Nora Bellini
Ouço o despertador do meu celular tocar, solto um gemido, não quero levantar, pois me lembro que hoje é o dia do meu casamento com Alev. Ainda não acredito que meus pais farão isso comigo, não existe amor entre mim e ele, e acho que nunca existirá, não consigo vê-lo como marido e nem ele consegue me ver como esposa.Pego o celular e vejo o relógio marcando sete horas, ainda é muito cedo, daqui a pouco minha mãe e Michaela estarão aqui. Sento na cama, coloco as mãos no rosto, penso um pouco e decido conversar com meu noivo antes do casamento, essa é a minha última tentativa, depois seria muito mais complicado.Levanto da cama o mais rápido possível, vou ao banheiro fazer minhas necessidades, tomo um banho rápido e coloco um vestido solto. Coloco a mão no meu estômago sentindo aquela ânsia e dor do nervosismo. Passo os dedos pelo meu cabelo os deixando soltos e saio apressada do meu apartamento.Vou em direção a mansão Demir, as pessoas na rua estão felizes e me felicitam pelo dia, praticamente a cidade toda está esperando por isso. O inferno de morar em locais pequenos é esse, todos sabem de tudo e comentam por séculos. E esse será o casamento do ano, talvez o mais épico de todos, a queridinha da cidade com o favorito dos Demir.Tento retribuir os sorrisos da melhor maneira possível, sem deixar transparecer meu aborrecimento e nervosismo. Quando chego na mansão, respiro fundo e aperto o interfone com a senha do portão, eu tenho passe livre para entrar naquela casa desde que me conhecia por gente, sempre me consideraram da família, então não era nada estranho que eu soubesse a senha.O portão faz um barulho indicando que foi destrancado, entro e fecho em seguida. A mansão é linda, tem um lindo jardim e a garagem ficava ao lado, olho para os carros estacionados, havia um que eu ainda não tinha visto, não entendo muito de marcas de carros, mas aquela parecia uma Ranger Rover azul marinho. Alev deve ter mudado de carro e reviro os olhos.Entro na casa, vejo um dos empregados passando no corredor, eles devem estar arrumando o quintal, já que a festa de casamento será ali, sigo em frente, sorrateiramente, para que ninguém me veja, ouço as vozes próximas e baixas no final do corredor.Decido ir até lá, olho para a porta entreaberta do escritório do senhor Zeki, pelo seu tom de voz ele parece bem irritado com alguma coisa, me aproximo, estou prestes a bater na porta para interromper a conversa. Então ouço uma voz rouca, profunda e um pouco familiar:— Pai, com certeza vamos dar um jeito, vou rodar pela cidade, ainda é cedo.Meu coração dispara e estremeço. Não acredito!Pela brechinha da porta, um homem entra no meu campo de visão, posso ver somente suas costas, automaticamente eu me viro e me escondo atrás da porta, por incrível que pareça eu posso sentir e ouvir as batidas do meu coração mais rápido, parece que vai sair pelo meu peito. Coloco as mãos na minha barriga e sinto o nervosismo aumentar.É o Erol!Eu não imaginava que ele viesse, mesmo quando recebeu o convite para ser o padrinho, disse que não poderia vir pois estaria ocupado. Mas, ele veio, estou tão atônita que desisto do que ia falar com Alev.Volto a olhar de novo pela brecha, ele ainda está de costas, dou uma breve conferida no seu corpo, sinto um calor se espalhar pelo meu. Ouço ele começar a discutir com o pai em uma língua diferente, sua origem, eu havia aprendido algumas coisas em turco, mas era só algumas palavras, não consigo compreender o que eles falam, mas isso deixava o som de sua voz ainda mais sexy.Não consigo deixar de analisá-lo.Que pedaço de mau caminho, mordo meus lábios com vários pensamentos inapropriados para se ter com o seu “cunhado”. Olha esses músculos, esses braços, essa bunda...Pare com isso, Nora! Pelo amor de Deus! Ele é gostoso, mas é proibido para você!A conversa no escritório cessa e ajo rapidamente, corro de onde estou e vou para fora da casa. Com as mãos trêmulas consigo abrir o portão e vou para longe da mansão o mais rápido possível.Ainda não consigo acreditar que Erol está aqui. E também, por que me sinto tão nervosa? Nós não somos amigos e ele só é um cara bonito.Chego em casa e quando abro a porta minha mãe e Michaela estão lá dentro, as duas estão aflitas e com o telefone na mão.— Deixe pra lá querido, ela acabou de chegar aqui. — Mamãe diz, desligando o celular. — Eleonor, onde você estava? Quer nos matar do coração? Por que está tão pálida? — Dispara em questionamentos.Vou até a poltrona da sala e me sento, Loki vem até mim e passa o rabinho nas minhas pernas, olho para a sua tigela de comida cheia.