Aviso de Gatilho:
A presente obra contém cenas explícitas de violência, tortura, e atos de agressão física e psicológica. As descrições detalhadas de assassinatos, crimes violentos, e o uso de termos policiais podem ser perturbadoras e são exploradas de forma crua e gráfica ao longo da narrativa. Tais cenas visam mostrar a intensidade do enredo e as complexidades psicológicas dos personagens, mas é fundamental que os leitores estejam cientes de que essas representações podem ser desconfortáveis para algumas pessoas.
A trama também lida com temas sensíveis, como manipulação psicológica, traumas não resolvidos, e relações destrutivas. Esses elementos, apesar de essenciais para o desenvolvimento da história e do conflito dos personagens, podem tocar em experiências pessoais dolorosas ou reviver memórias traumáticas para aqueles que já vivenciaram situações semelhantes. É importante que o leitor seja avisado de antemão para que possa tomar uma decisão consciente sobre a continuidade da leitura, considerando seu bem-estar emocional e psicológico.
Além dos aspectos de violência explícita já mencionados, o enredo da história explora outros temas que podem ser sensíveis. A manipulação psicológica é um dos principais conflitos, onde personagens são levados a questionar sua própria realidade, ações e motivações, o que pode ser desconcertante para aqueles que passaram por experiências de abuso emocional ou manipulação. Esse tipo de relação de controle pode evocar sentimentos de impotência ou lembranças de situações de abuso emocional no passado.
A história também aborda o abandono emocional, principalmente em relação aos personagens que, por diversas razões, se veem isolados, traídos ou rejeitados. Este é um tema profundo que pode ressoar com aqueles que viveram experiências de negligência emocional, rejeição familiar ou social, ou aqueles que enfrentaram relações interpessoais tóxicas. A falta de apoio emocional e a luta dos personagens para encontrar consolo ou esperança podem despertar reações intensas nos leitores que se identificam com essas circunstâncias.
Outro tema explorado é a presença de relações tóxicas, onde a dependência emocional e a manipulação por parte de pessoas ao redor geram um ambiente de tensão, controle e sofrimento. Para os leitores que já estiveram em relações abusivas, seja românticas, familiares ou sociais, a leitura pode ressoar de maneira muito pessoal e causar desconforto.
Caso o leitor tenha experimentado algum desses tipos de trauma, é importante considerar esses fatores ao decidir prosseguir com a leitura. Embora a história tenha a intenção de explorar esses temas para aprofundar o enredo e desenvolver os personagens de forma complexa, o conteúdo pode ser emocionalmente desafiador para quem já passou por experiências semelhantes.
O que são Gatilhos?
Gatilhos são elementos narrativos, comportamentais ou visuais que podem despertar reações emocionais ou psicológicas intensas em pessoas que já passaram por experiências traumáticas. Esses gatilhos podem provocar episódios de ansiedade, pânico, tristeza profunda, ou até mesmo reações físicas de desconforto, dependendo da gravidade e da natureza do trauma anterior. No contexto de uma obra literária, gatilhos podem incluir, mas não se limitam a, violência, abuso, morte, depressão, suicídio, abuso sexual, racismo, e outros temas delicados.
A ideia de um "aviso de gatilho" é fornecer aos leitores uma chance de avaliar se eles estão emocionalmente preparados para lidar com os tópicos abordados no livro. Nem todos os leitores são sensíveis aos mesmos gatilhos; o que pode ser um estímulo traumático para uma pessoa pode não afetar outra da mesma maneira. Portanto, ao incluir este aviso, o objetivo é garantir que você, leitor, tenha a opção de tomar uma decisão informada sobre sua experiência de leitura.
Nota da Autora:
Querido leitor, ao escrever essa história, minha intenção foi criar um enredo imersivo, cheio de mistérios, suspenses e momentos de tensão, onde as complexidades emocionais dos personagens são exploradas de maneira honesta e sem adornos. No entanto, reconheço que alguns dos temas abordados podem ser pesados e difíceis de digerir para alguns leitores. Se você está prestes a começar esta jornada literária, peço que considere sua saúde mental e emocional antes de seguir em frente. Tenho um carinho por esse livro e tenho comigo na gaveta o rascunho desde 2019, não se engane pelo narrador, ele sabe de tudo, mas não é tão confiável e opina em tudo.
A escrita é uma forma de arte e expressão que busca não apenas entreter, mas também provocar reflexão sobre questões importantes, como a natureza humana, as consequências dos atos e os limites do moralismo e da justiça. A violência e os temas sensíveis são parte fundamental dessa jornada, mas entendo que, para muitos, esses elementos podem ser mais do que apenas ficção, sendo lembranças de experiências reais e dolorosas.
Se você, como leitor, sentir que algum momento da história está sendo difícil de lidar, por favor, saiba que é completamente válido dar um passo atrás e se dar o tempo necessário para refletir ou até mesmo interromper a leitura. Sua saúde emocional deve ser sempre a prioridade. Lembre-se de que, se algum aspecto da história lhe causar desconforto, há recursos e apoio emocional disponível para processar e lidar com essas reações.
Essa obra não tem a intenção de glorificar a violência ou a dor, mas de mergulhar nos aspectos mais sombrios da natureza humana, nas falhas, nas lutas internas e nas escolhas difíceis que os personagens precisam fazer. Eu espero que, se você decidir continuar, a jornada seja intensa e, ao final, compensadora. Se você preferir parar, também respeito totalmente sua decisão.
O som dos saltos de Rose reverberava contra o chão, como um eco que parecia amplificar-se apenas em seus ouvidos. Talvez fosse o nervosismo. "Respira fundo, Rose, você consegue", repetia para si mesma em silêncio. Mas uma pergunta insistente martelava em sua mente: "Eu realmente preciso fazer isso?"Claro que precisava. Não agora, mas em algum momento deveria parar. Não esta noite, no entanto. O momento não permitia hesitações. Sua roupa estava impecável, e as botas de salto pretas adicionavam uma confiança que ela sabia ser essencial. Era como vestir outra pele, uma máscara que escondia a si mesma de tudo, inclusive de suas dúvidas.Seu coração batia em um ritmo frenético, tão acelerado quanto na primeira vez. Uma pequena voz interior tentava acalmá-la: o alvo não era uma boa pessoa. Ele merecia o que estava por vir. Rose aproximou-se, planejando cada passo com precisão calculada. Em um movimento ensaiado, esbarrou propositalmente no homem.— Me desculpe! Não olhei para frente, acab
Se pudesse descrever Peter, talvez ele fosse um clichê ambulante de alguém que acredita na justiça acima de tudo. Formado em direito, mas com alma de policial, ele jamais aceitaria se trancar em um escritório e viver à base de processos e audiências. Não, o cara precisava de ação, precisava sentir que fazia diferença, mesmo que isso significasse ganhar menos e carregar as marcas de sua escolha na pele. Para ele, o trabalho era mais que um emprego; era uma forma de garantir que ninguém passasse pelo que Clara e Luna, as pessoas que ele mais amou, sofreram. E se isso não soa nobre o suficiente, então você claramente não o conhece.Agora, veja só o destino: Peter estava voltando para sua cidade natal. Isso mesmo, aquele lugar que ele fugiu durante anos e que agora o acolheria novamente, mas com um detalhe intrigante. Ele havia pedido a transferência. Por quê? Nem ele sabia ao certo. Talvez fosse nostalgia, ou talvez uma necessidade de encarar os fantasmas do passado. Seja qual fosse o mo
Corpos em sincronia, num ritmo intenso. Sobe, desce, rebola devagar... uma mistura de esforço e leveza, dor e prazer. Não, antes que alguém se apresse a pensar besteiras, estamos falando de dança! E não qualquer dança, mas uma aula de contemporâneo liderada por Aurora, uma mulher que parecia encarnar a arte em cada movimento. Hoje era um dia especial: a turma havia finalizado pela primeira vez uma sequência inteira das músicas para o festival do bairro. Um marco, diga-se de passagem, considerando que algumas alunas estavam ali havia poucos meses e outras, menos de trinta dias.Aurora, formada em dança e balé clássico, vivia para momentos como esse. Quando dançava, parecia flutuar. Era como se, por alguns instantes, nada pudesse abalar sua paz, como se o mundo inteiro se dissolvesse e tudo que restasse fosse o ritmo e sua liberdade. Porque dançar é isso: muito mais do que mexer o corpo em um palco, é encontrar um jeito de gritar em silêncio, transmitir sentimentos com movimentos singel
O café estava como sempre: um santuário para os amantes do silêncio e dos aromas reconfortantes de grãos torrados. Peter já havia transformado aquele lugar em uma extensão de sua rotina. Mesa de canto, café preto, olhar para o movimento sem compromisso. Mas, naquele dia, algo mudou.Aurora estava lá.Claro, ela costumava estar, mas hoje parecia diferente. Não era apenas sua presença, mas o modo como seus olhos estavam concentrados em um livro que repousava sobre a mesa. Ele reconheceu a capa imediatamente uma edição antiga de A Divina Comédia. Aquele livro não era algo que se encontrava por acaso, e menos ainda algo que muitas pessoas leriam casualmente, como quem lesse uma comédia romântica da autora Jéssica Luz.“Interessante,” pensou Peter, enquanto esperava seu café. Seu olhar voltava a ela repetidamente, como se a cena exigisse atenção. Aurora parecia tão absorta que não percebeu os olhares discretos que ele lançava em sua direção. “Uma mulher tão jovem, tão bonita, lendo Dante?
