A entrevista de emprego

Müller & Co.

Ivy Hunter -

A sala de espera estava cheia de mulheres que estavam dispostas a lugar pela vaga de trabalho. Todas aparentavam ter passado a noite em claro decorando as respostas certas. Elas estavam felizes exibindo um sorriso nos lábios, enquanto suas aparências eram impecáveis.

Me sentei no fundo das cadeiras aguardando humildemente a minha vez.

Não sei onde que eu estava com a cabeça quando levei para mim as falas daquele homem como uma competição pessoal.

“Deixe-a mostrar se realmente merece a vaga!” - Aquelas palavras ressoavam na minha cabeça fazendo-me arrepender amargamente por estar ali. - Eu definitivamente era a menos preparada de todas.

Respirei fundo, enquanto chamavam uma por uma. As que iam ficando, olhavam para mim como se eu fosse uma pedinte, só porque eu estava segurando a minha mala e usava roupas casuais.

E naquele momento, comecei a acreditar que eu realmente estava fazendo a escolha errada. Eu então, respirei fundo desistente e segurei a alça da minha mala, fazendo menção de sair, mas ao dar um passo, meu nome foi chamado antecipadamente.

—Senhorita Ivy Hunter, por favor, entre!

Me virei assustada e me movi até a sala, passando pelo arco da porta. Assim que adentrei o lugar, vi que haviam três cadeiras em frente de onde me mandaram sentar e então, os entrevistadores me encararam com curiosidade.

“O que ela está fazendo aqui?” “Por que ela está na lista?” “Ela não tem a menor chance” - Era o que eles diziam, me deixando completamente frustrada.

De repente, uma quarta pessoa atrás de mim, deu a ordem com uma voz, fazendo com que todos obedecessem.

—Comecem! - Disse o homem, fazendo meu corpo responder com calafrios, mas não com uma sensação ruim e sim, desconhecida.

—Senhorita Hunter, fale um pouco sobre você! - Disse a mulher que estava sentada entre dois entrevistadores.

Assim que ela pediu, respirei fundo e a olhei fixamente.

—Sou Ivy Hunter, tenho vinte anos, estudei na universidade internacional Y, cursando designer. Amo desenhar e reformar alguns móveis deteriorados.

—Por que você quer essa vaga? - Perguntou um dos Homens.

—Porque essa empresa é a mais visada no mercado e trabalho. Eu admiro a reputação que ela tem no mercado e acompanho todos os lançamentos como minha fonte de inspiração.

—Então você está dizendo que nós somos sua inspiração? Desde quando? - perguntou o outro Homem, me olhando diretamente.

—Desde que o novo senhor Müller a assumiu. Ele parece ter uma paixão por interiores com materiais mais rústicos e delicados. Eu noto cada detalhe feito com perfeição, como se ele colocasse mais carinho nessas edições. - Respondi vendo-os vincarem as sobrancelhas e olhar par alguém atrás de mim.

E então, a mulher voltou a perguntar.

—Se te contratássemos agora, o que te diferenciaria dos demais?

Assim que ela perguntou eu sorri minimamente e a olhei fixamente, tentando expor minha sinceridade.

—Eu sou uma amante da arte. Tenho certeza de que nunca encontrarão uma funcionária detalhista e dedicada como eu, que ama o que faz. Se eu conseguir essa vaga, darei o meu melhor. Pelo meu ídolo que fundiu a empresa, por mim e por todos aqui!

Antes que a entrevista terminasse, a voz grave e autoritária do homem soou novamente, dando sua ordem.

—Chega, está bom por hoje. A entrevista encerrou por hoje! - Disse ele se levantando e saindo pela porta dos fundos, deixando um vazio e uma sensação de frio no lugar.

—Senhorita Hunter, aguarde lá fora. Logo sairão os resultados.

—Obrigada! - Falei voltando para a sala de espera.

Me sentei no final novamente, ouvindo dessa vez, quatro mulheres olharem para mim com desdém e sorrirem. 

—Soube que só terão quatro vagas de auxiliares. Eu tenho certeza de que uma será minha.

—A outra minha! Eu vi nos olhos do entrevistador! - Disse a outra com um riso de soberba.

De repente a porta se abriu e a mulher que estava entrevistando, veio até nós com um sorriso simplista.

