8: Um homem que sabe manipular

Mesmo que não quisesse admitir, as provocações de Hector traziam um efeito hipnotizante em seu corpo. Se ele era o seu noivo, não teria problema algum em deixá-lo tocá-la, não era mesmo? Mas… Por que, em seu subconsciente, sentia que aquilo não era certo? Algo dentro dela dizia que havia algo em Hector que não o tornava cem por cento confiável. Contudo… enquanto os lábios dele tocam a sua pele, ela fecha os olhos e não consegue resistir àquela sensação tão confortável.

— Me deixe ficar mais perto de você, Ava — ele pede, deslizando suas mãos pela cintura dela.

Ao perceber que está se deixando levar pela atração física, Ava abre os olhos e percebe no que está se metendo.

Rapidamente, o empurra e se levanta.

O movimento brusco faz o seu corpo sentir um leve desconforto, mas ela disfarça bem.

— Acho que devemos ir com mais calma — ela diz. — Ainda estou fraca e o médico me disse que o meu corpo está muito debilitado.

— Sei disso, Ava, mas isso não impede que eu fique mais perto de você.

— É que o que você faz — ela confessa, sentindo as bochechas queimarem.

— Do que está falando?

— Você sabe… suas provocações. Elas são demais para mim, ainda mais no estado vulnerável em que me encontro.

Um sorriso surge nos lábios de Hector, que se levanta e se aproxima novamente dela.

— Quer dizer que a minha presença te afeta? — pergunta, visivelmente satisfeito.

— Não é a sua presença, são as suas invertidas — revela. — Sei que disse ser o meu noivo, mas eu não me lembro de você e nem de nada. Para mim, você não passa de um homem estranho do qual eu não conheço nada.

— Está dizendo que não acredita em mim? — ele pergunta, fingindo-se ofendido.

— Não é isso — ela rebate. — Só estou falando que não me lembro de nada. Quero me lembrar, juro para você, mas não consigo.

— Mas quero te ajudar — Hector declara. — É por isso que quero ficar assim… bem perto de você.

— Entendo que queira me ajudar, mas preciso de algo mais concreto — menciona. — Hector, onde estão as nossas fotos? — Ava decide perguntar, já que o viu entrando no quarto com as mãos vazias.

— Esqueci de trazê-las — diz ele, passando a mão pela cabeça. — Estava no escritório conversando com o Mark e acabei esquecendo de pegá-las — explica.

— Como assim? A Doris me disse que você iria trazê-las para vermos juntos.

— Sim, eu havia mencionado isso, mas acabei esquecendo, você não ouviu? O Mark recebeu uma ligação de um paciente e eu saí para deixá-lo mais à vontade. Na pressa, acabei não pegando o álbum.

Mesmo que a desculpa dele pareça convincente, algo nela a faz duvidar das palavras de Hector, por isso, Ava decide confrontá-lo.

— Você realmente se esqueceu, ou essas fotos não existem? — Ava questiona, com um tom de desconfiança crescente.

Franzindo a sobrancelha diante da acusação, Hector a encara com um olhar sério, percebendo que Ava ainda não havia comprado a história do noivado. Isso o incomoda de maneira surpreendente, mas ele se esforça para não demonstrar. Em vez disso, decide adotar uma abordagem diferente: abaixando a cabeça, assume uma expressão ofendida, tentando apelar para a empatia dela sem revelar sua verdadeira frustração.

— Você realmente não acredita em mim, não é mesmo? — pergunta, num tom decepcionado.

— Não é isso… só preciso de algo que confirme o que você diz.

— As minhas palavras já deveriam bastar, não acha? Afinal, você está aqui na minha casa, sendo cuidado com toda a atenção — seu tom de voz se eleva um pouco. — Me diz, por qual motivo eu faria isso, se você não significasse algo para mim?

Apesar de perceber que suas palavras podem ter magoado Hector, Ava não recua. Ela sente a necessidade de provas concretas que confirmem todas as histórias que ele lhe contou. A ausência das fotos naquele momento crítico apenas alimenta suas suspeitas e faz com que sua desconfiança cresça ainda mais. Ela se mantém firme, decidida a buscar a verdade, independentemente do desconforto emocional que isso possa causar.

— O que você pensa a meu respeito, Ava? — ele pergunta, ainda com a cabeça baixa.

— Eu não tenho uma ideia formada sobre você… — confessa. — Mas eu também não tenho ideia formada sobre nada. Tudo está tão confuso — acrescenta.

— Ava, olhe para mim — ele pede, com a voz serena. — Acha que eu teria coragem de mentir sobre algo tão sério?

A expressão decepcionada que Hector transmite mostra o quanto ele pode ser considerado um ótimo ator.

Ainda com a expressão desconfiada, Ava o encara.

Os olhos de Hector são de um verde-escuro incrível, profundos e muito bonitos. Mas é só isso mesmo. Não dá para ler o que ele sente, pois não enxerga aquele brilho de quem mostra afeto ou qualquer emoção. Os olhos dele parecem blindados. Não dá para adivinhar o que está por trás. Seus olhos são totalmente indecifráveis.

— Eu só estou pedindo uma coisa e nem é tão difícil assim — Ava continua.

Hector balança a cabeça, em afirmação, mas a sua expressão é tensa.

— Eu disse que traria e vou trazer! — assegura. — Mas o que eu queria mesmo era que você acreditasse em mim — confessa.

— Não é isso… — Ava rebate. — Só estava esperando por algo que você prometeu. Não estou fazendo isso apenas por mim, estou fazendo por nós. Quero essas fotos para tentar me lembrar de você.

As palavras saem duras e firmes da boca de Ava, mas ela se arrepende no mesmo instante quando vê a expressão triste formada no rosto dele.

Quando percebe que suas palavras podem estar magoando-o profundamente, Ava decide que precisa adotar uma abordagem mais suave. No entanto, antes que ela possa suavizar seu tom e expressar seus pensamentos, uma leve batida na porta interrompe o momento.

— Com licença — Mark interrompe ao entrar no quarto, segurando um álbum de fotos na mão. — Hector, você deixou isso aqui quando saiu do escritório — diz ele, estendendo o álbum para o amigo.

O olhar de Hector rapidamente se desvia para Ava, que olha para o álbum com uma expressão de confusão.

— Eu havia mencionado que havia me esquecido dele, não é mesmo? — Hector comenta, pegando o álbum das mãos de Mark e passando para Ava. — Toma, dá uma olhada e me diz se estava mentindo sobre o que te contei — sugere ele, com um tom desafiador.

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