Christian Müller –Fazia dias que o julgamento havia terminado, mas a paz que eu esperava... não veio.As noites ainda eram insones. A cabeça, cheia. O coração, em silêncio.Ainda faltava mais um assunto para ser resolvido...Quem era a mulher que planejou irritar Laura, colocando a vida delas em risco?Eu estava no banco do passageiro quando Mark parou o carro de forma brusca diante de um prédio velho, esquecido por qualquer traço de modernidade. Ele me olhou como quem guardava um segredo que pesava.— Foi aqui que ela desapareceu — disse ele. — A mulher que causou a discórdia entre você e a Laura. Eu encontrei.Demorei alguns segundos para entender.— Tem certeza? — perguntei, a mão já alcançando a maçaneta.Mark assentiu.Subimos os degraus mofados em silêncio, o cheiro de poeira impregnando o ar. Quando chegamos à porta do apartamento 402, o trinco estava quase solto. Eu forcei. Entramos.E então… tudo parou.Meu rosto.Por todos os lados.Fotos minhas coladas nas paredes, moldurad
Ivy Hunter – Capítulo final.Um ano se passou. E pela primeira vez… o tempo parecia estar ao meu favor.O céu estava limpo, pintado em tons suaves de azul, com nuvens brancas como lençóis recém-lavados. A brisa que soprava era fresca, suave, carregando no ar o cheiro de mar, rosas e lírios brancos.Eu me coloquei na ponta do tapete vermelho estendido sobre a areia clara, com o coração sereno e os olhos úmidos, mas não de dorDe gratidão.Ajustei a cauda do vestido de renda, modelo sereia, enquanto observava Nathan entrando com a pequena Tereza.Eles estavam lindos. Ele com um terno e bermuda, uma gravata borboleta e nos pés uma sandália. Tereza, bem pequena, usava um vestido branco e um laço no cabelo. A mão dele apertava a dela com cuidado, como se protegê-la fosse sua única missão.Ela jogava pétalas brancas com um sorriso encantador.Logo atrás, o pequeno Gutierrez caminhava sério, tentando parecer adulto e ao lado da irmã que sorria para todos.A música tocava em violino. A clássi
Sky pub, Flórida. Ivy Hunter – “Estou atrasada mais uma vez!” - Exclamei encarando o relógio em meu pulso. Já se passavam das dez da noite, quando empurrei as portas da lateral do bar, entrando apressada.O bar que por sua vez, recebia o Happy hour de costume, para grandes executivos, parecia mais movimentado que o habitual. Dei um passo sabendo que seria repreendida e logo dei de frente com o gerente, que me encarava com os olhos escurecidos. —Ivy, você sabe que não toleramos atrasos. - Disse ele com seu rosto avermelhado de raiva, me empurrando uma bandeja. —Vista-se e leve isso para a sala privada. É a garrafa mais cara que temos. Mais um erro esta noite e será demitida! —Sim senhor! - Respondi me movendo apressadamente até o vestiário. Troquei minhas roupas pelas que o trabalho exigia: Uma fantasia vulgar de coelha; com sua saia curta e um corpete tão justo, que me deixava desconfortável. Ainda tinha a tiara de orelhas peludas para complementar o figurino. Naquele instan
Sky pub. Flórida.Christian Müller -A noite estava agradável. Fazia um tempo desde que estive na Flórida. Se passaram poucas horas desde que retornei à cidade e para relaxar um pouco, acabei aceitando um convite para beber, vindo de Mark, meu amigo de infância. Havíamos acabado a primeira garrafa, mas fiz questão de pedir mais uma; só assim eu poderia aguentar os questionamentos dele. —E então? Quanto tempo ficará dessa vez? - Perguntou Mark com a voz calma e curiosa. Eu o olhei brevemente, voltando a focar no copo com a bebida. —Por enquanto não tenho data para ir embora. Preciso resolver alguns assuntos inacabados. - Falei sem explicar muito o vendo soltar um sorriso. —Fiquei sabendo que seu avô está procurando um novo sucessor. Vai mesmo se juntar a empresa com os requisitos dele? - Perguntou Mark com humor. —Casamento nunca foi seu estilo, você só vive para trabalho! Ao ouvir aquilo, soltei um riso simplista. —Você sabe, não posso mais adiar isso! - Falei com um leve h
