu não falava muito com Lucas, trabalhava até às quatro da manhã, e quando retornava para a casa, queria me deitar e nunca mais levantar dali.Cá estava eu, no centro da nossa sala de estar, comendo cereal e assistindo a qualquer filme
Abri meus olhos lentamente, sentindo a brisa suave entrar em contato com o meu rosto. A porta da sacada estava aberta, e o dia lá fora estava frio.O céu estava escuro e pequenos chuviscos molhavam o chão, o vento mexia a cortina descontroladamente, quase como se tivesse vida.Me levantei preguiçosamente, fechando a porta, deixando o ambiente se aquecer instantâneamente.Abri o guarda roupas e pesquei um conjunto de lingeries, um moletom rosa bebê e um par de meias da mesma cor, entrei para dentro do banheiro e liguei o chuveiro na água quente.Após o banho, me vesti com as peças e penteei meus cabelos, que agora batiam na metade das minhas costas.Peguei meu celular e vi algumas chamadas perdidas de Juh e franzi a testa, calcei um par de chinelos de dedo e sai do quarto.Atravessei o corredor vazio, ouvindo conversas paralelas em alguns quarto, não me interessando muito em parar para escutar.Me virei par