“Liam arrastou o corpo de Carla por todo o corredor, deixando um rastro de sangue no chão cimentado. O corpo da mulher estava com inúmeras facadas, que eram a personificação do seu ódio por sua esposa traidora. Ele assobiava enquanto arrastava aquele peso morto que um dia recebeu todo o seu amor, a deixou estendida ali, voltou a se erguer e começou a caminhar por todo o caminho que fez anteriormente, chegando até o quarto onde Fernando estava amarrado e amordaçado, seus olhos negros se focaram no homem amedrontado no chão, ele caminhou até a cama e pegou a mesma faca que usou em Carla.
— Não me entenda mal..., mas, ajudou aquela vadia a me trair, tem culpa nisso também! — Foi a última coisa dita antes de inúmeras facadas serem dadas no corpo do homem”
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Os detetives estavam encarando aquela cena brutal, uma mulher com uma quantidade absurdas de facadas junto ao namorado que estava amarrado e amordaçado.
— Já sabemos quantas facadas foram? — Darío perguntou a Hayden que estava ajoelhado próximo a vítima feminina.
— Impossível saber dessa forma! Mesmo após a autópsia, é provável que nem todas as facadas sejam realmente contabilizadas! — O legista se ergueu, os olhos castanhos estavam focados na prancheta em sua mão — vou demorar com esses, sinceramente, quem fez isso tem muito ódio!
— O terceiro em um mês... — April suspirou — acha que é o mesmo assassino?
— Não posso afirmar! Esses foram facadas, Nick foi morta com um tiro na nuca e Bruce foi torturado com eletrochoque até que seu coração parou... não sei se é o mesmo assassino! — Hayden explicou — bom, até o final do dia devo ter algum resultado! E na verdade, é o quinto!
Os corpos foram retirados do local e levados em direção ao necrotério, Hayden era o médico legista que trabalhava diretamente com a UVE, vendo os mais brutais casos e sempre sabendo contar a história do corpo, porém, com aqueles três últimos corpos, algo de estranho estava tirando seu sono, a forma que os corpos apareciam, a forma que parecia tudo minimamente organizado, como se fosse para não restar provas, o que funcionava. Não tinham digitais, fios de cabelos ou qualquer outra coisa que levasse a prisão do culpado por tudo aquilo. Havia, porém, os dois primeiros tinham alguma coisa que dizia a Malik que eles não estavam conectados, a forma completamente diferente em algumas circunstâncias não parecia ser do mesmo assassino.
Mesmo não sendo mortes parecidas, Hayden sabia que era o mesmo assassino e só uma coisa poderia confirmar isso! O verdadeiro culpado!
— Darío, procure alguma coisa que seja parecido com uma página de livro ou uma página com alguma coisa escrita! — Aaron sugeriu.
O psiquiatra anunciou sua presença com o pedido feito, o homem colocou suas mãos no bolso e olhou ao redor, os olhos amendoados e negros pareciam varrer todo o local, o cabelo escuro estava jogado para trás, o corpo esguio e alto era coberto por uma blusa de gola alta e de lã na cor preta, sua calça social também preta parecia sempre deixar sua postura imponente e respeitada, seus pés cobertos pelo sapato bem lustrado avançou poucos passos para dentro da cena.
— O que isso tem a ver com o crime? — April questionou.
— Se acharem, confirmarei minhas suspeitas... — Aaron explicou, April se virou e deu ordens para buscar pelo que Aaron mandou.
Em menos de uma hora de busca, um policial apareceu com uma página rasgada, foi entregue a Darío que usou uma luva para poder segurar naquela folha e poder ler.
— Liam não queria ouvir as desculpas que Carla poderia vir a inventar, ele sabia o que estava vendo bem na sua frente, ele conhecia aquele outro homem, era Fernando! Um amigo da academia que Carla passou a frequentar, e bem na sua frente a concretização de suas desconfianças! Carla estava o traindo! — Darío terminou de ler e suspirou ao encarar toda a cena daquele crime horrendo — acha que eram amantes?
— Tenho plena certeza de que sim! — Aaron foi incisivo — nos outros crimes, também foram encontradas páginas que descreviam com exatidão os crimes! Todos vieram de livros!
— Quais? — Hayden questionou tão curioso quanto os demais.
— Não são uma trilogia ou ligados, mas foram escritos pelo mesmo autor, Dominic Snyder!
— Vou pedir ao Samuel para olhar as provas dos últimos crimes! — Hayden viu Daniel se aproximar.
— Deixa que eu faço isso! — O legista suspirou — você já tem trabalho demais tentando ligar todos esses corpos!
— E quem vai atrás do Snyder? — James perguntou.
