Harlow
Fiquei estática olhando para os dois homens a minha frente. Meu pai estava um bagaço como sempre esteve, mas agora parecia pior. A cara do fracasso. E o Sr. King se comportava exatamente como alguém que tinha o mundo aos seus pés. — Sente-se, Harlow. Se escutar o que temos para falar aí de pé, você vai cair. — E o que é, papai? Você está devendo alguém? Mais dividas de jogo? — A sua filha lhe conhece bem, Greg. — O Sr. King falou. — E o senhor não tem o direito de entrar na minha cara só porque é o meu chefe. O senhor é meu chefe da porta para fora. O Sr. King me lançou um olhar divertido, quase um sorriso surgindo do canto esquerdo da sua boca. — Ela é igual a ela. — Ele falou. — Eu falei que ela é. O mesmo gênio impossível de controlar. — Meu pai estalou os dentes. — Ela é perfeita. O Rush terá alguns problemas, mas ele vai conseguir lidar. — Vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? E quem é Rush? — Eu disse que é melhor você se sentar, Harlow. — Quem falou agora foi o Sr. King em seu tom autoritário habitual. Travei os dentes, tentando controlar a vontade de mandar ele para o quinto dos infernos. Depois sentei no sofá ao lado do meu pai. Algo me dizia que aquela conversa ia me fazer cair para trás. — Nós temos algo para dizer, filha. Peço que você tenha calma. — Ei, não. Não é assim que se começa dando a notícia. Você precisa ir direto ao ponto, contar a pior parte, depois você gerencia os danos. Deixe que eu faça isso. — O Sr. king falou. Naquela altura eu já estava completamente em pânico. — Você vai se casar com o meu filho mais velho. É por isso que eu estou. Eu já falei ao seu pai e ele aceitou. Então, vamos lidar com as coisas de forma rápida, sem protestos. É uma proposta irrecusável. Você será uma King. A minha reação foi gargalhar. Não sei se de nervoso ou incredulidade. — Vocês estão loucos. Você não pode entrar aqui e me comunicar que vou me casar como se eu fosse uma adolescente. Se eu tenho direito de resposta, a resposta é não. — Você não tem direito de resposta, Harlow. Eu sou seu pai e estou dizendo que você vai se casar com o filho do Sr. King. — Meu pai falou ríspido. — Papai, eu… — Já chega, Harlow. Eu cuidei de você por vinte anos e fiz os seus gostos, mas agora não posso mais. Você vai se casar em uma família rica e vai ter todas as mordomias. Qualquer garota iria adorar isso. — Sério? Porque isso parece mais uma fanfic. Casar com um homem rico. O que ele tem? O rosto queimado? É defeituoso? — Meu filho Rush é perfeitamente normal. Eu garanto. — Rush? Parece um nome que eu daria para um cachorro se eu tivesse um. A resposta é não. Ambos os homens bufaram. — Eu falei que ela não aceitaria. — Porque essa foi a educação que você deu a ela, Gregory. Essa garota está completamente descontrolada. Ah, mas esse velho não ia entrar na minha casa e me chamar de descontrolada nem fodendo. — Olha aqui… — Cale a boca por um minuto, Harlow. — Ele falou, estendendo o dedo para mim. — Antes que você comece a surtar, eu quero dizer o que um não de sua parte implica. O Sr. King pegou um envelope na lateral da poltrona e estendeu para mim. Abri e vi que eram fotos do meu pai. Em casa de jogos, bêbado na rua, sendo expulso de cassinos e prostíbulos. — Eu tenho vídeos também. — Papai? O meu pai baixou a cabeça envergonhado. Não era a primeira vez que ele fazia isso. Nós perdemos tudo ao longo dos anos e ficamos apenas com a casa em que moramos. Eu gastei todo meu dinheiro desde que comecei a trabalhar aos dezesseis anos para sustentar os vícios do meu pai. — Seu pai está devendo mais de cem mil dólares a um pessoal da pesada. Dinheiro esse que concordei em pagar. Mas como eu preciso de uma noiva para o meu filho, estou juntando o útil ao agradável. Eu estava em choque, tremendo como nunca estive na vida. Olhei para o meu pai com lágrimas nos olhos. — Você está me vendendo? — Filha, não é disso que se trata. Estou fazendo o melhor para você. — E salvando o seu próprio rabo no processo. — Vamos, Harlow. O seu pai não é bom para você. Veja quantos problemas você já teve que aturar por causa dele. Sendo uma King você não enfrentará mais nenhum problema. — O Sr. King falava como alguém que estava vendendo uma mercadoria. — E se eu não me casar? — Então, eu não poderei fazer nada pelo seu pai. Essa não é a primeira vez que tiro ele de problemas. Eu tenho monitorado você por anos e feito de tudo para lhe ajudar. Eu vi o quanto você já sofreu por ele. Agora mesmo ele está disposto a entregar sua filha por um punhado de dinheiro. Se não para mim, será para outro. — Quem é o senhor finalmente? Ele se ajeitou na poltrona. — Um amigo. — Um amigo? — Olhei para o meu pai, mas ele não falou nada. Parecia com raiva, envergonhado ao