Capítulo VIII

Cheguei na sala, Maggie e Nick já estavam sentados. Me sentei ao lado direito da Maggie, já que Nick estava do lado esquerdo e ao meu lado direito tinha uma cadeira vaga. Thomas entrou e se sentou ao meu lado dando uma piscadela para mim, me deixando desconcertada e em seguida se virou para organizar suas coisas na mesa.

— Pela forma que você organiza tudo, dá para notar que alguém sofre de um leve toc. — Brinquei, fazendo ele rir.

— É tão evidente assim minha mania de organização? — Perguntou enquanto se virava para mim.

— Só um tiquinho. — Disse enquanto gesticulava com a mão. — Mas pode ficar tranquilo, seu segredo está guardado comigo. — Dei uma piscadela para ele.

— Graças a Deus. — Ele colocou a mão no peito encenando alivio. — Guardei por tanto tempo esse segredo que não queria que depois de 2 anos na Jones, ele fosse descoberto. Que bom saber que você é ótima em guardar segredos. – Ele brincou, cutucando minha costela com o cotovelo

— Sou ótima em várias coisas. — O provoquei.

Ta bom Maria Eduarda, acho que já chega de perversidade por hoje.

— Bom saber! — Ele deu um meio sorriso cheio de sacanagem oculta entre aqueles lábios e isso me fez sorrir da mesma forma. — Quem sabe algum dia você me mostre suas outras qualidades... Vou adorar conhece-las.

Não tive nem tempo de responder. Caleb entrou na sala em seguida pontualmente as 8h30.

— Bom dia! Hoje vamos discutir sobre o novo projeto. Vamos dividir as funções para que a campanha não atrase e para que todos se dediquem 100% nisso. Nosso cliente é exigente e faz parte de uma multinacional de carros. Está querendo expandir no mercado. — Caleb se sentou enquanto explicava. Estava sentado ao lado direito do Thomas, o que me dava uma excelente visão dele.

Estava prestando mais atenção na forma como gesticulava do que em suas palavras. Ele se virou e seu olhar encontrou o meu, me deixando com vergonha, havia percebido que estava encarando-o e seu lábio subiu em um meio sorriso. Abaixei a cabeça para que não percebesse que também estava sorrindo.

Esse homem estava me deixando desconcertada e ele sabia disso.

— Thomas apresente os slides para equipe — Thomas se levantou e pegou o controle do projetor.

Atrás do Caleb havia um grande painel em branco e ele apertou o botão, fazendo o projetor ligar no mesmo instante com as imagens da campanha.

Thomas era excelente com as palavras, por isso ele sabia exatamente o que dizer as pessoas. Tinha dom de vendedor, sabia cativar e deixar qualquer um interessado em qualquer coisa. Compraria uma charrete com ele, sem nem ao menos perceber. Eram poucas pessoas que sabiam cativar dessa forma.

A campanha estava linda, organizada e dando inveja a qualquer bom publicitário. Tinha certeza que o cliente iria amar! Era elegante e sem nenhum exagero, o projeto se vendia por si só.

Ele deve ter percebido minha admiração, pois me deu um leve sozinho.

— Estou vendo que alguém está realmente admirada pelo Thomas. Disse que ele era maravilhoso, não só na beleza... — Maggie cochichou em meu ouvido.

— É realmente, ele é mesmo. — Respondi baixo, sem tirar os olhos do Thomas.

Senti os olhos de alguém sob mim e não precisei procurar muito para saber de quem era.

Caleb!

— Será que as duas poderiam compartilhar com a equipe o motivo de tanta graça? — Ele realmente ficou irritado com a interrupção da reunião. Estava com os braços cruzados e encostado na cadeira, com o olhar firme em mim e na Maggie, me deixando tremendamente envergonhada.

— Desculpa Senhor! Isso não vai tornar a se repetir. — Maggie respondeu de imediato e a agradeci mentalmente por isso.

Ela sabia que não gostava de tomar bronca em público e sempre me salvava nessas ocasiões.

— Tenho certeza que não vai Margareth! Maria Eduarda... — Voltei meu olhar ao dele, minhas bochechas ainda queimavam pelo constrangimento. — Passa na minha sala depois da reunião!

— Ok, Senhor.  

P**a que pariu! Já ia ser demitida no primeiro dia de trabalho.

Parabéns Maria Eduarda, já começou sua carreira muito bem.

Thomas continuou a apresentação e permaneci calada o resto da reunião. Caleb separou as equipes em duplas fazendo cada dupla ficar responsável por uma parte do projeto. Fiquei responsável pela apresentação junto com o Thomas, que pelo sorriso adorou a escolha.

A reunião terminou por volta das 11:00h e ficou marcado de cada dupla apresentar a sua parte para o Caleb dali a 15 dias.

