Casada com um Babaca
Casada com um Babaca
Por: Eliz Moreno
Capítulo 1

Rush

Fui acordado por uma batida forte no meu quarto. Minha mente levou um tempo para se ajustar. Minha cabeça estava girando. Sinos badalando no meu ouvido. Me virei e senti um corpo macio ao meu lado. Eu lembrava de transar umas duas vezes, sendo que a segunda eu lembrava bem mais. Uma mão tocou nas minhas costas e eu me assustei.

Mais batidas. Desta vez quase colocaram minha porta abaixo.

— Ai! — A garota gritou atrás de mim. Eu a empurrei. Estava tentando chegar à porta, mas minha cabeça estava girando de verdade.

— A porta… abra a porta.— Foi o que consegui dizer. Empurrei a garota, me apoiando na barriga macia da outra.

Eram duas garotas. Isso ou uma foi partida ao meio.

A garota se enrolou no lençol e foi até a porta. Quando ela abriu, um pouco do clarão entrou e eu vi a figura masculina rechonchuda entrando no quarto.

— Saia! — ele gritou.

Ele foi até a cortina e acionou o controle para abrir a cortina da janela. Conforme a luz ia entrando, mais minha cabeça doía.

— Porra. Precisa abrir tudo?

— Tem que abrir. Quem sabe a luz traga um pouco de juízo a você. — Era a voz do meu pai. Eu conhecia aquela voz grave e irritada de longe.

Tentei cobrir os olhos, mas senti meus lençóis sendo puxados.

— Que droga! – exclamei, jogando o travesseiro na minha cabeça.

— Levante-se! – A voz estridente do meu pai rasgou meus ouvidos.

A garota se remexeu do meu lado. Sentei na cama e puxei os lençóis para cobrir minha nudez. Minha cabeça queimava devido à ressaca da noite anterior.

— Desculpe. — A garota falou nervosa. Se levantando.

Ela era bonita, loira e magra como uma modelo. O estilo que eu gostava.

— Saia! — ele gritou para a garota.

— Você precisa falar assim com a pobre da… — Olhei para garota tentando lembrar o nome dela. Era alguma coisa com R… — Roxane?

— É Layla. — Ela falou, parecendo magoada.

— Desculpe, Layla. Recolha as roupas da sua amiga também a… Roxane.

— O nome dela é Cristina.

Ah, sim. A brasileira Cristina. Gostosa pra caralho.

A Layla recolheu as roupas dela do chão, correndo para a porta.

— Espere. — Meu pai tirou um maço de dinheiro no bolso e deu para ela. Ela olhou horrorizada. — Vamos, pegue e saia. — Ele rosnou.

Ela pagou o dinheiro e saiu correndo, quase chorando.

— Papai, ela não é prostituta.

— Tem certeza? Por que em sã consciência uma mulher aceitaria fazer uma suruba com você sem ganhar um bom dinheiro?

— Primeiro, é ménage à trois. — Falei usando o meu melhor sotaque francês. — É uma prática milenar. Você deveria experimentar.

Ele bufou.

— Não me tire por prostituto, Rush. Eu sou um homem íntegro. Já você... — ele balançou os dedos em desdém.

Olhei para a figura elegante do meu pai à minha frente, com o terno bem alinhado e a postura de um lorde inglês. Ele um inglês com descendência irlandesa. Era um homem completamente antiquado, que acreditava no amor e no casamento.

Eu era o oposto, meu irmão também. Nós éramos tudo o que o meu pai odiava quando resolveu criar seu império nos Estados Unidos. Ele sempre tentou incutir seus costumes em nós, mas não deu muito certo.

Ele andou pelo quarto. Observei as embalagens de camisinhas no chão. Fiquei feliz por lembrar disso.

— Não era para você estar trabalhando?

— Hoje é domingo! Quem trabalha no domingo?

— Hoje é sexta-feira! Mas mesmo que fosse domingo, um homem comprometido com o trabalho não se atém a datas.

Levantei e vesti um moletom do armário do meu irmão.

— Eu sou um homem extremamente comprometido com o trabalho, papai. Tudo está organizado na empresa e os documentos que pediu estão assinados. Nós também temos uma ótima equipe, monitorada de perto por mim.

— Enquanto bebe e transa com mulheres aleatórias em sua cobertura?

— Primeiro, eu não bebo em horário de trabalho. Segundo, eu não levo mulheres para minha cobertura. Eu as como onde as encontro.

— No caso, aqui? No apartamento do seu irmão?

— Meu irmão não está usando. Ele não consegue sair da sua aba. Eu só estou aproveitando o lugar. Não gosto de levar mulheres a minha casa, você sabe.

— Então, você vem para cá ou vai a um puteiro qualquer.

Eu não consegui controlar o riso. Meu pai adorava pegar pesado comigo.

