7: Pensando rápido

Apressada, Doris tira os lençóis da cama de Ava e os troca por lençóis limpos, depois sai do quarto, na intenção de procurar por Hector e contar sobre o novo problema que tinha.

Se dirigindo ao escritório, ela b**e levemente na porta e, após ouvir a permissão de Hector, entra cautelosamente. Lá dentro, nota que Hector não está sozinho; ao seu lado está Mark Harrison, médico responsável pelo cuidado de Ava e melhor amigo de Hector. Confortada pela presença de Mark, Doris sabe que pode falar livremente.

Notando a expressão ansiosa de Doris, Hector apoia os cotovelos sobre a mesa, entrelaça as mãos e a encara, esperando que ela fale.

— O que aconteceu, Doris? Não me diga que cometeu mais uma indiscrição? — Hector indaga com uma severidade controlada na voz. Deixando visivelmente claro que não aceitará mais nenhum erro.

— Não, Hector, eu não fiz nada — ela responde rapidamente, demonstrando estar ansiosa. — Só que estamos com um problema.

— Que tipo de problema? — ele questiona, alterando mais a voz.

— A Ava começou a perguntar sobre o relacionamento de vocês e sobre o suposto noivado. Eu disse a ela que perguntasse diretamente para você, porque não passo de uma empregada na casa que não sabe de muita coisa.

— Você fez certo — ele responde, adotando um vislumbre de alívio em sua expressão.

— Mas tem mais uma coisa — Doris acrescenta, hesitante.

— Fale de uma vez — ordena, impaciente com aquele suspense todo.

— Ela pediu que eu levasse fotos de vocês dois juntos, para tentar se lembrar de algo.

Hector lança um olhar preocupado para Doris, e depois olha para o amigo Mark, que o encara de volta, consciente do potencial problema que isso representa.

— Tudo bem, diga para ela que levarei o álbum à noite e que veremos as fotos juntos — declara Hector, já com um plano em mente.

Confusa com a resposta, Doris franze o cenho.

— Como fará isso? — indaga, preocupada.

— Não se preocupe, Doris — responde confiante. — Conheço um profissional especializado em inteligência Artificial que pode resolver isso para nós. Ele pegará as fotos de Ava com o verdadeiro noivo e fará a edição para eu aparecer nelas. Assim, Ava não suspeitará de nada.

Surpresa com a sagacidade de Hector, Doris assente e sai do escritório, aliviada por resolver aquela questão.

Enquanto ela sai, Mark olha para Hector com as sobrancelhas erguidas.

— Você é mais astuto do que pensei. — comenta Mark.

— Sou apenas um homem precavido — rebate.

— Até onde você vai com isso, Hector? — Mark pergunta preocupado.

— Até eu conseguir comprar as ações da empresa dela — diz ele, soando frio e calculista.

— Não acha que está indo longe demais? Você está cometendo um crime escondendo a Ava aqui, enquanto a família dela a considera como morta.

— Crime? Salvei a vida dela, se não fosse por mim, a Ava estaria morta!

— Sim, eu sei disso, mas o que adianta ter salvado-a se você a mantém aqui, como se fosse uma prisioneira?

— Não farei isso para o resto da vida — zomba. — Quando a memória dela retornar, decidirei o que farei com ela.

— Já que está falando sobre isso, se quisermos ter uma ideia clara do impacto do trauma na mente de Ava, precisamos realizar exames neurológicos específicos — Mark insere, trazendo à tona uma preocupação profissional.

— Então faça esses exames — Hector responde, prático e direto.

— Não é tão simples — Mark começa, hesitante, sentindo a necessidade de explicar melhor. — Os exames que Ava precisa são complexos e exigem equipamentos especializados que só encontramos em hospitais.

— Ava não vai a nenhum hospital — Hector declara firmemente, cortando qualquer possibilidade de argumentação.

— Mas Hector, é para o bem dela — insiste Mark.

— Então traga os aparelhos para cá. Não importa quanto isso custe — declara.

— Tudo bem… — Mark concorda, sabendo ser impossível argumentar com Hector Moreau. — Posso visitá-la agora?

— Vá lá.

Mark assente e sai dali, para fazer a consulta de rotina com Ava.

Enquanto isso, Hector pega o telefone e liga para o profissional em IA, explicando o que deseja com urgência.

[…]

É noite, e Ava está na varanda de seu quarto, acomodada numa poltrona. Ao longe, ela observa o extenso quintal coberto por palmeiras que se estendem pelo vasto jardim da mansão de Hector. Isolada, a residência fica afastada de qualquer vizinhança próxima, intensificando a sensação de solidão. Enquanto olha para o horizonte, sua mente vagueia sem conseguir se fixar em nada específico; há um vazio que parece ecoar com o silêncio ao redor.

O desconforto físico dela havia sido suavizado pelos medicamentos que o médico lhe administrou mais cedo, durante uma visita cheia de promessas de novos exames, mas sem garantias de sua recuperação de memória. Neste momento de quietude, a melancolia se instala suavemente ao lado dela, enquanto a brisa noturna sussurra através das palmeiras, trazendo consigo o salgado do mar distante. Ava sente a solidão da paisagem e naquele momento a sua mente se volta para Hector Moreau.

Apesar dele afirmar ser seu noivo, ela se sente perturbada pela falta de qualquer emoção ou sentimento por ele. Embora ele afirme que são próximos, percebe uma frieza nele; os olhos de Hector não refletem sentimentos, criando uma sensação evidente de distância. Essa desconexão a deixa inquieta, aumentando suas dúvidas e a sensação de que algo não está certo.

O suave ruído de uma porta se abrindo desvia a atenção que ela estava no horizonte para o interior do quarto, onde vê Hector entrar.

Percebendo-a na varanda, ele caminha até onde ela está e se senta ao seu lado.

— Boa noite — ele a saúda com a voz baixa.

— Boa noite, Hector — responde Ava, abaixando a cabeça por sentir-se constrangida por ele aparecer no mesmo instante em que estava pensando nele.

— Como está se sentindo?

— Melhor — ela responde, com um leve alívio na voz. — O remédio que o médico receitou realmente ajudou. Não estou sentindo dor no corpo ou na cabeça agora.

— Que bom — ele diz, demonstrando preocupação. — Espero que em breve você se recupere completamente.

Com uma delicadeza profunda, Hector estende a mão e toca o rosto dela com suavidade, desenhando uma linha carinhosa com o polegar. Ele se inclina para beijá-la, mas Ava se esquiva, abaixando a cabeça, ainda hesitante.

Sem demonstrar nenhum desconforto ou irritação com a atitude, Hector deposita um beijo leve na testa dela e gentilmente toca seu queixo, erguendo seu rosto para que seus olhos se encontrem.

— Não precisa ter medo de mim, querida. Minhas intenções são as melhores — ele sussurra, depositando também um beijo suave no pescoço dela.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP