Capítulo 4

Erol Demir

Eu ainda não acredito que isso está realmente acontecendo, coloco as mãos na gravata e ajeito, essa é a quinta vez que eu arrumo essa porcaria. Odeio terno. Apesar do clima estar um pouco frio, me sinto suando de nervoso.

Juro que se meu irmão aparecesse aqui agora não ia prestar.

Filho da puta!

Reparo onde estou e peço perdão por está xingando dentro da casa de Deus, estou me preparando psicologicamente para colocar um anel no meu dedo e não consigo relaxar, sinto uma leve dor em minha nuca.

Principalmente por ter uma plateia gigante sentada me olhando com curiosidade.

As pessoas cochichavam entre si e eu ignoro a todo custo, olho para meu baba e minha annen, os dois mantém seu olhar seguro sem desfazer a pose.

Pela janela da igreja vejo meu reflexo, estou apresentável, fiz um coque no meu cabelo deixando para trás e aparei minha barba, deixando os pelos um pouco mais baixo. Embora não goste da roupa, admito que estou bastante gato.

Olho para o chão e me sinto mais nervoso que antes, Nora está demorando muito, ela com certeza deve ter desistido, por que essa demoraria tanto? Então as portas da igreja se abrem e segundos depois, a bela Eleonor Bellini entrou elegantemente ao lado do pai.

Dizer que ela estava linda era muito pouco, meu coração dispara feito um louco e tento controlar o comichão que surge no meio da minha barriga, meu corpo estremece e se arrepia na medida que eu analiso minha futura esposa de cima abaixo.

Como é possível que essa mulher tenha conseguido ficar ainda mais linda? As fotos não se comparavam ao que ela é pessoalmente.

Ah Alev, você é um grande filho da puta.

Observo o seu choque na porta da igreja ao lado do pai, tento não sorrir diante daquilo, sua expressão está muito engraçada, o desespero é nítido. Mordo os lábios para evitar uma gargalhada, olho para Bernard que também não esconde seu espanto.

Irei deixar para que meu pai explicasse tudo ao meu futuro sogro, pois meu foco é todinho da mulher que vem para mim. A minha conversa será primeiramente com ela e não com outra pessoa.

Quando finalmente Eleonor começou a andar na minha direção sendo amparada pelo pai, sinto outra comichão mais forte na barriga. Pelo visto a minha atração pela garota não havia passado nenhum um pouco. Ela é muito linda.

Enfim os dois chegam até mim, Bernard me entrega sua filha, posso sentir o aroma gostoso do seu perfume, isso mexe muito comigo, a vontade que tenho é de mergulhar meu rosto no pescoço dela e aspirar esse cheiro. Aperto as mãos do homem com força e balanço a cabeça para ele.

— Meu pai irá explicar tudo — sussurro e dou meu braço para Nora.

A celebração começa, está sendo rápida e bonita, o padre começa a falar sobre nós dois e a importância do casamento e amor. A cada momento que passa eu a sinto tensa, enquanto eu começo a me divertir com a situação.

— Relaxe Nora — aconselho em seu ouvido disfarçadamente, para quebrar a tensão, noto que ela estremece quando me aproximo um pouco mais —, você está casando com o irmão gostoso — brinco.

O efeito que eu quero dá certo, ela olha para baixo e dá uma risadinha.

Após isso os votos ocorrem junto com as alianças, me controlo o máximo para não tremer enquanto repito as mesmas frases que o padre diz, seguro nas mãos dela com força tento passar toda a segurança, notando o quanto ela tremia sobre meus dedos.

Eu, de fato, estou amando vê-la se arrepiando a cada palavra que digo.

Aquilo é interessante demais e senti-la reagindo a mim é prazeroso.

Chega a vez dela, não reprimo um meio sorriso, agora é a minha vez de se arrepiar ao som de sua voz — doce, meiga e sensual. Tento o máximo não imaginar como é o sim que ela faz quando está gemendo na cama.

Porra!

Eu não sou de ferro, só de pensar naquilo o formigamento em minha barriga chega a ser mais intenso e se concentra diretamente no meio das minhas pernas.

Cacete! Ela não deveria mexer tanto assim comigo, observando-a desse jeito, toda linda, tremendo e vermelha, só me faz pensar no quanto meu irmão é um desgraçado e eu sou um maldito sortudo.

Nesse momento eu não faço ideia se agradeço Alev ou o xingo. Talvez as duas coisas.

— Pode beijar a noiva. — O padre permite.

Olho para Nora e me sinto nervoso, eu estou sim com vontade de beijá-la, mas não desse jeito e não na frente de todo mundo. Dou um beijo na sua testa e sinto o seu ofegar, inspiro um pouco do seu perfume e suspiro.

O padre nos chama para assinar os papéis do civil. Graças a Deus isso está acabando.