— Você ficaria surpreso em saber onde eu encontro mulheres, senhor King.

— Para você é papai, garoto. Eu ainda sou seu pai e não me desfiz do meu posto. Mesmo que às vezes deseje te deserdar. Você é concupiscente e extremamente imprudente.

— Talvez você deva me deserdar e colocar seu filho mais novo como CEO da empresa. Eu adoraria ver seu império milionário ser destruído pelas mãos do seu querido filho modelo.

— Devo lembrá-lo de que não preciso de nenhum dos meus filhos. Eu não estou morto. E como você disse, temos uma boa equipe. Eu posso muito bem encontrar outro CEO com mais competência que você.

Fui tomado pela ira. Meu pai podia falar o que quisesse, mas ele não podia duvidar do meu trabalho. Eu carregava aquela empresa nas costas. Fui responsável pelo alto lucro e crescimento da empresa nos últimos anos. Não permitiria que meu profissionalismo fosse colocado em jogo.

— Papai...

— Chega, Rush! Eu não quero ouvir mais nada. Agora você vai me ouvir. Sente-se.

— Prefiro ficar de pé.

— Que seja! – Ele se sentou na poltrona à minha frente. – Vou direto ao assunto. Não sei se lembra, mas eu te dei até os vinte e sete anos para encontrar uma boa esposa. Você já está com vinte e oito anos, prestes a fazer vinte e nove.

— Não é tão fácil encontrar uma boa mulher para casar, não significa que eu não tenho procurado.

— Transar com a primeira mulher disponível não é exatamente procurar.

— Você realmente me entende mal, papai.

— Entendo aquilo que você me transmite. Mas enfim, agora sua busca não é mais necessária, já encontrei uma boa esposa para você.

O olhei, espantado com suas últimas palavras.

— Eu realmente espero que isso seja um tipo de figura de linguagem.

— Não! É exatamente o que eu quero dizer. Já faz um tempo que estou monitorando uma boa esposa para você.

— O que você quer dizer com monitorando? Isso parece papo de psicopata.

— Ela não aceitou ainda, mas vai aceitar. Ela é uma boa moça e tenho certeza que você vai gostar dela.

— Você está brincando, não é? — sorri, mais de medo do que de outra coisa.

— Não. Estou dizendo o que eu realmente quero dizer. Eu te encontrei uma boa esposa, já que você parece incapaz de fazer isso sozinho. — Ele falou as palavras bem calmamente, para me irritar.

— Tipo, casamento arranjado?

— Chame como quiser. Eu ainda não falei com ela, mas queria te comunicar antes.

— Comunicar? — Eu ri alto. — Nossa, obrigado pela consideração. Mas vou ter que recusar.

— Pense bem, filho. Vai ser bom para você. Um casamento vai trazer estabilidade para sua vida. Uma família, filhos e uma boa transa com uma mulher só.

— Eu não quero transar com uma mulher só, filhos, família, cachorro ou um carro SUV. Eu quero transar com quem eu quero e me sinto atraído. E, com certeza, não é uma esposa escolhida pelo meu pai.

— Estou certo que posso escolher uma mulher bem melhor do que você.

Bom, isso eu não poderia negar. Minha mãe era uma esposa modelo e uma mulher muito bonita. Eles tinham um casamento de sucesso há anos. O tipo de coisa rara que só acontece uma vez.

— Ai! Você realmente sabe mexer na ferida de um homem, senhor King. Mas a resposta ainda é não.

— Não precisa responder agora. Espere a garota aceitar. Depois vamos ver as demais coisas.

— E como você tem tanta certeza que ela vai aceitar?

Mas como ele não teria? Eu era bonito, rico, gostoso pra caralho e bom de cama. Seja quem for, ia ganhar na loteria.

— Ela vai aceitar. Eu tenho meus meios.

— Chantagem?

Ele sorriu.

— Não importam os meios e sim os fins.

— Quem é a garota?

— Direi no tempo certo. Só fique preparado.

— Eu não vou ficar preparado. Isso não vai acontecer nem fodendo.

Meu pai se levantou e virou a mesa de centro ao lado da poltrona. O abajur se estilhaçou no chão. E ela estava o maldito irlandês impondo sua vontade.

— Você vai fazer o que eu mandar, Rush. Ou então eu vou te destronar. Vou te deserdar. Vou tomar tudo o que você conseguiu com o meu dinheiro.

— O que eu conseguir. Eu trabalho desde os dezesseis anos nessa empresa.

— Mas é claro. Você vai ser indenizado. Agora vamos ver se o dinheiro da indenização vai dar para você manter sua vida de luxo.

— Você me subestima, papai. Eu ainda posso conseguir um emprego.

Ele gargalhou.

— Um King destronado? Você não vai conseguir emprego nem de serviços gerais, Rush. Eu vou me certificar disso.

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