Erol DemirUm dia atrás Depois que despedi da minha esposa no telefone sinto um vazio dentro de mim, só faz algumas horas que Nora está longe de mim e a saudade me corrói. Observo meu pai resmungar, pelo que o médico havia dito, ele está bem. — Olá filho. — Meu baba diz forçando a voz seca e rouca. — Opa, não force muito. — sorrio — devagar tudo bem? Vou pegar um pouco de água — vou até o filtro de água, pego um copo descartável, encho e levo de volta até meu pai —, a mamãe daqui a pouco estará aqui — aviso. — Seu irmão esteve... — Deu um gole no copo de água. — Nós brigamos e... — Eu sei. Não se preocupe com isso — me sento na cadeira ao lado dele. — Está tudo bem, agora beba a água. Não deve se preocupar com isso, está bem? Dou um sorriso confiante observando meu pai me obedecer e tomar toda a água do copo. Um tempo depois ouço o barulho na porta e minha mãe entra. — Querido, como se sente? — ela pergunta — Estou bem, fique tranquila — responde. — Alev? — Ele está se senti
Erol Demir— Amor precisa mesmo disso? — Ela pergunta risonha, segurando no meu ombro com as duas mãos, enquanto está com uma venda preta sobre os olhos.— Sim, precisa. — Respondo.Nora solta um muxoxo de reclamação e continua andando devagar. Vou segurando em sua cintura e a guiando com cuidado. Entro com ela no elevador do apartamento que aluguei, e aperto no andar. Ela faz a carinha de sapeca tentando tocar tudo em volta.— O que está aprontando, meu maridinho gostoso?Solto uma risada e resolvo provocá-la.— Querida, não estamos sozinhos no elevador. — Vejo suas bochechas corarem, não resisto e dou uma apertadinha. Tão safada comigo na cama e ainda, sim, tão fofa em algumas horas. — Estou brincando meu amor, estamos sozinhos.— Erol — me repreende, conseguindo me atingir nos meus ombros com um tapa e faz um biquinho. — Pare de ser sacana comigo.Dou outra risada.— Você é gostosa demais. — digo dando um selinho nela surpresa.— Estou ansiosa, você colocou esse pano nos meus olhos
Nora Bellini Demir— Só assim consigo almoçar com a minha melhor amiga agora — Michaela me olha fazendo um bico.Desde que voltei de viagem isso faz 1 semana, Mica reclama que não consegue me ver, claro que a minha saída do restaurante me deixou mais atarefada que o normal, e não é só comigo, Erol também tem ficado bastante por aqui.Nosso restaurante é um sucesso e sempre está lotado. Isso me deixa feliz.— Deixa de ser dramática — rebato com um biquinho, enquanto coloco no celular as fotos que tiramos em nossa viagem —, aqui estão as fotos de Paris.Mica pega meu celular entusiasmada.— Vocês são um casal nojento de tão lindos e fofos. Um porre.Solto uma risada enquanto olho para minha amiga.— Você está afiada hoje, TPM?— Não, falta de sexo mesmo — ela coloca as mãos na nuca e faz uma pausa dramática —, não transo faz meses e não aguento mais ter que fazer sozinha.Viro os olhos e olho para a lasanha em meu prato.— Isso não é problema para você.— Eu acho que é, sim, vou ter que
EpílogoAlguns meses depois.Os gritos dela ecoavam pelo local e se tornaram cada vez mais estrangulados, ela apertou as mãos do marido com força, enquanto sentia uma dor agoniante, as lágrimas desciam pelos seus olhos e o suor por sua testa e nuca, que logo foi enxugado por um pano úmido, enquanto a voz rouca lhe dizia palavras acolhedoras em seu ouvido.— Vamos meu amor, eu sei que dói, você consegue! — Erol sussurrou no ouvido dela, e deu um beijo no topo da cabeça dela, enquanto ela apertou sua mão com mais força.Ele estava sentado por trás dela, enquanto Nora mantinha a cabeça apoiada sobre o peito dele, a sua médica obstetra e uma enfermeira, estavam sentadas ao pé da cama observando e dando palavras acolhedoras.— Vamos, Eleonor, respire fundo! — A doutora Carlson disse. — Respire de novo, e faça um pouco mais de força, estamos quase lá.— Está bem! — exclamou com dificuldades, fechando os olhos com força, e se escorando mais em seu marido, que estremecia a cada grito dela.— E