mesmo tempo. O que ele iria falar? Eu estava sem saída, encurralada, me sentindo traída. Só queria chorar. Casar com um milionário pode ser o sonho de qualquer garota, mas não desse jeito. Não sendo trocada por dinheiro. — Você precisa pensar que está salvando a minha vida, Harlow. Você me deve isso. Eu criei você sozinho logo após perder sua mãe. Não tive tempo de me recuperar e já tinha uma criança nos braços. Eu poderia ter te dado para adoção, mas decidi ficar com você. “Ficar comigo”, é assim que ele fala da sua própria filha. No fundo, eu sempre soube que meu pai não me amava, mas queria acreditar que era só uma depressão pela perda da minha mãe. Mas se passaram vinte anos e ele continua sendo um zero à esquerda. Tomei uma decisão repentina. Não sei se é movida pela minha raiva eminente ou pela tristeza que estava sentindo. Algo em mim morreu naquele momento e não vi nada à minha frente. Meu pai simplesmente me vendeu para um homem rico pensando apenas no seu benefício, como ele fez toda vida. Sempre foi sobre dinheiro. Eu sempre fui sua mina de ouro. — Eu aceito. Eu vou me casar com o seu filho, Sr. King. Mas eu quero que a dívida do meu pai seja paga ainda hoje. E também não quero que nenhum centavo a mais seja dado a ele. Documente isso se for preciso. Eu também não quero ele no meu casamento. — Filha. Me levantei correndo para a saída, pegando apenas a minha bolsa. As lágrimas embaçando minha visão. Eu não queria mais voltar para aquela casa. Eu não queria olhar para a cara do meu pai nunca mais.Harlow Você vai se casar com o meu filho mais velho. Eu poderia ter te dado para adoção, mas decidi ficar com você.Já faz dois dias, mas aquelas palavras não saíram da minha mente, assim como a decisão que tomei. Foi no calor do momento e é claro que eu me arrependi logo em seguida. Mas agora não poderia voltar atrás. Era capaz dos King me sequestrarem e me obrigar a cumprir minha palavra.O pouco que sabia deles, era que eles tinham muito poder e influência no país inteiro. Muitos até diziam que eles tinham contato com mercenários e mafiosos. Não tinha como ter um império de joias e evitar ser roubado sem ter justiceiros em sua folha de pagamento. Estou há quase dois anos aqui e nunca fomos roubados, mas houve boatos sobre um roubo em uma das fábricas que acabou com algumas pessoas "apagadas". Meu Deus, no que eu estava me metendo?E meu noivo? Com certeza ele tinha algum problema para o seu pai rico comprar uma noiva para ele. Talvez ele tivesse deficiência, como aquele homem do
RushEla era bonita. Tinha fogo em seus olhos, algo diferente como se ela estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Eu vi como ela apertava os lábios em um esforço para não me xingar e em algum momento eu jurei que ela iria jogar os anéis na minha cara. E a forma que ele balançou sua bunda perfeita na minha frente, aliado a maldita tornozeleira de prata em seu pé direito e os saltos, quase me deixaram louco. Se tinha coisa mais sexy do que uma mulher com tornozeleira, eu desconhecia. Eu foderia ela naquela mesa usando apenas os saltos e a tornozeleira. Eu até imaginei isso por um segundo e foi o que me deixou mais irritado.Não pretendia me casar com ela, mas eu era homem, um predador. Gostava de mulheres bonitas. Eu transaria com ela. Mas estava custando para acreditar que o meu pai quer me casar com uma funcionária da empresa. Eu, o filho dele. Ele só podia estar querendo me humilhar.— Mike, você pode me levar para casa do meu pai rapidinho?— O senhor não tinha uma reu
HarlowDava para ver os pontos fracos do Rush estampados em seu rosto. Ele era temperamental e impulsivo. Suas expressões diziam exatamente como ele estava se sentindo.— O que você está fazendo na porra da minha sala?— Você pediu uma encomenda e eu vim trazer. — Eu não queria você trazendo. Saia da minha sala. — Ele gritou e apontou a saída. — Se você gritar comigo de novo, como você faz com os seus funcionários, você vai ver o meu pior lado e não vai gostar.— Quem você pensa que é para me ameaçar? — E quem você pensa que é para chegar no meu local de trabalho e tentar me humilhar? Mesmo com o salto, ele era bem mais alto que eu. Mas eu o encarei. Erguendo meu queixo para aproximar meu rosto do dele. — Você não é a porra do dono do mundo e não tem direito de me humilhar só porque está numa posição acima de mim.— Então, você reconhece sua posição?— Dinheiro e status, é a única coisa que você tem. Porque o caráter passou longe. — Quem é você para falar do meu caráter? A porra