— Eu fui andar um pouco — Minto.— Não era para você sair de casa hoje, combinamos que vínhamos cedo e que você precisa estar bem descansada. — Ela continua e me avalia. — O que foi querida? Parece que viu um fantasma.— Foi mais ou menos isso. — Respondo baixo.— Que conversa é essa?— Nada. — Digo por fim.Olho para Michaela, minha melhor amiga desde a infância, ela sabe que tem algo errado ou que pelo menos eu estou escondendo algo, mas decide não dizer nada, por enquanto.Pelo resto da manhã e da tarde minha mãe ficou comigo, ela espalhou incensos pela casa para energizar qualquer coisa negativa que viria de mim, fiz as unhas e ainda não havia decidido o penteado que faria, como também não consegui comer nada pelo nervosismo.Eu vou casar mesmo hoje e não vai ter como fugir, por mais que eu queira. E só de pensar que meu cunhado está lá, sinto meu coração disparado.Droga, será que minha paixonite por ele não passou nada?Nora BelliniAo final da tarde, mamãe decidiu ir ao salão que estava marcado, eu e Mica aproveitamos para apagar todos os incensos e abrimos as janelas para o cheiro sair um pouco.Olhei para a hora, fui ao banheiro tomar um longo banho na banheira com rosas e outros perfumes corporais.— Está na hora de sair daí! — Mica entrou no banheiro. — Você vai me explicar o que houve, enquanto faço sua maquiagem e cabelo.Solto um suspiro e saio da banheira, me enrolo no roupão, agradeço por minha depilação está em dia, no entanto isso não significava nada, já que com certeza eu e meu futuro marido não iremos chegar aos finalmente, mas estar depilada nunca é demais.Me sento na cadeira de frente ao espelho no meu quarto e Michaela começa a secar meu cabelo. Quando os fios castanhos escuros estão secos, ela se prepara para fazer minha maquiagem — já que minha amiga é a melhor maquiadora da cidade. Enquanto eu fazia meu curso de gastronomia, Mica se formou em estética e fez um curso profissional
Erol DemirMas que inferno! Cadê você, irmão? Onde você se meteu?Já era a trigésima vez que eu ligo para Alev, eu não havia me dado conta que tinha amanhecido, passei a noite inteira em claro. Uma hora da madrugada resolvi sair para procurar por ele, liguei para os hotéis e motéis da cidade, no entanto, não havia sinal dele. Mamãe já está à base de remédios e papai uma pilha de nervos, juro que a qualquer momento um dos dois iria infartar.Aí danou-se de vez!Durante toda a noite permaneci tranquilo, achava que talvez Alev estivesse se despedindo de sua vida solteiro com alguma mulher por aí, mas agora estou achando estranho, não havia mensagem nenhuma, a porra do celular só cai em caixa postal, espero que não tenha acontecido nada grave.Passo as mãos pelo meu rosto e coço minha barba, resolvo tomar um banho e comer alguma coisa, ficar sem fazer nada também não ajudaria em nada.Após sair do banho, as palavras de meu pai na noite anterior ainda ecoam na minha cabeça, ele só podia est
Erol DemirEu ainda não acredito que isso está realmente acontecendo, coloco as mãos na gravata e ajeito, essa é a quinta vez que eu arrumo essa porcaria. Odeio terno. Apesar do clima estar um pouco frio, me sinto suando de nervoso.Juro que se meu irmão aparecesse aqui agora não ia prestar.Filho da puta!Reparo onde estou e peço perdão por está xingando dentro da casa de Deus, estou me preparando psicologicamente para colocar um anel no meu dedo e não consigo relaxar, sinto uma leve dor em minha nuca.Principalmente por ter uma plateia gigante sentada me olhando com curiosidade.As pessoas cochichavam entre si e eu ignoro a todo custo, olho para meu baba e minha annen, os dois mantém seu olhar seguro sem desfazer a pose.Pela janela da igreja vejo meu reflexo, estou apresentável, fiz um coque no meu cabelo deixando para trás e aparei minha barba, deixando os pelos um pouco mais baixo. Embora não goste da roupa, admito que estou bastante gato.Olho para o chão e me sinto mais nervoso
