Rush
— Espero que você tenha um bom motivo para me fazer ficar em casa em pleno sábado à noite. — Meu irmão falou, sentando no sofá em frente a mim. — Não me diga que você tinha planos, porque eu sei que sua vida é completamente inútil. — Você que pensa. Meu final de semana está cheio. — Cheio com o quê? Vai viajar com aquela gangue de motoqueiros de novo? — Shhh. — Ele olhou em volta para ver se tinha alguém. — Fala baixo, porra. Se a mamãe escutar, ela vai contar ao papai. — E ele não pode saber que seu filho modelo adora vestir jaqueta e sair por aí em uma porra de moto, não é? Imagina quando ele souber que faz três meses que você não vai à empresa. — Rush, o que você quer? Eu conheço você o suficiente para saber que você está tentando me chantagear. — Chantagear? — gargalhei. — Eu nem comecei, irmão. Mas já que você perguntou, eu quero uma coisa sim. O papai vai me arranjar uma noiva. Você acredita nessa merda? Ele ameaçou até me deserdar se eu não me casar. — Uma noiva? — Sim. Uma mulher que eu vou casar, ter crianças cagonas e um cachorro fedorento. Meu irmão começou a rir. Mas rir mesmo, com a mão na barriga. — Você não deveria rir. Se ele está fazendo isso comigo, imagina o que ele vai fazer com você. Ele vai te obrigar a casar com uma mulher que você nem conhece. E eu nem sei se você gosta de mulher. — Vai se foder, Rush. É claro que eu gosto de mulher. — É sério, Romeu. Você precisa me ajudar. — Como? O papai não me escuta. — Eu sei. Você só precisa descobrir quem é essa garota e eu vou fazer o resto. — Você vai mandar aquele seu amigo mafioso matar a garota? — Mas é claro que não. Bom, essa não é uma má ideia, mas não. Eu só vou fazer ela desistir. Correr de mim como diabo da cruz. Coisas desse tipo. Você sabe, do mesmo jeito que eu conquisto as mulheres, eu posso fazer elas fugirem de mim. Eu sou um babaca, é por isso que eu não posso me casar. — Rush, eu não sei. Ele pode te casar com qualquer uma. — Não. Eu não sei porque, mas eu senti que é sobre a garota. O papai deve conhecer ela, sei lá. Ela deve ser filha de algum dos amigos ricos dele. Você só precisa descobrir quem é. — Irmão, você já pensou que casar pode até ser bom para você? Você já está bem próximo dos trinta. — Sabe o que é bom para você? Eu pegar uma foto sua com aqueles arruaceiros de merda e enviar para um jornal local. Sua cara vagabunda estampada no jornal da manhã enquanto o papai senta para ler e tomar café. Que tal? Ele apertou os olhos, irritado. — Entra no escritório do papai, fuma um charuto, uma dose de uísque escocês de primeira linha e descubra quem é a garota. O resto eu faço. — Você é um completo idiota. — Eu sei. É exatamente por isso que eu não posso casar. — Me levantei e dei um tapinha em seu rosto. — Eu sei que você vai fazer o certo, irmãozinho. Ele bufou. A porta da sala de estar se abriu e minha mãe apareceu com seu belo sorriso habitual. — Filho? Me levantei e fui até ela, deixando que me amassasse em seus braços. Depois ela me soltou e deu um tapa no braço. — Como você ousa me deixar saber da sua presença pelos empregados? — Eu ia avisar, mãe. Mas o Romeu me parou e me enfiou aqui para me mostrar sua nova tatuagem. — Nova tatuagem? — É mentira, mãe. Você vai acreditar nesse babaca? — Ele rebateu. — Não fala assim com seu irmão, Romeu. Pelo menos ele não tem tatuagem. Ele é um homem sério e comprometido com o trabalho. — Ela acariciou o meu rosto. O que ela não sabe é que eu tenho uma tatuagem. Uma que ela cairia para trás se visse. Eu era o filho preferido da minha mãe, enquanto meu irmão era o querido do meu pai. Meu pai sempre foi rígido comigo e tecia críticas sobre tudo o que eu fazia. Enquanto minha mãe me enchia de amor. — Você vai ficar para jantar, não é? — Não, mãe. Hoje eu tenho uma reunião com alguns sócios. Onde está o papai? — O seu pai saiu hoje o dia todo e disse que vai chegar tarde. — Você sabe que ele enlouqueceu de vez e inventou que quer me casar? A expressão da minha mãe ficou séria. — A senhora sabe, não é? — Querido, eu concordo com ele. — Como concorda? A senhora está me traindo? — Claro que não, mas o casamento vai fazer bem para você e ela é uma boa moça. Vocês serão felizes. — A senhora conhece ela? Me diga quem é. — Eu não conheço, mas seu pai conhece e eu confio cegamente nele. — É Celina Vagth? Eu não acredito que vocês querem que eu case com aquela patricinha do caralho. Eu vou me enforcar. — Olha a boca, Rush. O meu irmão começou a rir atrás de mim. Ah, foda-se! Eu estava