Ava sente uma agitação interna crescente, e esse sentimento se intensifica a cada minuto na presença de Charlotte. As perguntas se acumulam dentro dela, que queria muito alguém que a ajudasse naqueles questionamentos.— Eu não vejo a sua família há muito tempo, Ava. — Charlotte tenta manter a voz neutra enquanto responde.— Mas você tem ao menos o contato deles? — insiste, esperançosa.— Não, eu nunca fui próxima de sua família. — A mentira escorrega fácil de sua boca, mas o peso dela parece ficar no ar.— Então, como você me conhece? — A curiosidade de Ava não encontra limites.Hesitando, Charlotte busca uma desculpa razoável.— Eu trabalhei como faxineira na faculdade onde seu pai estudou. Com a convivência, acabei me tornando uma conhecida. Alguns anos depois, eu vi o seu pai com você no colo e, por educação, ele me apresentou você.Processando a resposta, Ava fica claramente frustrada. Esperava mais, algo que a conectasse ao passado ou lhe causasse um fluxo de memória. Sem mais pe
É madrugada e Ava está sozinha no quarto. Enquanto olha para o teto, ouve o barulho de passos se aproximando da porta. Ela desvia o olhar e encara a porta, esperando que a mesma se abra, mas nada acontece. Curiosa, ela se levanta da cama e caminha até a porta. Quando se aproxima, vê a maçaneta girar e a porta se abrir bruscamente. Em sua frente, aparece a figura de um homem alto, usando um capuz que cobre o rosto.— Não acredito que continue viva — o homem diz, com a voz arrastada. — Quem é você? — ela questiona, assustada.— Não importa quem sou, o que importa é o que vim fazer aqui.De repente, o homem saca uma arma e aponta em sua direção. Antes que Ava consiga dizer alguma coisa, ele pressiona o gatilho e atira.Um som estridente corta o silêncio, fazendo Ava dar um pulo e abrir os olhos. O vento está batendo contra a janela que ela esqueceu de fechar. Ela respira fundo, sentindo o coração bater a mil, até cair a ficha de que tudo não passou de um sonho.Com cautela, ela se levant
Sim, apesar de Ava ter sofrido um acidente que afetou sua memória, sua astúcia permanecia intacta. Essa mesma sagacidade que a tornava uma força dominante no mundo dos negócios ainda brilhava em seus olhos. No entanto, por mais perspicaz que fosse, ela falhou miseravelmente em uma área crucial: não soube escolher por quem se apaixonar, nem conseguiu separar seus sentimentos dos negócios. Por isso estava naquela situação.Com a pergunta incisiva de Ava, Hector desvia o olhar, claramente desconfortável. O seu silêncio não só é a confirmação que ela tanto temia, mas também o impulso de que ela precisava. Determinada a desvendar a verdade, ela sabe que precisa agir rapidamente. Antes que possa falar mais alguma coisa, Hector se adianta e comenta:— Talvez seja melhor a gente deixar essa conversa para quando você estiver melhor, quando suas memórias voltarem — ele sugere, com cautela.A resposta evasiva apenas intensifica a sua suspeita. Ela sabe que não pode novamente deixar a conversa te
Apesar de ser um homem muito ambicioso, Hector jamais comprometeria a vida de outra pessoa, mesmo que a morte daquela pessoa pudesse trazer-lhe vantagens consideráveis.Desde que encontrou Ava desfalecida na praia, ele tinha consciência de que poderia simplesmente deixá-la ali, afinal, não tinha responsabilidade alguma pelo que lhe aconteceu. No entanto, no momento em que seus olhos se encontraram com os dela, frágeis e suplicantes, ele soube que a responsabilidade de salvá-la recaía sobre ele.— Leve-a para o hospital. — Hector decide por fim.Contente pela escolha do amigo, Mark suaviza sua expressão tensa e fica mais aliviado.— Você fez a escolha certa, amigo — sussurra, dando um leve tapa no ombro de Hector.Sem querer expressar suas preocupações, Hector decide sair do quarto, mas antes de atravessar a porta, lança mais um olhar para Ava, cuja condição parece piorar a cada segundo.Quando sai do quarto, ele pede que Doris avise ao motorista para preparar o carro imediatamente. En
