Capítulo 4

Rush

— Espero que você tenha um bom motivo para me fazer ficar em casa em pleno sábado à noite. — Meu irmão falou, sentando no sofá em frente a mim.

— Não me diga que você tinha planos, porque eu sei que sua vida é completamente inútil.

— Você que pensa. Meu final de semana está cheio.

— Cheio com o quê? Vai viajar com aquela gangue de motoqueiros de novo?

— Shhh. — Ele olhou em volta para ver se tinha alguém. — Fala baixo, porra. Se a mamãe escutar, ela vai contar ao papai.

— E ele não pode saber que seu filho modelo adora vestir jaqueta e sair por aí em uma porra de moto, não é? Imagina quando ele souber que faz três meses que você não vai à empresa.

— Rush, o que você quer? Eu conheço você o suficiente para saber que você está tentando me chantagear.

— Chantagear? — gargalhei. — Eu nem comecei, irmão. Mas já que você perguntou, eu quero uma coisa sim. O papai vai me arranjar uma noiva. Você acredita nessa merda? Ele ameaçou até me deserdar se eu não me casar.

— Uma noiva?

— Sim. Uma mulher que eu vou casar, ter crianças cagonas e um cachorro fedorento.

Meu irmão começou a rir. Mas rir mesmo, com a mão na barriga.

— Você não deveria rir. Se ele está fazendo isso comigo, imagina o que ele vai fazer com você. Ele vai te obrigar a casar com uma mulher que você nem conhece. E eu nem sei se você gosta de mulher.

— Vai se foder, Rush. É claro que eu gosto de mulher.

— É sério, Romeu. Você precisa me ajudar.

— Como? O papai não me escuta.

— Eu sei. Você só precisa descobrir quem é essa garota e eu vou fazer o resto.

— Você vai mandar aquele seu amigo mafioso matar a garota?

— Mas é claro que não. Bom, essa não é uma má ideia, mas não. Eu só vou fazer ela desistir. Correr de mim como diabo da cruz. Coisas desse tipo. Você sabe, do mesmo jeito que eu conquisto as mulheres, eu posso fazer elas fugirem de mim. Eu sou um babaca, é por isso que eu não posso me casar.

— Rush, eu não sei. Ele pode te casar com qualquer uma.

— Não. Eu não sei porque, mas eu senti que é sobre a garota. O papai deve conhecer ela, sei lá. Ela deve ser filha de algum dos amigos ricos dele. Você só precisa descobrir quem é.

— Irmão, você já pensou que casar pode até ser bom para você? Você já está bem próximo dos trinta.

— Sabe o que é bom para você? Eu pegar uma foto sua com aqueles arruaceiros de merda e enviar para um jornal local. Sua cara vagabunda estampada no jornal da manhã enquanto o papai senta para ler e tomar café. Que tal?

Ele apertou os olhos, irritado.

— Entra no escritório do papai, fuma um charuto, uma dose de uísque escocês de primeira linha e descubra quem é a garota. O resto eu faço.

— Você é um completo idiota.

— Eu sei. É exatamente por isso que eu não posso casar. — Me levantei e dei um tapinha em seu rosto. — Eu sei que você vai fazer o certo, irmãozinho.

Ele bufou.

A porta da sala de estar se abriu e minha mãe apareceu com seu belo sorriso habitual.

— Filho?

Me levantei e fui até ela, deixando que me amassasse em seus braços. Depois ela me soltou e deu um tapa no braço.

— Como você ousa me deixar saber da sua presença pelos empregados?

— Eu ia avisar, mãe. Mas o Romeu me parou e me enfiou aqui para me mostrar sua nova tatuagem.

— Nova tatuagem?

— É mentira, mãe. Você vai acreditar nesse babaca? — Ele rebateu.

— Não fala assim com seu irmão, Romeu. Pelo menos ele não tem tatuagem. Ele é um homem sério e comprometido com o trabalho. — Ela acariciou o meu rosto.

O que ela não sabe é que eu tenho uma tatuagem. Uma que ela cairia para trás se visse.

Eu era o filho preferido da minha mãe, enquanto meu irmão era o querido do meu pai. Meu pai sempre foi rígido comigo e tecia críticas sobre tudo o que eu fazia. Enquanto minha mãe me enchia de amor.

— Você vai ficar para jantar, não é?

— Não, mãe. Hoje eu tenho uma reunião com alguns sócios. Onde está o papai?

— O seu pai saiu hoje o dia todo e disse que vai chegar tarde.

— Você sabe que ele enlouqueceu de vez e inventou que quer me casar?

A expressão da minha mãe ficou séria.

— A senhora sabe, não é?

— Querido, eu concordo com ele.

— Como concorda? A senhora está me traindo?

— Claro que não, mas o casamento vai fazer bem para você e ela é uma boa moça. Vocês serão felizes.

— A senhora conhece ela? Me diga quem é.

— Eu não conheço, mas seu pai conhece e eu confio cegamente nele.

— É Celina Vagth? Eu não acredito que vocês querem que eu case com aquela patricinha do caralho. Eu vou me enforcar.

— Olha a boca, Rush. O meu irmão começou a rir atrás de mim.

Ah, foda-se! Eu estava furioso pra caralho. Lancei um olhar furioso para ele.

— Eu já disse que não sei quem é. E a Celina está noiva de um médico alemão. Só se fala disso no clube.

— Eu não vou casar. Nem fodendo que vou casar.

— Então, o que seu pai decidir fazer com você eu vou apoiar. Eu sempre fui uma boa mãe para você, mas você precisa de limites. Você já vai fazer trinta anos e é um completo idiota. — Ela gesticulava como uma rainha do drama. — Eu estou velha e quero netos. Quero saber que quando morrer, você vai ter uma mulher para cuidar de você.

— Eu sei cuidar de mim mesmo.

— Não sabe coisa nenhuma. Todas as minhas amigas do clube perguntam quando você vai se casar. Todas estão felizes por ser avó. A Vivian está no terceiro neto.

— A Vivian sabe onde o marido dela anda aos sábados à noite?

— Ah, meu Deus, Rush. Eu não quero mais falar com você. — Ela saiu sacudindo as mãos de forma dramática.

Meu irmão riu atrás de mim e me deixando furioso.

— É, acho que não tem jeito para o milionário solteiro mais cobiçado da revista Pleople.

— Não fode, Romeu.

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