furioso pra caralho. Lancei um olhar furioso para ele. — Eu já disse que não sei quem é. E a Celina está noiva de um médico alemão. Só se fala disso no clube. — Eu não vou casar. Nem fodendo que vou casar. — Então, o que seu pai decidir fazer com você eu vou apoiar. Eu sempre fui uma boa mãe para você, mas você precisa de limites. Você já vai fazer trinta anos e é um completo idiota. — Ela gesticulava como uma rainha do drama. — Eu estou velha e quero netos. Quero saber que quando morrer, você vai ter uma mulher para cuidar de você. — Eu sei cuidar de mim mesmo. — Não sabe coisa nenhuma. Todas as minhas amigas do clube perguntam quando você vai se casar. Todas estão felizes por ser avó. A Vivian está no terceiro neto. — A Vivian sabe onde o marido dela anda aos sábados à noite? — Ah, meu Deus, Rush. Eu não quero mais falar com você. — Ela saiu sacudindo as mãos de forma dramática. Meu irmão riu atrás de mim e me deixando furioso. — É, acho que não tem jeito para o milionário solteiro mais cobiçado da revista Pleople. — Não fode, Romeu.Harlow Fiquei estática olhando para os dois homens a minha frente. Meu pai estava um bagaço como sempre esteve, mas agora parecia pior. A cara do fracasso. E o Sr. King se comportava exatamente como alguém que tinha o mundo aos seus pés.— Sente-se, Harlow. Se escutar o que temos para falar aí de pé, você vai cair. — E o que é, papai? Você está devendo alguém? Mais dividas de jogo?— A sua filha lhe conhece bem, Greg. — O Sr. King falou.— E o senhor não tem o direito de entrar na minha cara só porque é o meu chefe. O senhor é meu chefe da porta para fora. O Sr. King me lançou um olhar divertido, quase um sorriso surgindo do canto esquerdo da sua boca.— Ela é igual a ela. — Ele falou. — Eu falei que ela é. O mesmo gênio impossível de controlar. — Meu pai estalou os dentes. — Ela é perfeita. O Rush terá alguns problemas, mas ele vai conseguir lidar.— Vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? E quem é Rush? — Eu disse que é melhor você se sentar, Harlow. —
Harlow Você vai se casar com o meu filho mais velho. Eu poderia ter te dado para adoção, mas decidi ficar com você.Já faz dois dias, mas aquelas palavras não saíram da minha mente, assim como a decisão que tomei. Foi no calor do momento e é claro que eu me arrependi logo em seguida. Mas agora não poderia voltar atrás. Era capaz dos King me sequestrarem e me obrigar a cumprir minha palavra.O pouco que sabia deles, era que eles tinham muito poder e influência no país inteiro. Muitos até diziam que eles tinham contato com mercenários e mafiosos. Não tinha como ter um império de joias e evitar ser roubado sem ter justiceiros em sua folha de pagamento. Estou há quase dois anos aqui e nunca fomos roubados, mas houve boatos sobre um roubo em uma das fábricas que acabou com algumas pessoas "apagadas". Meu Deus, no que eu estava me metendo?E meu noivo? Com certeza ele tinha algum problema para o seu pai rico comprar uma noiva para ele. Talvez ele tivesse deficiência, como aquele homem do
RushEla era bonita. Tinha fogo em seus olhos, algo diferente como se ela estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Eu vi como ela apertava os lábios em um esforço para não me xingar e em algum momento eu jurei que ela iria jogar os anéis na minha cara. E a forma que ele balançou sua bunda perfeita na minha frente, aliado a maldita tornozeleira de prata em seu pé direito e os saltos, quase me deixaram louco. Se tinha coisa mais sexy do que uma mulher com tornozeleira, eu desconhecia. Eu foderia ela naquela mesa usando apenas os saltos e a tornozeleira. Eu até imaginei isso por um segundo e foi o que me deixou mais irritado.Não pretendia me casar com ela, mas eu era homem, um predador. Gostava de mulheres bonitas. Eu transaria com ela. Mas estava custando para acreditar que o meu pai quer me casar com uma funcionária da empresa. Eu, o filho dele. Ele só podia estar querendo me humilhar.— Mike, você pode me levar para casa do meu pai rapidinho?— O senhor não tinha uma reu