—Bom, vim falar sobre os resultados. São apenas três vagas e duas são de auxiliar. A primeira a ser escolhida é a senhorita Monroe! - Disse ela, fazendo a mulher pular de alegria, abraçando as amigas.

E então, a entrevistadora continuou.

—A segunda vaga é da senhorita Melo! - Disse ela, fazendo a loira desdenhosa comemorar o seu momento. De repente um silêncio tomou conta de tudo e então, uma das candidatas o quebrou.

—E a terceira vaga? - Assim que ela perguntou, a porta foi aberta, deixando em seus semblantes uma expressão de espanto.

“Senhor Müller...”

Ele se aproximou e seus olhos conectaram os meus diretamente, enquanto ele as respondia.

—A outra vaga é para a minha assistente pessoal. -Disse ele mantendo os olhos nos meus. —Senhorita Hunter, me acompanhe até o meu escritório. Temos algo a discutir sobre a sua vaga.

O homem que acabou de me ajudar, é o CEO da empresa?! Meu deus, que vida!

Eu o segui, me sentindo completamente em êxtase, mas tive que esconder a minha alegria por medo de que mudassem de ideia.

O senhor Müller entrou em seu escritório e sentou-se em sua cadeira que o fazia emanar ainda mais poder. Eu então, me sentei na frente dele, tentando não parecer tão tímida.

—Senhorita Hunter, esta não é uma vaga comum. Como minha assistente pessoal, você será responsável por garantir que minha rotina funcione sem falhas. Isso significa gerenciar meu calendário, reuniões, viagens e lidar com problemas antes que eles cheguem até mim. Espero discrição absoluta, organização impecável e sua disponibilidade integral. O salário será de cento e cinquenta mil anuais. Concorda com as exigências?

Assim que ouvi o valor, pisquei algumas vezes desacreditada, tampando a minha boca por reação da surpresa. Eu nunca tinha ouvido aquele valor pessoalmente.

Na verdade, se juntasse todos os trabalhos que fiz por tanto tempo, não chegava nem na metade daquele valor.

—Cento e cinq...- Falei hesitante, ainda me sentindo surpresa. Eu queria que ele repetisse para ter a certeza de que aquela entrevista não era um trote. —E-Eu... Eu aceito!

Falei animada o mostrando um sorriso, mas logo algo me puxou para a realidade. Eu ainda tinha que procurar algum lugar para morar e o que eu tinha no bolso, não era o suficiente nem para tomar um táxi.

—Algum problema, senhorita Hunter? - Perguntou ele me tirando dos meus devaneios, me trazendo para o momento. E então, ele continuou a falar, como se aguardasse por uma resposta de imediato. —Esse valor é o maior no mercado. Não acredito que sairá daqui, conseguindo uma contraproposta a essa altura.

Assim que ele falou, respirei fundo sentindo a seriedade em seus olhos. E foi nesse momento que a vergonha me tomou.

—Não tenho problema com a vaga senhor Müller...- Falei hesitante, temendo que ele mudasse de ideia. E então, respirei fundo e inclinei meu corpo levemente para cochichar. —Na verdade, eu gostaria de agradecer por essa oportunidade. Estar aqui significa muito para mim. Eu realmente disse a verdade quando falei sobe aqui ser a minha inspiração de crescimento, mas...

—Mas...? - Perguntou ele, aplumando o corpo, me olhando com uma sobrancelha arqueada.

Eu soltei um suspiro, procurando as palavras certas.

—Sei que parece um pouco rude, e o senhor acabou de me dar essa oportunidade tão preciosa, mas estou passando por uma situação financeira complicada. Preciso começar a minha vida do zero e não tenho onde ficar. Poderia me adiantar o salário desse mês para me ajudar? Eu sei que é contra as políticas da empresa, mas...

—Senhorita Hunter...- Disse ele me interrompendo, olhando nos meus olhos com seriedade. —Esteja aqui amanhã cedo. Sem falta!

Assim que ele falou, me estendeu um cartão black, mantendo os olhos fixos nos meus. Um olhar que mesmo sendo sério e intenso, me fazia querer confiar.

Respirei fundo e peguei o cartão, ouvindo a voz dele soar novamente, mas dessa vez baixa, mas com autoridade.

—As sete! Sem falta!

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