Elaine revirou os olhos quando foi anunciado o quinto rapaz que lhe visitava naquela tarde. Seu pai havia falecido há 08 dias e já vinham lhe visitando há 03 dias. Ninguém respeitava o luto quando o assunto era uma herança sem dono.
As Indústrias Locker eram famosas e grandes no mercado, sua fortuna estava entre as 15 maiores fortunas do mundo. Porém, pelas regras do testamento de seu avô, ela somente poderia usufruir dos bens já adquiridos (casas, carros, etc), sem o poder de realizar novas compras ou vender algo.“Srta. Locker, não gostaria de seu eu a lhe dar essa notícia, porém a senhorita precisa casar-se antes do fim do mês. Do contrário, os funcionários não receberão mais seus salários e nem mesmo as contas de água e luz serão pagas. Serão mais de 300 funcionários e famílias prejudicadas.”Haviam sido as palavras dos advogado de seu pai, responsável pelo cumprimento do testamento. Não os funcionários das empresas, mas os que trabalhavam em suas casas, jardineiros, faxineiros, motoristas, dentre outros. As empresas seguiriam em pleno funcionamento, afinal o Administrador designado possuía pleno poder para manter o funcionamento, ela, no entanto, não poderia usufruir do lucro que lhe pertencia.Elaine viu-se com duas opções, ou abriria mão de tudo, inclusive de seus estudos, e arranjava um emprego para sustentar-se com um salário razoável pelo resto de sua vida, ou casava-se com o menos pior de seus pretendentes e vivia no luxo e na riqueza em um casamento sem amor.Caso escolhesse a primeira opção teria que levar na consciência o peso de toda sua fortuna ser congelada até que ela case com alguém por amor e enquanto isso seus funcionários seriam demitidos e prejudicaria mais de 300 famílias que dependiam daqueles empregos.Faltavam 12 dias para o fim daquele mês, o tempo de Elaine estava se esgotando.Seu pai havia deixado um seguro de vida em seu nome, porém não seria nem de longe suficiente para manter os gastos que os funcionários lhe trariam, se usasse o valor para isso, ficaria sem nada em menos de 03 anos.Seu plano, naquele momento, era usar o dinheiro do seguro de vida de seu pai para postergar o tempo que possuía para encontrar seu marido. Mas, o advogado havia colocado dificuldade até mesmo naquilo, dizendo a ela que era uma péssima ideia se descapitalizar daquela forma e apontou ainda que aquele dinheiro era o único que realmente pertencia a ela. Caso ela se casasse com um homem terrível, ele poderia privá-la do acesso à sua fortuna e tudo o que ela teria seria o dinheiro do seguro de vida.Seu advogado a incentivou a investir o dinheiro como uma segurança.Elaine forçou um sorriso quando o rapaz entrou na sala e ouviu suas propostas com atenção. Ele era o terceiro filho de uma grande indústria, mas por ser o terceiro filho jamais seria de fato o herdeiro, seriam o par perfeito segundo ele. Seria terrível segundo ela.Elaine desejava um dia de spá mais que tudo naquele momento, estava desesperadamente precisando relaxar e por este motivo avisou que não receberia mais visitas naquele dia, todas haviam sido um desastre. Foi por isso que se viu sendo pega de surpresa quando as grandes portas da sala de estar se abriram mais uma vez, porém logo um enorme sorriso surgiu em seu rosto. – Andrea! – Ela saudou com um misto de alegria e alívio assim que se colocou de pé e recebeu sua melhor amiga com um forte e apertado abraço. – Elaine, eu vim correndo assim que fiquei sabendo. – Andrea a abraçou por longos minutos, dando amparo à amiga e sentiu seu coração se apertar pelo modo como Elaine se encolheu naquele abraço, demonstrando o quanto estava ferida naquele momento. Andrea avisou que iria dormir com Elaine naquela noite, assim poderiam conversar melhor, como faziam em sua época de adolescentes. Elas decidiram ir ao quarto de Elaine e pediram que o jantar fosse servido lá, assim teriam maior privacida
Adam encarava o celular em sua mão enquanto um pequeno sorriso aparecia. Elaine Locker precisava de um marido urgente e estava desesperada fazendo uma “listinha de possíveis maridos”, ou pelo menos era isso que Andrea havia lhe dito. Adam achou que aquele cenário era perfeito, Elaine de fato estava tendo o que merecia. Uma mulher como ela merecia encontrar um marido que fosse tão péssima pessoa quanto ela era. Adam bebeu mais um gole de sua bebida e fechou os olhos enquanto saboreava o líquido. Ele até mesmo chegou a pensar em alguns conhecidos que dariam péssimos maridos. Listou cada um deles em sua mente para indicar à amiga de sua irmã. Então o celular vibrou mais uma vez e a mensagem seguinte o fez franzir as sobrancelhas, “você deveria se casar com ela”. Andrea provavelmente havia bebido mais do que ele. Para ter certeza que havia lido certo, leu novamente a mensagem mais algumas vezes. – Nem se o diabo me pagar. – Ele respondeu em voz alta, desgostoso com a ideia dada por sua
Elaine acordou próximo ao meio-dia e decidiu procurar algo para comer enquanto deixava Andrea dormir mais um pouco, afinal a amiga havia feito uma longa viagem para vir lhe consolar. Elaine estava sentada na mesa da sala de chá de sua casa, brincando com o tecido macio de seus pijamas quando ouviu uma voz masculina vinda do outro lado da porta, uma voz desconhecida à princípio, mas que aos poucos foi se tornando mais familiar. Com a xícara em mãos, levantou-se e foi verificar o que estava acontecendo, o que resultou em uma recepção peculiar para Marck Taunt que estava ali para lhe visitar. Marck estava parado no saguão, explicando a seu mordomo o motivo de sua visita quando interrompeu sua fala ao ver Elaine. Ele estava extremamente mais belo do que ela se recordava em seus tempos de adolescência. Era uns 10 centímetros mais alto que ela, com os cabelos loiros que combinavam com o ar angelical que as piscinas azuis de seus olhos passavam. Seu rosto, que quando mais novo lembrava um
