Ivy Hunter - O dia amanheceu nublado, e o vento frio parecia combinar com a inquietação que se instalara em meu peito. Me forcei a afastar tais pensamentos enquanto chegava à empresa mais cedo do que o habitual. Havia trabalho a fazer e eu precisava manter minha mente ocupada, para não pensar em Christian. Entrei na minha sala e já comecei a trabalhar. Organizei os contratos e marquei uma reunião com um dos investidores para o projeto de lançamento dos novos móveis, tentando manter a mente focada, mas de repente a voz encorpada tirou minha concentração, soando bem atrás de mim. — Vamos nos encontrar no Sky Pub, hoje à tarde — Christian anunciou, fazendo o meu corpo congelar. Sky Pub. A lembrança daquela noite voltou com força total. O uniforme de coelha, a traição, o tapa que quase recebi, os olhares cheios de desprezo. O frio na barriga foi instantâneo, mas respirei fundo e assenti exibindo um sorriso fraco. —Sim, senhor! - Respondi o vendo vincar as sobrancelhas e se afasta
Ivy Hunter - Assim que passei pelas portas do lugar segurando a certidão, senti o vento gélido da tarde tocar meu rosto e junto dele, a sensação de que eu estava fazendo a coisa certa. — Tire o dia de folga. Eu vou voltar para a empresa. - A voz de Christian soou firme ao meu lado. Ele ajeitou o relógio em seu pulso e desceu um degrau ficando de frente para o seu carro. —Nos vemos amanhã no escritório. Eu então me virei para o olhar, assentindo. — Obrigada! - Falei descendo os degraus, acenando para um taxi que passava por ali perto. Entrei no carro e assim que fechei a porta, não consegui evitar olhá-lo. Christian era o sinônimo de elegância e poder. E só de pensar que eu havia acabado de me casar com esse homem, já sentia um frio percorrer minha espinha. Tentei afastar meus pensamentos, a final, não era um casamento de verdade. Eu não poderia criar expectativas, a final, ele era o meu chefe. Tentei afastar meus pensamentos e paguei o motorista, descendo do carro em seguida.
Christian Müller - Assim que falei, os olhos de Ivy me encararam como se eu tivesse atingido algo inalcançável. Era como se eu tivesse dito o que ela realmente precisava ouvir. Eu sabia exatamente o que estava fazendo. Cada movimento, cada palavra dita tinha um propósito. Ivy estava começando a se tornar uma peça chave não apenas na empresa, mas também para o meu plano. —S-Senhor Müller...- Chamou ela com um timbre de voz fraco, tentando se recuperar e então, eu logo me expliquei. —Ah, não, eu preciso que me acompanhe em algumas reuniões agora e também, não podemos esquecer do nosso compromisso mais tarde. O jantar. —Pode deixar, não deixarei falhas. - Disse ela me tirando um sorriso fraco. —Eu sei. Eu confio em você! - Falei voltando para a minha cadeira, colocando uma ao lado. Eu a olhei e bati de leve no acento, vendo Ivy vir até mim. —Vou iniciar uma chamada em vídeo para resolvermos sobre o novo projeto. Quero que participe. —Sim senhor! - Respondeu ela, sentando-se ao meu
Ivy Hunter -O dia de trabalho havia sido cansativo. Não sei se pelo dia ou pelo fato da gravidez, mas estava usando muito da minha energia. Assim que cheguei em casa e abri a porta do pequeno apartamento onde eu vivia, coloquei minha bolsa no chão ao lado da porta e tirei meus sapatos, soltando um respiro de alívio. Fechei a porta atrás de mim e fui até a cozinha beber um copo de água, ouvindo a campainha tocar. —Quem é? - Perguntei indo até lá atender. Pensei que talvez fosse Amanda, mas na hora que vi um entregador segurando algumas sacolas, olhei para ele mostrando-me confusa. —Posso ajudar? — Senhorita Ivy Hunter? — Perguntou ele me estendendo as sacolas. —Sou eu, mas, eu não pedi isso. - Falei o vendo olhar para um papel em sua mão, conferindo o número do apartamento na porta. — A entrega é para a senhorita, e eu não posso levar de volta. Tenha uma boa tarde! - Disse ele, saindo em seguida. Fechei a porta, sentindo meu coração acelerar com um pressentimento estranho. Colo
