Caminho traçado: Resgatada pelo inimigo
Caminho traçado: Resgatada pelo inimigo
Por: Célia Oliveira
1: O flagra

— Não acredito, eu vou ser mãe!

Ava mal podia acreditar no que estava vendo. Em frente ao espelho do banheiro de seu escritório, lá estava ela, segurando um teste de gravidez com o resultado positivo que tanto sonhou.

Desde que perdeu seu primeiro bebê num aborto espontâneo, o médico disse que seria bem difícil engravidar de novo. Mas agora, olhando para o resultado positivo nas suas mãos, tinha certeza de que estava vivendo um milagre.

As lágrimas começaram a cair sem controle. Era um misto de alegria e alívio depois de tanto tempo tentando.

— Não posso guardar essa notícia só para mim — ela murmura, já imaginando a cara de surpresa do seu noivo.

Ajeitando a maquiagem borrada e a roupa elegante que usava, ela sai do escritório com a postura altiva, que sempre teve diante de seus funcionários.

Quem não a conhecia pensava que ela não passava de uma herdeira poderosa que tinha o mundo inteiro em suas mãos, E, bom, ela meio que tinha.

Mas… a sua vida pessoal era bem diferente do que aparentava. Além de sofrer com dificuldade para engravidar, tentava convencer os pais a aceitarem o seu noivo James, que infelizmente não pertencia à mesma classe social que ela. No entanto, com essa novidade, acreditava que os pais não teriam mais como se opor à relação dos dois.

Chegando na casa do noivo, uma mansão que ela havia lhe presenteado — já que James morava numa casa simples — mal espera para dividir a notícia. Ava sobe as escadas quase correndo, mas para no meio do caminho, ao ouvir um barulho estranho vindo do quarto.

— Mais forte… — uma voz masculina murmura.

Curiosa e um pouco preocupada, caminha até lá e abre a porta.

E lá estava James, seu noivo, numa posição constrangedora, tendo relações com outro homem, bem na cama que usavam para dormir juntos.

A bolsa dela cai no chão num estrondo, fazendo os dois na cama se virarem assustados. O choque é tanto que Ava mal consegue respirar.

— Como você pôde? — ela grita, sentindo como se tivesse acabado de levar uma facada.

James se levanta da cama, ainda nu, tentando se explicar, mas acaba tropeçando nas próprias palavras.

— Ava, eu posso explicar — ele diz, tentando se cobrir com um lençol que estava jogado no chão.

— Explicar o quê?! — Ava o corta, furiosa. — Que você gosta de homens?

— Não é isso, amor… é tudo um mal entendido — rebate.

— Mal entendido? Enquanto eu estava trabalhando, para te dar uma vida luxuosa que você nunca iria conseguir ter sem a minha ajuda, você estava trasando com outro homem?

— Amor… me perdoa — James pede com a voz trêmula.

— Perdoar? — ela grita, visivelmente decepcionada. — Além de me trair, fez tudo isso na cama em que dormíamos juntos.

As lágrimas de decepção rolam pelo rosto dela. Ava tenta limpá-las com as costas das mãos, mas percebe que está tremendo de nervoso.

— Eu nunca esperaria isso de você — confessa, em meio ao choro. — Ainda mais depois de tudo que fiz por você. Eu te dei essa casa, o carro luxuoso que anda, o escritório onde você diz trabalhar. Eu te dei tudo! Até briguei com a minha família por você! — grita, sentindo uma raiva crescer dentro dela.

— Se você pode usar roupas de grife e desfilar por aí como alguém de respeito, foi tudo graças a mim, mas o que você me dá de volta? Agora entendo o motivo de os meus pais não terem aceitado o nosso relacionamento — murmura. — Não é porque você era pobre e vinha de uma família de baixo recurso, mas sim porque você não passa de um lixo interesseiro.

— Ava, para com isso — James pede, incomodado com as palavras que ela usa.

— Parar? — ela continua. — Enquanto eu ficava como uma boba apaixonada te dando presentes caros, te ajudando a subir profissionalmente na carreira, criando conexões importantes para te ajudar, você estava aqui, dando esse rabo sujo!

— Olha só como você fala comigo, está me ouvindo?

A voz de James se altera, pelo modo como ela começa a lhe humilhar.

— Acha mesmo que vou medir as palavras com você, seu viadinho?! — ela continua, agora sentindo raiva daquela situação. — Quero que saia dessa casa agora mesmo — exige Ava. — E deixe tudo o que eu te dei de presente aqui. Volte para o esgoto onde morava e de onde nunca deveria ter saído.

— Você não pode fazer isso — ele intervém.

— Claro que posso! — responde rapidamente. — E, além disso, vou contar para todo mundo tudo o que vi aqui. Você será hostilizado por todas à sua volta e ninguém nunca mais fará negócios com você.

O desespero toma conta de James. Sabia que se a história vazasse, perderia tudo o que ganhou com a ajuda de Ava e ele não estava disposto a renunciar à vida luxuosa que havia conquistado, por isso, num impulso, ele avança para cima de Ava e golpeia. Sem esperar por aquele ataque, Ava não teve chance de se proteger e acaba caindo no chão, desacordada.

Quando Ava acorda, sente que está vivendo um pesadelo real. Ela se dá conta de que está sentada no banco do motorista de seu veículo, que desliza silenciosamente em direção a um abismo. Ela tenta se mover, gritar, mas o corpo não a obedece. Com uma mão trêmula, Ava toca a barriga, percebendo que além de estar diante da morte, não poderá realizar o seu sonho de ser mãe.

O veículo despenca desfiladeiro abaixo e, ao se chocar com a água, Ava b**e a cabeça fortemente contra o vidro.

Bem ali, na beira da estrada, enquanto o veículo de Ava caía no abismo, um luxuoso Rolls Royce aparece e para, se tornando um mero espectador daquela cena caótica. Dentro dele, um homem assistia àquela cena em silêncio.

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