HUGO MUNIZ "Roger opinou. Não discordamos, e nem concordamos. Foi muito difícil convencer ela a fazer o teste, levou dias. Mas enfim, aceitou. — Vou fazer isso. Mas sei, que não é verdade. Eu só estou morrendo. — Esclareceu antes de entrar no banheiro batendo a porta na nossa cara. Os quatro ficamos grudados na parede, esperando agoniados pelo resultado. Demorou vários minutoas. Nem um som era ouvido. — Será que ela desmaiou? — Valentim perguntou. — Kesia! — Roger gritou impaciente. — Cala a boca caralho. — Meu pai o repreendeu. E pudemos ouvir um choro baixo. Era a resposta. Minha irmãzinha de estava grávida, de um estuprador. Quando saiu, estava seria e com o rosto limpo de qualquer choro. — Eu não vou tirar o bebê. Eu sei o que é ser machucada. Quando nascer, vou dar para alguém que queira. — Com certeza tinha ouvido nossa conversa e a sugestão de aborto vinda do Roger. As palavras dela afetaram a todos. — Filha. Você é uma criança. Não vai suportar levar outra na barriga. —
FELLIPO MESSINA Há um mês e meio ela está aqui. Tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão longe. Me aproximar é mais difícil do que pensei, ela vive me ignorando como se eu fosse um nada. Talvez eu seja realmente um nada para ela, isso tem que mudar, ela deve me amar! Nem que seja a força. Segunda, sai cedo de casa, mas antes passei no quarto dos dois que ainda dormiam. Sem fazer barulho algum, me aproximei. Kesia estava descoberta com as pernas de fora do edredom, minha camisa que sempre usava para dormir levantada mostrando metade da sua bunda alva em um contraste delicioso com a calcinha preta. Senti meu membro endurecer na hora. Minha vontade era de enfiar o pau no meio das suas coxas tão fartas e gostosas! Faze-la gozar enquanto gritava meu nome. Nada disso era possível, ainda, não passando de sonhos eróticos. E na noite seguinte tinha que sair de casa para buscar satisfação com outras pensando nela. As mãos coçaram pra lhe dar um tapa na região macia. Porém, apen
KESIA MUNIZ Abri os olhos devagar. Minha respiração saia com dificuldade. Me sentia fraca e incapaz de mover um dedo se quer. Tentei levantar, mas minha cabeça girou me obrigando a deitar na cama macia novamente. O que aconteceu? — Que bom que acordou. Fellipo. Olhei para o canto do quarto e ele estava sentado, pernas cruzadas e um cigarro pendendo dos lábios grossos. Fazia um tempo que não o via de perto, que nossos olhares se encontravam. Ficamos em silêncio, um estudando o outro. Podia sentir sua fúria daqui, os olhos cinzas escuros, com a pupila tão dilatada que quase tomava conta da íris inteira. — Veja no que sua teimosia resultou. Ao ouvir suas palavras duras, um lampejo de memória se acendeu na minha cabeça. Meu filho. O tiro. Um nó se formou na garganta. Meu coração afundou no peito. Meu filho. Levaram meu filho. Puxei com força os fios conectados ao meu pulso, ignorando a dor, afastei os lençóis que cobria minhas pernas. Estava vestida com aquelas camisola
KESIA MUNIZ O som da minha respiração aumentou. E o choro veio com força. — Eu só quero meu filho de volta. Pelo amor de Deus me ajuda. — Disse com as mãos no rosto para tentar abafar meus soluços altos. Eu odiava me humilhar. Chorar na frente dos outros para mim era demostrar fraqueza, maçante demais. Me sentia fraca, vulnerável, como se os muros que levei anos para construir ao meu redor para me "proteger" caíssem todos e eu ficasse a mercê. Nem parecia ser eu a leoa, como me chamavam nos ringues, forte, destemida. Longe de sentimentalismos desnecessários. Agora estou aqui, chorando, na frente de quem aparentemente não tem a menor pena de mim. Não se importa com a minha dor. Tenho certeza que vai usar isso como uma forma de conseguir o que tanto quer: Meu corpo. — Me dê nome e características físicas dele. Não me faz lembrar. Por favor. Fiquei em silêncio. — Fala se quiser que te ajude. Fechei os olhos que estavam ardendo e inchados de tanto chorar, e respondi