Assim que a cerimônia se encerra, eu dou as mãos para minha esposa e saímos da igreja, aquela coisa de arroz acontece também e assim que nós dois passamos jogam arroz em cima.

Guio Nora até o meu carro, o manobrista estava nos esperando e a ajudo a entrar, em seguida fiz sinal para nossos pais indicando que iria para a mansão, agradeço muito por a festa ser na minha casa.

Entro no carro ao lado do motorista e ligo o carro e dou partida seguindo para a mansão. Outra coisa que eu agradeço no momento era pelo vidro do carro ser escuro, ninguém consegue nos ver aqui dentro, aquilo vinha calhar muito bem. Conforme eu vou passando pelas ruas da cidade o bando de xeretas tentam olhar para dentro do carro para nos ver.

Dou uma breve olhada para minha esposa sentada ao meu lado no banco do carona, suas mãos estão unidas e seu nervosismo é evidente.

Então ela me olha e está prestes a falar alguma coisa.

— Não querida, agora não — me antecipo sabendo de suas intenções, giro o volante do carro na rua da mansão. — Vamos dançar conforme a música por enquanto, em breve iremos conversar.

— Tudo bem!

Sorrio e pisco para ela, o portão grande da mansão é aberto e entro com meu carro na garagem. Quando estaciono, desligo o carro e corro para o lado para ajudá-la a sair.

Logo atrás de nós nossos pais chegam e assim os convidados, ficamos no inicio da porta para receber e cumprimentar todos. Os primeiros são meus pais.

— Bem vinda a família, querida. — Minha mãe cumprimenta Nora, colocando as mãos no rosto dela. — Não se preocupe que tudo irá se ajeitar.

— Obrigada. — Responde ela com um sorriso.

— Isso mesmo! — Baba sorrir. — Minha amada esposa tem razão, e olha que é muito difícil concordar com ela. — Depois dessa última frase meu pai recebe um cutucão da minha mãe. Caímos na risada. — Não se preocupe Nora, tudo ficará bem com o tempo. — Continua ele me dando um breve olhar. — Na minha opinião você casou com o irmão certo. — Conclui com um sorriso e sai, nos deixando ainda mais constrangidos.

Coço a minha barba, aquela era uma mania que tinha quando estou nervoso.

Chega a vez dos pais de Nora, Eva abraça a filha totalmente emocionada, enquanto Bernard me encara seriamente, ele me estende as mãos dando um longo suspiro. Acho que meu pai deve ter contado tudo.

— Eu não sei como te agradecer, garoto — diz sinceramente.

— Está tudo bem, não se preocupe com isso — aperto as mãos dele. — O importante é que Eleonor está bem, vou cuidar muito bem da sua filha, vou dar o melhor de mim.

Aquilo era uma tremenda verdade, enquanto Nora estivesse comigo, faria o possível para fazê-la ficar feliz e bem, e também queria provar para o senhor à minha frente que eu não era um cara totalmente errado como ele achava.

Não entendia o porquê daquela aprovação, mas precisava.

Os pais da minha esposa trocaram de lado. Eva ignorou completamente o cumprimento com as mãos e me deu um abraço apertado.

— Agora você é meu filho — ela diz dando um leve tapinha no meu rosto.

— Acho que sim.

— Cuide bem da minha garotinha, Erol.

— Vou cuidar — sorrio para tranquilizá-la.

Então chegou a vez dos outros convidados. Os padrinhos e madrinhas, a primeira foi uma loira que eu conhecia bem por ser melhor amiga de Nora.

— Parabéns aos dois! — Diz Michaela e olha para mim. — Eu não sei o que houve para você ter se casado no lugar do seu irmão, mas se você a fizer sofrer juro por Deus que persigo você até no inferno.

Ergo uma sobrancelha e fico intrigado, ouço Nora repreender a amiga.

— Eu gosto de um bom desafio, mas eu não fujo das minhas responsabilidades, por mais louca que for — dou de ombros e pisco para a morena ao meu lado.

Ela me retribui com um sorriso caloroso.

— Acho bom mesmo — enfatiza a loira, saindo em seguida.

Continuamos a cumprimentar os convidados e vinte minutos depois, estamos liberados.

— Desculpe por Michaela. — Nora sussurra baixinho, após um tempo.

— Relaxe, eu teria feito a mesma coisa, e a ameaça seria bem pior. — Seguro nas mãos dela e dou um beijo, as suas bochechas coram, acho bonitinho. — Vamos descansar um pouco.

Nós dois seguimos até o salão de festas da mansão, a maior parte era ao ar livre, o céu estava muito estrelado e bonito aquela noite, a música ambiente era tranquila — muito diferente das músicas que eu gosto.

Observo minha esposa se arrepiar com um vento gelado que passou, tiro o blazer do meu terno e coloco sobre seus ombros.

Ela me encara um pouco confusa.

— Obrigada, mas você não vai ficar com frio?