Aurora estava sentada no mesmo café, à mesma mesa próxima à janela. A cena parecia uma reprise do dia anterior, mas a energia era diferente. Talvez fosse o modo como Peter a observava ou algo na postura dela, uma mulher imóvel no meio de uma cidade pequena e sempre em movimento. Mas ela estava ali novamente, absorta em seu ritual silencioso.O livro, A Divina Comédia, repousava aberto no meio da mesa. E, mais uma vez, era o Purgatório que prendia sua atenção. Um detalhe curioso, talvez até desconcertante, dependendo do ponto de vista. Normalmente, é o Inferno que fascina. Chamas, castigos, gritos de desespero – a humanidade parece irresistivelmente atraída pelo grotesco. Já o Paraíso, com sua luz infinita, evoca uma aspiração sublime, mesmo que distante. Mas o Purgatório? Este é o espaço que poucos escolhem habitar, muito menos explorar com tamanha dedicação como Aurora fazia.Por que alguém se fixaria tanto nesse lugar intermediário? Um espaço de incerteza, onde as almas penam, mas a
O café estava vazio naquela manhã, exceto por Aurora. Desta vez, ela não trazia o livro de Dante, mas um caderno pequeno, usado, com a capa marcada pelo tempo e o cheiro antigo de páginas esquecidas. Sentada na mesma mesa de sempre, escrevia com intensidade, como se estivesse exorcizando seus demônios através da tinta. E, na verdade, era isso mesmo que fazia. Na noite anterior, algo havia mudado. O som dos pesadelos cortou a tranquilidade ilusória que ela mantinha. Uma voz do passado grave, familiar, perigosa trouxe memórias que Aurora lutava para manter enterradas. Palavras ecoavam em sua mente desde então, desconexas, mas pesadas: "Você não pode fugir para sempre." E que problemas uma ruivinha, bailarina e bonitinha teria para lhe causar tantas aflições?Todos lutamos contra nossos demônios, isso é uma realidade da vida, mas o preço das escolhas que você faz é o que vai definir o real peso dos seus problemas. ---------Do outro lado da cidade, Peter começava a se aprofundar em out
Era uma daquelas noites em que o mundo parecia respirar mais devagar. As luzes da cidade, embora constantes, pareciam se apagar e acender de forma compassada, acompanhando o ritmo de corações inquietos. Peter e Aurora caminhavam em silêncio pela calçada, o som dos passos preenchendo os espaços entre as palavras que nenhum dos dois parecia ter coragem de dizer.Se fosse mais direto, poderia afirmar que Peter estava apenas sendo educado ao acompanhá-la até o estúdio. Mas isso seria uma mentira. A verdade era que ele sentia uma necessidade quase protetora, um instinto que ele não conseguia explicar, mas que crescia toda vez que ela desviava o olhar, como se carregasse algo muito pesado para compartilhar.E Aurora… ah, Aurora. Ela era uma enigma ambulante, envolta em véus de mistério