No corredor do hospital, Doris segura o telefone com firmeza, enquanto conversa com a voz baixa.— Não se preocupe, Hector, estou de olho nela. Não permitirei que ninguém descubra que ela está aqui — ela assegura com seriedade.— Você não pode deixar que a Ava saia do quarto, está me ouvindo? — Hector insiste do outro lado da linha, demonstrando pela voz o quanto está desesperado.— Claro que estou ouvindo. Tenho certeza de que ela não fará isso. O médico deixou bem claro que ela não pode fazer esforço algum — Doris responde, tentando transmitir tranquilidade.— E como esse médico reagiu quando a viu? — ele pergunta, evidentemente preocupado.— Ele foi discreto, exatamente como você ordenou. Todo o andar onde Ava está foi isolado, conforme seu pedido. Também desconectei os cabos da televisão no quarto dela — Doris explica cada passo que deu.— Perfeito. Por favor, Doris, não cometa nenhum erro, está me ouvindo? Quero que a Ava retorne — ele insiste.— Ela irá retornar, não se preocupe
Ethan não percebe a sua presença de imediato, o que dá tempo para Charlotte observar que, mesmo com o passar dos anos, a sua beleza marcante continuava ali, firme.Um nó se forma em seu estômago e um aperto toma conta de seu coração. Sempre soube que o havia perdido para sempre, mesmo assim, nunca aceitou.Quando sai do elevador, Ethan observa o andar onde está e nota o quanto está vazio. De repente, ele vira o rosto e percebe a presença de uma mulher paralisada ali, vestida num uniforme de enfermeira.— Charlotte? — A voz dele ecoa pelo silencioso corredor.— Ethan… — ela sussurra.Com passos lentos, Ethan se aproxima de Charlotte e observa seu uniforme.— Você trabalha aqui? — ele pergunta.— Ah… não — responde rapidamente. — Só estou cuidando de uma paciente — explica, meio temerosa.— Compreendo.— O que está fazendo aqui? — Decide perguntar, tentando não dar espaço para os sentimentos internos que sente.— Vim acompanhar a minha esposa — revela. — A Rafa não está nada bem, depois
— O que disse? — Mark exclama, revelando a surpresa e a preocupação com a notícia inesperada.— Ela não está no quarto — Doris repete, visivelmente nervosa. — Já procurei por ela em todos os lugares.— Como assim, não está no quarto? — Charlotte interroga, confusa.— Quando cheguei ao quarto, Ava disse que queria tomar um banho. Eu ofereci ajuda, mas ela insistiu que precisava de um momento sozinha — Doris começa a explicar. — Mesmo relutante, concordei com o pedido dela. Antes de entrar no banheiro, Ava me pediu para buscar algo para ela comer após o banho. Então saí em direção à cantina, ficando ausente por somente um minuto. Quando retornei, ouvi o chuveiro ligado e presumi que ela estivesse lá dentro se banhando. No entanto, depois de alguns minutos, achei estranho que a água continuasse correndo sem parar. Preocupada de que ela pudesse ter passado mal, bati na porta e chamei seu nome várias vezes, mas não obtive resposta. Com o coração apertado, decidi abrir a porta e, para minha
Sentindo que o seu plano poderia desabar ali, Hector tenta se aproximar dela mais uma vez, mas é duramente repreendido.— Eu já disse para não tocar em mim — brada Ava, se levantando com dificuldade. — Você é um mentiroso! Eu li as notícias, estão todos atrás de mim, enquanto você me mantém presa, como se fosse um objeto.— Você não sabe o que está falando — Hector rebate. — Isso vai muito além do que você imagina.— E o que acha que eu imagino? — Os olhos dela começam a lacrimejar de desespero. — Eu acordei na sua casa, sem memória, e você disse que era o meu noivo, me mostrou fotos e tudo e eu acreditei, afinal, no que eu iria me apoiar se não fosse você, já que ninguém havia ido me visitar?— Ava, vem comigo, vamos conversar em outro lugar — ele pede com calma.— Eu não vou a lugar algum com um homem como você — ela diz decidida.— Ava, para com isso e vem agora mesmo, ou… — insiste.— Ou então o quê? — pergunta, cortando a fala dele. — O que você pretende fazer comigo, me diz? Vai