Apressada, Doris tira os lençóis da cama de Ava e os troca por lençóis limpos, depois sai do quarto, na intenção de procurar por Hector e contar sobre o novo problema que tinha.Se dirigindo ao escritório, ela bate levemente na porta e, após ouvir a permissão de Hector, entra cautelosamente. Lá dentro, nota que Hector não está sozinho; ao seu lado está Mark Harrison, médico responsável pelo cuidado de Ava e melhor amigo de Hector. Confortada pela presença de Mark, Doris sabe que pode falar livremente.Notando a expressão ansiosa de Doris, Hector apoia os cotovelos sobre a mesa, entrelaça as mãos e a encara, esperando que ela fale.— O que aconteceu, Doris? Não me diga que cometeu mais uma indiscrição? — Hector indaga com uma severidade controlada na voz. Deixando visivelmente claro que não aceitará mais nenhum erro.— Não, Hector, eu não fiz nada — ela responde rapidamente, demonstrando estar ansiosa. — Só que estamos com um problema.— Que tipo de problema? — ele questiona, alterando
Mesmo que não quisesse admitir, as provocações de Hector traziam um efeito hipnotizante em seu corpo. Se ele era o seu noivo, não teria problema algum em deixá-lo tocá-la, não era mesmo? Mas… Por que, em seu subconsciente, sentia que aquilo não era certo? Algo dentro dela dizia que havia algo em Hector que não o tornava cem por cento confiável. Contudo… enquanto os lábios dele tocam a sua pele, ela fecha os olhos e não consegue resistir àquela sensação tão confortável.— Me deixe ficar mais perto de você, Ava — ele pede, deslizando suas mãos pela cintura dela.Ao perceber que está se deixando levar pela atração física, Ava abre os olhos e percebe no que está se metendo.Rapidamente, o empurra e se levanta.O movimento brusco faz o seu corpo sentir um leve desconforto, mas ela disfarça bem.— Acho que devemos ir com mais calma — ela diz. — Ainda estou fraca e o médico me disse que o meu corpo está muito debilitado.— Sei disso, Ava, mas isso não impede que eu fique mais perto de você.
Constrangida por aquela situação, Ava pega o álbum, mas não o abre de imediato.Ela sente que deve um pedido de desculpas por sua desconfiança, mas não sabe como fazer.— Obrigado por trazer, amigo, eu estava justamente indo buscar — Hector diz com um leve sorriso de gratidão.Antes de sair do quarto, Mark sente a tensão no ar e decide sondar um pouco mais.— Aconteceu alguma coisa aqui? — ele pergunta, notando o clima pesado.— Nada além do esperado — Hector responde rapidamente, visivelmente irritado. — Ava não se lembra de mim, e ela desconfia de tudo que digo.— Não é exatamente isso — Ava interrompe, querendo esclarecer sua posição. — Eu só disse a ele que estou confusa sobre tudo isso.— Entendo ambos os lados — Mark intervém, tentando mediar a situação com sua voz calma. — Como médico, vou pedir que vocês tenham paciência. A amnésia da Ava não afeta só ela, mas todos ao redor. É crucial que aprendam a conversar de forma mais tranquila. Digamos que digerir essas informações já é
Sem entender por que Hector resolveu falar sobre aquele assunto, Ava levanta a cabeça e encara os olhos dele. De repente, nota uma mudança sútil; o olhar dele não está mais tão frio como estava mais cedo. Tem algo lá, uma profundidade meio sentimental que não havia notado antes.Suavemente, ela se afasta e o segura pela mão, conduzindo-o até o lugar onde havia deixado o álbum.— Vi as fotos que tiramos juntos, e mesmo não lembrando de nada, sinto que tudo o que vivemos foi muito lindo e sincero — ela diz, enquanto um sorriso tímido ilumina seu rosto.Hector permanece em silêncio, engolindo em seco. A sinceridade de Ava e o peso de suas próprias ações fazem com que a mentira que ele mesmo sustentou se torne cada vez mais difícil de manter.— Me conte mais sobre essas fotos — ela pede, abrindo o álbum com entusiasmo.Enquanto Ava folheia o álbum, Hector observa as imagens editadas pelo especialista em IA. O trabalho é impecável, cada foto foi perfeitamente manipulada para mostrar uma re
