Adam encarava o celular em sua mão enquanto um pequeno sorriso aparecia. Elaine Locker precisava de um marido urgente e estava desesperada fazendo uma “listinha de possíveis maridos”, ou pelo menos era isso que Andrea havia lhe dito.
Adam achou que aquele cenário era perfeito, Elaine de fato estava tendo o que merecia. Uma mulher como ela merecia encontrar um marido que fosse tão péssima pessoa quanto ela era. Adam bebeu mais um gole de sua bebida e fechou os olhos enquanto saboreava o líquido. Ele até mesmo chegou a pensar em alguns conhecidos que dariam péssimos maridos. Listou cada um deles em sua mente para indicar à amiga de sua irmã.Então o celular vibrou mais uma vez e a mensagem seguinte o fez franzir as sobrancelhas, “você deveria se casar com ela”. Andrea provavelmente havia bebido mais do que ele. Para ter certeza que havia lido certo, leu novamente a mensagem mais algumas vezes.– Nem se o diabo me pagar. – Ele respondeu em voz alta, desgostoso com a ideia dada por sua irmã.Talvez fosse o efeito da bebida ou talvez sua vontade de arruinar a vida de Elaine fosse maior do que achava que realmente era, mas algo saiu fora do que planejava. Quando abriu a conversa com sua irmã para digitar a ela o nome Diogo Curlt, o maior imbecil do mundo corporativo, um marido ideal para Elaine, acabou digitando a palavra “caso” e somente após enviar foi que se deu conta do ocorrido.– Que porra? – Gritou para as paredes e estava prestes a mandar uma outra mensagem para completar a frase “caso com o capeta, mas não com Elaine”, quando uma ideia lhe veio.Ele se casando com Elaine, poderia ser o maior filho da puta possível e ela teria enfim um pouquinho do gosto do próprio veneno. Aceitou então o fato de que provavelmente seu cérebro foi mais esperto do que ele achou que era, afinal, se quer algo bem feito deve fazer você mesmo.Havia demorado, mas a vingança é um prato que se come frio.E, quando se cansasse, bastava pedir o divórcio.Talvez fosse a bebida ou talvez fosse a doce ideia de finalmente ter Elaine em suas mãos para fazê-la sentir na pele um pouco de seu próprio veneno, mas naquela manhã Adam saiu de seu escritório em casa sem sequer finalizar sua dose matinal de whisky.Assim que chegou à empresa, no entanto, seu bom humor foi por água abaixo, pois já vinham péssimas notícias lhe aguardando. Patrick Northegan, um grande parceiro corporativo de suas empresas, estava comunicando o encerramento de sua parceria por pretender investir na empresa concorrente, Lorvick’s Emperium.Marck Taunt havia herdado a corporação de seu falecido pai há pouco menos de um ano e possuía um grande charme para negócios, de modo que a Lorvick’s conseguiu no último ano mais parceiros e investidores do que jamais conseguiu enquanto sob a direção de Roger Taunt. Estava sendo um problema para Adam.Elaine acordou próximo ao meio-dia e decidiu procurar algo para comer enquanto deixava Andrea dormir mais um pouco, afinal a amiga havia feito uma longa viagem para vir lhe consolar. Elaine estava sentada na mesa da sala de chá de sua casa, brincando com o tecido macio de seus pijamas quando ouviu uma voz masculina vinda do outro lado da porta, uma voz desconhecida à princípio, mas que aos poucos foi se tornando mais familiar. Com a xícara em mãos, levantou-se e foi verificar o que estava acontecendo, o que resultou em uma recepção peculiar para Marck Taunt que estava ali para lhe visitar. Marck estava parado no saguão, explicando a seu mordomo o motivo de sua visita quando interrompeu sua fala ao ver Elaine. Ele estava extremamente mais belo do que ela se recordava em seus tempos de adolescência. Era uns 10 centímetros mais alto que ela, com os cabelos loiros que combinavam com o ar angelical que as piscinas azuis de seus olhos passavam. Seu rosto, que quando mais novo lembrava um
– Elaine. – Andrea chamou seu nome em tom sério. – Eu não me importo. Você é minha melhor amiga. Lhe empresto o dinheiro e você ganha um tempo para pensar melhor. Com esse tempo tenho certeza que vai escolher um marido ideal. E, se ele for um mão de vaca que não te deixe mexer no seu próprio dinheiro, pode me pagar com sua amizade. – Ela finalizou com um tom mais doce que fez Elaine chorar. Elaine esteve se sentindo tão sozinha nos últimos dias, sufocando a dor da perda sem um ombro amigo que agora que Andrea estava ali o alívio era tão grande que ela se viu chorando e soluçando sem conseguir parar, colocando para fora todas as lágrimas reprimidas nos últimos dias. – Eu sinto falta de meu pai. – Ela revelou entre os soluços, o que fez sua amiga sentar-se ao seu lado e a abraçar por alguns minutos. – Eu sei, amiga, eu sei. Mas, você não está sozinha. Eu estou aqui com você. Elaine sempre tivera uma vida livre de quaisquer preocupações. Estudou nas melhores escolas e colégios, com u
Não teve cerimônia, não teve igreja e tampouco teve festa. Não era um casamento de verdade, era apenas um contrato de negócios. Adam nem ao menos compareceu, enviou seu sócio com uma procuração em mãos. Elaine tentou ignorar o quanto aquilo lhe incomodava e focou apenas no fato da salvação que aquele contrato de casamento representava em sua vida naquele momento. – Irei explicar os termos do casament-– Contrato. – Elaine interrompeu o advogado e isso lhe custou a atenção de todos presentes na sala. – Os termos do contrato. – Ela repetiu tentando transparecer uma coragem que não sentia de fato naquele momento. Estavam presentes seu advogado, o advogado de Adam, Elaine e Peter, o sócio e procurador de Adam em uma sala reservada junto ao cartório para que se celebrasse o contrato de casamento. Andrea havia organizado tudo extremamente rápido, de modo que em menos de 03 dias Elaine via sua vida mudar completamente. A amiga infelizmente não estava presente, pois havia retornado ao tra
