Ivy Hunter- O cheiro forte de álcool e os sons de monitores preenchiam o ambiente do hospital, tornando tudo ainda mais sufocante. Assim que cheguei ao quarto, encontrei minha avó deitada na cama, com um semblante pálido. Os tubos conectados a ela pareciam me lembrar cruelmente de que eu estava sem tempo. — Vovó... - Chamei, mas minha voz falhou. Ela então, abriu os olhos lentamente e soltou um sorriso fraco. Assim que ela ameaçou falar, o médico chegou me exibindo um olhar sério, mas não frio. — Senhorita Hunter, podemos conversar em particular lá fora? - Ele perguntou e eu logo assenti. Dei uma olhada para minha avó e toquei a mão dela antes de sair para acompanhar o Homem de jaleco, até a saída do quarto. Assim que passamos pela porta, ele me olhou e soltou um suspiro. — O estado da sua avó é grave. Precisamos iniciar um tratamento intensivo imediatamente. Mas, Ivy... — Ele hesitou, olhando para os papéis em suas mãos. — O custo é muito alto e todo dinheiro que nos deu aind
Ivy Hunter - O dia amanheceu nublado, e o vento frio parecia combinar com a inquietação que se instalara em meu peito. Me forcei a afastar tais pensamentos enquanto chegava à empresa mais cedo do que o habitual. Havia trabalho a fazer e eu precisava manter minha mente ocupada, para não pensar em Christian. Entrei na minha sala e já comecei a trabalhar. Organizei os contratos e marquei uma reunião com um dos investidores para o projeto de lançamento dos novos móveis, tentando manter a mente focada, mas de repente a voz encorpada tirou minha concentração, soando bem atrás de mim. — Vamos nos encontrar no Sky Pub, hoje à tarde — Christian anunciou, fazendo o meu corpo congelar. Sky Pub. A lembrança daquela noite voltou com força total. O uniforme de coelha, a traição, o tapa que quase recebi, os olhares cheios de desprezo. O frio na barriga foi instantâneo, mas respirei fundo e assenti exibindo um sorriso fraco. —Sim, senhor! - Respondi o vendo vincar as sobrancelhas e se afasta
Ivy Hunter - Assim que passei pelas portas do lugar segurando a certidão, senti o vento gélido da tarde tocar meu rosto e junto dele, a sensação de que eu estava fazendo a coisa certa. — Tire o dia de folga. Eu vou voltar para a empresa. - A voz de Christian soou firme ao meu lado. Ele ajeitou o relógio em seu pulso e desceu um degrau ficando de frente para o seu carro. —Nos vemos amanhã no escritório. Eu então me virei para o olhar, assentindo. — Obrigada! - Falei descendo os degraus, acenando para um taxi que passava por ali perto. Entrei no carro e assim que fechei a porta, não consegui evitar olhá-lo. Christian era o sinônimo de elegância e poder. E só de pensar que eu havia acabado de me casar com esse homem, já sentia um frio percorrer minha espinha. Tentei afastar meus pensamentos, a final, não era um casamento de verdade. Eu não poderia criar expectativas, a final, ele era o meu chefe. Tentei afastar meus pensamentos e paguei o motorista, descendo do carro em seguida.