Christian Müller - Pontualidade para mim é uma questão de honra. As dezenove horas eu já estava em frente ao apartamento onde Ivy morava, assim como eu havia a dito antes que faria. Assim que Ivy entrou no carro, senti minha respiração travar por um segundo, mas logo me recuperei, para não parecer um bobo na frente dela. O vestido vermelho que escolhi para ela vestia como uma segunda pele, delineando cada curva do seu corpo com perfeição. A corrente dourada repousava sobre suas costas nuas, e a maquiagem sutil apenas realçava sua beleza natural. Eu já a achava linda, mas naquele momento… Ela estava estonteante. —Ivy! Boa noite! - Falei simplista, esperando que ela se ajeitasse ao meu lado. Eu queria dizer que ela estava e que ficaria ainda melhor se ela sorrisse, mas me calei e resolvi partir para os negócios da noite. Eu a entreguei o papel para que estudasse sobre cada um que estaria naquela noite na festa; ela tinha uma memória fotográfica perfeita e eu já notava isso nela,
Ivy Hunter - Aquela festa era uma cena tirada diretamente de um filme. O som suave do violino misturava-se ao burburinho discreto dos convidados, todos elegantemente vestidos, com sorrisos impecáveis no rosto. Cada detalhe brilhava em perfeição, desde as luzes penduradas no teto até o tilintar delicado das taças de champanhe. Para mim, aquilo era quase surreal. Um mundo ao qual eu não pertencia. Meus dedos deslizaram até a borda de uma travessa cheia de doces sofisticados. Quando estendi a mão para pegar um, uma voz masculina soou atrás de mim, carregada de humor: — Tenho que admitir, você fica muito mais elegante com essa roupa do que com a de coelha. Meu corpo travou no mesmo instante. Engoli em seco e virei lentamente o rosto para encarar o homem ao meu lado. Ele me olhava com um sorriso presunçoso nos lábios, como se estivesse se divertindo com minha reação. O calor subiu pelo meu rosto, queimando minhas bochechas. No mesmo instante, senti as náuseas me tomarem. Eu não
O dia amanheceu acinzentado e eu ainda tentava me recuperar da noite anterior. A minha cabeça estava uma bagunça e tudo o que eu mais almejava era um pouco de paz, mas parece que o universo não estava disposto a me dar isso. Me sentei na cama, prestes a me levantar, quando de repente, ouvi algumas batidas na porta. Suspirei e me levantei para atender, tentando ignorar o arrepio estranho que percorria meu corpo. E então, as batidas continuaram; —Já vai! - Gritei girando a maçaneta e assim que abri, meu coração quase parou. —Senhor Müller? Christian estava bem na minha frente, alto e imponente como sempre. Seu olhar percorreu meu pequeno apartamento e naquele instante eu vi o julgamento estampado em seu rosto. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele passou direto por mim, cruzando a porta sem pedir permissão. — Fique à vontade — murmurei com sarcasmo, mas ele sequer me ouviu. Ele caminhava pelo espaço, avaliando cada detalhe com uma expressão impassível, mas seus olhos
Despertei sentindo um incômodo do cheiro forte do hospital. Minhas pálpebras pesavam e eu pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a claridade. Na medida em que minha mente despertava, percebi que estava em uma maca de hospital. Meu corpo parecia leve demais, como se tivesse flutuado para aquele lugar sem aviso prévio. — Que bom que você acordou. — Uma voz feminina soou próxima. Meus olhos se abriram completamente, e encontrei uma médica ao meu lado, segurando alguns papéis. —Doutora, o que aconteceu? - Perguntei preocupada, ouvindo-a soltar um suspiro. — Você teve um pequeno desmaio por conta da falta de ferro, o que é comum na gravidez. — Ela explicou com um tom paciente. — Isso causa as tonturas e os enjoos, mas, tomando a medicação correta, logo você vai se sentir melhor. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu bruscamente — Gravidez? — Sua voz firme cortou o ar quando a palavra escapou dos lábios da médica. Congelei no mesmo instante, vendo os olhos de C