HarlowO Rush foi baleado, baleado e está no hospital.Aquelas palavras ecoavam na minha mente, enquanto tentava processar os últimos acontecimentos.Quando o Romeu tirou o terno, tinha mais sangue do que tinha visto. Na frente da sua camisa, na gola e no punho. Tudo sangue do Rush. Comecei a respirar pesadamente, meu coração acelerado demais e senti uma pontada estranha na minha barriga.— Você precisa se acalmar, querida. Vai dar tudo certo — a Victoria falou ao meu lado.Sim, eu precisava fazer isso pelo bebê.Nós estávamos na sala, o Romeu estava explicando tudo ao pai e eles estavam decidindo o que fazer a seguir.Confesso que estava aérea e não estava entendendo muito da conversa. Mas basicamente, o Rush foi atacado a tiros no estacionamento da empresa, alguém morreu pelo que entendi. — Foi o professor? — Perguntei ao Romeu. Me dei conta que não tinha nem procurado saber informações mais concretas. — Foi ele que tentou matar o Rush?— Foi, mas ele está morto, Harlow. O cara já
Harlow Meses depois... A morte é algo tão doloroso e, ao mesmo tempo, poético. Todos se reúnem em nome de alguém no fatídico dia, cantando louvores sobre seus feitos, contando o quanto a pessoa era incrível e memorável, mesmo que ninguém a conhecesse de verdade. Bom, nesse caso não tivemos essa oportunidade. Não fomos ao velório nem ao enterro, então meu sogro quis fazer uma homenagem simbólica com uma placa no jazigo da família King. Me agachei sobre o túmulo e depositei flores frescas. Meu sogro estava ao meu lado e afagou minhas costas. — Está tudo bem, querida? — Sim. Eu acho que ele percebeu o quanto eu estava cansada agora com uma barriga de seis meses de gravidez. Passei a mão pela enorme barriga, que eu mal conseguia segurar com o meu pequeno corpo. Nunca imaginei que minha barriga esticasse tanto e ainda faltam mais três meses finais.Li mais uma vez nome na placa: Melinda King. Ela era uma King agora, meu sogro fez todos os trâmites para que ela fosse transferida par
RushTRÊS ANOS DEPOIS…Eu estava no escritório revisando alguns contratos quando um copinho pequeno entrou empurrando a minha porta. Da minha mesa eu só conseguia ver o topo da sua cabeça, mas eu conseguia imaginar sua carinha; testa franzida, bochechas vermelhas e os olhos azuis mais bravos que alguém já viu.Fechei meu computador e virei minha cadeira para ter meu colo livre para ela. — Venha cá, rainha do drama. Ela se aproximou, fazendo questão de bater com seus sapatos no chão. Parou na minha frente e colocou a mão na cintura.Como eu disse: a rainha do drama.— O que foi, Rachel? Você está chateada? — Sim, papai. — ele fez um biquinho e suas bochechas ficaram vermelhas. Seus olhos da cor dos meus brilhando furiosos. — Venha cá — Apontei para o meu colo vazio e ela se aconchegou. — Antes, será que o papai merece um beijinho? Ele Inclinou seus lábios para os meus, me dando um selinho rápido. — A mamãe está furiosa agora, mas eu também estou.— E por quê?— Você disse que meu
RushFui acordado por uma batida forte no meu quarto. Minha mente levou um tempo para se ajustar. Minha cabeça estava girando. Sinos badalando no meu ouvido. Me virei e senti um corpo macio ao meu lado. Eu lembrava de transar umas duas vezes, sendo que a segunda eu lembrava bem mais. Uma mão tocou nas minhas costas e eu me assustei. Mais batidas. Desta vez quase colocaram minha porta abaixo. — Ai! — A garota gritou atrás de mim. Eu a empurrei. Estava tentando chegar à porta, mas minha cabeça estava girando de verdade. — A porta… abra a porta.— Foi o que consegui dizer. Empurrei a garota, me apoiando na barriga macia da outra. Eram duas garotas. Isso ou uma foi partida ao meio. A garota se enrolou no lençol e foi até a porta. Quando ela abriu, um pouco do clarão entrou e eu vi a figura masculina rechonchuda entrando no quarto. — Saia! — ele gritou. Ele foi até a cortina e acionou o controle para abrir a cortina da janela. Conforme a luz ia entrando, mais minha cabeça doía.— Por
