Elaine acordou lentamente na manhã seguinte. Sua cama estava mais confortável que nunca e o cobertor a deixava perfeitamente aquecida. O tecido grosso pesava contra seu corpo, a prendendo como um casulo. Ela chegou a sorrir ao se encolher mais, apreciando aquilo.
Então, ainda sonolenta, sentiu o cobertor apertá-la mais e aos poucos a realidade foi surgindo, abrindo espaço por sua mente. Ela estava dormindo na cama de Adam e era o corpo dele que a mantinha aquecida, com seu braço a prendendo pela cintura e mantendo seus corpos colados.
Elaine tentou ainda se desvencilhar daquele aperto, de maneira sutil, temerosa em acordá-lo, não tinha um pingo de coragem para encará-lo naquele momento. Não depois da loucura e intensidade da noite anterior.
Quando Elaine desceu, Adam já havia ido embora. Ele informou à Andrea e Caroline que havia tido uma emergência na empresa e que precisaria retornar. Ela desconfiou que ele estivesse fugindo dela, mas Andrea garantiu que até mesmo um helicóptero havia ido buscá-lo no heliporto da cidade. Mas, se fosse sincera consigo mesma, Elaine estava aliviada que ele não estivesse ali. Ela ainda não havia decidido como iria agir perto dele. Uma parte dela dizia que deveriam simplesmente fingir que nada aconteceu e retomar ao papel anterior, outra parte dizia que deviam ignorar o passado e mergulhar naquilo que tinham, outra parte, a mais sensata e menor delas, dizia que eles deveriam conversar e esclarecer as coisas como dois adultos. Ela preferia a primeira opção, a mais covarde. E, para justificar sua própria covardia, ela recordou a si mesma que sequer tinha o número de telefone de Adam, não podiam nem mesmo combinar uma conversa ou algo assim. Uma pena, não é mesmo?! Assim, sem muita escolh
– O que uma mulher casada faz em um lugar como esse? – Ele perguntou baixo. Ela deu um passo para trás, se livrando do abraço dele e estendeu a ele o copo, em um convite para um brinde. – Estou me divertindo, Adam. – Ela respondeu com um sorriso, decidida a ignorar o arrepio que a proximidade dele havia causado em seu corpo. – Posso ver isso. – Ele arqueou uma de suas sobrancelhas, o que Elaine achou extremamente sexy e se repreendeu por isso. – E o que faz aqui, Adam? – Ela acabou soando mais agressiva do que gostaria, ainda estava irritada pelo sumiço dele nas últimas semanas. Em sua visão, Adam havia deixado bem claro que o que havia acontecido entre eles não passava de algo de uma noite só, como se ela fosse uma mulher qualquer que se conhece em uma balada. – Também vim me divertir. – Ele mostrou a ela que também segurava um copo, aquilo a irritou ainda mais. Uma parte sua desejava que ele respondesse que estava ali por causa dela, não que se encontraram por coincidência. Ma
Elaine sentiu um calafrio percorrer sua espinha assim que viu a figura parada na porta. Não era Adam. Era Cion Kalion, haviam estudado juntos antes da faculdade. Assim como Andrea. – O que faz aqui? – Ela perguntou baixo, odiando a resposta que seu cérebro lhe dava. – Eu a socorri ontem, Elaine, deveria me agradecer. – Ele deu voz ao que ela não queria ouvir e ela forçou um sorriso. – Parecia estar precisando de ajuda quando te encontrei tropeçando nas próprias pernas ontem. Ele caminhou pelo quarto como se o local lhe pertencesse. E a mente de Elaine apontou que provavelmente pertencia mesmo. Ela compreendeu que não estava na casa de Adam, estava na casa de Cion. A pessoa que ela menos queria ver na vida. – Obrigada. – Ela se forçou a agradecer, tendo o cuidado de se manter próxima à porta do banheiro, para caso precisasse esconder-se ali dentro. Seu olhar encontrou seu celular e ela se xingou internamente por tê-lo deixado no móvel do outro lado da cama, longe de seu alcance
Elaine penteava calmamente seus cabelos, sentada em sua penteadeira. Estava ali desde que havia saído do banho, há 40 minutos. Mas, sua mente não estava ali. Estava longe. Estava especificamente no verão de seus 16 anos. Naquele verão, vários colegas de sua turma haviam se reunido para as férias. Alguns sendo vizinhos e outros hospedados como convidados. Elaine e os Wolfs eram vizinhos, por isso passou grande parte daquele verão na casa de Andrea. Cion era convidado de Henry Moun, que era irmão de Beth Moun, também amiga de Elaine e Andrea. Desta forma, naquele verão Elaine se viu tendo que conviver com Cion, o que não era a primeira vez, mas era sempre extremamente desagradável. Elaine se recordava de vez ou outra ter a sensação de que Cion Kalion estava a perseguindo, além de dirigir constantemente a ela olhares que ela achava desconfortável. Sua aversão a ele aumentou quando vazou para todos a informação que o pai dele estava se divorciando da mãe dele. E o pior, ele havia es