– Elaine. – Andrea chamou seu nome em tom sério. – Eu não me importo. Você é minha melhor amiga. Lhe empresto o dinheiro e você ganha um tempo para pensar melhor. Com esse tempo tenho certeza que vai escolher um marido ideal. E, se ele for um mão de vaca que não te deixe mexer no seu próprio dinheiro, pode me pagar com sua amizade. – Ela finalizou com um tom mais doce que fez Elaine chorar. Elaine esteve se sentindo tão sozinha nos últimos dias, sufocando a dor da perda sem um ombro amigo que agora que Andrea estava ali o alívio era tão grande que ela se viu chorando e soluçando sem conseguir parar, colocando para fora todas as lágrimas reprimidas nos últimos dias. – Eu sinto falta de meu pai. – Ela revelou entre os soluços, o que fez sua amiga sentar-se ao seu lado e a abraçar por alguns minutos. – Eu sei, amiga, eu sei. Mas, você não está sozinha. Eu estou aqui com você. Elaine sempre tivera uma vida livre de quaisquer preocupações. Estudou nas melhores escolas e colégios, com u
Não teve cerimônia, não teve igreja e tampouco teve festa. Não era um casamento de verdade, era apenas um contrato de negócios. Adam nem ao menos compareceu, enviou seu sócio com uma procuração em mãos. Elaine tentou ignorar o quanto aquilo lhe incomodava e focou apenas no fato da salvação que aquele contrato de casamento representava em sua vida naquele momento. – Irei explicar os termos do casament-– Contrato. – Elaine interrompeu o advogado e isso lhe custou a atenção de todos presentes na sala. – Os termos do contrato. – Ela repetiu tentando transparecer uma coragem que não sentia de fato naquele momento. Estavam presentes seu advogado, o advogado de Adam, Elaine e Peter, o sócio e procurador de Adam em uma sala reservada junto ao cartório para que se celebrasse o contrato de casamento. Andrea havia organizado tudo extremamente rápido, de modo que em menos de 03 dias Elaine via sua vida mudar completamente. A amiga infelizmente não estava presente, pois havia retornado ao tra
Elaine seguia sua vida de forma tranquila, e o único indício de seu casamento era o valor depositado mensalmente em sua conta bancária para que custeasse seu sustento. Ainda era a responsável pela administração dos bens de sua família, mas o pagamento era sempre realizado pelas indústrias. Elaine de início teve medo do momento em que precisaria enfrentar Adam, mas esse momento nunca chegou. Nem no primeiro mês, nem no segundo, nem em qualquer mês que veio após isso. Ela estava contente com sua vida e seus estudos. Inclusive havia iniciado um relacionamento de amizade com o Marck, afinal ainda o tinha como um pretendente quando fosse a hora de se divorciar de Adam. Marck era incrível e fora totalmente compreensível com sua escolha, em especial quando ela explicou que era um casamento temporário apenas para lhe comprar tempo para que pudesse decidir melhor sobre seu futuro. Ele ainda por cima lhe enviava flores toda semana, às vezes um grande bouquet, às vezes uma rosa solitária com
Elaine decidiu então voltar ao jardim, era o melhor lugar para evitar Adam naquele momento, não queria estar por perto enquanto ele se instalava no quarto que havia sido de seu pai. Sabia que ele ainda encontraria as roupas de seu pai no guarda-roupa como se ele fosse surgir a qualquer momento para usá-las e sabia que Adam mandaria retirá-las, não queria presenciar aquilo. Várias teorias passavam pela mente de Elaine enquanto ela tentava adivinhar o motivo de Adam ter aparecido do nada, sem qualquer explicação após um ano sem notícia alguma. A mais plausível que encontrou é que ele estaria na cidade por alguns dias e aproveitaria que tinha uma mansão ali para não ter que ficar em um hotel. Convenceu-se a si mesma que deveria ser essa a teoria correta, afinal nessa teoria ele somente ficaria por alguns dias e era justamente isso que Elaine esperava que fosse acontecer, que em poucos dias ele fosse embora. – Srta. Locker. – Elaine virou a cabeça para dar atenção à sua governanta quan
O restante da noite passou como nuvem diante dos olhos de Elaine, como se fosse mais espectadora do que participante, apenas comentando algo vago vez ou outra diante do silêncio deixado por alguém nos intervalos da conversa. Andrea chegou a lhe questionar se havia algo errado e apenas justificou que estava com uma forte dor de cabeça, o que foi aceito como justificativa por parte de sua amiga. Elaine acompanhou as duas mulheres até o saguão para se despedirem com um abraço. – Amanhã cedo estaremos aqui. – Prometeu Caroline ao depositar um delicado beijo na bochecha de Elaine, afinal havia combinado de sair de viagem logo na manhã seguinte. – Sua tentativa de desobediência teria sido até engraçada se não fosse tão patética. – Adam alfinetou assim que ambas estavam fora da mansão, longe de seu campo de visão e audição. – O que quer dizer com isso? – Você só está indo nessa viagem porque eu estou permitindo que vá. – Ele esclareceu ao se aproximar dela, impondo a diferença de altur