Harlow
— Pai, eu não posso falar com você agora. Estou atrasada para o trabalho e ainda preciso vestir o uniforme. — Eu sei, filha. É rápido. — Se for dinheiro, eu não tenho um centavo sequer. — Quem você pensa que sou? Eu não sou nenhum interesseiro, Harlow. — Está bem, pai. Mas não dá para falar agora. Nós falamos depois, está bem? — Está bem, mas venha para casa. O assunto é importante. Parei na porta da joalheria. Pensando no que seria importante para o meu pai. Em que merda ele se meteu agora. Mas a Diana, minha colega de trabalho, começou a acenar de dentro da joelheira. — Eu preciso ir, pai. Eu falo com você mais tarde. Desliguei o celular e entrei na joalheira. O Max estava atendendo um cliente, me olhou de canto de olho e bateu no relógio dele discretamente. E falei um “desculpe” silencioso. A Diana veio até mim, me puxando para dentro da loja. — Calma, Diana. O que foi? — Você não viu a Mercedes na entrada da loja? Você está encrencada. — Eu não vi. Mas o que houve? — Ele está aqui. — Ele quem? — O poderoso chefão, o dono do mundo. Stefan King. — O quê? O que ele está fazendo aqui? Está fechando a loja? Esse homem nunca veio aqui. Stefan King é simplesmente o dono de tudo. Ele nunca veio à loja. Eu nunca o conheci. Existem várias pessoas que administram a loja que vem antes dele. Por que ele viria aqui? Não faz sentido. — Ele disse que quer falar com você, Harlow. — Comigo? Como assim? — Ele falou exatamente o seu nome: Harlow Davis. Meu Deus, por que esse homem iria querer falar logo comigo? E como ele sabe o meu nome? — Eu preciso colocar o uniforme. — Não, ele exigiu que você fosse lá assim que chegasse. Ela está na sala da gerência. Eu sinto muito, querida. Mas que merda! A última coisa que podia me acontecer agora é perder esse emprego. Já estava sentindo as lágrimas rolarem dos meus olhos quando bati na sala da gerência. Tentei respirar fundo e me controlar, mas comecei a tremer quando ouvi a voz grave me mandar entrar. Quando entrei, ele estava de costas para a janela da sala. — Senhor, eu sou Harlow Davis. Fiquei sabendo que solicitou minha presença. — Essa janela tem uma bela vista de Nova York. Eu gosto. Acho que vou fazer algumas reformas, porque não gostei da decoração da sala. — Ele se virou e balançou o dedo casualmente pela sala. Quando finalmente ele me olhou, eu congelei. O rosto dele era familiar, seus olhos azuis eram frios, mas familiares. Tive uma breve impressão que já havia visto ele em algum lugar. Em alguma revista provavelmente. Ele se sentou na cadeira na minha frente, desabotoando o seu terno feito sob medida. Seu relógio em sua mão direita era um exclusivo que provavelmente só ele tinha. O anel em seu dedo também me chamou atenção, era um leão com uma coroa, que estava estampado em todos os lugares na loja. O brasão do Império King. E na outra mão estava uma aliança de ouro. — Sente-se. — Senhor, eu… — Eu disse sente-se. Seja educada. Apertei os olhos para ele. Aquele homem era autoritário demais para aturar. Se não precisasse do emprego, iria embora. Me sentei em sua frente. Sentindo o clima estranho no ambiente. Ele tinha um ar de poder e soberania, que deixava o ar mais frio. — Senhor, eu sinto muito por me atrasar. Eu não costumo fazer isso, mas é que faço faculdade e… — Eu pago sua faculdade, não é? Você tem uma bolsa pela empresa. — Senhor, eu fiz uma prova como qualquer outro funcionário. A bolsa é oferecida pela empresa e descontada do meu salário. Ele pegou uma planilha na mesa e abriu na minha frente. — Esses são todos os seus atrasos em um ano na empresa. Quase todo dia, no mesmo horário. — Senhor, todos estão avisados sobre minha faculdade. Eu venho de metrô e demora um pouco para chegar. — Isso é irrelevante — ele jogou a planilha no chão. Depois se inclinou na mesa, seus olhos focados nos meus. — Não se preocupe. Não estou aqui para assustá-la, nem demiti-la. Só queria que você me conhecesse antes de qualquer coisa. Me conte. Seu pai já falou sobre mim? — O quê? Não! Por que ele me falaria sobre o senhor? Ele deu um sorriso desanimado. — Porque eu esperaria que o Gregory Davis fosse íntegro uma vez sequer. — Você conhece o meu pai? — Ah, sim. Desculpe, eu estou sendo totalmente mal-educado em não me apresentar corretamente. Mas, sim, eu conheço seu pai e você. Você não deve lembrar de mim, pois era muito jovem, mas eu conheço você também. Bom, eu lembro dele. Só não sei de onde. Eu me lembraria se tivesse um bilionário na minha família. — Você só precisa saber que eu sempre estive presente em sua vida, Harlow. Eu te dei esse emprego com benefícios que nenhum funcionário tem. Uma bolsa para estudar. — Por quê? Eu não entendo. Por que o senhor faria isso? Ele se levantou