O bipe constante da máquina de hospital acalmava Elaine Locker, pois era um sinal que apesar do susto seu pai ainda estava vivo. Era sua única família e não estava disposta a perdê-lo ainda. Hugo Locker estava internado no hospital há mais de 03 semanas e não havia previsão de uma melhora, fato que Elaine tentava ignorar a todo custo. Há 03 semanas não deixava o hospital, nem mesmo para realizar as provas de fim de semestre que estavam acontecendo em sua faculdade. Elaine sabia que se seu pai não se recuperasse não havia motivos para fazer as provas de sua faculdade, afinal não teria como pagar o restante de seu curso, todo o dinheiro das indústrias Locker seria bloqueado e ela somente teria permissão de acesso após matrimônio. A regra vinha de seu avô, Pierce Locker. Pierce sempre foi um homem extremamente patriarcal, acreditava que as mulheres não podiam possuir permissão para gerenciar negócios e patrimônios, por isso, em seu testamento, especificou que seu legado seria sempre d
Elaine revirou os olhos quando foi anunciado o quinto rapaz que lhe visitava naquela tarde. Seu pai havia falecido há 08 dias e já vinham lhe visitando há 03 dias. Ninguém respeitava o luto quando o assunto era uma herança sem dono. As Indústrias Locker eram famosas e grandes no mercado, sua fortuna estava entre as 15 maiores fortunas do mundo. Porém, pelas regras do testamento de seu avô, ela somente poderia usufruir dos bens já adquiridos (casas, carros, etc), sem o poder de realizar novas compras ou vender algo.“Srta. Locker, não gostaria de seu eu a lhe dar essa notícia, porém a senhorita precisa casar-se antes do fim do mês. Do contrário, os funcionários não receberão mais seus salários e nem mesmo as contas de água e luz serão pagas. Serão mais de 300 funcionários e famílias prejudicadas.”Haviam sido as palavras dos advogado de seu pai, responsável pelo cumprimento do testamento. Não os funcionários das empresas, mas os que trabalhavam em suas casas, jardineiros, faxineiros,
Elaine desejava um dia de spá mais que tudo naquele momento, estava desesperadamente precisando relaxar e por este motivo avisou que não receberia mais visitas naquele dia, todas haviam sido um desastre. Foi por isso que se viu sendo pega de surpresa quando as grandes portas da sala de estar se abriram mais uma vez, porém logo um enorme sorriso surgiu em seu rosto. – Andrea! – Ela saudou com um misto de alegria e alívio assim que se colocou de pé e recebeu sua melhor amiga com um forte e apertado abraço. – Elaine, eu vim correndo assim que fiquei sabendo. – Andrea a abraçou por longos minutos, dando amparo à amiga e sentiu seu coração se apertar pelo modo como Elaine se encolheu naquele abraço, demonstrando o quanto estava ferida naquele momento. Andrea avisou que iria dormir com Elaine naquela noite, assim poderiam conversar melhor, como faziam em sua época de adolescentes. Elas decidiram ir ao quarto de Elaine e pediram que o jantar fosse servido lá, assim teriam maior privacida
Adam encarava o celular em sua mão enquanto um pequeno sorriso aparecia. Elaine Locker precisava de um marido urgente e estava desesperada fazendo uma “listinha de possíveis maridos”, ou pelo menos era isso que Andrea havia lhe dito. Adam achou que aquele cenário era perfeito, Elaine de fato estava tendo o que merecia. Uma mulher como ela merecia encontrar um marido que fosse tão péssima pessoa quanto ela era. Adam bebeu mais um gole de sua bebida e fechou os olhos enquanto saboreava o líquido. Ele até mesmo chegou a pensar em alguns conhecidos que dariam péssimos maridos. Listou cada um deles em sua mente para indicar à amiga de sua irmã. Então o celular vibrou mais uma vez e a mensagem seguinte o fez franzir as sobrancelhas, “você deveria se casar com ela”. Andrea provavelmente havia bebido mais do que ele. Para ter certeza que havia lido certo, leu novamente a mensagem mais algumas vezes. – Nem se o diabo me pagar. – Ele respondeu em voz alta, desgostoso com a ideia dada por sua