Elaine sentiu um calafrio percorrer sua espinha assim que viu a figura parada na porta. Não era Adam. Era Cion Kalion, haviam estudado juntos antes da faculdade. Assim como Andrea. – O que faz aqui? – Ela perguntou baixo, odiando a resposta que seu cérebro lhe dava. – Eu a socorri ontem, Elaine, deveria me agradecer. – Ele deu voz ao que ela não queria ouvir e ela forçou um sorriso. – Parecia estar precisando de ajuda quando te encontrei tropeçando nas próprias pernas ontem. Ele caminhou pelo quarto como se o local lhe pertencesse. E a mente de Elaine apontou que provavelmente pertencia mesmo. Ela compreendeu que não estava na casa de Adam, estava na casa de Cion. A pessoa que ela menos queria ver na vida. – Obrigada. – Ela se forçou a agradecer, tendo o cuidado de se manter próxima à porta do banheiro, para caso precisasse esconder-se ali dentro. Seu olhar encontrou seu celular e ela se xingou internamente por tê-lo deixado no móvel do outro lado da cama, longe de seu alcance
Elaine penteava calmamente seus cabelos, sentada em sua penteadeira. Estava ali desde que havia saído do banho, há 40 minutos. Mas, sua mente não estava ali. Estava longe. Estava especificamente no verão de seus 16 anos. Naquele verão, vários colegas de sua turma haviam se reunido para as férias. Alguns sendo vizinhos e outros hospedados como convidados. Elaine e os Wolfs eram vizinhos, por isso passou grande parte daquele verão na casa de Andrea. Cion era convidado de Henry Moun, que era irmão de Beth Moun, também amiga de Elaine e Andrea. Desta forma, naquele verão Elaine se viu tendo que conviver com Cion, o que não era a primeira vez, mas era sempre extremamente desagradável. Elaine se recordava de vez ou outra ter a sensação de que Cion Kalion estava a perseguindo, além de dirigir constantemente a ela olhares que ela achava desconfortável. Sua aversão a ele aumentou quando vazou para todos a informação que o pai dele estava se divorciando da mãe dele. E o pior, ele havia es
O bipe constante da máquina de hospital acalmava Elaine Locker, pois era um sinal que apesar do susto seu pai ainda estava vivo. Era sua única família e não estava disposta a perdê-lo ainda. Hugo Locker estava internado no hospital há mais de 03 semanas e não havia previsão de uma melhora, fato que Elaine tentava ignorar a todo custo. Há 03 semanas não deixava o hospital, nem mesmo para realizar as provas de fim de semestre que estavam acontecendo em sua faculdade. Elaine sabia que se seu pai não se recuperasse não havia motivos para fazer as provas de sua faculdade, afinal não teria como pagar o restante de seu curso, todo o dinheiro das indústrias Locker seria bloqueado e ela somente teria permissão de acesso após matrimônio. A regra vinha de seu avô, Pierce Locker. Pierce sempre foi um homem extremamente patriarcal, acreditava que as mulheres não podiam possuir permissão para gerenciar negócios e patrimônios, por isso, em seu testamento, especificou que seu legado seria sempre d
Elaine revirou os olhos quando foi anunciado o quinto rapaz que lhe visitava naquela tarde. Seu pai havia falecido há 08 dias e já vinham lhe visitando há 03 dias. Ninguém respeitava o luto quando o assunto era uma herança sem dono. As Indústrias Locker eram famosas e grandes no mercado, sua fortuna estava entre as 15 maiores fortunas do mundo. Porém, pelas regras do testamento de seu avô, ela somente poderia usufruir dos bens já adquiridos (casas, carros, etc), sem o poder de realizar novas compras ou vender algo.“Srta. Locker, não gostaria de seu eu a lhe dar essa notícia, porém a senhorita precisa casar-se antes do fim do mês. Do contrário, os funcionários não receberão mais seus salários e nem mesmo as contas de água e luz serão pagas. Serão mais de 300 funcionários e famílias prejudicadas.”Haviam sido as palavras dos advogado de seu pai, responsável pelo cumprimento do testamento. Não os funcionários das empresas, mas os que trabalhavam em suas casas, jardineiros, faxineiros,