FELLIPO MESSINA Descobrir que o Vinicius é o pai do filho da Kesia, me deixou desnorteado. Nunca imaginei que dentro de milhares de homens, o genitor do Angelo era justamente meu irmão. E pensar no Vinicius tocando, tomando seu corpo. Faz todo meu sangue ferver. Ela não quis nada comigo, mas para ele ela deu! Desgraçada. O que não entendo é porquê o Vinicius sequestrou o próprio filho. Para me atingir com certeza. Mas como ele soube que os dois estavam aqui? Sempre pensei que ela ainda gostasse do ex. Porém, sua expressão ao falar do pai do filho não era nada boa. E agora ela o odeia mesmo, isso é bom pra mim. O que ela é capaz de fazer pelo filho, é impressionante. Sou esperto o suficiente para saber aproveitar essa situação para conseguir o que quero. Minha paciência estava acabando para esperar que ela se apaixonasse por mim e aceitasse meu pedido de casamento de bom grado. Saí do hospital vendo vermelho, completamente possesso de ódio puro. Imaginar os dois junto
VINICIUS MESSINA 06 ANOS ANTES — Você é um merda inútil! Até depois de morto nosso pai não tem paz. — Meu irmão mais velho, Fellipo, iniciava seu sermão odioso. Enquanto isso, eu estava jogado no sofá do ex escritório do meu “pai”, coisa que Matteo Messina nunca foi realmente para mim. O plano da família era somente um filho homem para assumir o trono da máfia LaPérolas, mas então, houve um “deslize” e eu nasci. Eles não me queriam por perto, nem ao menos enquanto era um bebê idiota, deixado para ser criado por uma babá, não deram o amor ao qual todos dizem que uma criança deve ter. Era como se eu não fizesse parte daquela m*****a família ou não tivesse o mesmo sangue que passa pelas veias do filho amado deles. Na adolescência era o garoto problema, bebia, fumava, arranjava brigas na escola, tirava péssimas notas, tudo para chamar a atenção deles mas, não conseguia nada além do que ser espancado por soldados do meu pai, ele mesmo nunca o fez por estar ocupado com coisas mai
FELLIPO MESSINA Depois de matar aquele cara, passei a noite em claro tentando descobrir o paradeiro do Angelo. Perto de amanhecer, um dos seguranças que ficava na minha casa, ligou informando da presença da Kesia na casa. Como ela pode está lá se eu a deixei no hospital? Logo me ligaram do hospital avisando do sumiço da garota, esclareço que ela está em casa, e dou ordem de retirada do local aos soldados. Com a cabeça cheia de pensamentos confusos, dirigi para casa com a escolta maior que de costume. Entrei, tirei o terno, joguei no sofá e subi as escadas com a intenção de ir ao quarto dela. Porém no meio do caminho ouvi ouvi gritos, corri na direção do som para ver o que acontecia. Kesia estava sentada em cima de uma Lolita descabelada e com o rosto ensanguentado. Com a mão fechada no ar pronta para socar o rosto da outra, rápido a impedi. E ao ouvir as palavras da Kesia não duvidei. Que esse filho não é meu, tinha quase certeza. Lolita na minha casa dando informaçõe
KESIA MUNIZ Acordei pior que ontem. Cada dia passado longe do meu filho para mim é uma tortura. Dois dias. Dois malditos dias. Estava com o mesmo roupão de ontem. Minha perna tinha um curativo novo, e os lençóis eram outros, será que foi o Fellipo?... As moletas estavam encostadas na cama, levantei com a ajuda delas e tomei banho fazendo o impossível para não molhar a perna. Sem conseguir vestir calça, me vi usando um vestido, sendo mais fácil pôr. Olhei pela janela e já era noite. Minha barriga roncou, lembrando que não comi nada hoje. Saí do quarto e o corredor silencioso e vazio me recebeu. Olhei de relance sua porta fechada. Para meu próprio bem, passei reto. Com muita dificuldade, desci as escadas. Droga aqui poderia ter um elevador. Fui à cozinha, pedi comida à Marta e comi por lá mesmo. Não conversei com ninguém, sem querer ouvir perguntas sobre meu pequeno. Voltei para o quarto, e só agora percebi que nem Tolita e nem Doris estavam em casa. Toli