Sim, apesar de Ava ter sofrido um acidente que afetou sua memória, sua astúcia permanecia intacta. Essa mesma sagacidade que a tornava uma força dominante no mundo dos negócios ainda brilhava em seus olhos. No entanto, por mais perspicaz que fosse, ela falhou miseravelmente em uma área crucial: não soube escolher por quem se apaixonar, nem conseguiu separar seus sentimentos dos negócios. Por isso estava naquela situação.Com a pergunta incisiva de Ava, Hector desvia o olhar, claramente desconfortável. O seu silêncio não só é a confirmação que ela tanto temia, mas também o impulso de que ela precisava. Determinada a desvendar a verdade, ela sabe que precisa agir rapidamente. Antes que possa falar mais alguma coisa, Hector se adianta e comenta:— Talvez seja melhor a gente deixar essa conversa para quando você estiver melhor, quando suas memórias voltarem — ele sugere, com cautela.A resposta evasiva apenas intensifica a sua suspeita. Ela sabe que não pode novamente deixar a conversa te
Apesar de ser um homem muito ambicioso, Hector jamais comprometeria a vida de outra pessoa, mesmo que a morte daquela pessoa pudesse trazer-lhe vantagens consideráveis.Desde que encontrou Ava desfalecida na praia, ele tinha consciência de que poderia simplesmente deixá-la ali, afinal, não tinha responsabilidade alguma pelo que lhe aconteceu. No entanto, no momento em que seus olhos se encontraram com os dela, frágeis e suplicantes, ele soube que a responsabilidade de salvá-la recaía sobre ele.— Leve-a para o hospital. — Hector decide por fim.Contente pela escolha do amigo, Mark suaviza sua expressão tensa e fica mais aliviado.— Você fez a escolha certa, amigo — sussurra, dando um leve tapa no ombro de Hector.Sem querer expressar suas preocupações, Hector decide sair do quarto, mas antes de atravessar a porta, lança mais um olhar para Ava, cuja condição parece piorar a cada segundo.Quando sai do quarto, ele pede que Doris avise ao motorista para preparar o carro imediatamente. En
No corredor do hospital, Doris segura o telefone com firmeza, enquanto conversa com a voz baixa.— Não se preocupe, Hector, estou de olho nela. Não permitirei que ninguém descubra que ela está aqui — ela assegura com seriedade.— Você não pode deixar que a Ava saia do quarto, está me ouvindo? — Hector insiste do outro lado da linha, demonstrando pela voz o quanto está desesperado.— Claro que estou ouvindo. Tenho certeza de que ela não fará isso. O médico deixou bem claro que ela não pode fazer esforço algum — Doris responde, tentando transmitir tranquilidade.— E como esse médico reagiu quando a viu? — ele pergunta, evidentemente preocupado.— Ele foi discreto, exatamente como você ordenou. Todo o andar onde Ava está foi isolado, conforme seu pedido. Também desconectei os cabos da televisão no quarto dela — Doris explica cada passo que deu.— Perfeito. Por favor, Doris, não cometa nenhum erro, está me ouvindo? Quero que a Ava retorne — ele insiste.— Ela irá retornar, não se preocupe
Ethan não percebe a sua presença de imediato, o que dá tempo para Charlotte observar que, mesmo com o passar dos anos, a sua beleza marcante continuava ali, firme.Um nó se forma em seu estômago e um aperto toma conta de seu coração. Sempre soube que o havia perdido para sempre, mesmo assim, nunca aceitou.Quando sai do elevador, Ethan observa o andar onde está e nota o quanto está vazio. De repente, ele vira o rosto e percebe a presença de uma mulher paralisada ali, vestida num uniforme de enfermeira.— Charlotte? — A voz dele ecoa pelo silencioso corredor.— Ethan… — ela sussurra.Com passos lentos, Ethan se aproxima de Charlotte e observa seu uniforme.— Você trabalha aqui? — ele pergunta.— Ah… não — responde rapidamente. — Só estou cuidando de uma paciente — explica, meio temerosa.— Compreendo.— O que está fazendo aqui? — Decide perguntar, tentando não dar espaço para os sentimentos internos que sente.— Vim acompanhar a minha esposa — revela. — A Rafa não está nada bem, depois