Harlow— Você não vai mesmo me dizer o que ficou fazendo todos esses dias? — A Manu insistiu. Nós estávamos na aula, mas ela continuava tagarelando.— Eu só faltei dois dias, Manu. Apenas dois dias. — E voltou para faculdade com cara de cu e roupas que claramente não são suas. As roupas eram da Diana. Ela era uma mulher curvilínea, então o vestido estava sobrando em mim.Eu tinha que ir para casa pegar minhas roupas. Meu pai já havia mandado todas as mensagens de desculpas do mundo, seguidas de várias ligações, mas eu não aceitei nenhuma. — Vamos focar apenas na aula, antes que o professor Anthony me dê outra advertência.— Ele te advertiu naquele dia? Como foi? Foi em cima da mesa ou sob as cadeiras?— Meu Deus, Manu. Pare. — Senhorita Davis. — O professor Anthony bateu no quadro. Todos, absolutamente todos na sala olharam para mim. — Desculpe. — Me encolhi na cadeira.O sinal tocou bem na hora, mas não pude evitar o olhar furioso do professor Anthony.— Olha o que você consegui
RushNão dormi à noite. Minha mente estava pipocando desde que ela foi ao meu escritório. Nunca uma mulher ousou bater de frente comigo, me olhar sem medo nenhum e com tanto fogo no olhar que poderia causar um incêndio.Agora eu entendo porque meu pai escolheu ela. Foi para infernizar a minha vida.Dou um dia sob o mesmo teto com ela para queimar a minha mente.Ela era bonita e toda vez que ela me desafiava eu ficava pensando coisas que não deveria pensar. Se eu me casar com ela, se eu a tocar, eu sinto que vou me perder.Eu tenho meus próprios motivos para não querer casar e o principal deles é que eu gosto da minha vida de solteiro. Eu gosto de ouvir o silêncio da minha cobertura. É quase um mantra, estabiliza meu chakras, ou seja lá como chamem. E aquela garota, ela vai me desalinhar por inteiro.Desci até a cozinha. Resolvi que iria trabalhar de casa hoje e a Lucy estava me mimando o dia inteiro. Ela era minha babá. Era estranho um homem feito ter babá, mas para mim ela sempre ser
Harlow Tive que aturar o falatório dos meus colegas de trabalho. Todos estavam completamente chocados. O que era de se entender. Eu era uma simples vendedora casando com o herdeiro de um império de joias. Eu mesma estava chocada.Eles simplesmente me encurralaram na sala de funcionários em uma inquisição sobre minha vida pessoal.— Eu só não entendo porque você não nos contou, Harlow. Você chegou na nossa casa pedindo abrigo. Nós cedemos a você e agora isso? — Eu não entendo o que isso tem a ver com vocês me dá abrigo na sua casa, Diana?— Não sei a Diana, mas eu teria cobrado aluguel se soubesse que você vai se casar com um milionário. — O Max falou. Eu o olhei completamente horrorizada.— Pare, Max. Não é assim também. — A Diana tentou consertar o estrago, mas já estava feito.— Não. Está tudo bem. Eu deveria ter pagado aluguel. Mas não se preocupe, eu vou enviar uma compensação assim que o dinheiro do meu marido milionário cair na minha conta. — Falei, irônica. — Obrigado por me
HarlowO Rush King realmente achou que eu iria desistir, ele só não sabia o quanto eu era determinada. Eu não queria casar com ele, mas aquilo se tornou um desafio na minha vida que eu teria que enfrentar.Já enfrentei coisas demais na minha vida para saber que um casamento não iria me matar. Nada mais iria me abalar tanto quando a morte da minha mãe. Eu perdi tudo exatamente naquele dia.— Você está cometendo um erro, Harlow.— O que você não entende, Rush. É que eu estou na mesma posição que você. Eu também estou aqui contra a minha vontade.— Sua mentirosa. Puxei meu braço de suas garras e andei em direção aos meus futuros sogros. A mãe do Rush, Victoria, era uma mulher agradável e amorosa. Ela me recebeu muito bem e me ajudou a me arrumar. Já o irmão dele apenas me cumprimentou, o que me levava a ideia de que o problema daquela família eram os homens King. Todos eram egocêntricos e com nariz em pé.— Então, vamos jantar. Já está ficando tarde. O senhor King falou.O Rush colocou
Harlow— Casar?! Tipo, casar mesmo com vestido, véu e tudo mais? — A Manu gritou no banheiro feminino, quando contei a ela minha situação.— Do jeito que uma pessoa se casa, Manu. É com um vestido e véu, não é?— Meu Deus, amiga! Isso é horrível! — Nossa, obrigada. Você deixou bem mais calma agora. — Desculpa aí, mas eu estou chocada. Você nunca nem contou que estava noiva. — Porque eu não estava até ontem. Foi um casamento arranjado.— Casamento arranjado, em pleno século 21? Você está de brincadeira.— É uma situação um pouco complicada. Você não tem noção de como está a minha cabeça.— Isso quer dizer que você vai realmente perder a virgindade com um cara que você nem conhece? Ele é mais velho, você sabe que ele pode ser bruto com você, não é?— Nossa, Manu. Você está me deixando traumatizada É tudo o que eu queria pensar agora.— Desculpa, Harlow. Mas é a verdade. Eu acho que você deveria transar. Quero dizer, antes do casamento. Pelo menos você vai ter vivido uma boa experiê