Capítulo 3

Harlow

— Pai, eu não posso falar com você agora. Estou atrasada para o trabalho e ainda preciso vestir o uniforme.

— Eu sei, filha. É rápido.

— Se for dinheiro, eu não tenho um centavo sequer.

— Quem você pensa que sou? Eu não sou nenhum interesseiro, Harlow.

— Está bem, pai. Mas não dá para falar agora. Nós falamos depois, está bem?

— Está bem, mas venha para casa. O assunto é importante.

Parei na porta da joalheria. Pensando no que seria importante para o meu pai. Em que merda ele se meteu agora. Mas a Diana, minha colega de trabalho, começou a acenar de dentro da joelheira.

— Eu preciso ir, pai. Eu falo com você mais tarde.

Desliguei o celular e entrei na joalheira. O Max estava atendendo um cliente, me olhou de canto de olho e bateu no relógio dele discretamente.

E falei um “desculpe” silencioso. A Diana veio até mim, me puxando para dentro da loja.

— Calma, Diana. O que foi?

— Você não viu a Mercedes na entrada da loja? Você está encrencada.

— Eu não vi. Mas o que houve?

— Ele está aqui.

— Ele quem?

— O poderoso chefão, o dono do mundo. Stefan King.

— O quê? O que ele está fazendo aqui? Está fechando a loja? Esse homem nunca veio aqui.

Stefan King é simplesmente o dono de tudo. Ele nunca veio à loja. Eu nunca o conheci. Existem várias pessoas que administram a loja que vem antes dele. Por que ele viria aqui? Não faz sentido.

— Ele disse que quer falar com você, Harlow.

— Comigo? Como assim?

— Ele falou exatamente o seu nome: Harlow Davis.

Meu Deus, por que esse homem iria querer falar logo comigo? E como ele sabe o meu nome?

— Eu preciso colocar o uniforme.

— Não, ele exigiu que você fosse lá assim que chegasse. Ela está na sala da gerência. Eu sinto muito, querida.

Mas que merda!

A última coisa que podia me acontecer agora é perder esse emprego.

Já estava sentindo as lágrimas rolarem dos meus olhos quando bati na sala da gerência. Tentei respirar fundo e me controlar, mas comecei a tremer quando ouvi a voz grave me mandar entrar.

Quando entrei, ele estava de costas para a janela da sala.

— Senhor, eu sou Harlow Davis. Fiquei sabendo que solicitou minha presença.

— Essa janela tem uma bela vista de Nova York. Eu gosto. Acho que vou fazer algumas reformas, porque não gostei da decoração da sala. — Ele se virou e balançou o dedo casualmente pela sala.

Quando finalmente ele me olhou, eu congelei. O rosto dele era familiar, seus olhos azuis eram frios, mas familiares. Tive uma breve impressão que já havia visto ele em algum lugar. Em alguma revista provavelmente.

Ele se sentou na cadeira na minha frente, desabotoando o seu terno feito sob medida. Seu relógio em sua mão direita era um exclusivo que provavelmente só ele tinha. O anel em seu dedo também me chamou atenção, era um leão com uma coroa, que estava estampado em todos os lugares na loja. O brasão do Império King. E na outra mão estava uma aliança de ouro.

— Sente-se.

— Senhor, eu…

— Eu disse sente-se. Seja educada.

Apertei os olhos para ele. Aquele homem era autoritário demais para aturar. Se não precisasse do emprego, iria embora.

Me sentei em sua frente. Sentindo o clima estranho no ambiente. Ele tinha um ar de poder e soberania, que deixava o ar mais frio.

— Senhor, eu sinto muito por me atrasar. Eu não costumo fazer isso, mas é que faço faculdade e…

— Eu pago sua faculdade, não é? Você tem uma bolsa pela empresa.

— Senhor, eu fiz uma prova como qualquer outro funcionário. A bolsa é oferecida pela empresa e descontada do meu salário.

Ele pegou uma planilha na mesa e abriu na minha frente.

— Esses são todos os seus atrasos em um ano na empresa. Quase todo dia, no mesmo horário.

— Senhor, todos estão avisados sobre minha faculdade. Eu venho de metrô e demora um pouco para chegar.

— Isso é irrelevante — ele jogou a planilha no chão. Depois se inclinou na mesa, seus olhos focados nos meus. — Não se preocupe. Não estou aqui para assustá-la, nem demiti-la. Só queria que você me conhecesse antes de qualquer coisa. Me conte. Seu pai já falou sobre mim?

— O quê? Não! Por que ele me falaria sobre o senhor?

Ele deu um sorriso desanimado.

— Porque eu esperaria que o Gregory Davis fosse íntegro uma vez sequer.

— Você conhece o meu pai?

— Ah, sim. Desculpe, eu estou sendo totalmente mal-educado em não me apresentar corretamente. Mas, sim, eu conheço seu pai e você. Você não deve lembrar de mim, pois era muito jovem, mas eu conheço você também.

Bom, eu lembro dele. Só não sei de onde. Eu me lembraria se tivesse um bilionário na minha família.

— Você só precisa saber que eu sempre estive presente em sua vida, Harlow. Eu te dei esse emprego com benefícios que nenhum funcionário tem. Uma bolsa para estudar.

— Por quê? Eu não entendo. Por que o senhor faria isso?

Ele se levantou da cadeira. Sua figura despontando alta diante de mim era assustadora.

— Me considere um benfeitor. Agora pode voltar para o trabalho. Nós iremos no ver em breve. Só peço que quando isso acontecer, você considere tudo o que fiz por você até aqui.

Como assim?

Ele não me deu tempo de explicar, apenas saiu da sala me deixando lá.

Voltei ao trabalho, mas minha mente estava vagando. O Max, percebeu e me deu algumas broncas. Mas eu estava tentando me lembrar de onde eu conhecia o Sr. King.

— Estou impressionada que você não foi demitida. Mas ainda curiosa sobre o que levou o Sr. King em pessoa vir até aqui vê-la.

— Eu também estou curiosa.

— O que ele falou?

— Esqueça isso, Diana. Me diga, sua faculdade é custeada com a bolsa da empresa?

— Bolsa da empresa? De onde você tirou isso? Empresa nenhuma tem uma bolsa faculdade.

— Eu tenho uma bolsa do Império King.

— O quê? Como você conseguiu isso?

— Eu não sei. Parece que eu não sei sobre muita coisa sobre minha vida.

*****

Quando voltei para casa à noite, um Mercedes com um motorista estava estacionado na frente de casa. Corri para dentro de casa.

— Papai?

— Estou aqui. — A voz vinha da sala.

Quando entrei na sala, eu quase caí para trás quando vi o Sr. King sentado em uma poltrona ao lado do meu pai com cara de poucos amigos.

— Olá de novo, Harlow. — O Sr. King falou em seu tom cordial.

— O que está acontecendo, pai? E por que este homem está aqui?

— Eu acho que você deveria se sentar, filha. Nós precisamos conversar.

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