5: Frieza

Ver Ava de pé, em frente à porta do quarto, faz Doris ficar estática, sem saber o que fazer.

Doris não sabe desde quando ela estava ali e o tanto que escutou daquela conversa.

Já não bastava aquela preocupação, Doris olha para o rosto de Hector e vê o olhar sombrio que ele lhe lança, demonstrando que não está nada satisfeito com o que acaba de acontecer.

Na intenção de contornar aquilo, Doris caminha até onde Ava está e toca o ombro dela.

— Senhorita! Não pode se levantar da cama sem ajuda — diz ela, com a voz trêmula. — Seus ferimentos ainda estão cicatrizando.

Ignorando a fala de Doris, Ava caminha com dificuldade em direção a Hector, que a encara com o olhar indecifrável.

— O que ela disse é verdade, Hector? — insiste Ava, se aproximando dele. — Eu perdi um bebê nesse acidente?

— Fique calma — ele pede. — Não acho que seja uma boa hora para conversarmos sobre isso.

— Como não? — Ava indaga, com a voz mais firme. — Mesmo que eu não me lembre de nada, tenho o direito de saber tudo o que aconteceu comigo — brada.

Respirando fundo, Hector fecha os olhos por alguns segundos, tentando não perder a paciência. Não gosta do modo como ela grita, como se fosse a dona da razão.

— Volte para a cama, Ava — ele ordena. — Depois conversaremos.

— Não quero conversar depois — rebate. — Quero que me conte a verdade agora mesmo!

Ignorando-a, Hector decide ser mais energético, então levanta-a suavemente em seus braços e a carrega até a cama.

O movimento dele é tão ágil e inesperado que Ava mal tem tempo de reagir. Ser carregada por Hector lhe faz sentir uma sensação estranha, mas ela não diz absolutamente nada.

Já na cama, ele a obriga a se deitar e, em seguida, ajeita o cobertor sobre o corpo dela, cobrindo seus hematomas expostos.

— Não tente se levantar sozinha, está me ouvindo? — ele adverte. — Apesar de não ter fraturas, seu corpo está bastante debilitado. Se tentar se levantar sem ajuda, pode se sentir tonta, perder o equilíbrio e acabar se machucando ainda mais.

Ava olha para Hector, sentindo-se um pouco assustada pelo tom de sua voz estridente e autoritária. Todavia, sua mente ainda está presa ao que escutou quando se aproximou da porta.

— Eu ouvi você e Doris conversando e me levantei para saber por que estavam demorando tanto — ela começa, com a voz fraca. — Quando me aproximei, ouvi Doris mencionar que, além de ter perdido a memória, perdi um bebê. Eu estava grávida? — A pergunta soa tão angustiante quanto a expressão que se forma no rosto dela, que busca nos olhos de Hector alguma confirmação ou negação.

Sabendo que não teria como correr daquela resposta, Hector decide dizer a verdade, mas com o toque de suas mentiras.

— É verdade — confirma. — Você estava à espera de um filho nosso, mas no acidente… — ele pausa, gerando um drama. — No acidente, você se feriu gravemente e acabou perdendo o nosso filho.

A revelação deixa Ava em choque. Seus olhos se enchem de lágrimas e uma dor enorme lhe invade o peito. Por mais que tentasse, não conseguia se lembrar de nada, mas saber que estava à espera de um bebê e que havia perdido-o a deixava arrasada. Então, ela começa a chorar descontroladamente.

Ao vê-la chorando, Hector percebe que precisa fazer algo para confortá-la ou então não conseguiria sair daquele quarto tão rápido. Pensando em como deveria se portar diante daquilo, ele decide se aproximar e envolvê-la em seus braços.

— Vai ficar tudo bem, tá? — ele diz, com uma voz mais suave do que o normal. — Vamos superar isso, eu tenho certeza.

Ava, agora nos braços de Hector, sente o cheiro dele e, por um momento, aquilo a acalma um pouco. O perfume dele não lhe parece familiar, mas é reconfortante e a ajuda a suavizar o peso das revelações.

— O que mais aconteceu comigo, Hector? Me diz! — ela indaga, ainda presa em seus braços firmes.

— Não vamos falar sobre isso — ele declara. — Você precisa descansar. Quando estiver melhor, conversaremos mais.

— Eu não consigo descansar — diz ela, abraçando-o mais forte. — Não consigo, ainda mais por não me lembrar de nada.

O contato com o corpo de Hector naquele momento era o que mais a confortava. Era um peso tentar se lembrar de algo e não ter memória alguma, e aquilo a consumia como um fogo destruidor. A única pessoa com quem podia contar naquele momento era ele e isso a deixava ainda mais assustada, por não saber nada sobre ele.

— O médico já está chegando, ele vai conversar com você e tirar todas as suas dúvidas, não se preocupe com isso agora.

Enquanto abraça Ava, Hector lança um olhar inquisidor para Doris, demonstrando estar muito contrariado com aquela situação.

Quando ele nota que Ava está mais calma, decide se desprender do abraço e se afasta.

— Tenho que resolver algumas coisas, mais tarde volto para te ver, tudo bem?

Soltando um suspiro abafado, Ava assente e apoia a cabeça no travesseiro.

Antes de sair do quarto, Hector se aproxima de Doris e fala:

— Cuide dela — ordena. — E vê se segura essa sua língua grande. Eu não tolerarei nenhum erro, está me ouvindo? — A última frase sai num sussurro ameaçador que só Doris consegue ouvir.

— Pode deixar comigo, senhor. Não cometerei mais nenhum erro.

Assim que sai do quarto, Hector pega o celular para ler as últimas notícias.

“As operações de busca pelo corpo da empresária Ava Smith continuam com intensos esforços. Ava Smith desapareceu após um grave acidente automobilístico ocorrido na Cliffside Coastal Route. Conforme as investigações preliminares, Ava estava dirigindo em alta velocidade e perdeu o controle do veículo, fazendo o carro despencar ribanceira abaixo, direto para o mar. Embora o veículo tenha sido localizado, não foi possível encontrar o corpo da vítima. Os especialistas envolvidos nas buscas não desconsideram que, dada a presença de vida marinha ativa na área do acidente, é provável que o corpo tenha sido consumido por peixes. As autoridades continuam a investigar as circunstâncias do acidente e a monitorar a região.”

Ao terminar de ler a notícia, um sorriso maléfico se forma nos lábios de Hector.

— Ótimo, espero que isso abale o mercado de ações — murmura, enquanto caminha pelo corredor de sua mansão.

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