Despertei sentindo um incômodo do cheiro forte do hospital. Minhas pálpebras pesavam e eu pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a claridade. Na medida em que minha mente despertava, percebi que estava em uma maca de hospital. Meu corpo parecia leve demais, como se tivesse flutuado para aquele lugar sem aviso prévio. — Que bom que você acordou. — Uma voz feminina soou próxima. Meus olhos se abriram completamente, e encontrei uma médica ao meu lado, segurando alguns papéis. —Doutora, o que aconteceu? - Perguntei preocupada, ouvindo-a soltar um suspiro. — Você teve um pequeno desmaio por conta da falta de ferro, o que é comum na gravidez. — Ela explicou com um tom paciente. — Isso causa as tonturas e os enjoos, mas, tomando a medicação correta, logo você vai se sentir melhor. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu bruscamente — Gravidez? — Sua voz firme cortou o ar quando a palavra escapou dos lábios da médica. Congelei no mesmo instante, vendo os olhos de C
O silêncio da sala de espera era insuportável. Eu observava Ivy ao meu lado, vendo cada detalhe de sua inquietação. Suas mãos se moviam sem parar, seus pés balançavam denunciando sua ansiedade, e sua respiração estava irregular, quase ofegante. Ela estava sufocando naquela espera. Meus olhos deslizaram por seu rosto. Eu a vi morder o lábio inferior, com o seu olhar fixo em algum ponto distante, contendo as lágrimas que ameaçavam escapar. Soltei um suspiro discreto antes de envolver seus ombros em um abraço contido, mas firme. — Fique calma, você não está sozinha. Eu estou aqui. Ela travou por um instante, como se minhas palavras tivessem rompido a última barreira que ainda a segurava. Então, um soluço escapou de seus lábios, e antes que eu pudesse reagir, ela se virou em um movimento instintivo, encostando a cabeça contra o meu peito. Eu congelei. Senti sua respiração entrecortada contra o tecido da minha camisa. Seu corpo tremia em pequenos espasmos, como se ela estivesse
Ivy Hunter -A manhã havia chegado e com ela uma terrível dor de cabeça. - Eu não devia ter chorado tanto! Me sentei de vagar na cama e franzi o senho, me lembrando de que Christian estava ao meu lado e de repente ele sumiu sem falar nada. Não é como se ele me devesse explicações, mas eu fiquei preocupada. E se algo tivesse o acontecido? - Me questionei mentalmente, afastando os pensamentos. Me levantei para tomar um banho rápido e depois que me vesti, desci para tomar café. Hoje era dia de consulta e eu precisava sair mais cedo, se eu quisesse conseguir ver a minha avó. Assim que desci as escadas, caminhando para a mesa de jantar, a governanta já havia preparado a mesa e, ao me ver, abriu um sorriso cordial. — Bom dia, Ivy. Como se sente hoje? - Perguntou ela com suavidade e doçura, mostrando preocupação. — Estou bem, obrigada — Respondi me sentando, servindo um suco.Peguei um pedaço de pão, mas antes mesmo de dar a primeira mordida, meu celular vibrou sobre a mesa. Olhei a t
0,Entramos dentro do carro juntos para irmos para a empresa e confesso que, o silêncio instalado ali era completamente sufocante. Aquilo estava me incomodando e então, resolvi falar alguma coisa para mudar o clima. — Você encenou muito bem. Muito Obrigada! Minha voz soou calma, mas carregava um peso nas entrelinhas. Christian não reagiu ao me ouvir. Nem sequer desviou o olhar da frente. Respirei fundo e murmurei mais para mim mesma, do que para ele. — Desde o começo, são sempre esses dois… sempre são eles que fazem questão de te importunar. E mais uma vez um silêncio. Virei o rosto para ele esperando por uma resposta, mas tudo que recebi foi sua expressão impassível. Ele apoiou a mão no queixo e virou o rosto para a janela, como se minha presença ao seu lado fosse um detalhe insignificante. E foi aí que senti a distância entre nós. Talvez eu tivesse colocado expectativas demais em algo que não existia. E ao invés de fazermos um contato ou selarmos uma amizade, acabei foi co