Nora BelliniNem em todos os sonhos mais malucos que tive desde a adolescência, estavam me levando até esse momento. Parecia uma loucura, mas eu estou casada com Erol Demir. Desde a adolescência eu tentava negar para mim mesma que ele mexia demais comigo, colocava a culpa no fato de que ele era um garoto muito bonito e chamativo. Ele atraía a atenção de todas as meninas do colégio, menos Michaela, claro que ela o achava um gato, mas não a ponto de suspirar e cair de amores.Diferente de mim que lutava o máximo para não deixar transparecer meu terrível tombo por Erol.Dio, desde que pisei na porta da igreja e o vi parado esperando por mim, quis saber o porquê, afinal, ele nunca trocou o máximo que uma dúzia de palavras comigo. Por que ele aceitou se casar comigo no lugar de Alev? Sempre imaginei que Erol não gostasse de mim.Eu estou tão confusa. Até o momento eu havia permanecido na minha e deixei o barco nadar, mas agora eu quero saber tudo explicadinho. Tento controlar minhas mãos tr
Nora BelliniQuando chegamos ao salão, nos separamos um pouco, ele vai até um grupo de homens e eu vou até a mesa onde tem doces, percebo uns sorrisos e olhares maliciosos dos convidados, principalmente de nossas mães, tento não corar, deviam estar pensando que fugimos para experimentar uma rapidinha de recém-casados.Praticamente isso é impossível no momento, eu e Erol estamos muito tensos por enquanto. Ainda me sinto bastante intimidada com ele, mas pela conversa que tivemos agora pouco isso vai se tornar mais fácil. Ele parece ser um homem amável, diferente do que eu imaginei, além de ser divertido e espontâneo, eu estou gostando disso demais. Mal posso acreditar que irei passar um ano ao seu lado.Teremos a oportunidade de nos conhecer muito, eu tinha a impressão de que ele era um cara caladão e problemático. Já escutei de Ayla que Erol era o filho que lhe dava mais dor de cabeça, pois ele se recusava a fazer o que ela queria. As festas que ele se recusava a ir, ou quando aparecia
Erol DemirO som alto da música preenchia todo ambiente, olho para Nora e a vejo conversando com um grupo de mulheres, sinto que ela está um pouco mais leve.Delícia de mulher!Solto um suspiro de alívio.Depois de nossa conversa até eu me sinto mais tranquilo, eu só faltei cair de joelhos quando ela aceitou minha proposta, eu não sabia o que fazer até aquele momento, claro que não iria me separar tão rápido, mas também queria um pouco de tempo com ela.O tempo que não tive durante mais jovem.Eu estou certo de que um ano é muita coisa sim, talvez não dure isso tudo, mas se acontecer vai valer muito a pena. A conversa sobre sexo ainda está na minha cabeça, mexendo comigo, não consigo me esquecer da expressão dela quando toquei nesse assunto, fui muito sincero em tudo que disse. Se Nora não me quisesse — e ela tem total liberdade para me negar — não sei o que faria, vou ter que lidar com o tesão e me controlar. Claro que nunca vou traí-la, tenho caráter. Mas todos os meus instintos e m
Erol Demir Essa noite resolvo deixá-la dormir, e durmo no outro quarto para dar um pouco mais de espaço para ela. Depois conversamos sobre como vamos fazer. Vou até minha mala em cima do pequeno sofá e tiro uma muda de roupa. Pego meu celular na estante do meu quarto e o coloco no bolso.Saio do quarto e fecho a porta, entro no quarto da frente e coloco minhas roupas lá. Penso em Nora e naquele vestido de noiva, ela precisava tirar a roupa, desço para chamar Eva, vejo meu paletó na sala, coloco de volta está um pouco de frio, vou para fora da mansão.— Algum problema? — Ela me pergunta assim que a encontro com o marido.— Não, é só para ajudar Nora a se trocar. Ela dormiu, eu não... — Não continuo e sinto o olhar de Bernard um pouco melhor do que antes.Saber que respeito muito a filha dele, deve melhorar sua relação comigo.— Ah, tudo bem querido eu irei lá.— Ela trouxe roupa? Qualquer coisa empresto uma camisa.Afasto a imagem da minha esposa com uma das minhas camisas, sinto meu
Nora Bellini Demir3, 2, 1O inferno vai começar. Nossas mães juntas não dão certo.— Nora, querida, vocês já irão se mudar para casa? — Ayla pergunta com interesse. — A casa já está quase pronta. Falta só pintar alguns cômodos.— Bom, nós iremos ficar no meu apartamento por enquanto. — Olho para Erol pedindo ajuda, ele segura em minhas mãos debaixo da mesa.— Hm... E a lua de mel? Vocês irão, né? Válido até um mês, aproveitem o presente. — É a vez da minha mãe. — E tratem de nos dar netos logo, quero a casa cheia de crianças.Eu engasgo com um pedaço de pãozinho, sinto as mãos quentes e fortes passando sobre minhas costas, enquanto começo a tossir.Filhos?! Agora?!Pelo amor de Deus!!!Eu não consigo olhar para o meu marido de tão constrangida que estou, não sei o que ele está pensando. Uma risadinha rouca e divertida soa ao meu lado.— Vocês estão muito apressados, eu e Nora acabamos de nos casar, calma! — Erol argumenta com paciência. — E também, temos que aproveitar um pouco a vid