Capítulo 3

Erol Demir

Mas que inferno! Cadê você, irmão? Onde você se meteu?

Já era a trigésima vez que eu ligo para Alev, eu não havia me dado conta que tinha amanhecido, passei a noite inteira em claro. Uma hora da madrugada resolvi sair para procurar por ele, liguei para os hotéis e motéis da cidade, no entanto, não havia sinal dele. Mamãe já está à base de remédios e papai uma pilha de nervos, juro que a qualquer momento um dos dois iria infartar.

Aí danou-se de vez!

Durante toda a noite permaneci tranquilo, achava que talvez Alev estivesse se despedindo de sua vida solteiro com alguma mulher por aí, mas agora estou achando estranho, não havia mensagem nenhuma, a porra do celular só cai em caixa postal, espero que não tenha acontecido nada grave.

Passo as mãos pelo meu rosto e coço minha barba, resolvo tomar um banho e comer alguma coisa, ficar sem fazer nada também não ajudaria em nada.

Após sair do banho, as palavras de meu pai na noite anterior ainda ecoam na minha cabeça, ele só podia estar zombando da minha cara. Eu já acho uma loucura esse casamento, sempre achei na verdade, pelo que sei do meu irmão, ele sempre foi contra e via Nora como uma irmã mais nova, não sei se ela sente o mesmo, nunca conversamos sobre isso, na verdade, nunca conversei sobre nada com a menina.

Eu era diferente não conseguia enxergá-la como uma irmã, desde a adolescência eu a via de um modo diferente, ela me causava arrepios e isso me assustava pra caralho por isso fugia dela, desviava de todos os lugares que a encontrava e quando não tinha jeito, dizia poucas palavras, eu não sabia o que dizer ou fazer quando estava perto dela, e ainda mais por saber que ela seria prometida do meu irmão, não a queria perto de mim.

Pelo que me lembro de seu jeitinho, ela era toda certinha, meiga demais, inteligente e linda, nunca havia quebrado regras, sempre chegava em casa na hora certa. Me recordo de uma festa do pessoal do último ano na casa de um amigo, levei um baita susto ao vê-la por lá principalmente bebendo com muitos garotos em volta a incentivando, Nora tinha 16 anos e eu já tinha feito 18, reagi na mesma hora, fui até ela e a tirei de lá.

Ela estava alegre demais, me xingando enquanto a tirava da festa, eu obviamente ignorei, coloquei ela no meu carro e a levei para casa. No meio do caminho ela havia adormecido, o seu cheiro tinha infestado o meu carro e aquilo causava reações no meu corpo que não conseguia controlar.

Maldito tesão de adolescente! Só de olhar para a boquinha de Nora sentia uma vontade imensa de beijá-la até perder os sentidos, queria tocar em seu corpo e roçar o meu no dela, para que ela sentisse o tamanho do meu desejo, esse fogo aumentava cada dia mais. Eu estava realmente ficando com medo de não fazer uma besteira, toda vez que ela me olhava com os olhos escuros inocentes querendo dizer alguma coisa ou perguntar, eu quase fraquejava.

Allah me proteja mas não posso ter essa menina.

Foram momentos terríveis no meu carro, aquela foi a pior prova que havia passado na vida.

Quando a deixei em casa seus pais me agradeceram, o senhor Bellini não ia com minha cara, e a última coisa que ele queria era que eu ficasse perto da filha, e meus esforços para que isso acontecesse eram muitos.

Mas parecia que não era o suficiente.

Naquela noite, tomei a decisão de ir para uma universidade bem longe da minha casa, eu precisava ficar longe o mais rápido possível.

E assim consegui. Até o momento, eu evitava qualquer coisa relacionada a Nora, de vez em quando eu dava uma olhada no seu i*******m, eu só sabia que ela tinha porque sem querer a morena havia curtido uma foto minha.

Eu dei risada daquilo e segundos depois a curtida tinha sumido, pega no pulo Norinha. Aproveitei e fiquei vagando pelas suas fotos.

Ela estava linda demais, gostosa demais! Porém totalmente proibida pra mim.

Volto a minha realidade, coloco uma roupa e desço para falar com meu pai, os empregados estão para lá e para cá arrumando as coisas para a festa de casamento.

Xingo meu irmão mais uma vez e então entro no escritório do meu pai.

— Continuem procurando por ele! — Ordena com a voz mais autoritária possível e desliga o telefone. — Quando eu achar seu irmão vou matá-lo.

