Aria assustou-se pelo rei tê-la chamado pelo nome, não esperava por algo assim.
– Sim, sou eu, Aria.
– O que faz aqui? – perguntou rei George. – É perigoso.
– Eu precisava vir, Majestade – disse Aria. – Eu precisava vê-lo, saber que estava bem.
Aria olhou para Tumen. Ele ainda não começara a lutar, ele e Laurethôl estavam apenas conversando. Tumen parecia estar confiante, o que deixou Aria um pouco aliviada. Então passou a observar Laurethôl. Ele não parecia ser grande coisa, mas Aria agora entendia porque Tumen o chamara de vaidoso.
A armadura de L
Quando acordou novamente, Aria percebeu que a dor estava passando. Agora só o local onde a flecha havia perfurado que ainda doía. Ela tentou abrir os olhos de novo. A luz fraca do amanhecer invadiu sua visão. Ela piscou para tentar se acostumar com a claridade e tudo entrou em foco. Aria olhava para o dossel de uma cama. Onde ela estava? Com certeza não estava na casa de seus tios. Cortinas verde-escuras caíam do dossel. Aria olhou em volta. Estava em um quarto muito bem decorado. Era grande, com vários móveis, um armário cheio de livros, uma mesa coberta de pergaminhos. Alguém estivera ali havia pouco tempo, uma vela ainda queimava sobre a mesa. A garota olhou para o lado. Tumen estava sentado em uma poltrona, dormindo. Uma de suas mãos estava caída para fora dos braço
O dia amanhecia na Cidade das Árvores. Uma águia imperial sobrevoava a cidade. Os cidadãos já acordavam e se aprontavam para ir trabalhar. Mercadores iam abrir suas vendas, já podia se escutar o som das ferramentas de um ferreiro ao longe, lenhadores já pegavam seus machados prontos para mais um longo dia de trabalho. Taverneiros expulsavam os bêbados de suas tavernas, e estes, que passavam a noite toda bebendo, se esqueciam de voltar para casa. Mais um dia comum na Cidade das Árvores, no Reino de Armendor, as Terras do Sul. Armendor era um reino pacífico, ainda em desenvolvimento. Sua economia baseava-se principalmente em extração de madeira e ouro. O reino todo era cortado por uma extensa mata fechada, a Floresta de Taurdin. Era uma densa e silenciosa floresta cheia de perigos que servia como uma muralha natural, protegendo Armendor que se escondia em seu interior.
Quando ele tirou o elmo, mostrou-se como o homem mais bonito que Aria já havia visto. Ele era jovem, nobre e belo, com cabelo preto e curto que ondulava levemente nas pontas, a pele lisa e bronzeada, os lábios cheios e rosados, seu rosto parecia ter sido esculpido à mão. Suas roupas pareciam ser de tecido fino e caro. As botas de couro macio combinavam com as luvas. Ele usava uma armadura protegendo-lhe o torso. Também usava um manto azul escuro, iguais àqueles que Aria tanto via os soldados de alta patente de Armendor usando, porém os que os soldados usavam eram verdes, simbolizando a cor do reino. Mesmo estando montado a cavalo, o jovem parecia ser bem alto. Mas o que mais chamou a atenção de Aria eram seus penetrantes olhos verdes. Era como se houvessem incrustado duas esmeraldas em seu rosto. Aria olhava-o hipnotizada, assim como o rapaz t
A loja de especiarias de tio Palomir ficava no centro comercial da Cidade das Árvores. Como havia prometido, Aria deixou o almoço para o tio e foi levar suas ferramentas para conserto. A garota parou em frente à ferraria. Embora fosse pequena, havia um arsenal das mais variadas armas penduradas nas paredes, caídas no chão, uma bagunça. – Ramón! – gritou. – Sou eu, Aria, vim lhe ver. De dentro da ferraria ouviu-se um barulho de algo de metal caindo no chão seguido de um grito. A voz grossa de um homem gritou lá de dentro: – Aria! Quanto tempo não a vejo! Já ia falar com seu tio para lhe trazer aqui. P
No dia seguinte, Aria selou Ganis, pegou sua espada, arco e aljava com flechas e as amarrou à sela. Águia não estava lá, talvez tivesse saído para esticar um pouco as asas, pensou Aria. Já era quase uma hora quando tirou Ganis do celeiro. Vendo que Aria estava para sair, tia Célia foi até ela. – Aria, onde está indo? – tia Célia perguntou. – Estou indo a Thoronbar – respondeu Aria. – A senhora vai precisar de mim hoje? – Não, não – disse tia Célia. – Pode ir, não vou precisar de ajuda hoje. Divirta-se! – Até mais tarde! – disse Aria e saiu. Montou em Ganis
No horário combinado Aria foi até o local de encontro. Novamente Tumen já a aguardava lá, sorridente. Ela acenou pra ele. – Boa tarde – ele cumprimentou. – Podemos ir? – perguntou Aria. – Claro. Embrenharam-se na floresta e seguiram para Thoronbar. Tumen queria conversar, mas estava sem jeito de iniciar a conversa, não sabia o que dizer. Aria também não falou nada até chegarem à clareira. Ao desmontar de Ganis e amarrá-lo a uma árvore, Águia recebeu Aria em Thoronbar, voando ao redor dela. – Ainda estou impressionado com sua
O sino tilintava amarrado ao cinto de Tumen. Logo à frente, um sino semelhante ao dele também retinia preso ao alforje de Aria. Naquela tarde a garota os levava por um caminho diferente. Cavalgavam por uma parte da floresta que era bem próxima à Cidade das Árvores. – Hoje vou levá-lo a um lugar bastante conhecido – comentou Aria. – Podemos ter a sorte de o lugar estar vazio, pois caso encontremos alguém, teremos que voltar. – Por quê? – perguntou Tumen, curioso. – O lugar tem dono – foi tudo o que Aria disse. – Já estamos chegando. Eles entraram num local que parecia ser uma fazenda. Árvores frutíferas diversas haviam sido
Aria se sentou, apreensiva com o que seu tio tinha para lhe falar. Anne que preparava o jantar tentava não olhar nos olhos de Aria. Tia Célia estava com o rosto preocupado, mas tio Palomir tinha a expressão séria. “Será que ele descobriu que estou passando minhas tardes com um homem desconhecido? Ou será que contaram a ele que furtei o pomar real?” – Tio... – começou Aria, mas foi interrompida. – Aria, quero lhe dizer algo – disse tio Palomir. – Tio Palomir, eu juro que eu não farei de novo – tentou explicar Aria. Tio Palomir riu. “Como ele pode estar rindo se o assunto parece ser tão sério”, pensou Aria. &n