Tumen já aguardava Aria na cachoeira, no horário de sempre. Quando ela chegou, o rapaz deu um abraço tão forte em Aria que os pés dela saíram do chão. Ele a beijou ternamente e a puxou até uma área sombreada sob as árvores.
– Como está o corte? – perguntou Aria, passando a mão onde ela havia cortado – Está melhor?
– Logo vai cicatrizar – disse Tumen. – Além de ter uma boa pontaria, também é boa na esgrima.
Aria riu.
– Luto bem – disse Aria. – Mas prometo que não vou lhe cortar nunca mais.
– Não quer mais duelar comigo? – perguntou Tumen.
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Aria acordou animada e com disposição. Caçou coelhos na floresta e os levou para casa. À tarde, preparou tudo rapidamente e foi para a oficina. Só então se lembrou que não falara a Tumen onde estaria. Mas ele saberia onde encontrá-la. Estava guardando as ferramentas quando escutou alguém chegando a cavalo. Saiu para ver quem era e já abriu um enorme sorriso de felicidade e alívio. Tumen desmontou e correu para abraçá-la. Enquanto se abraçavam Aria sentiu que o aperto em seu coração havia desaparecido. Tumen estava bem, sem nenhum arranhão, Aria havia se preocupado à toa. – Que bom vê-lo! – sussurrou Aria no ouvido de Tumen. – Senti sua falta! – sussurrou Tumen de volta.
Aria não dormira bem, estava cansada, seu corpo todo doía. Ela trocou de roupa e foi tomar o desjejum. Tia Célia já estava acordada e tio Palomir já fora para o trabalho. – Você está bem, Aria? – perguntou tia Célia quando a garota entrou na cozinha. – Não – respondeu Aria, puxando uma cadeira para se sentar. – Não dormi muito bem. – Sim, dá para ver – disse tia Célia. Ela colocou um pedaço de pão e um copo de leite na frente da garota. Aria estava com fome, não almoçara nem jantara no dia anterior, rapidamente devorou o pão e já estava querendo mais. Estava nervosa também. Não queria ver Tumen, mas precisava vê-lo. <
– Aria! – exclamou tia Célia. – Que bom que chegou. Temos notícias de Anne, ela já está voltando das núpcias. Aria já estava em casa e nem percebera, levou Ganis ao celeiro e nem se dera conta disso. – Que boa notícia, tia Célia! – disse Aria, fazendo esforço para não chorar de novo. – Preciso falar com ela. A senhora sabe quando ela vem aqui? – Não sei! – disse tia Célia. – Mas pode ter certeza que eu lhe aviso. – Tudo bem! – disse Aria. – Agora eu vou para o quarto deitar, estou com dor de cabeça. Aquilo não era verdade, só queria ficar sozinha, e
Já havia se passado uma semana desde que Aria brigara com Tumen, mas ele ainda não tinha se conformado. Depois da briga, Tumen saiu de Thoronbar e foi a todos os lugares onde Aria o havia levado, esperando encontrá-la. Foi até a cachoeira, mas não havia ninguém, foi até a oficina, ninguém, voltou para o centro da cidade, mas Aria também não estava lá. Voltou ao palácio não por querer, mas por precisar. Caso contrário voltaria a Andunëar, não queria mais permanecer em Armendor. Mas ele não podia decepcionar seu tio, por isso voltou. Durante toda aquela semana ficou vagando pelos corredores do palácio. Queria ficar sozinho, pensando. Acabou deixando de lado suas obrigações. Rei George olhava seu sobrinho e ficava cada dia mais preocupado, sem entender porque ele agia assim. &nbs
De manhã Aria saiu para caçar. Voltou para casa mais disposta do que quando havia saído. Já fazia uma semana que ela não saía de casa. Naquele dia decidiu ir a Thoronbar. Arrumou tudo o que precisaria e foi até a campina. Chegando lá ficou brincando com Águia. Thoronbar passara a ser um lugar diferente para Aria do que era antes. Tudo lá a fazia se lembrar de Tumen. Quando Tumen tocou Águia pela primeira vez, quando eles duelaram e quando Aria brigou com ele. Aquilo a estava matando. A conversa com Anne fez Aria ficar melhor, mas não totalmente. Ela ficou pouco tempo em Thoronbar. Mas dessa vez foi embora caminhando, segurando as rédeas de Ganis, Águia pousada no dorso do cavalo. Tumen entrou em Taurdin, já sabia aonde ir. Mas não foi pelo caminho habitua
– É bem simples, eu sei – continuou Aria, dando de ombros –, mas vai nos manter protegidos da chuva. – Eu gostei – comentou Tumen sinceramente. – É mesmo? – perguntou Aria, desacreditada. – Sim – confirmou Tumen. Aria parecia não ouvir. Foi até o baú ao lado das camas e o abriu. Começou a remexer dentro dele, procurando alguma coisa. Quando encontrou, levantou-se e virou para Tumen. Havia várias peças de roupa em suas mãos. Colocou uma roupa na cama ao lado de Tumen. – Vista isso – disse Aria. – Nossas roupas estão molhadas e se não trocarmos logo,
Aria acordou tarde no dia seguinte. Olhou para o lado e viu Tumen ainda dormindo com os braços em volta dela. Saiu da cama bem devagar para não acordá-lo. A chuva já havia passado. Aria foi até o celeiro, os animais também já estavam acordados. Olhou para o céu e ficou aliviada ao ver o sol brilhar. Quando voltou para dentro de casa Tumen ainda dormia. Sentou-se ao lado dele e passou a mão pelo cabelo do rapaz. O cabelo de Tumen era incrivelmente preto, macio, liso na raiz e encaracolavam levemente nas pontas. Seu rosto era belo, nenhuma marca ou cicatriz, a pele lisa, cor de mel. Sua boca tinha um formato perfeito, os lábios cheios e rosados. Ele era um homem lindo. Tumen abriu os olhos lentamen
– Bom – pensou Tumen –, eu venho de uma família muito antiga. Meus antepassados remontam mais de mil anos, mas não se preocupe, não vou contar a história inteira, senão ficaremos aqui durante dias. Minha família reina em Andunëar por todo esse tempo. Eu não sei exatamente o que eu posso contar a você, são tantas coisas, tantas histórias. – Escolha uma que você acha que seria bom eu saber – disse Aria. – Tudo bem – disse Tumen. – Vou contar uma história que vem assombrando minha família há algumas gerações e também o motivo de estarmos envolvidos em uma guerra. Tudo começou com meu bisavô, Arbeleg, ele foi coroado rei quando o pai dele faleceu. Ele era ainda muito novo quando isso aconteceu. Então, logo no primeiro ano de reinado houve uma guerra. Muitos morreram,