— Calma, baba, vamos encontrá-lo, passei a madrugada procurando e ligando para ele.

— Bok! — xinga em turco —, eu vou sair para procurar também, sua mãe está com nervos à flor da pele, os convidados não vão demorar para chegar, eu recusei hospedar nossos primos para evitar qualquer falatório.

Dou um suspiro e decido falar em turco enquanto um empregado passa.

— her iki şekilde de konuşurlar. (Eles irão falar de qualquer forma).

— Evet! Allah, a situação com a família de Nora, ela deve estar muito ansiosa, vamos fazer de tudo para que nada saia errado.

— Pai, com certeza vamos dar um jeito, vou rodar pela cidade, ainda é cedo.

Continuamos a discutir sobre o que fazer em turco.

— Nem ouse sumir também, Erol, falei sério ontem — avisa.

Eu o ignoro e saio do escritório o mais rápido possível, esqueço do meu café e parto para fora de casa, preciso achar Alev a qualquer custo. Assim que eu o encontrar eu mesmo o mato, ele irá subir naquele altar nem que seja amarrado.

Se ele não quiser se casar pelo menos terá que ter a decência de avisar a moça e não fazer essa sacanagem. Homem que é homem honra o que tem entre as pernas não só na cama, mas com atitudes.

E meu irmão está sendo um filho da puta covarde. Eu posso ter todos os defeitos do mundo, mas pelo menos eu seguro o que faço.

|...|

Horas se passaram, volto para casa totalmente frustrado, não achei meu irmão em nenhum lugar, olho para hora no relógio da parede, levo um susto e passo as mãos no rosto. Meu pai entra pela porta principal e olha para mim com um sorriso sarcástico.

— Meus parabéns é o seu dia de sorte, você irá casar com ela. — Anuncia meu baba e sai andando me deixando com cara de idiota.

Como é?

Isso não pode ser sério!

— Baba! — Minha voz sai rouca de nervoso. — Ficou louco?

— Não. — Ele entra no escritório de novo com um sorriso debochado. — Você está pálido.

— Mas é claro que estou pálido! Eu não posso me casar!

— Por quê? Tem compromisso com alguém?

— Não — digo indignado.

— Está devendo a alguém? Porque eu estou, eu não vou dizer ao meu amigo agora que o meu filho sumiu no dia do casamento com a filha dele. Você irá casar com ela.

— Papai, não posso me casar com Nora, eu... — suspiro e tento me acalmar. — Mal conheço a Nora, são anos de distância, não sei nada sobre ela.

— O casamento irá ajudar a resolver isso.

— Allah! Allah! Isso é um absurdo.

— Ótimo, não quer se casar no lugar do seu irmão?! Então você mesmo irá dizer a eles o que aconteceu, boa sorte com isso.

Praguejo um palavrão.

— Está certo, eu mesmo falarei para Eleanor.

— Estou esperando. — Meu pai vai até a prateleira cheias de bebidas e se serve de um pequeno copo com uísque.

Quando meu baba está estressado sempre bebe para tentar acalmar os nervos.

— Eu estou indo — digo sem sair do lugar.

— Ok, tchau.

— Não tente me impedir baba — rebato.

— Não estou tentando segurá-lo. — Ele está tentando reprimir um sorriso.

Um grunhido sai da minha garganta e vou até ele, pego a garrafa de uísque, tomo um grande gole no gargalo mesmo. Sinto o líquido descer ardendo pela minha garganta.

— Ah, claro, beber ajuda muito. — Baba diz com ironia.

— Muito bem agora eu vou.

— Por que ainda está aqui? — ele levanta os braços —, Erol o casamento é às 18 horas. Não ouse se atrasar!

Meu pai não tem fé em mim, ele acha que não irei dizer o que aconteceu, mas eu vou, saio da sala e sigo até a porta principal, eu não faço ideia do que irei dizer para Nora e para sua família.

Que vontade de meter a porrada no meu irmão. Olha a situação que ele nos colocou. Assim que passo pela porta principal novamente dou de cara com a senhora Bellini. Seu rosto está se espantando ao me ver, ela me analisa e um sorriso se forma em seus lábios.

— Erol?

— Senhora Bellini. — Cumprimento com um sorriso. — Como vai?

— Meu Deus! Você saiu daqui um menino e olhe só para você, rapaz! Quanto tempo não lhe vejo — ela sorri me analisando.