Hotel Plaza, Califórnia. Ivy Hunter –Despertei e esfreguei os olhos tentando me acostumar com a claridade do lugar. O sol entrava suavemente ultrapassando a fina cortina branca do quarto, iluminando todo o lugar. Toquei minha têmpora sentindo o desconforto como reação da noite anterior e ao me mover na cama, percebi que eu estava completamente nua embaixo de um fino lençol. —O que aconteceu? Por que estou... - Fragmentos de memória perfuram minha mente: primeiro, a traição do meu ex-namorado, depois, a ajuda de um cara bonito, e então, bebemos juntos e parece que até nos beijamos, no final... estou aqui. E... eu dormi com um estranho?!Meu Deus, será que dá pra ficar pior que isso?Me levantei, um papel na mesa chamou minha atenção. É um cheque, com um valor inestimável. - Eu nunca tinha visto tantos zeros na minha vida. Que generoso.Tentei recordar do rosto do homem, mas quanto mais eu tentava, mais a minha cabeça doía. Tanto faz! Afinal, acho que a gente nunca mais vai se ve
Müller & Co. Ivy Hunter - A sala de espera estava cheia de mulheres que estavam dispostas a lugar pela vaga de trabalho. Todas aparentavam ter passado a noite em claro decorando as respostas certas. Elas estavam felizes exibindo um sorriso nos lábios, enquanto suas aparências eram impecáveis. Me sentei no fundo das cadeiras aguardando humildemente a minha vez. Não sei onde que eu estava com a cabeça quando levei para mim as falas daquele homem como uma competição pessoal. “Deixe-a mostrar se realmente merece a vaga!” - Aquelas palavras ressoavam na minha cabeça fazendo-me arrepender amargamente por estar ali. - Eu definitivamente era a menos preparada de todas. Respirei fundo, enquanto chamavam uma por uma. As que iam ficando, olhavam para mim como se eu fosse uma pedinte, só porque eu estava segurando a minha mala e usava roupas casuais. E naquele momento, comecei a acreditar que eu realmente estava fazendo a escolha errada. Eu então, respirei fundo desistente e se
Ivy Hunter - Já havia se passado um mês desde que comecei a trabalhar na Müller & Co e minha rotina se resumia em papéis, agendas, contratos e pequenas tarefas administrativas. Embora os trabalhos não sejam muito relacionados ao design, estou muita satisfeita por receber um salário tão alto e ainda estar na empresa dos meus sonhos! Mesmo sendo a assistente pessoal, meu contato com o senhor Müller não era muito. A maioria tempo nos víamos quando eu tinha que o levar algum contrato para assinar. Como era o caso agora. Segui até o escritório com as pastas na mão e a cada passo que eu dava, sentia meu coração acelerar; não que eu estivesse nervosa, mas havia algo naquele Homem todo poderoso que me deixava inquieta. Respirei fundo e dei algumas batidas na porta, ouvindo a voz encorpada e forte de Christian me responder em imediato. —Entre! Empurrei a porta de vagar e entrei o avistando em sua cadeira, com sua postura impecável e emanando uma áurea poderosa. O terno es
Christian Müller - Aproveitei o horário do almoço que os corredores estavam mais vazios e fiz uma reunião através de um vídeo conferência. A reunião foi mais longa do que eu esperava. O conselho tinha o costume irritante de se alongar em detalhes irrelevantes, enquanto eu apenas queria que as decisões fossem tomadas com eficiência. soltei um suspiro discreto, massageando minhas têmporas e assim que dispersei o olhar por um instante, eu o vi. Meu avô estava do outro lado do vidro da sala, segurando sua bengala e mantendo sua postura firme e impecável de sempre. Eu então, voltei a atenção para a tela do notebook. —Certo, o que resolverem discutiremos na próxima vez. - Falei encerrando a chamada, fechando a tela do eletrônico em seguida. Me levantei e respirei fundo, caminhando até a porta para o receber, mas antes de tocar na maçaneta ele já estava abrindo a porta. —Vovô. - Falei o vendo passar por ela com seu semblante emburrado de sempre. — Christian. Precisamos conversar. - D