Dou uma risada baixa. Frio é uma coisa que não sinto mesmo no momento, meu corpo inteiro está quente, e isso era culpa dela.

— Não, estou até com calor.

— Você está bem? — Nora me lança um olhar preocupado. — Não está com febre?

— Não — respondo com um sorriso.

Seguro nas mãos dela e a coloco sobre meu peito, a sinto estremecer. — Está sentindo? Completamente quente, mas sem febre. É o meu calor natural — digo baixinho.

Nós dois continuamos nos encarando e suas mãos ainda estão sobre meu peito, há um pouco de tensão entre nós, pelo menos de minha parte tem muita, mas antes de qualquer coisa eu quero conversar com Nora sobre o que vai acontecer a partir de agora. Tem tantas coisas para conversarmos.

Meus olhos caiam para sua boca e passo a língua nos meus lábios. Ela tem a boca mais linda que já vi e me deixa completamente tentado a provar seu gosto.

O ar ficou mais quente e percebo que a respiração de Nora muda, assim como a minha. Somos interrompidos por um garçom.

— Os noivos aceitam champanhe? — pergunta.

— Claro! — Nora pega a taça e toma um gole grande, ela me olha assustada, como se desse conta do que tinha feito. — Estava com muita sede.

Sorrio e concordo.

— Também estou — bebo um gole do champanhe.

— Chefe! — Ouço uma voz grossa atrás de nós.

Nora se vira para olhar.

— David, algum problema? — questiona com as sobrancelhas franzidas.

— Nenhum, estão todos elogiando a comida. — David rir. — Pode ficar tranquila.

Michaela se aproxima com uma garota.

— Ei, Erol, você sabia que o jantar foi

preparado por sua noiva? — ela pergunta. Nora faz uma careta.

— Na verdade foi minha equipe que preparou. Eu só montei o cardápio. — Respondeu minha esposa colocando as mãos na testa. — E foi às pressas. — completou envergonhada.

— Hm, então a senhora é uma Chef de cozinha? — pergunto. Eu já sabia a resposta, sabia que Nora havia feito gastronomia e era uma das melhores chefs da cidade. Ela só não precisa saber que eu sei.

Um garçom passa com um aperitivo, aproveito e pego para provar.

— Está brincando? — A outra menina se mete na conversa. — Ela é a melhor Chef de todo o estado.

— A melhor? — Provoco. — Não sei se é a melhor ainda, não averiguei, mas vamos ver. — Provo o aperitivo, sinto o gosto e fecho os olhos. — Hmmmm, eu já sabia que você era boa, mas não tanto, como se chama?

— Bom — Ela morde os lábios. —, chama-se gigot d’agneau.

— Pernil de Cordeiro — respondo, ouvindo a risada dela.

— Você também fala francês? — pergunta impressionada. — Eu não sabia disso.

— Sim, sou muito bom com várias línguas — pisco para ela —, mas isso é maravilhoso! Saúde para suas mãos.

— Erol, você ainda não viu nada — Michaela pronúncia. — Agora vamos deixar o casal sozinhos, temos muita coisa para fazer.

David sorri.

— Vamos ganhar um aumento por trabalhar no seu casamento?

— Talvez. — Nora diz. — Vamos ver.

— Vamos lá! — a outra garota dá um tapinha nas costas do homem e sai o puxando.

— Eles são meus ajudantes. — Ela me explica, e toma outro gole da taça. — São divertidos e a cozinha fica animada quando estou com eles.

— Eu imagino — digo com um sorriso de canto —, então você é divertida senhorita Bellini, opa quer dizer... — limpo minha garganta depois de beber o champanhe me aproximo do seu ouvido e sussurro. — Senhora Demir.

Vejo a pele dela se arrepiar novamente. Allah! Como eu gosto disso. Sinto que a qualquer momento ela vai desfalecer nos meus braços.

Nora é e sempre foi diferente de qualquer outra mulher que eu tenha conhecido. Isso me deixa louco.

Observo um pouco o salão e encontro pessoas que não via há muito tempo, uma parte de minha família olha para mim e Nora com aprovação e conversam entre si.

Eu não quero saber o que eles estão falando. Estou até com um pouco de medo. Quando minha família cisma com uma coisa nada no mundo é capaz de tirar.

Conforme a festa foi passando os convidados pareciam alegres demais e entretidos nas suas conversas que até paramos um pouco de ser o centro das atenções. Me aproximo de Nora por trás e sussurro em seu ouvido.

— Venha comigo!

— Está bem.

Nós dois demos os braços e saímos andando juntos, entramos dentro da mansão e ainda ouvimos o falatório e a música tocando. A levo até o escritório do meu pai, assim que ela passa fecho a porta em seguida.

— Enfim sós. — Sorrio tranquilamente. — Agora eu e você teremos que ter uma conversa séria.

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