Na cama, Ava se revira, incapaz de pegar no sono. A cena de Hector saindo apressado do quarto, como se estivesse escapando de algo, continua a ecoar em sua mente, perturbando-a. Ela realmente não queria que ele fosse embora, não após ter visto nas fotos o quanto eles pareciam felizes juntos.Ela desejava poder passar a noite inteira conversando com ele, descobrindo como se conheceram, como foi a primeira conversa, o primeiro beijo. Quem havia tomado a iniciativa primeiro? Tudo ainda parecia tão novo e, ao mesmo tempo, provocava uma agitação interna que ela não conseguia acalmar.Doris havia passado no quarto mais cedo para ajustar sua medicação e depois mencionou que estaria na cozinha caso ela precisasse de algo.Frustrada pela insônia e impulsionada por uma curiosidade crescente, Ava decide se levantar e explorar a casa. Desde que despertou do coma induzido, ela se limitou a ficar somente no quarto e sentia que conhecer outros espaços poderia, quem sabe, ajudar a desencadear alguma
— Ava, me responde! O que você está fazendo aqui? — Hector pergunta com uma voz grave que ecoa pelo cômodo um pouco mais alto do que deveria.Sua surpresa é óbvia e Ava nota um traço de pânico em seus olhos.— Por que você desligou a TV assim que me viu? — Ela indaga, cruzando os braços, sentindo que algo não está certo.— Ah, eu desliguei porque te vi entrando… — Hector começa, claramente lutando para encontrar uma desculpa plausível.— Então liga de novo, por favor? — Ela pede, movendo um passo em direção a ele, demonstrando estar curiosa. — Quero ver o que estava passando, e especialmente, também quero saber sobre aquele homem que estava chorando na tela.— Não, eu não posso fazer isso — Hector responde rapidamente, enquanto a expressão no seu rosto se endurece.— Por que não? — Ava desafia, sentindo sua frustração nascer. — Por que você não quer que eu veja?— Porque isso não é bom para você — ele solta, tentando mascarar a verdadeira preocupação.Antes de continuar, ele faz uma p
Pela manhã, Hector acorda e se senta na mesa do café, refletindo sobre o que pode fazer em relação à Ava, já que seus pensamentos o perturbaram a noite toda.— Bom dia, Hector — Doris diz, se aproximando para servir o café.— Bom dia — ele responde sem muita animação.— Você dormiu bem? Parece estar cansado.— A minha cabeça doeu a noite toda — revela.— Se quiser, posso trazer um remédio para você — sugere Doris.— Não precisa — protesta rapidamente, servindo-se de uma xícara de café puro. — Não acho que o que sinto passe com remédio.Estranhando a declaração dele, Doris fica parada, esperando que ele continue falando, mas Hector fica em silêncio.— O doutor Mark vai demorar para chegar? — ela pergunta, notando que, se dependesse de Hector, aquela conversa já estaria encerrada.— Acredito que ele já esteja a caminho. Por quê?— Tenho uma dúvida em relação aos medicamentos que ele prescreveu para a Ava.— Que dúvidas?— Há alguns medicamentos que são injetáveis, e eu fico meio receosa
Confusa com a reação tão intensa da mulher que acaba de conhecer, Ava franze a testa.— Perdão, mas nós nos conhecemos? — ela pergunta, curiosa e um pouco cautelosa.Percebendo que suas emoções estão à flor da pele, Charlotte faz um esforço para se controlar, especialmente ao notar o olhar preocupado de Mark diante de sua reação inesperada.— Me desculpe — diz ela, engolindo em seco e tentando disfarçar seu nervosismo. — Você não me conhece. É que… quando vi você pela última vez, você ainda era um bebê.A confusão de Ava só aumenta, e ela olha para Hector, buscando alguma explicação.— Essa é Charlotte Harrison, a enfermeira que vai cuidar de você — Hector intervem, apresentando formalmente.Ainda abalada com a surpresa de ver Ava Smith ali, Charlotte intercala o olhar entre Mark e Hector, demonstrando estar perplexa.— Está me dizendo que a sua noiva… é a Ava? — pergunta Charlotte.— Sim, é ela — Hector confirma prontamente, mantendo a calma. — Algum problema com isso? — ele pergunta