Christian Müller -A manipulação e a traição vinda pela minha própria família. O que eu poderia esperar? Meu avô sempre foi um homem estrategista, mas no dia do bar, ele foi longe demais. Ele queria um herdeiro. E para sua peça chave do plano, entregou camisinhas furadas para Mark, que as entregou para mim, sendo mais uma cobaia do meu avô. Ele não sabia e agora, Ivy carregava um filho meu. Eu deveria estar furioso, mas só de saber que o plano não foi bem como meu avô queria, já era gratificante. Ele contava com Andressa para o ajudar e infelizmente, acabou atingindo outra pessoa. Uma pessoa que eu não queria que saísse machucada. Minha mente não parava de voltar para a noite do jantar. Ivy estava exausta e seu corpo mostrava isso. Como eu ainda podia querer usá-la no meu plano? Eu deveria estar cuidando dela, mantendo-a afastada disso, mas não consigo parar de pensar nela. E enquanto eu lavava os cabelos dela, sentia uma tensão pairando no banheiro e aquilo me afetava. Meus
Me apressei para ir até Ivy e confesso que, vê-la perto daquelas duas pragas, fez algo dentro de mim ferver. Uma pequena discussão estava prestes a acontecer ali, até que Ivy soube lhe dar com tudo sem perder a classe. E mais uma vez, fazendo algo dentro de mim se aquecer. Ou acordar. De repente, ela me pegou de surpresa, segurando minha gravata e me puxando para ela. —Senhor Müller, que tal irmos? Eu estava mesmo planejando passar o dia abraçadinha com o meu marido! - Disse ela com um olhar lascivo. Respirei fundo tentando não a levar pelas entrelinhas e agarrei a cintura dela, tirando-a dali. Enquanto fazíamos o caminho até o carro, Andressa passou por mim encarando Ivy fixamente, fazendo meu corpo gelar. Ela estava a ameaçando e aquilo fez com que eu apertasse meus punhos firmemente, me controlando para não fazer algo que me levasse a arrepender depois. Abri a porta para que Ivy entrasse e corri para o outro lado, dando sinal para que Simons pudesse ir. E durante todo o
Meu coração batia contra o peito como se quisesse sair dali. Christian estava tão perto que eu podia sentir sua respiração tocar minha pele, e o jeito como ele segurava minha mão fazia meu corpo inteiro se arrepiar. Eu não sabia explicar o que estava sentindo, apenas sabia que algo dentro de mim havia mudado no instante em que seus olhos encontraram os meus. — Por favor, não se machuque — sua voz rouca cortou o silêncio, e eu prendi a respiração. Olhando para ele, vi seus dedos firmes segurando minha mão com um cuidado que eu não esperava dele. Meu coração falhou uma batida, e sem saber o que dizer, eu apenas murmurei: — Me desculpe por ter limpado a sala... Eu sabia como as coisas estavam antes e como não tinha nada para fazer, preferi não incomodar ninguém. Christian continuou me olhando, com os olhos intensos cravados em mim. Sua respiração ficou pesada de repente e ele pareceu hesitar antes de soltar um suspiro longo. — Me desculpe, Ivy. — Pelo quê? - Perguntei o encarando
O silêncio no carro era sufocante. Estávamos voltando para casa e Christian dirigia, mantendo os olhos fixos no caminho que o carro fazia. Sua mandíbula estava travada e seus dedos apertavam firme o volante, como se tentasse controlar algo dentro de si. Eu por outro lado, estava com os olhos fixos na vista da janela, que passava diante dos meus olhos como um borrão. Mas na verdade, minha mente estava no que havíamos acabado de fazer. Eu sei que era loucura, mas eu não conseguia parar de pensar nele. - Em nós. Quando chegamos em casa, desci do carro sem dizer nada e segui direto para dentro. Eu estava cansada. Cansada de tentar entender Christian, de tentar decifrar o que se passava na cabeça dele. E quando eu estava prestes a subir os degraus da escada, ouvi a voz dele me chamar. — Ivy. Eu me virei devagar, encontrando os olhos dele procurando os meus. Ele estava parado perto da porta, com as mãos dentro dos bolsos da calça. Ele exibia o semblante fechado, como se estivess