2: Despertar

O som insistente de um bip de um aparelho médico desperta Ava, que se esforça para abrir os olhos, no entanto, está excessivamente debilitada para fazê-lo.

Com dificuldade, ela tenta entender o que está acontecendo, mas não reconhece o lugar onde está.

 Com um esforço extra, tenta mais uma vez abrir os olhos por completo e, após algum tempo, consegue.

— Como você está se sentindo? — uma voz masculina ecoa pelo ambiente.

 Virando o rosto em direção ao lugar de onde vem a voz, Ava avista um homem sentado numa poltrona ao lado da cama.

— Onde eu estou? — murmura, com a voz fraca.

— Eu te perguntei como está se sentindo — O homem insiste, um pouco mais firme.

 Reunindo a pouca força que lhe resta, Ava abre os olhos completamente e encara o homem ao seu lado. Ele está vestido em um elegante terno preto e a observa com um olhar intenso e sério, aguardando ansiosamente por uma resposta.

 — Estou sentindo muita dor, em todo o meu corpo — responde. — Mas a minha cabeça é a que mais dói — acrescenta, tocando a testa.

— Vou pedir que o médico venha examinar você — diz o homem, se levantando e aproximando-se dela com passos lentos.

Sentindo mais um forte latejar, enquanto move ligeiramente a cabeça, Ava olha e nota um soro pendurado ao lado da cama, com um tubo fino que desce até seu braço. Embora esteja sendo cuidada com o auxílio de aparelhos médicos, o quarto onde se encontra não se parece com o de um hospital.

Desesperada por não saber o que aconteceu, ela continua:

 — Por favor, me diga onde estou. — Insiste.

— Você está na minha casa — responde o homem. — Te trouxe para cá, após o acidente.

— Acidente? Que acidente? — pergunta, começando a ficar inquieta.

— Não se lembra do que aconteceu?

Ava se esforça para vasculhar sua mente em busca de alguma lembrança, mas se depara com um vazio total. Não consegue se recordar de absolutamente nada.

— Não, eu não me lembro — revela.

— Ao menos se lembra do seu nome? — o homem continua.

— Meu nome é... — subitamente, ela para de falar, tentando se recordar de seu nome, mas não consegue. — Eu não me lembro — confessa, ficando tensa.

Embora não consiga perceber, um sorriso discreto se forma nos lábios do homem que a observa com curiosidade.  Ava não faz ideia, mas o homem que está ao seu lado se trata de Hector Moreau, seu maior adversário empresarial.

— O que aconteceu comigo? — ela insiste, alarmada.

— Você perdeu o controle do veículo que estava dirigindo e despencou do desfiladeiro. Seu corpo foi lançado para fora do veículo e, por sorte, eu estava passando por perto e te resgatei.

A revelação a pega de surpresa. Mesmo tentando se esforçar para lembrar do ocorrido, ela não consegue.

— Quando isso aconteceu? — pergunta, intrigada.

— Há dois dias — ele responde naturalmente.

— Dois dias? — repete, pensativa.

— Devido à gravidade dos ferimentos, o médico optou por induzi-la a um coma para facilitar sua recuperação. Você sofreu um trauma significativo na cabeça, que provavelmente pode ser o resultado dessa sua perda de memória. Vou pedir que façam uma série de exames adicionais para entender melhor a extensão dos danos e planejar o melhor tratamento para você.

Notando a atenção que ele lhe dá, Ava o questiona:

— Quem é você? — ela pergunta, apertando firmemente o lençol que cobre seu corpo.

Com um sorriso tranquilizador no rosto, Hector percebe que pode conseguir mais coisas do que pretende com a perda de memória de Ava Smith, por isso, sendo bastante astuto, decide respondê-la com uma ideia que vem à sua mente:

— Não se lembra de mim, querida? Sou Hector Moreau, seu noivo.

Ao ouvir aquele estranho apresentar-se como seu noivo, uma onda de choque percorre o corpo de Ava. Seus olhos se arregalam momentaneamente e depois se estreitam em confusão, enquanto ela tenta digerir a informação. Lentamente, seu olhar percorre o corpo de Hector, buscando algum sinal familiar que possa ancorar suas memórias estilhaçadas. 

Hector é um homem alto com um corpo atlético, embora não exatamente musculoso. Seus cabelos são de um castanho escuro e sua barba é bem aparada, o que lhe confere um ar de elegância. Apesar de aparentar não ter mais de 35 anos, sua aparência é marcantemente atraente. No entanto, há algo em seu olhar que instiga uma leve inquietação em Ava. Seus olhos, embora belos, não parecem carregar amor, ou paixão. Ao invés disso, Hector parece esconder algo que, naquele momento, ela não consegue compreender.

Enquanto Ava o examina minuciosamente, ela nota que o rosto dele mantém uma expressão inabalável, quase como se ele usasse uma máscara, cuidadosamente construída para esconder suas verdadeiras emoções.

Quando está quase concluindo seu exame detalhado sobre ele, um detalhe específico em Hector capta sua atenção e intensifica uma desconfiança. O dedo anelar de sua mão direita, que deveria ostentar uma aliança de noivado, está notavelmente desprovido de qualquer joia. A ausência do anel gera uma onda de dúvida e questionamento sobre a veracidade das suas palavras.

Uma ruga de confusão surge na testa dela, que, com um pouco de esforço, inclina a cabeça levemente, lançando um olhar ainda mais intenso e desconfiado para ele.

— Me diz uma coisa, Hector Moreau — começa Ava, num tom cuidadoso, medindo as suas palavras. — Se realmente somos noivos como você diz, por que não há uma aliança em seu dedo? — pergunta, erguendo uma sobrancelha.

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