— Adorei a escolha da dupla! Destino está sorrindo para nós, não acha? — Soltei uma risada. — Agora vou ter a oportunidade de te conhecer melhor. — Ele sussurrou próximo ao meu ouvido, fazendo meu corpo arrepiar.

— Destino ou não, acredito que isso dará muito certo. — Me virei de frente para ele, diminuindo o espaço entre nós dois.

Seu rosto era mais fino, não aparentava passar dos 25 anos, mas pelo cargo que ocupava sabia que tinha mais que isso. Ele era gentil, engraçado e extremamente educado. O oposto do Caleb, que transparecia arrogância em cada poro do seu corpo.

— Eu tenho que ir para a sala do Caleb, provavelmente vou tomar bronca. — Resmunguei baixo.

Thomas se aproximou de mim, colando seu corpo ao meu, passou o braço atrás de mim, encostando ao meu, fazendo meus pelos se arrepiarem.

— Ok, vou esperar você e a Maggie para almoçar. — Ele pegou sua caneta que estava atrás de mim sob a mesa, foi a sua desculpa para encostar em mim.

Ele percebeu minha cara de desapontada e soltou uma risadinha.

— Calma Madu, vamos nos conhecer melhor, mas longe do ambiente profissional, afinal aqui não é o melhor lugar para isso!

— Claro... — Gaguejei ao responder.

Não sabia o que estava acontecendo comigo, realmente era falta de me relacionar.

Meu último relacionamento havia sido a quase 2 anos atrás foi meu primeiro e durou quase 2 anos. Terminamos, pois, ele iria para fora do Brasil, estudar e sabia que relacionamento a distância não daria muito certo entre nós.

Desde então não havia me relacionado com mais ninguém, até porque logo depois descobrimos a doença da minha mãe e me foquei em cuidar dela.

— Quando você voltar a gente sai pra almoçar. — Ele me despertou do meu devaneio, assenti com a cabeça e ele saiu da sala.

Terminei de pegar minhas coisas e fui até a sala do Caleb. Ele estava em pé, apoiado na mesa e seu rosto tinha um semblante pensativo evidenciando a linha de expressão em sua testa. Estava com os braços cruzados e dava para perceber que algo lhe preocupava. Relutei em bater na porta, mas sabia que não tinha escolha. Dei duas batidas de leve na porta, levando sua atenção a mim e suas feições deram uma leve relaxada.

— Pode entrar Eduarda. — Ele continuou apoiado na mesa enquanto me aproximava dele, apontando para me sentar na cadeira a sua frente.

— O senhor queria me ver? — Me sentei na cadeira, cruzando as pernas e aguardando ele se pronunciar.

— Sim. Amanhã nosso cliente marcou uma reunião e queria que você fosse comigo. A reunião será no escritório dele que fica a uns 40 minutos daqui, passarei para te pegar no seu apartamento as 8h.

Seus olhos me avaliavam novamente e mordi levemente o lábio inferior, enquanto assimilava tudo que ele estava dizendo. Sua postura ficou tensa e ele se afastou, sentando em sua cadeira. Percebi que ele estava incomodado com algo.

— Pare de morder os lábios, Eduarda! — Ele ordenou e só então havia notado que ainda estava com o lábio entre os dentes.

Era uma mania minha, fazia sem ao menos perceber.

— Desculpa... — Respondi, passando a língua pelo lábio.

— Sabe, Eduarda... — Ele respirou fundo e era nítido sua frustração. — Eu sou um ótimo observador, sei a intenção de cada um e consigo ler as pessoas muito bem. Mas você... — Ele suspirou. — Não consigo decifrar de forma alguma! É como se estivesse olhado para uma parede toda vez que tento te decifrar e isso me irrita mais do que imagina. — Ele me olhava tão fundo, como se procurasse algo que nem ele sabia o que era. — Amanhã te busco as 8h! — Ele desviou o olhar e começou a mexer na pasta que tinha em cima da mesa. — Pode ir agora.

— Ok, Caleb.

Como ele fala essas coisas para mim dessa forma e me dispensa como se não fosse nada demais?

— Se precisar de algo, estarei na minha mesa. — Me levantei e fui em direção a saída.

— Se eu tiver um pouco de sanidade mental, não vou precisar de nada! — Ele rebateu.

Parei e me virei para ele que estava de costa para a porta, não me dando a chance de ver sua expressão. Mas pela arrogância da sua voz estava extremamente irritado. Fiquei ali parada, encarando-o por alguns segundos, mas desisti quando vi que não iria falar mais nada. Decidi ir almoçar, para ver se o buraco que havia em meu estomago sumia, tinha esperança que fosse fome, mas sabia lá no fundo, que não era.

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