— O que disse? — Mark exclama, revelando a surpresa e a preocupação com a notícia inesperada.— Ela não está no quarto — Doris repete, visivelmente nervosa. — Já procurei por ela em todos os lugares.— Como assim, não está no quarto? — Charlotte interroga, confusa.— Quando cheguei ao quarto, Ava disse que queria tomar um banho. Eu ofereci ajuda, mas ela insistiu que precisava de um momento sozinha — Doris começa a explicar. — Mesmo relutante, concordei com o pedido dela. Antes de entrar no banheiro, Ava me pediu para buscar algo para ela comer após o banho. Então saí em direção à cantina, ficando ausente por somente um minuto. Quando retornei, ouvi o chuveiro ligado e presumi que ela estivesse lá dentro se banhando. No entanto, depois de alguns minutos, achei estranho que a água continuasse correndo sem parar. Preocupada de que ela pudesse ter passado mal, bati na porta e chamei seu nome várias vezes, mas não obtive resposta. Com o coração apertado, decidi abrir a porta e, para minha
Sentindo que o seu plano poderia desabar ali, Hector tenta se aproximar dela mais uma vez, mas é duramente repreendido.— Eu já disse para não tocar em mim — brada Ava, se levantando com dificuldade. — Você é um mentiroso! Eu li as notícias, estão todos atrás de mim, enquanto você me mantém presa, como se fosse um objeto.— Você não sabe o que está falando — Hector rebate. — Isso vai muito além do que você imagina.— E o que acha que eu imagino? — Os olhos dela começam a lacrimejar de desespero. — Eu acordei na sua casa, sem memória, e você disse que era o meu noivo, me mostrou fotos e tudo e eu acreditei, afinal, no que eu iria me apoiar se não fosse você, já que ninguém havia ido me visitar?— Ava, vem comigo, vamos conversar em outro lugar — ele pede com calma.— Eu não vou a lugar algum com um homem como você — ela diz decidida.— Ava, para com isso e vem agora mesmo, ou… — insiste.— Ou então o quê? — pergunta, cortando a fala dele. — O que você pretende fazer comigo, me diz? Vai
Assim que Ava adormece, Hector deixa o quarto e se depara com Charlotte e Doris paradas próximas à porta, ambas com expressões culpadas estampadas nos rostos.— Ainda bem que estão aqui — ele dispara, demonstrando o quanto está frustrado. — Eu confiei uma tarefa a vocês e vocês duas falharam miseravelmente — acusa, sem se importar como elas reagiriam.As lágrimas começam a brotar dos olhos de Doris involuntariamente.— Me desculpe, Hector, por favor — ela implora, emocionada.— Acha que uma simples desculpa resolveria alguma coisa? — ele rebate, lutando para manter a voz controlada, embora a raiva quisesse explodir. — O que aconteceria se descobrissem que Ava está aqui neste hospital?— Eu sei que cometi um erro grave, mas por favor, tente entender — Doris suplica, com a voz trêmula. — Eu prometo que, a partir de agora, não tirarei os olhos dela nem por um milésimo de segundo.— Essa já é a segunda vez que você falha comigo, Doris. Você sabe o quanto isso me contraria? — Ele continua,
Depois do que aconteceu, Ava não conseguiu mais ficar nem um minuto sozinha, ela era vigiada por Doris e Charlotte o tempo todo, sem nenhuma trégua.Hector também havia desaparecido do hospital após a conversa que tiveram. Por um lado, ela gostava daquilo, já que não suportava olhar para o rosto dele após saber que ele estava escondendo-a dos pais.Assim, ela passou três dias no hospital, até que o médico lhe deu alta. A volta para a mansão Moreau aconteceu do mesmo modo como foi a sua entrada. Discreta.No tempo que esteve ali, não conseguiu ter acesso a ninguém que não fosse Mark, Charlotte ou Doris.Assim que chega à mansão, Ava é levada para o mesmo quarto onde estava antes.Suspirando pesado, ela olha ao redor, procurando por uma saída. No entanto, percebe que, por estar no segundo andar da casa, é quase impossível fugir dali.Enquanto pensa numa solução para fugir daquele quarto, a porta do quarto é aberta e Doris entra, com uma bandeja.— Trouxe o seu almoço, Ava, espero que gos