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Dominic se sentou em frente ao notebook mais uma vez, encarando a tela que já estava com cinco mil palavras contabilizadas pelo programa usado pelo escritor, os dedos longos contornaram a alça da sua xícara vermelha que fumegava a fumaça do seu café recém feito.
— Vamos lá, Noah... me diz o que você vai fazer... — Dominic murmurou voltando a digitar, lendo suas palavras anteriores e depois se concentrando no que deveria escrever.
O Snyder estava extremamente focado, não se preocupando com as horas que avançavam ou com o dia que já se tornava noite, seu café já tinha sido reposto pelo menos cinco vezes, seu corpo já reclamava um pouco por suas longas horas sentado na mesma posição, Lúcifer, seu gato, já tinha saído pela janela e usando a escada de incêndio para ir até o endereço.
Porém, sua concentração foi cortada quando alguém bateu repetidamente em sua porta, o homem se levantou com preguiça, os pés descalços caminharam até a porta do apartamento, sua mão rodeou a maçaneta redonda e a girou, abrindo apenas uma fresta da porta, vendo olhos castanhos o encarando, o homem alto com cabelos curtos e castanho escuro, vestido com roupas mais socais, ele parecia curioso em relação a Dominic.
— Dominic Hardin Snyder? — Ele perguntou, o escritor confirmou e viu o homem mostrar um distintivo — sou o detetive Darío Ortiz e essa é minha parceira April Amaro!
Dominic abriu a porta por completo, vendo uma mulher de cabelos curtos e castanhos, olhos da mesma cor, estatura mediana, porém parecendo menor próxima a Darío.
— Em que posso ajudar?
— Podemos conversar? — April perguntou apontando para dentro do seu apartamento, Snyder cedeu passagem, vendo os dois entrarem a passos vagarosos, olhando ao redor aquele minúsculo apartamento, Dominic fechou a porta e se aproximou dos detetives.— Então...— Onde estava ontem à noite? Próximo as onze e meia da noite... — April perguntou em um tom baixo, quase passivo.— Na casa do meu amigo! A cinco quadras daqui, fiquei lá até de madrugada, depois fui até a padaria que fica a três quadras daqui, depois caminhei de volta, as câmeras me mostram chagando! — Dominic respondeu cruzando os braços.— Bem detalhado, hum? — Darío perguntou desconfiado.— Sou escritor, escrevi livros que tinham policiais e suas perguntas! Alguma coisa aconteceu e meu nome apareceu ou eu passei perto de alguém que fez alguma coisa! — Dominic viu quando os dois se olharam.— Dominic, temos um problema... vai ter que nos acompanhar até a delegacia para explicar melhor... — Darío viu o homem ficar ainda mais desc
— Senhor Snyder, sinto muito por tudo isso! Sou Aaron Huang, psiquiatra do FBI! Estou investigando esses crimes! — O psiquiatra estendeu a mão para o escritor que a segurou brevemente, ele era quase da altura de Dominic, seu rosto trazia certa tranquilidade — por favor, quero ajudar a descobrir se o seu livro foi só uma espécie de gatilho ou fonte de inspiração, ou se você é o verdadeiro alvo!— Como? — Dominic perguntou.— É reconhecido em seu meio, tem fã clubes e muitos fãs... deve receber muitas mensagens, mas, alguma que o fez ficar com medo, digo, não de ódio ou crítica, mas, alguma declaração romântica assustadora? Algum fã que pareça saber tudo que você gosta ou faz, como se estivesse o stalkeando? — Aaron especificou.— Duas! Uma menina de dezesseis anos e um cara estranho... eu não liguei muito para o que ela falou, só dei um jeito de não alimentar toda a obsessão dela..., mas, o cara me deixou assustado, passei quase um mês na casa dos meus pais por causa disso, ele sabia a
— Posso te pagar uma bebida? Digo, deveríamos beber alguma coisa enquanto me dá dicas de como melhorar minha escrita... — ele com certeza estava flertando e o outro notou, sorrindo pequeno pela situação.— Não acho que pagar uma bebida para mim seja a melhor forma de obter dicas para o seu livro, só estude mais um pouco, garoto... — Hayden era evasivo, o que atiçava Dominic ainda mais.— Prefiro te ouvir explicar! Me parece mais interessante, hum? Nem uma cerveja? — Ele insistiu, Hayden pareceu ponderar, mas, concordou — duas cervejas!O barman os serviu e ambos começaram a beber, o médico analisou o garoto antes de voltar a conversar.— O que te levou a escrever?— Sempre gostei! Desde cedo meus pais me apoiaram sobre tudo isso e então eu comecei a escrever na adolescência, ganhei um concurso da escola, depois do bairro e escrevi meu primeiro livro aos dezoito anos! Publiquei e demorou um pouco para ter alguma visibilidade, mas, aos poucos, fui ganhando notoriedade e quando assinei c