Elaine desejava um dia de spá mais que tudo naquele momento, estava desesperadamente precisando relaxar e por este motivo avisou que não receberia mais visitas naquele dia, todas haviam sido um desastre. Foi por isso que se viu sendo pega de surpresa quando as grandes portas da sala de estar se abriram mais uma vez, porém logo um enorme sorriso surgiu em seu rosto. – Andrea! – Ela saudou com um misto de alegria e alívio assim que se colocou de pé e recebeu sua melhor amiga com um forte e apertado abraço. – Elaine, eu vim correndo assim que fiquei sabendo. – Andrea a abraçou por longos minutos, dando amparo à amiga e sentiu seu coração se apertar pelo modo como Elaine se encolheu naquele abraço, demonstrando o quanto estava ferida naquele momento. Andrea avisou que iria dormir com Elaine naquela noite, assim poderiam conversar melhor, como faziam em sua época de adolescentes. Elas decidiram ir ao quarto de Elaine e pediram que o jantar fosse servido lá, assim teriam maior privacida
Adam encarava o celular em sua mão enquanto um pequeno sorriso aparecia. Elaine Locker precisava de um marido urgente e estava desesperada fazendo uma “listinha de possíveis maridos”, ou pelo menos era isso que Andrea havia lhe dito. Adam achou que aquele cenário era perfeito, Elaine de fato estava tendo o que merecia. Uma mulher como ela merecia encontrar um marido que fosse tão péssima pessoa quanto ela era. Adam bebeu mais um gole de sua bebida e fechou os olhos enquanto saboreava o líquido. Ele até mesmo chegou a pensar em alguns conhecidos que dariam péssimos maridos. Listou cada um deles em sua mente para indicar à amiga de sua irmã. Então o celular vibrou mais uma vez e a mensagem seguinte o fez franzir as sobrancelhas, “você deveria se casar com ela”. Andrea provavelmente havia bebido mais do que ele. Para ter certeza que havia lido certo, leu novamente a mensagem mais algumas vezes. – Nem se o diabo me pagar. – Ele respondeu em voz alta, desgostoso com a ideia dada por sua
Elaine acordou próximo ao meio-dia e decidiu procurar algo para comer enquanto deixava Andrea dormir mais um pouco, afinal a amiga havia feito uma longa viagem para vir lhe consolar. Elaine estava sentada na mesa da sala de chá de sua casa, brincando com o tecido macio de seus pijamas quando ouviu uma voz masculina vinda do outro lado da porta, uma voz desconhecida à princípio, mas que aos poucos foi se tornando mais familiar. Com a xícara em mãos, levantou-se e foi verificar o que estava acontecendo, o que resultou em uma recepção peculiar para Marck Taunt que estava ali para lhe visitar. Marck estava parado no saguão, explicando a seu mordomo o motivo de sua visita quando interrompeu sua fala ao ver Elaine. Ele estava extremamente mais belo do que ela se recordava em seus tempos de adolescência. Era uns 10 centímetros mais alto que ela, com os cabelos loiros que combinavam com o ar angelical que as piscinas azuis de seus olhos passavam. Seu rosto, que quando mais novo lembrava um
– Elaine. – Andrea chamou seu nome em tom sério. – Eu não me importo. Você é minha melhor amiga. Lhe empresto o dinheiro e você ganha um tempo para pensar melhor. Com esse tempo tenho certeza que vai escolher um marido ideal. E, se ele for um mão de vaca que não te deixe mexer no seu próprio dinheiro, pode me pagar com sua amizade. – Ela finalizou com um tom mais doce que fez Elaine chorar. Elaine esteve se sentindo tão sozinha nos últimos dias, sufocando a dor da perda sem um ombro amigo que agora que Andrea estava ali o alívio era tão grande que ela se viu chorando e soluçando sem conseguir parar, colocando para fora todas as lágrimas reprimidas nos últimos dias. – Eu sinto falta de meu pai. – Ela revelou entre os soluços, o que fez sua amiga sentar-se ao seu lado e a abraçar por alguns minutos. – Eu sei, amiga, eu sei. Mas, você não está sozinha. Eu estou aqui com você. Elaine sempre tivera uma vida livre de quaisquer preocupações. Estudou nas melhores escolas e colégios, com u