Capítulo 2

— Podemos conversar? — April perguntou apontando para dentro do seu apartamento, Snyder cedeu passagem, vendo os dois entrarem a passos vagarosos, olhando ao redor aquele minúsculo apartamento, Dominic fechou a porta e se aproximou dos detetives.

— Então...

— Onde estava ontem à noite? Próximo as onze e meia da noite... — April perguntou em um tom baixo, quase passivo.

— Na casa do meu amigo! A cinco quadras daqui, fiquei lá até de madrugada, depois fui até a padaria que fica a três quadras daqui, depois caminhei de volta, as câmeras me mostram chagando! — Dominic respondeu cruzando os braços.

— Bem detalhado, hum? — Darío perguntou desconfiado.

— Sou escritor, escrevi livros que tinham policiais e suas perguntas! Alguma coisa aconteceu e meu nome apareceu ou eu passei perto de alguém que fez alguma coisa! — Dominic viu quando os dois se olharam.

— Dominic, temos um problema... vai ter que nos acompanhar até a delegacia para explicar melhor... — Darío viu o homem ficar ainda mais desconfiado — não fez nada de errado, mas, achamos que pode estar em perigo!

— Que tipo de perigo?

— Achamos que pode ter um lunático atrás de você! — April foi sincera — não queremos causar pânico, porém, e necessário que venha com a gente!

Dominic bufou, caminhou até seu quarto, tirou sua calça de moletom e vestiu uma calça jeans e colocou um tênis, depois, trocou seu moletom velho dos incríveis e colocou uma blusa branca e limpa, passou desodorante e pegou uma touca para cobrir seu cabelo, pegou uma jaqueta acolchoada por dentro e saiu do quarto, encontrando os policiais ainda o esperando na sala, porém, analisando sua estante onde seus livros estavam expostos.

— São seus sete livros?  — Darío estava com o quarto em suas mãos.

— Sim! Quer que eu os leve?

— Não é necessário... — April respondeu — vamos?

Os três saíram após Dominic pegar seus documentos e deixar comida para o seu gato que em algum momento voltaria pela janela, o escritor foi levado até a viatura, posto no banco de trás, vendo alguns olhares acompanhando a movimentação.

— Que beleza, agora meus vizinhos acham que sou um criminoso... — Dominic murmurou — não tinha um carro mais discreto, não?

— Está em proteção policial! — Darío respondeu.

— Não é isso que aquela velha fofoqueira vai dizer... e aí? Como sabem que esse lunático está atrás de mim? Inclusive, sabiam que lunático é um termo bem pejorativo para doentes mentais? Escrevi um livro onde o assassino era esquizofrênico, tive que assistir inúmeras palestras sobre doenças e transtornos... — Dominic falava muito quando estava nervoso, principalmente quando sentia que o silêncio era incômodo.

— Pesquisa muito para fazer seus personagens? Até os assassinos? — April o encarou pelo retrovisor.

— Sim! Sempre me dedico muito aos meus livros!

— E por que fazer livros sobre crimes tão horrendos? — Dessa vez foi Darío há perguntar.

— Faz parte não só da narrativa, mas da construção dos personagens... — o escritor respondeu olhando a paisagem — sei que parece estranho, mas, no livro faz todo o sentido!

Eles pararam em frente à delegacia, Darío e April saíram primeiro, a policial abriu a porta para Dominic e o guiou até o elevador, quando ele parou novamente e abriu suas portas, os três saíram da caixa de metal.

Dominic viu como as pessoas o olhavam, quase como se o culpassem por algo, como se ele fosse um criminoso sendo preso na frente de todos, se sentiu acuado e até mesmo envergonhado por estar ali, abaixou a cabeça enquanto caminhava atrás dos policiais.

— Sente-se, por favor! — Darío apontou para uma cadeira vazia, um quadro com fotos dos crimes estava exposto, Dominic não se mostrou surpreso, já tinha visto imagens piores, até mesmo vídeos — Dominic, esse é o sargento James Chang e o capitão Daniel Harris!

James era alto, magro e com um olhar desconfiado, Daniel era mais velho, deveria ter mais de sessenta anos, que olhava com uma feição séria na direção do escritor.

— Senhor Snyder, obrigado por ter vindo! — Daniel o cumprimentou com um aperto de mão — espero que possa nos ajudar!

— Claro! — Dominic ainda estava desconfortável com todos aqueles olhares em sua direção.

— Senhor Snyder, no dia três uma mulher foi assassinada com um tiro na nuca, ela foi morta e encontrada em seu quarto, foi posta de joelhos e com as mãos juntas! No dia doze, um homem foi torturado por eletrochoque em um armazém dentro de uma banheira com água, morreu de parada cardíaca! — Aaron apontou para as fotos — na noite de ontem, um casal foi brutalmente assassinato, esfaqueados no quarto de um deles e abandonados lá, nas três cenas, páginas dos seus livros foram encontradas! — Dominic entendeu onde estavam querendo chegar — você recebeu alguma mensagem, e-mail ou algum fã foi até você?

— Tudo isso que você falou e mais um pouco... — Dominic respondeu — tenho fã clubes, recebo mensagens de todos os tipos, boas e ruins, além de escrever sobre crimes, escrevo romances gays e transgêneros! Sabe quantas mensagens de ódio já recebi?

— Alguma mensagem que te pareça estranha? — April perguntou.

— Várias! Vocês têm que ser mais específicos no que querem de mim, se quiserem, podem ter acesso ao meu notebook, mas, precisarei dele em pouco tempo, é meu objeto de trabalho! — Dominic respondeu encarando as cenas — sabe quantas facadas o casal recebeu?

— Inconclusivo! Consegui contabilizar oitenta e duas em cada! — A voz de outro homem chamou a atenção de Dominic — sou Hayden Malik, médico legista... soube que estava aqui e acho que pode nos ajudar, especifica o número de facadas em seu livro?

— Cento e dezesseis na mulher e cento e trinta no amante! — Dominic explicou — algumas no mesmo lugar e por isso, no final, se contabiliza oitenta e duas em cada!

— Amante? — Darío perguntou ao escritor, apenas para saber como exatidão até onde Dominic tinha ou não informações — acha que os dois eram amantes?

— Eram! — Outro policial se aproximou — porém, o marido estava trabalhando no horário das mortes, a esposa estava tendo um caso a cinco meses!

— Turner, esse é Dominic Snyder, autor dos livros que inspiraram os assassinatos! — Daniel apresentou e o tal Turner o encarou com olhos acusadores.

— Olha, sou o escritor, mas, não sou o culpado por causa disso! — Dominic se defendeu — até onde eu entendi, não estou preso, não tenho nada contra mim e nem motivo para vocês estarem me olhando desse jeito e nem me tratando desse jeito!

— Não? Seus livros são quase um manual do que fazer! — O tal Turner falou — como invadir, como esfaquear, até o número de facadas!

— Sim! Inspirados em documentários policiais disponíveis na N*****x! — Dominic respondeu — a mulher morta com um tiro? Um policial descreveu todo o cenário, o ex-namorado invadiu seu apartamento pela escada de incêndio, acabando em seu quarto, a fez ficar de joelhos e com as mãos juntas já que ele queria que ela pedisse perdão, depois que terminou, deu um tiro em sua nuca! O cara torturado? Os policiais falaram como ele e mais cinco pessoas foram mantidas por três dias sofrendo muitas torturas, o casal só foi casos que juntei em um só e coloquei um motivo! — esbravejou — e aí? Esse idiota está atrás de mim ou posso ir embora?

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