Harlow— Senhorita Davis! Desligue essa droga de aparelho! — O professor gritou pela terceira vez.Olhei para tela travada do meu smartphone e apertei sem parar. Era uma ligação do meu pai. A quarta que eu não conseguia atender. Tropecei ontem no trabalho e quebrei a maldita tela do meu celular e não tive chance de consertar.Eu não era rica, mas consegui um bom trabalho em uma joalheira e consigo custear o básico pelo menos. Isso quando meu pai não pega metade do meu salário para encher a cara. Olhei para o professor Miller, tentando fazer ele entender minha súplica e voltei para tela do meu celular rebelde. Finalmente consegui recusar a chamada do meu pai. Isso era algo que eu poderia resolver depois. Só espero que não seja nada grave.O professor Miller caminhou em minha direção e parou com a mão estendida. Dei meu celular para ele e cruzei os braços, emburrada.— Quero conversar com você depois da aula. — Ele disse, enquanto voltava para o quadro.Que droga! Eu estava no meu se
Harlow— Pai, eu não posso falar com você agora. Estou atrasada para o trabalho e ainda preciso vestir o uniforme.— Eu sei, filha. É rápido.— Se for dinheiro, eu não tenho um centavo sequer.— Quem você pensa que sou? Eu não sou nenhum interesseiro, Harlow.— Está bem, pai. Mas não dá para falar agora. Nós falamos depois, está bem?— Está bem, mas venha para casa. O assunto é importante.Parei na porta da joalheria. Pensando no que seria importante para o meu pai. Em que merda ele se meteu agora. Mas a Diana, minha colega de trabalho, começou a acenar de dentro da joelheira.— Eu preciso ir, pai. Eu falo com você mais tarde. Desliguei o celular e entrei na joalheira. O Max estava atendendo um cliente, me olhou de canto de olho e bateu no relógio dele discretamente.E falei um “desculpe” silencioso. A Diana veio até mim, me puxando para dentro da loja.— Calma, Diana. O que foi? — Você não viu a Mercedes na entrada da loja? Você está encrencada. — Eu não vi. Mas o que houve?— Ele
Rush — Espero que você tenha um bom motivo para me fazer ficar em casa em pleno sábado à noite. — Meu irmão falou, sentando no sofá em frente a mim.— Não me diga que você tinha planos, porque eu sei que sua vida é completamente inútil. — Você que pensa. Meu final de semana está cheio. — Cheio com o quê? Vai viajar com aquela gangue de motoqueiros de novo?— Shhh. — Ele olhou em volta para ver se tinha alguém. — Fala baixo, porra. Se a mamãe escutar, ela vai contar ao papai. — E ele não pode saber que seu filho modelo adora vestir jaqueta e sair por aí em uma porra de moto, não é? Imagina quando ele souber que faz três meses que você não vai à empresa.— Rush, o que você quer? Eu conheço você o suficiente para saber que você está tentando me chantagear. — Chantagear? — gargalhei. — Eu nem comecei, irmão. Mas já que você perguntou, eu quero uma coisa sim. O papai vai me arranjar uma noiva. Você acredita nessa merda? Ele ameaçou até me deserdar se eu não me casar. — Uma noiva?— S
Harlow Fiquei estática olhando para os dois homens a minha frente. Meu pai estava um bagaço como sempre esteve, mas agora parecia pior. A cara do fracasso. E o Sr. King se comportava exatamente como alguém que tinha o mundo aos seus pés.— Sente-se, Harlow. Se escutar o que temos para falar aí de pé, você vai cair. — E o que é, papai? Você está devendo alguém? Mais dividas de jogo?— A sua filha lhe conhece bem, Greg. — O Sr. King falou.— E o senhor não tem o direito de entrar na minha cara só porque é o meu chefe. O senhor é meu chefe da porta para fora. O Sr. King me lançou um olhar divertido, quase um sorriso surgindo do canto esquerdo da sua boca.— Ela é igual a ela. — Ele falou. — Eu falei que ela é. O mesmo gênio impossível de controlar. — Meu pai estalou os dentes. — Ela é perfeita. O Rush terá alguns problemas, mas ele vai conseguir lidar.— Vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? E quem é Rush? — Eu disse que é melhor você se sentar, Harlow. —