Elaine seguia sua vida de forma tranquila, e o único indício de seu casamento era o valor depositado mensalmente em sua conta bancária para que custeasse seu sustento. Ainda era a responsável pela administração dos bens de sua família, mas o pagamento era sempre realizado pelas indústrias. Elaine de início teve medo do momento em que precisaria enfrentar Adam, mas esse momento nunca chegou. Nem no primeiro mês, nem no segundo, nem em qualquer mês que veio após isso. Ela estava contente com sua vida e seus estudos. Inclusive havia iniciado um relacionamento de amizade com o Marck, afinal ainda o tinha como um pretendente quando fosse a hora de se divorciar de Adam. Marck era incrível e fora totalmente compreensível com sua escolha, em especial quando ela explicou que era um casamento temporário apenas para lhe comprar tempo para que pudesse decidir melhor sobre seu futuro. Ele ainda por cima lhe enviava flores toda semana, às vezes um grande bouquet, às vezes uma rosa solitária com
Elaine decidiu então voltar ao jardim, era o melhor lugar para evitar Adam naquele momento, não queria estar por perto enquanto ele se instalava no quarto que havia sido de seu pai. Sabia que ele ainda encontraria as roupas de seu pai no guarda-roupa como se ele fosse surgir a qualquer momento para usá-las e sabia que Adam mandaria retirá-las, não queria presenciar aquilo. Várias teorias passavam pela mente de Elaine enquanto ela tentava adivinhar o motivo de Adam ter aparecido do nada, sem qualquer explicação após um ano sem notícia alguma. A mais plausível que encontrou é que ele estaria na cidade por alguns dias e aproveitaria que tinha uma mansão ali para não ter que ficar em um hotel. Convenceu-se a si mesma que deveria ser essa a teoria correta, afinal nessa teoria ele somente ficaria por alguns dias e era justamente isso que Elaine esperava que fosse acontecer, que em poucos dias ele fosse embora. – Srta. Locker. – Elaine virou a cabeça para dar atenção à sua governanta quan
O restante da noite passou como nuvem diante dos olhos de Elaine, como se fosse mais espectadora do que participante, apenas comentando algo vago vez ou outra diante do silêncio deixado por alguém nos intervalos da conversa. Andrea chegou a lhe questionar se havia algo errado e apenas justificou que estava com uma forte dor de cabeça, o que foi aceito como justificativa por parte de sua amiga. Elaine acompanhou as duas mulheres até o saguão para se despedirem com um abraço. – Amanhã cedo estaremos aqui. – Prometeu Caroline ao depositar um delicado beijo na bochecha de Elaine, afinal havia combinado de sair de viagem logo na manhã seguinte. – Sua tentativa de desobediência teria sido até engraçada se não fosse tão patética. – Adam alfinetou assim que ambas estavam fora da mansão, longe de seu campo de visão e audição. – O que quer dizer com isso? – Você só está indo nessa viagem porque eu estou permitindo que vá. – Ele esclareceu ao se aproximar dela, impondo a diferença de altur
Elaine acordou cedo no dia seguinte e decidiu aguardar em uma espreguiçadeira no jardim enquanto organizavam as malas no carro. O suco estava intocado ainda em suas mãos, não havia bebido um gole sequer, estava sem vontade. Naquele momento nada lhe apetecia verdadeiramente, estava irritadiça desde a hora em que levantou da cama. – Srta. – Elaine olhou ao ouvir ser chamada. – O Sr. Wolf lhe aguarda no carro. Elaine nem se deu ao trabalho de tentar discutir ou atrasar propositalmente para gerar confusão, não estava com humor para lidar com qualquer coisa que viesse de Adam naquele momento. Então, com um suspiro, deixou seu suco sobre a mesa do jardim e seguiu à entrada da mansão, onde lhe aguardavam. – Srta. – O motorista a cumprimentou antes de abrir a porta para ele. Mas, o que a surpreendeu foi que ele abriu a porta do passageiro e não a porta de trás, como normalmente fazia. A resposta veio em seguida, quando ela notou que quem iria dirigir era Adam, que já estava ali sentad
– Minha mãe está fantasiando com esse seu casamento com o Adam, ela jura que não é só um contrato e que logo vocês vão assumir isso para o resto do mundo. – Andrea confessou baixinho, deitada ao lado de Elaine em uma grande toalha na areia. Ambas estavam deitadas sob o sol de fim de tarde, apreciando o calor em sua pele, enquanto Caroline e Adam tinham voltado à casa que haviam alugado para aqueles poucos dias. A casa não era grande, mas era isolada o suficiente para que aquela praia estivesse quase deserta, o que as garotas apreciavam imensamente naquele momento. – Não viaja. – Ela repreendeu a amiga. Afinal, era bem visível que Caroline não era a única fantasiando por ali. – Amiga, por quê não? – Andrea deitou-se de lado para encarar a amiga. – Você era louca por ele na adolescência. Vivia dizendo que ia casar com ele. – Ela recordou enquanto visivelmente segurava o riso. – Amiga, você fez uma parede inteira no seu quarto com as fotos dele. Eu tive que lavar meus olhos com venen