Diferente do pai de Nora, Dona Evangeline sempre me tratou muito bem e abria um sorriso contagiante quando me via, gosto dela e sinto que ela também gosta de mim.

Fico um pouco vermelho.

— Faz muito tempo mesmo, a senhora está bem?

— Claro querido, mas senhora não por favor, me chame de Eva. E você como está? Que homem bonito você é.

Fico ainda mais envergonhado.

— Estou bem, na verdade, estava indo na sua casa precisava falar com…

— Nora? — ela pergunta.

— Sim.

— Ah querido, sinto muito, acho que você não iria conseguir muita atenção dela, a minha menina está uma pilha de nervos e não se aguenta de ansiedade. Ela já está se aprontando, talvez mais tarde. Eu também vim aqui chamar sua mãe, para irmos ao salão juntas.

— E já estou aqui — mamãe diz atrás de mim. — Erol, tudo certo né?

Engulo em seco, e sinto o olhar pesado de minha mãe sobre mim, não ouso falar nada para ela.

— Sim, tudo certo — respondo assim que encontro minha voz de novo.

— Ótimo, como a Nora está? Eu queria tanto dar uma abraço nela antes do casamento.

— Ah querida Ayla, não a conhece? Nora está bem nervosa, ansiosa demais e animada, assim como nós…

Não ouço mais o que as duas matriarcas dizem, eu apenas fico imaginando Nora no altar sem meu irmão para lhe dar a mão. Fecho os olhos com força e balanço a cabeça, a humilhação seria enorme, principalmente para uma noiva, fora que aquela cidade iria comentar por anos.

De jeito nenhum deixaria aquilo acontecer.

Solto um suspiro e me rendo, vou fazer parte dessa maluquice depois terei que dar um jeito naquilo, mas nunca vou deixá-la sozinha no altar.

Era melhor ela me dizer não, do que passar por aquela humilhação pública, eu iria superar, afinal eu nem morava na cidade, já Nora não sei.

As duas mulheres se despedem de mim e vão para fora da mansão. Fecho a porta e retorno ao escritório do meu baba.

— Nossa, essa foi a conversa mais rápida que já vi na vida.

O fuzilo com os olhos.

— Está bem, irei me casar com ela.

— Não diga? — Baba sorri e vem até mim. — Eu sabia que iria fazer a escolha certa, eu encomendei o seu terno, está no seu quarto, o de Alev não irá caber em você, seu irmão é mais magro.

— Eu já tinha um terno. — Digo fazendo uma careta.

Detesto roupa social, era bastante quente e desconfortável.

— Não, você é um noivo filho, e tente sorrir — aconselha. — Aquela menina é uma princesa, então a trate como tal, estou lhe entregando Nora, não me arrependa disso Erol.

Resmungo baixo.

Solto um suspiro, vou até a prateleira de bebidas e encho o copo com uísque.

— Ficar bêbado não vai adiantar nada.

— Não irei ficar, trabalho com isso, esqueceu? — balanço o copo.

— Vai cortar o cabelo e tirar essa barba? Ainda dá tempo.

Viro os olhos e balanço a cabeça em negação, estava demorando a implicância com meu cabelo grande até os ombros e minha barba também. Esse é o meu estilo e gosto assim.

— Deixa a minha barba e o meu cabelo aqui. Vou ficar apresentável, não se preocupe.

— Fazer o que né, Nora iria se casar com um engomadinho e agora ela terá um viking rebelde.

— Vocês que arrumaram isso, agora aguentem — retruco —, algo me diz que Nora gosta de vikings. — Um sorriso se forma em meus lábios quando lembro da curtida de Nora na minha foto no I*******m. — Os bad boys também chamam atenção.

— Eu sei, mas você está longe de ser um, dentro desse ar aí, existe um homem doce que eu sei e é até mais carinhoso que seu irmão.

— Ihh... começou — bebo uísque inteiro e coloco o copo em cima da mesa dele. — Eu vou tomar outro banho e começar a me arrumar.

— Vê se tira essa barba! — Baba grita do escritório.

— Não! — Rebato de volta enquanto subo as escadas e vou em direção ao meu quarto.

NanaBOliver

Boa noite amores, vou começar a atualizar a história! lembrando que Erol é turco. Baba = papai Anne = mãe beijinhos! espero que gostem da história!

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