Avalanche de dor!
KESIA MUNIZ

Abri os olhos devagar. Minha respiração saia com dificuldade.

Me sentia fraca e incapaz de mover um dedo se quer. Tentei levantar, mas minha cabeça girou me obrigando a deitar na cama macia novamente.

O que aconteceu?

— Que bom que acordou.

Fellipo.

Olhei para o canto do quarto e ele estava sentado, pernas cruzadas e um cigarro pendendo dos lábios grossos.

Fazia um tempo que não o via de perto, que nossos olhares se encontravam.

Ficamos em silêncio, um estudando o outro.

Podia sentir sua fúria daqui, os olhos cinzas escuros, com a pupila tão dilatada que quase tomava conta da íris inteira.

— Veja no que sua teimosia resultou.

Ao ouvir suas palavras duras, um lampejo de memória se acendeu na minha cabeça.

Meu filho.

O tiro.

Um nó se formou na garganta. Meu coração afundou no peito.

Meu filho. Levaram meu filho.

Puxei com força os fios conectados ao meu pulso, ignorando a dor, afastei os lençóis que cobria minhas pernas.

Estava vestida com aquelas camisola
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