Ivy Hunter -O dia de trabalho havia sido cansativo. Não sei se pelo dia ou pelo fato da gravidez, mas estava usando muito da minha energia. Assim que cheguei em casa e abri a porta do pequeno apartamento onde eu vivia, coloquei minha bolsa no chão ao lado da porta e tirei meus sapatos, soltando um respiro de alívio. Fechei a porta atrás de mim e fui até a cozinha beber um copo de água, ouvindo a campainha tocar. —Quem é? - Perguntei indo até lá atender. Pensei que talvez fosse Amanda, mas na hora que vi um entregador segurando algumas sacolas, olhei para ele mostrando-me confusa. —Posso ajudar? — Senhorita Ivy Hunter? — Perguntou ele me estendendo as sacolas. —Sou eu, mas, eu não pedi isso. - Falei o vendo olhar para um papel em sua mão, conferindo o número do apartamento na porta. — A entrega é para a senhorita, e eu não posso levar de volta. Tenha uma boa tarde! - Disse ele, saindo em seguida. Fechei a porta, sentindo meu coração acelerar com um pressentimento estranho. Colo
Christian Müller - Pontualidade para mim é uma questão de honra. As dezenove horas eu já estava em frente ao apartamento onde Ivy morava, assim como eu havia a dito antes que faria. Assim que Ivy entrou no carro, senti minha respiração travar por um segundo, mas logo me recuperei, para não parecer um bobo na frente dela. O vestido vermelho que escolhi para ela vestia como uma segunda pele, delineando cada curva do seu corpo com perfeição. A corrente dourada repousava sobre suas costas nuas, e a maquiagem sutil apenas realçava sua beleza natural. Eu já a achava linda, mas naquele momento… Ela estava estonteante. —Ivy! Boa noite! - Falei simplista, esperando que ela se ajeitasse ao meu lado. Eu queria dizer que ela estava e que ficaria ainda melhor se ela sorrisse, mas me calei e resolvi partir para os negócios da noite. Eu a entreguei o papel para que estudasse sobre cada um que estaria naquela noite na festa; ela tinha uma memória fotográfica perfeita e eu já notava isso nela,
Ivy Hunter - Aquela festa era uma cena tirada diretamente de um filme. O som suave do violino misturava-se ao burburinho discreto dos convidados, todos elegantemente vestidos, com sorrisos impecáveis no rosto. Cada detalhe brilhava em perfeição, desde as luzes penduradas no teto até o tilintar delicado das taças de champanhe. Para mim, aquilo era quase surreal. Um mundo ao qual eu não pertencia. Meus dedos deslizaram até a borda de uma travessa cheia de doces sofisticados. Quando estendi a mão para pegar um, uma voz masculina soou atrás de mim, carregada de humor: — Tenho que admitir, você fica muito mais elegante com essa roupa do que com a de coelha. Meu corpo travou no mesmo instante. Engoli em seco e virei lentamente o rosto para encarar o homem ao meu lado. Ele me olhava com um sorriso presunçoso nos lábios, como se estivesse se divertindo com minha reação. O calor subiu pelo meu rosto, queimando minhas bochechas. No mesmo instante, senti as náuseas me tomarem. Eu não
O dia amanheceu acinzentado e eu ainda tentava me recuperar da noite anterior. A minha cabeça estava uma bagunça e tudo o que eu mais almejava era um pouco de paz, mas parece que o universo não estava disposto a me dar isso. Me sentei na cama, prestes a me levantar, quando de repente, ouvi algumas batidas na porta. Suspirei e me levantei para atender, tentando ignorar o arrepio estranho que percorria meu corpo. E então, as batidas continuaram; —Já vai! - Gritei girando a maçaneta e assim que abri, meu coração quase parou. —Senhor Müller? Christian estava bem na minha frente, alto e imponente como sempre. Seu olhar percorreu meu pequeno apartamento e naquele instante eu vi o julgamento estampado em seu rosto. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele passou direto por mim, cruzando a porta sem pedir permissão. — Fique à vontade — murmurei com sarcasmo, mas ele sequer me ouviu. Ele caminhava pelo espaço, avaliando cada detalhe com uma expressão impassível, mas seus olhos