da cadeira. Sua figura despontando alta diante de mim era assustadora. — Me considere um benfeitor. Agora pode voltar para o trabalho. Nós iremos no ver em breve. Só peço que quando isso acontecer, você considere tudo o que fiz por você até aqui. Como assim? Ele não me deu tempo de explicar, apenas saiu da sala me deixando lá. Voltei ao trabalho, mas minha mente estava vagando. O Max, percebeu e me deu algumas broncas. Mas eu estava tentando me lembrar de onde eu conhecia o Sr. King. — Estou impressionada que você não foi demitida. Mas ainda curiosa sobre o que levou o Sr. King em pessoa vir até aqui vê-la. — Eu também estou curiosa. — O que ele falou? — Esqueça isso, Diana. Me diga, sua faculdade é custeada com a bolsa da empresa? — Bolsa da empresa? De onde você tirou isso? Empresa nenhuma tem uma bolsa faculdade. — Eu tenho uma bolsa do Império King. — O quê? Como você conseguiu isso? — Eu não sei. Parece que eu não sei sobre muita coisa sobre minha vida. ***** Quando voltei para casa à noite, um Mercedes com um motorista estava estacionado na frente de casa. Corri para dentro de casa. — Papai? — Estou aqui. — A voz vinha da sala. Quando entrei na sala, eu quase caí para trás quando vi o Sr. King sentado em uma poltrona ao lado do meu pai com cara de poucos amigos. — Olá de novo, Harlow. — O Sr. King falou em seu tom cordial. — O que está acontecendo, pai? E por que este homem está aqui? — Eu acho que você deveria se sentar, filha. Nós precisamos conversar.Rush — Espero que você tenha um bom motivo para me fazer ficar em casa em pleno sábado à noite. — Meu irmão falou, sentando no sofá em frente a mim.— Não me diga que você tinha planos, porque eu sei que sua vida é completamente inútil. — Você que pensa. Meu final de semana está cheio. — Cheio com o quê? Vai viajar com aquela gangue de motoqueiros de novo?— Shhh. — Ele olhou em volta para ver se tinha alguém. — Fala baixo, porra. Se a mamãe escutar, ela vai contar ao papai. — E ele não pode saber que seu filho modelo adora vestir jaqueta e sair por aí em uma porra de moto, não é? Imagina quando ele souber que faz três meses que você não vai à empresa.— Rush, o que você quer? Eu conheço você o suficiente para saber que você está tentando me chantagear. — Chantagear? — gargalhei. — Eu nem comecei, irmão. Mas já que você perguntou, eu quero uma coisa sim. O papai vai me arranjar uma noiva. Você acredita nessa merda? Ele ameaçou até me deserdar se eu não me casar. — Uma noiva?— S
Harlow Fiquei estática olhando para os dois homens a minha frente. Meu pai estava um bagaço como sempre esteve, mas agora parecia pior. A cara do fracasso. E o Sr. King se comportava exatamente como alguém que tinha o mundo aos seus pés.— Sente-se, Harlow. Se escutar o que temos para falar aí de pé, você vai cair. — E o que é, papai? Você está devendo alguém? Mais dividas de jogo?— A sua filha lhe conhece bem, Greg. — O Sr. King falou.— E o senhor não tem o direito de entrar na minha cara só porque é o meu chefe. O senhor é meu chefe da porta para fora. O Sr. King me lançou um olhar divertido, quase um sorriso surgindo do canto esquerdo da sua boca.— Ela é igual a ela. — Ele falou. — Eu falei que ela é. O mesmo gênio impossível de controlar. — Meu pai estalou os dentes. — Ela é perfeita. O Rush terá alguns problemas, mas ele vai conseguir lidar.— Vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? E quem é Rush? — Eu disse que é melhor você se sentar, Harlow. —
Harlow Você vai se casar com o meu filho mais velho. Eu poderia ter te dado para adoção, mas decidi ficar com você.Já faz dois dias, mas aquelas palavras não saíram da minha mente, assim como a decisão que tomei. Foi no calor do momento e é claro que eu me arrependi logo em seguida. Mas agora não poderia voltar atrás. Era capaz dos King me sequestrarem e me obrigar a cumprir minha palavra.O pouco que sabia deles, era que eles tinham muito poder e influência no país inteiro. Muitos até diziam que eles tinham contato com mercenários e mafiosos. Não tinha como ter um império de joias e evitar ser roubado sem ter justiceiros em sua folha de pagamento. Estou há quase dois anos aqui e nunca fomos roubados, mas houve boatos sobre um roubo em uma das fábricas que acabou com algumas pessoas "apagadas". Meu Deus, no que eu estava me metendo?E meu noivo? Com certeza ele tinha algum problema para o seu pai rico comprar uma noiva para ele. Talvez ele tivesse deficiência, como aquele homem do
