Aria se sentou, apreensiva com o que seu tio tinha para lhe falar. Anne que preparava o jantar tentava não olhar nos olhos de Aria. Tia Célia estava com o rosto preocupado, mas tio Palomir tinha a expressão séria. “Será que ele descobriu que estou passando minhas tardes com um homem desconhecido? Ou será que contaram a ele que furtei o pomar real?”
– Tio... – começou Aria, mas foi interrompida.
– Aria, quero lhe dizer algo – disse tio Palomir.
– Tio Palomir, eu juro que eu não farei de novo – tentou explicar Aria.
Tio Palomir riu. “Como ele pode estar rindo se o assunto parece ser tão sério”, pensou Aria.
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Aria acordou cedo. Vestiu-se, tomou seu desjejum e foi procurar tia Célia. Ela estava no celeiro olhando para um grande porco que não estava ali na noite passada. – Tia, onde conseguiu esse porco? – perguntou Aria. – E o que vai fazer com ele? – É para a festa do casamento de Anne – respondeu tia Célia. – Seu tio o comprou no mercado. Era o maior que havia lá. – A festa vai ser aqui? – perguntou Aria. – Não. Na casa de Julian – disse tia Célia. – Lá é maior, vamos levar tudo para lá hoje. Vou esperar seu tio chegar para matar o porco e depois nós vamos prepará-lo. &nb
Como havia prometido em seu último encontro, Aria foi para Thoronbar. A garota brincava com Águia quando ouviu um relincho perto da entrada da campina. Ao se virar deparou com Tumen que acenava sorridente para ela. Aria correu em direção a ele. Sentiu uma imensa vontade de abraçá-lo, mas achou que seria inadequada essa atitude, então apenas o tocou de leve no ombro. – Que bom vê-lo! – disse Aria, sorrindo. – Bom ver você também – disse Tumen. – Conte-me o que fez durante esses três dias – disse Aria, indo se sentar na grama. – Não fiz muita coisa – Tumen sentou-se ao lado dela. – Ajudei meu tio a resolver alguns problemas
Tumen já aguardava Aria na cachoeira, no horário de sempre. Quando ela chegou, o rapaz deu um abraço tão forte em Aria que os pés dela saíram do chão. Ele a beijou ternamente e a puxou até uma área sombreada sob as árvores. – Como está o corte? – perguntou Aria, passando a mão onde ela havia cortado – Está melhor? – Logo vai cicatrizar – disse Tumen. – Além de ter uma boa pontaria, também é boa na esgrima. Aria riu. – Luto bem – disse Aria. – Mas prometo que não vou lhe cortar nunca mais. – Não quer mais duelar comigo? – perguntou Tumen. &nb
Aria acordou animada e com disposição. Caçou coelhos na floresta e os levou para casa. À tarde, preparou tudo rapidamente e foi para a oficina. Só então se lembrou que não falara a Tumen onde estaria. Mas ele saberia onde encontrá-la. Estava guardando as ferramentas quando escutou alguém chegando a cavalo. Saiu para ver quem era e já abriu um enorme sorriso de felicidade e alívio. Tumen desmontou e correu para abraçá-la. Enquanto se abraçavam Aria sentiu que o aperto em seu coração havia desaparecido. Tumen estava bem, sem nenhum arranhão, Aria havia se preocupado à toa. – Que bom vê-lo! – sussurrou Aria no ouvido de Tumen. – Senti sua falta! – sussurrou Tumen de volta.
Aria não dormira bem, estava cansada, seu corpo todo doía. Ela trocou de roupa e foi tomar o desjejum. Tia Célia já estava acordada e tio Palomir já fora para o trabalho. – Você está bem, Aria? – perguntou tia Célia quando a garota entrou na cozinha. – Não – respondeu Aria, puxando uma cadeira para se sentar. – Não dormi muito bem. – Sim, dá para ver – disse tia Célia. Ela colocou um pedaço de pão e um copo de leite na frente da garota. Aria estava com fome, não almoçara nem jantara no dia anterior, rapidamente devorou o pão e já estava querendo mais. Estava nervosa também. Não queria ver Tumen, mas precisava vê-lo. <
– Aria! – exclamou tia Célia. – Que bom que chegou. Temos notícias de Anne, ela já está voltando das núpcias. Aria já estava em casa e nem percebera, levou Ganis ao celeiro e nem se dera conta disso. – Que boa notícia, tia Célia! – disse Aria, fazendo esforço para não chorar de novo. – Preciso falar com ela. A senhora sabe quando ela vem aqui? – Não sei! – disse tia Célia. – Mas pode ter certeza que eu lhe aviso. – Tudo bem! – disse Aria. – Agora eu vou para o quarto deitar, estou com dor de cabeça. Aquilo não era verdade, só queria ficar sozinha, e
Já havia se passado uma semana desde que Aria brigara com Tumen, mas ele ainda não tinha se conformado. Depois da briga, Tumen saiu de Thoronbar e foi a todos os lugares onde Aria o havia levado, esperando encontrá-la. Foi até a cachoeira, mas não havia ninguém, foi até a oficina, ninguém, voltou para o centro da cidade, mas Aria também não estava lá. Voltou ao palácio não por querer, mas por precisar. Caso contrário voltaria a Andunëar, não queria mais permanecer em Armendor. Mas ele não podia decepcionar seu tio, por isso voltou. Durante toda aquela semana ficou vagando pelos corredores do palácio. Queria ficar sozinho, pensando. Acabou deixando de lado suas obrigações. Rei George olhava seu sobrinho e ficava cada dia mais preocupado, sem entender porque ele agia assim. &nbs
De manhã Aria saiu para caçar. Voltou para casa mais disposta do que quando havia saído. Já fazia uma semana que ela não saía de casa. Naquele dia decidiu ir a Thoronbar. Arrumou tudo o que precisaria e foi até a campina. Chegando lá ficou brincando com Águia. Thoronbar passara a ser um lugar diferente para Aria do que era antes. Tudo lá a fazia se lembrar de Tumen. Quando Tumen tocou Águia pela primeira vez, quando eles duelaram e quando Aria brigou com ele. Aquilo a estava matando. A conversa com Anne fez Aria ficar melhor, mas não totalmente. Ela ficou pouco tempo em Thoronbar. Mas dessa vez foi embora caminhando, segurando as rédeas de Ganis, Águia pousada no dorso do cavalo. Tumen entrou em Taurdin, já sabia aonde ir. Mas não foi pelo caminho habitua