Despertei sentindo um incômodo do cheiro forte do hospital. Minhas pálpebras pesavam e eu pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a claridade. Na medida em que minha mente despertava, percebi que estava em uma maca de hospital. Meu corpo parecia leve demais, como se tivesse flutuado para aquele lugar sem aviso prévio. — Que bom que você acordou. — Uma voz feminina soou próxima. Meus olhos se abriram completamente, e encontrei uma médica ao meu lado, segurando alguns papéis. —Doutora, o que aconteceu? - Perguntei preocupada, ouvindo-a soltar um suspiro. — Você teve um pequeno desmaio por conta da falta de ferro, o que é comum na gravidez. — Ela explicou com um tom paciente. — Isso causa as tonturas e os enjoos, mas, tomando a medicação correta, logo você vai se sentir melhor. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu bruscamente — Gravidez? — Sua voz firme cortou o ar quando a palavra escapou dos lábios da médica. Congelei no mesmo instante, vendo os olhos de C
O silêncio da sala de espera era insuportável. Eu observava Ivy ao meu lado, vendo cada detalhe de sua inquietação. Suas mãos se moviam sem parar, seus pés balançavam denunciando sua ansiedade, e sua respiração estava irregular, quase ofegante. Ela estava sufocando naquela espera. Meus olhos deslizaram por seu rosto. Eu a vi morder o lábio inferior, com o seu olhar fixo em algum ponto distante, contendo as lágrimas que ameaçavam escapar. Soltei um suspiro discreto antes de envolver seus ombros em um abraço contido, mas firme. — Fique calma, você não está sozinha. Eu estou aqui. Ela travou por um instante, como se minhas palavras tivessem rompido a última barreira que ainda a segurava. Então, um soluço escapou de seus lábios, e antes que eu pudesse reagir, ela se virou em um movimento instintivo, encostando a cabeça contra o meu peito. Eu congelei. Senti sua respiração entrecortada contra o tecido da minha camisa. Seu corpo tremia em pequenos espasmos, como se ela estivesse
Ivy Hunter -A manhã havia chegado e com ela uma terrível dor de cabeça. - Eu não devia ter chorado tanto! Me sentei de vagar na cama e franzi o senho, me lembrando de que Christian estava ao meu lado e de repente ele sumiu sem falar nada. Não é como se ele me devesse explicações, mas eu fiquei preocupada. E se algo tivesse o acontecido? - Me questionei mentalmente, afastando os pensamentos. Me levantei para tomar um banho rápido e depois que me vesti, desci para tomar café. Hoje era dia de consulta e eu precisava sair mais cedo, se eu quisesse conseguir ver a minha avó. Assim que desci as escadas, caminhando para a mesa de jantar, a governanta já havia preparado a mesa e, ao me ver, abriu um sorriso cordial. — Bom dia, Ivy. Como se sente hoje? - Perguntou ela com suavidade e doçura, mostrando preocupação. — Estou bem, obrigada — Respondi me sentando, servindo um suco.Peguei um pedaço de pão, mas antes mesmo de dar a primeira mordida, meu celular vibrou sobre a mesa. Olhei a t
0,Entramos dentro do carro juntos para irmos para a empresa e confesso que, o silêncio instalado ali era completamente sufocante. Aquilo estava me incomodando e então, resolvi falar alguma coisa para mudar o clima. — Você encenou muito bem. Muito Obrigada! Minha voz soou calma, mas carregava um peso nas entrelinhas. Christian não reagiu ao me ouvir. Nem sequer desviou o olhar da frente. Respirei fundo e murmurei mais para mim mesma, do que para ele. — Desde o começo, são sempre esses dois… sempre são eles que fazem questão de te importunar. E mais uma vez um silêncio. Virei o rosto para ele esperando por uma resposta, mas tudo que recebi foi sua expressão impassível. Ele apoiou a mão no queixo e virou o rosto para a janela, como se minha presença ao seu lado fosse um detalhe insignificante. E foi aí que senti a distância entre nós. Talvez eu tivesse colocado expectativas demais em algo que não existia. E ao invés de fazermos um contato ou selarmos uma amizade, acabei foi co