RushEla era bonita. Tinha fogo em seus olhos, algo diferente como se ela estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Eu vi como ela apertava os lábios em um esforço para não me xingar e em algum momento eu jurei que ela iria jogar os anéis na minha cara. E a forma que ele balançou sua bunda perfeita na minha frente, aliado a maldita tornozeleira de prata em seu pé direito e os saltos, quase me deixaram louco. Se tinha coisa mais sexy do que uma mulher com tornozeleira, eu desconhecia. Eu foderia ela naquela mesa usando apenas os saltos e a tornozeleira. Eu até imaginei isso por um segundo e foi o que me deixou mais irritado.Não pretendia me casar com ela, mas eu era homem, um predador. Gostava de mulheres bonitas. Eu transaria com ela. Mas estava custando para acreditar que o meu pai quer me casar com uma funcionária da empresa. Eu, o filho dele. Ele só podia estar querendo me humilhar.— Mike, você pode me levar para casa do meu pai rapidinho?— O senhor não tinha uma reu
HarlowDava para ver os pontos fracos do Rush estampados em seu rosto. Ele era temperamental e impulsivo. Suas expressões diziam exatamente como ele estava se sentindo.— O que você está fazendo na porra da minha sala?— Você pediu uma encomenda e eu vim trazer. — Eu não queria você trazendo. Saia da minha sala. — Ele gritou e apontou a saída. — Se você gritar comigo de novo, como você faz com os seus funcionários, você vai ver o meu pior lado e não vai gostar.— Quem você pensa que é para me ameaçar? — E quem você pensa que é para chegar no meu local de trabalho e tentar me humilhar? Mesmo com o salto, ele era bem mais alto que eu. Mas eu o encarei. Erguendo meu queixo para aproximar meu rosto do dele. — Você não é a porra do dono do mundo e não tem direito de me humilhar só porque está numa posição acima de mim.— Então, você reconhece sua posição?— Dinheiro e status, é a única coisa que você tem. Porque o caráter passou longe. — Quem é você para falar do meu caráter? A porra
Harlow— Você não vai mesmo me dizer o que ficou fazendo todos esses dias? — A Manu insistiu. Nós estávamos na aula, mas ela continuava tagarelando.— Eu só faltei dois dias, Manu. Apenas dois dias. — E voltou para faculdade com cara de cu e roupas que claramente não são suas. As roupas eram da Diana. Ela era uma mulher curvilínea, então o vestido estava sobrando em mim.Eu tinha que ir para casa pegar minhas roupas. Meu pai já havia mandado todas as mensagens de desculpas do mundo, seguidas de várias ligações, mas eu não aceitei nenhuma. — Vamos focar apenas na aula, antes que o professor Anthony me dê outra advertência.— Ele te advertiu naquele dia? Como foi? Foi em cima da mesa ou sob as cadeiras?— Meu Deus, Manu. Pare. — Senhorita Davis. — O professor Anthony bateu no quadro. Todos, absolutamente todos na sala olharam para mim. — Desculpe. — Me encolhi na cadeira.O sinal tocou bem na hora, mas não pude evitar o olhar furioso do professor Anthony.— Olha o que você consegui
RushNão dormi à noite. Minha mente estava pipocando desde que ela foi ao meu escritório. Nunca uma mulher ousou bater de frente comigo, me olhar sem medo nenhum e com tanto fogo no olhar que poderia causar um incêndio.Agora eu entendo porque meu pai escolheu ela. Foi para infernizar a minha vida.Dou um dia sob o mesmo teto com ela para queimar a minha mente.Ela era bonita e toda vez que ela me desafiava eu ficava pensando coisas que não deveria pensar. Se eu me casar com ela, se eu a tocar, eu sinto que vou me perder.Eu tenho meus próprios motivos para não querer casar e o principal deles é que eu gosto da minha vida de solteiro. Eu gosto de ouvir o silêncio da minha cobertura. É quase um mantra, estabiliza meu chakras, ou seja lá como chamem. E aquela garota, ela vai me desalinhar por inteiro.Desci até a cozinha. Resolvi que iria trabalhar de casa hoje e a Lucy estava me mimando o dia inteiro. Ela era minha babá. Era estranho um homem feito ter babá, mas para mim ela sempre ser
Harlow Tive que aturar o falatório dos meus colegas de trabalho. Todos estavam completamente chocados. O que era de se entender. Eu era uma simples vendedora casando com o herdeiro de um império de joias. Eu mesma estava chocada.Eles simplesmente me encurralaram na sala de funcionários em uma inquisição sobre minha vida pessoal.— Eu só não entendo porque você não nos contou, Harlow. Você chegou na nossa casa pedindo abrigo. Nós cedemos a você e agora isso? — Eu não entendo o que isso tem a ver com vocês me dá abrigo na sua casa, Diana?— Não sei a Diana, mas eu teria cobrado aluguel se soubesse que você vai se casar com um milionário. — O Max falou. Eu o olhei completamente horrorizada.— Pare, Max. Não é assim também. — A Diana tentou consertar o estrago, mas já estava feito.— Não. Está tudo bem. Eu deveria ter pagado aluguel. Mas não se preocupe, eu vou enviar uma compensação assim que o dinheiro do meu marido milionário cair na minha conta. — Falei, irônica. — Obrigado por me