– É bem simples, eu sei – continuou Aria, dando de ombros –, mas vai nos manter protegidos da chuva.
– Eu gostei – comentou Tumen sinceramente.
– É mesmo? – perguntou Aria, desacreditada.
– Sim – confirmou Tumen.
Aria parecia não ouvir. Foi até o baú ao lado das camas e o abriu. Começou a remexer dentro dele, procurando alguma coisa. Quando encontrou, levantou-se e virou para Tumen. Havia várias peças de roupa em suas mãos. Colocou uma roupa na cama ao lado de Tumen.
– Vista isso – disse Aria. – Nossas roupas estão molhadas e se não trocarmos logo,
Aria acordou tarde no dia seguinte. Olhou para o lado e viu Tumen ainda dormindo com os braços em volta dela. Saiu da cama bem devagar para não acordá-lo. A chuva já havia passado. Aria foi até o celeiro, os animais também já estavam acordados. Olhou para o céu e ficou aliviada ao ver o sol brilhar. Quando voltou para dentro de casa Tumen ainda dormia. Sentou-se ao lado dele e passou a mão pelo cabelo do rapaz. O cabelo de Tumen era incrivelmente preto, macio, liso na raiz e encaracolavam levemente nas pontas. Seu rosto era belo, nenhuma marca ou cicatriz, a pele lisa, cor de mel. Sua boca tinha um formato perfeito, os lábios cheios e rosados. Ele era um homem lindo. Tumen abriu os olhos lentamen
– Bom – pensou Tumen –, eu venho de uma família muito antiga. Meus antepassados remontam mais de mil anos, mas não se preocupe, não vou contar a história inteira, senão ficaremos aqui durante dias. Minha família reina em Andunëar por todo esse tempo. Eu não sei exatamente o que eu posso contar a você, são tantas coisas, tantas histórias. – Escolha uma que você acha que seria bom eu saber – disse Aria. – Tudo bem – disse Tumen. – Vou contar uma história que vem assombrando minha família há algumas gerações e também o motivo de estarmos envolvidos em uma guerra. Tudo começou com meu bisavô, Arbeleg, ele foi coroado rei quando o pai dele faleceu. Ele era ainda muito novo quando isso aconteceu. Então, logo no primeiro ano de reinado houve uma guerra. Muitos morreram,
Aria voltou sorrindo para casa. Estava bem por Tumen perdoá-la. Agora nada os separaria. O problema seria convencer seus tios de que ela amava Tumen e queria ficar com ele. Ninguém iria acreditar nela. Entrou em casa cantarolando uma música bem animada que havia escutado no casamento de Anne. – Que bom que está feliz, Aria! – disse tio Palomir. Aria parou de cantarolar. Tio Palomir e tia Célia estavam sentados, conversando quando ela entrou na cozinha. – Sim, tio – respondeu Aria sorrindo. – Estou feliz. – Que bom! – disse tio Palomir – Porque eu qu
O dia já estava claro quando Aria acordou. Ela tomou um banho bem demorado, enquanto tentava relaxar. Estava tensa. Colocou o vestido que Anne havia lhe dado, calçou sua bota e foi tomar o desjejum. – Aria, que bom que acordou. Feliz aniversário – tia Célia abraçou Aria quando ela entrou na cozinha. – Dezesseis anos! Que maravilha. – Obrigada, tia Célia – Aria sorriu. – Venha aqui para eu arrumar seu cabelo – disse a tia. Aria se sentou e começou a comer. Enquanto isso tia Célia penteava o longo cabelo de Aria, fazendo um belo penteado. A garota comeu tudo o que tinha direito e mais um pouco. Talvez acontecesse algum impre
Aria assustou-se pelo rei tê-la chamado pelo nome, não esperava por algo assim. – Sim, sou eu, Aria. – O que faz aqui? – perguntou rei George. – É perigoso. – Eu precisava vir, Majestade – disse Aria. – Eu precisava vê-lo, saber que estava bem. Aria olhou para Tumen. Ele ainda não começara a lutar, ele e Laurethôl estavam apenas conversando. Tumen parecia estar confiante, o que deixou Aria um pouco aliviada. Então passou a observar Laurethôl. Ele não parecia ser grande coisa, mas Aria agora entendia porque Tumen o chamara de vaidoso. A armadura de L
Quando acordou novamente, Aria percebeu que a dor estava passando. Agora só o local onde a flecha havia perfurado que ainda doía. Ela tentou abrir os olhos de novo. A luz fraca do amanhecer invadiu sua visão. Ela piscou para tentar se acostumar com a claridade e tudo entrou em foco. Aria olhava para o dossel de uma cama. Onde ela estava? Com certeza não estava na casa de seus tios. Cortinas verde-escuras caíam do dossel. Aria olhou em volta. Estava em um quarto muito bem decorado. Era grande, com vários móveis, um armário cheio de livros, uma mesa coberta de pergaminhos. Alguém estivera ali havia pouco tempo, uma vela ainda queimava sobre a mesa. A garota olhou para o lado. Tumen estava sentado em uma poltrona, dormindo. Uma de suas mãos estava caída para fora dos braço
O dia amanhecia na Cidade das Árvores. Uma águia imperial sobrevoava a cidade. Os cidadãos já acordavam e se aprontavam para ir trabalhar. Mercadores iam abrir suas vendas, já podia se escutar o som das ferramentas de um ferreiro ao longe, lenhadores já pegavam seus machados prontos para mais um longo dia de trabalho. Taverneiros expulsavam os bêbados de suas tavernas, e estes, que passavam a noite toda bebendo, se esqueciam de voltar para casa. Mais um dia comum na Cidade das Árvores, no Reino de Armendor, as Terras do Sul. Armendor era um reino pacífico, ainda em desenvolvimento. Sua economia baseava-se principalmente em extração de madeira e ouro. O reino todo era cortado por uma extensa mata fechada, a Floresta de Taurdin. Era uma densa e silenciosa floresta cheia de perigos que servia como uma muralha natural, protegendo Armendor que se escondia em seu interior.
Quando ele tirou o elmo, mostrou-se como o homem mais bonito que Aria já havia visto. Ele era jovem, nobre e belo, com cabelo preto e curto que ondulava levemente nas pontas, a pele lisa e bronzeada, os lábios cheios e rosados, seu rosto parecia ter sido esculpido à mão. Suas roupas pareciam ser de tecido fino e caro. As botas de couro macio combinavam com as luvas. Ele usava uma armadura protegendo-lhe o torso. Também usava um manto azul escuro, iguais àqueles que Aria tanto via os soldados de alta patente de Armendor usando, porém os que os soldados usavam eram verdes, simbolizando a cor do reino. Mesmo estando montado a cavalo, o jovem parecia ser bem alto. Mas o que mais chamou a atenção de Aria eram seus penetrantes olhos verdes. Era como se houvessem incrustado duas esmeraldas em seu rosto. Aria olhava-o hipnotizada, assim como o rapaz t