HarlowDava para ver os pontos fracos do Rush estampados em seu rosto. Ele era temperamental e impulsivo. Suas expressões diziam exatamente como ele estava se sentindo.— O que você está fazendo na porra da minha sala?— Você pediu uma encomenda e eu vim trazer. — Eu não queria você trazendo. Saia da minha sala. — Ele gritou e apontou a saída. — Se você gritar comigo de novo, como você faz com os seus funcionários, você vai ver o meu pior lado e não vai gostar.— Quem você pensa que é para me ameaçar? — E quem você pensa que é para chegar no meu local de trabalho e tentar me humilhar? Mesmo com o salto, ele era bem mais alto que eu. Mas eu o encarei. Erguendo meu queixo para aproximar meu rosto do dele. — Você não é a porra do dono do mundo e não tem direito de me humilhar só porque está numa posição acima de mim.— Então, você reconhece sua posição?— Dinheiro e status, é a única coisa que você tem. Porque o caráter passou longe. — Quem é você para falar do meu caráter? A porra
Harlow— Você não vai mesmo me dizer o que ficou fazendo todos esses dias? — A Manu insistiu. Nós estávamos na aula, mas ela continuava tagarelando.— Eu só faltei dois dias, Manu. Apenas dois dias. — E voltou para faculdade com cara de cu e roupas que claramente não são suas. As roupas eram da Diana. Ela era uma mulher curvilínea, então o vestido estava sobrando em mim.Eu tinha que ir para casa pegar minhas roupas. Meu pai já havia mandado todas as mensagens de desculpas do mundo, seguidas de várias ligações, mas eu não aceitei nenhuma. — Vamos focar apenas na aula, antes que o professor Anthony me dê outra advertência.— Ele te advertiu naquele dia? Como foi? Foi em cima da mesa ou sob as cadeiras?— Meu Deus, Manu. Pare. — Senhorita Davis. — O professor Anthony bateu no quadro. Todos, absolutamente todos na sala olharam para mim. — Desculpe. — Me encolhi na cadeira.O sinal tocou bem na hora, mas não pude evitar o olhar furioso do professor Anthony.— Olha o que você consegui
RushNão dormi à noite. Minha mente estava pipocando desde que ela foi ao meu escritório. Nunca uma mulher ousou bater de frente comigo, me olhar sem medo nenhum e com tanto fogo no olhar que poderia causar um incêndio.Agora eu entendo porque meu pai escolheu ela. Foi para infernizar a minha vida.Dou um dia sob o mesmo teto com ela para queimar a minha mente.Ela era bonita e toda vez que ela me desafiava eu ficava pensando coisas que não deveria pensar. Se eu me casar com ela, se eu a tocar, eu sinto que vou me perder.Eu tenho meus próprios motivos para não querer casar e o principal deles é que eu gosto da minha vida de solteiro. Eu gosto de ouvir o silêncio da minha cobertura. É quase um mantra, estabiliza meu chakras, ou seja lá como chamem. E aquela garota, ela vai me desalinhar por inteiro.Desci até a cozinha. Resolvi que iria trabalhar de casa hoje e a Lucy estava me mimando o dia inteiro. Ela era minha babá. Era estranho um homem feito ter babá, mas para mim ela sempre ser
Harlow Tive que aturar o falatório dos meus colegas de trabalho. Todos estavam completamente chocados. O que era de se entender. Eu era uma simples vendedora casando com o herdeiro de um império de joias. Eu mesma estava chocada.Eles simplesmente me encurralaram na sala de funcionários em uma inquisição sobre minha vida pessoal.— Eu só não entendo porque você não nos contou, Harlow. Você chegou na nossa casa pedindo abrigo. Nós cedemos a você e agora isso? — Eu não entendo o que isso tem a ver com vocês me dá abrigo na sua casa, Diana?— Não sei a Diana, mas eu teria cobrado aluguel se soubesse que você vai se casar com um milionário. — O Max falou. Eu o olhei completamente horrorizada.— Pare, Max. Não é assim também. — A Diana tentou consertar o estrago, mas já estava feito.— Não. Está tudo bem. Eu deveria ter pagado aluguel. Mas não se preocupe, eu vou enviar uma compensação assim que o dinheiro do meu marido milionário cair na minha conta. — Falei, irônica. — Obrigado por me
HarlowO Rush King realmente achou que eu iria desistir, ele só não sabia o quanto eu era determinada. Eu não queria casar com ele, mas aquilo se tornou um desafio na minha vida que eu teria que enfrentar.Já enfrentei coisas demais na minha vida para saber que um casamento não iria me matar. Nada mais iria me abalar tanto quando a morte da minha mãe. Eu perdi tudo exatamente naquele dia.— Você está cometendo um erro, Harlow.— O que você não entende, Rush. É que eu estou na mesma posição que você. Eu também estou aqui contra a minha vontade.— Sua mentirosa. Puxei meu braço de suas garras e andei em direção aos meus futuros sogros. A mãe do Rush, Victoria, era uma mulher agradável e amorosa. Ela me recebeu muito bem e me ajudou a me arrumar. Já o irmão dele apenas me cumprimentou, o que me levava a ideia de que o problema daquela família eram os homens King. Todos eram egocêntricos e com nariz em pé.— Então, vamos jantar. Já está ficando tarde. O senhor King falou.O Rush colocou