Christian Müller - Assim que falei, os olhos de Ivy me encararam como se eu tivesse atingido algo inalcançável. Era como se eu tivesse dito o que ela realmente precisava ouvir. Eu sabia exatamente o que estava fazendo. Cada movimento, cada palavra dita tinha um propósito. Ivy estava começando a se tornar uma peça chave não apenas na empresa, mas também para o meu plano. —S-Senhor Müller...- Chamou ela com um timbre de voz fraco, tentando se recuperar e então, eu logo me expliquei. —Ah, não, eu preciso que me acompanhe em algumas reuniões agora e também, não podemos esquecer do nosso compromisso mais tarde. O jantar. —Pode deixar, não deixarei falhas. - Disse ela me tirando um sorriso fraco. —Eu sei. Eu confio em você! - Falei voltando para a minha cadeira, colocando uma ao lado. Eu a olhei e bati de leve no acento, vendo Ivy vir até mim. —Vou iniciar uma chamada em vídeo para resolvermos sobre o novo projeto. Quero que participe. —Sim senhor! - Respondeu ela, sentando-se ao meu
Ivy Hunter -O dia de trabalho havia sido cansativo. Não sei se pelo dia ou pelo fato da gravidez, mas estava usando muito da minha energia. Assim que cheguei em casa e abri a porta do pequeno apartamento onde eu vivia, coloquei minha bolsa no chão ao lado da porta e tirei meus sapatos, soltando um respiro de alívio. Fechei a porta atrás de mim e fui até a cozinha beber um copo de água, ouvindo a campainha tocar. —Quem é? - Perguntei indo até lá atender. Pensei que talvez fosse Amanda, mas na hora que vi um entregador segurando algumas sacolas, olhei para ele mostrando-me confusa. —Posso ajudar? — Senhorita Ivy Hunter? — Perguntou ele me estendendo as sacolas. —Sou eu, mas, eu não pedi isso. - Falei o vendo olhar para um papel em sua mão, conferindo o número do apartamento na porta. — A entrega é para a senhorita, e eu não posso levar de volta. Tenha uma boa tarde! - Disse ele, saindo em seguida. Fechei a porta, sentindo meu coração acelerar com um pressentimento estranho. Colo
Christian Müller - Pontualidade para mim é uma questão de honra. As dezenove horas eu já estava em frente ao apartamento onde Ivy morava, assim como eu havia a dito antes que faria. Assim que Ivy entrou no carro, senti minha respiração travar por um segundo, mas logo me recuperei, para não parecer um bobo na frente dela. O vestido vermelho que escolhi para ela vestia como uma segunda pele, delineando cada curva do seu corpo com perfeição. A corrente dourada repousava sobre suas costas nuas, e a maquiagem sutil apenas realçava sua beleza natural. Eu já a achava linda, mas naquele momento… Ela estava estonteante. —Ivy! Boa noite! - Falei simplista, esperando que ela se ajeitasse ao meu lado. Eu queria dizer que ela estava e que ficaria ainda melhor se ela sorrisse, mas me calei e resolvi partir para os negócios da noite. Eu a entreguei o papel para que estudasse sobre cada um que estaria naquela noite na festa; ela tinha uma memória fotográfica perfeita e eu já notava isso nela,
Ivy Hunter - Aquela festa era uma cena tirada diretamente de um filme. O som suave do violino misturava-se ao burburinho discreto dos convidados, todos elegantemente vestidos, com sorrisos impecáveis no rosto. Cada detalhe brilhava em perfeição, desde as luzes penduradas no teto até o tilintar delicado das taças de champanhe. Para mim, aquilo era quase surreal. Um mundo ao qual eu não pertencia. Meus dedos deslizaram até a borda de uma travessa cheia de doces sofisticados. Quando estendi a mão para pegar um, uma voz masculina soou atrás de mim, carregada de humor: — Tenho que admitir, você fica muito mais elegante com essa roupa do que com a de coelha. Meu corpo travou no mesmo instante. Engoli em seco e virei lentamente o rosto para encarar o homem ao meu lado. Ele me olhava com um sorriso presunçoso nos lábios, como se estivesse se divertindo com minha reação. O calor subiu pelo meu rosto, queimando minhas bochechas. No mesmo instante, senti as náuseas me tomarem. Eu não
O dia amanheceu acinzentado e eu ainda tentava me recuperar da noite anterior. A minha cabeça estava uma bagunça e tudo o que eu mais almejava era um pouco de paz, mas parece que o universo não estava disposto a me dar isso. Me sentei na cama, prestes a me levantar, quando de repente, ouvi algumas batidas na porta. Suspirei e me levantei para atender, tentando ignorar o arrepio estranho que percorria meu corpo. E então, as batidas continuaram; —Já vai! - Gritei girando a maçaneta e assim que abri, meu coração quase parou. —Senhor Müller? Christian estava bem na minha frente, alto e imponente como sempre. Seu olhar percorreu meu pequeno apartamento e naquele instante eu vi o julgamento estampado em seu rosto. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele passou direto por mim, cruzando a porta sem pedir permissão. — Fique à vontade — murmurei com sarcasmo, mas ele sequer me ouviu. Ele caminhava pelo espaço, avaliando cada detalhe com uma expressão impassível, mas seus olhos