Healdsburg (Califórnia)Havia uma pilha de papéis amassados em forma de pequenas bolas jogadas pelo chão, um gemido de frustração e aborrecimento escapou de sua garganta, o que estava acontecendo era uma situação inédita em sua vida. Primeiro pela chateação, ela nunca foi uma mulher de se irritar e quando isso acontecia era porque a coisa tinha fugido do seu controle. Segundo porque não estava conseguindo ter uma ideia. E terceiro, por sua família não ter desistido daquela loucura.O miado do seu gatinho lhe chamou toda a atenção, virou a cabeça para o lado e o viu brincando com a bagunça espalhada pelo chão. Pelo menos o seu bichano era o único que parecia se divertir. Voltando a sua concentração para o novo papel à sua frente, releu o que havia escrito, e logo soltou um muxoxo, amassou o papel com força e o jogou para trás.Mais um para Loki brincar.Colocou as mãos na cabeça e perdeu completamente a paciência, tudo estava um caos e ela não conseguia pensar em nada. No entanto, havi
Nora BelliniOuço o despertador do meu celular tocar, solto um gemido, não quero levantar, pois me lembro que hoje é o dia do meu casamento com Alev. Ainda não acredito que meus pais farão isso comigo, não existe amor entre mim e ele, e acho que nunca existirá, não consigo vê-lo como marido e nem ele consegue me ver como esposa.Pego o celular e vejo o relógio marcando sete horas, ainda é muito cedo, daqui a pouco minha mãe e Michaela estarão aqui. Sento na cama, coloco as mãos no rosto, penso um pouco e decido conversar com meu noivo antes do casamento, essa é a minha última tentativa, depois seria muito mais complicado.Levanto da cama o mais rápido possível, vou ao banheiro fazer minhas necessidades, tomo um banho rápido e coloco um vestido solto. Coloco a mão no meu estômago sentindo aquela ânsia e dor do nervosismo. Passo os dedos pelo meu cabelo os deixando soltos e saio apressada do meu apartamento.Vou em direção a mansão Demir, as pessoas na rua estão felizes e me felicitam p
Nora BelliniAo final da tarde, mamãe decidiu ir ao salão que estava marcado, eu e Mica aproveitamos para apagar todos os incensos e abrimos as janelas para o cheiro sair um pouco.Olhei para a hora, fui ao banheiro tomar um longo banho na banheira com rosas e outros perfumes corporais.— Está na hora de sair daí! — Mica entrou no banheiro. — Você vai me explicar o que houve, enquanto faço sua maquiagem e cabelo.Solto um suspiro e saio da banheira, me enrolo no roupão, agradeço por minha depilação está em dia, no entanto isso não significava nada, já que com certeza eu e meu futuro marido não iremos chegar aos finalmente, mas estar depilada nunca é demais.Me sento na cadeira de frente ao espelho no meu quarto e Michaela começa a secar meu cabelo. Quando os fios castanhos escuros estão secos, ela se prepara para fazer minha maquiagem — já que minha amiga é a melhor maquiadora da cidade. Enquanto eu fazia meu curso de gastronomia, Mica se formou em estética e fez um curso profissional
Erol DemirMas que inferno! Cadê você, irmão? Onde você se meteu?Já era a trigésima vez que eu ligo para Alev, eu não havia me dado conta que tinha amanhecido, passei a noite inteira em claro. Uma hora da madrugada resolvi sair para procurar por ele, liguei para os hotéis e motéis da cidade, no entanto, não havia sinal dele. Mamãe já está à base de remédios e papai uma pilha de nervos, juro que a qualquer momento um dos dois iria infartar.Aí danou-se de vez!Durante toda a noite permaneci tranquilo, achava que talvez Alev estivesse se despedindo de sua vida solteiro com alguma mulher por aí, mas agora estou achando estranho, não havia mensagem nenhuma, a porra do celular só cai em caixa postal, espero que não tenha acontecido nada grave.Passo as mãos pelo meu rosto e coço minha barba, resolvo tomar um banho e comer alguma coisa, ficar sem fazer nada também não ajudaria em nada.Após sair do banho, as palavras de meu pai na noite anterior ainda ecoam na minha cabeça, ele só podia est