— Quando estava na faculdade, abriu uma espécie de estágio no FBI, meu internato foi todo já como uma espécie de agente estagiário, quando concluí, assumi de vez o posto! — Huang explicou — foi algo muito bom para mim!— Se formou cedo?— Aos quatorze! Meu QI é acima da média e assim, me formei cedo e entrei na faculdade ainda na adolescência... assim como um dos personagens que já escreveu! Em um dos seus livros! — Dominic já não sabia se aquilo era bom ou ruim.— Qual deles?— Raízes Negras... foi um dos primeiros, não foi?— Sim! Nem vou perguntar se gostou, imagino que tenha odiado! — O acastanhado brincou.— Na verdade não! Bom, não posso dizer que adorei, pois não sou o público-alvo dos seus livros, ainda mais sendo um psiquiatra lendo sobre um personagem psiquiatra! Mas, foi uma leitora divertida, só não entendi o que te levou a crer ser possível o romance entre o psiquiatra e seu paciente! — O mais velho levou a cerveja até seus lábios.— Ah... foi uma história bonitinha, não
"A lua cheia iluminava a floresta com uma luz pálida e fria. As árvores balançavam suavemente ao ritmo do vento, criando sombras inquietantes no chão. A tranquilidade da noite era perturbada apenas pelo som das sirenes e das vozes baixas dos policiais que se movimentavam pelo local.O detetive Ramirez, um homem de meia-idade com um olhar cansado, caminhava em direção à fita amarela que delimitava a cena do crime. Ele havia recebido a ligação pouco depois da meia-noite e, apesar do cansaço acumulado, sabia que precisava estar ali. Ao se aproximar, viu o jovem policial Novak, que parecia estar lutando para manter a compostura.— O que temos aqui, Novak? — Perguntou Ramirez, sua voz grave cortando o silêncio da noite.— Um casal que passeava com o cachorro encontrou o corpo, senhor — respondeu Novak, tentando esconder o tremor na voz. — Está ali, entre as folhas...Ramirez franziu a testa e seguiu o olhar do novato. Ele se aproximou do local indicado, iluminado apenas pelas lanternas dos
Mais um corpo!— Emily Keefe! A habilitação estava na bolsa... — Turner mostrou a habilitação — parece que ela foi estuprada...— Não tem como dizer, mas, parece que a pessoa quis que aparentasse isso! Ela foi posta nessa posição e não foi morta aqui! Não tem sangue, não tem nem mesmo uma bagunça aqui... — Hayden suspirou — já acharam a página?— Já! — Darío pegou a página rasgada e começou a ler — a chamada foi feita de um telefone público, os polícias encaravam aquele corpo um tanto sem resposta. Estavam atrás dela a horas e de repente, teriam que dizer aos pais que a doce filhinha única estava morta... — começou a ler — mais uma que faz parte dos livros de um adolescente grande!— Ele não tem culpa se um louco está usando seus livros... — April suspirou — vamos achar logo esse assassino!— E vamos trazer o Dominic! — A voz de Daniel surpreendeu a todos — parece que ele tinha contato com Emily, ela era fã dele!— Acha que ele a matou? — Darío pareceu surpreso.—Todas as vítimas o tin
— Senhor Snyder, conhece esse homem? — Ele estendeu uma foto de um homem claramente morto.— Sim... é o meu ex! — Dominic sentiu uma sensação estranha, sentiu também seu corpo esfriar de repente, seus olhos se focaram na imagem de Alexander morto.— Senhor Snyder? — A voz de Darío era distante, Dominic sentiu seu coração parecer bater mais lento, sua cabeça rodava e tudo parecia demais.Uma pressão absurda foi sentida em sua cabeça e seu ar parecia dificultado.— Dominic! — Ele sentiu quando seu corpo foi amparado por Hayden, sua visão era turva e seu corpo estava muito fraco, ele sentiu quando foi abaixado por Hayden — Aaron...Os dois médicos conversavam alguma coisa, Dominic sentiu seu queixo ser segurado e sua boca foi aberta, ele sentiu o gosto do sal em sua língua e logo depois, uma garrafinha de água foi levada com cuidado até seus lábios.— Beba com cuidado... — a voz de Hayden o tranquilizou.Dominic fez o que foi pedido, sen
Simon era o melhor amigo de Dominic, o professor de literatura conheceu escritor ainda na adolescência e naquele momento ele abraçou o amigo com certa força, apenas por saber que ele precisava.Seu longo cabelo sedoso e brilhoso estava amarrado em um rabo de cavalo, seus olhos focaram na caixinha de transporte que tinha o pequeno animal adormecido.— Obrigado por me deixar ficar... é só por uns dois dias! — Dominic se apressou em falar.Simon suspirou, voltando a abraçar o melhor amigo, demorando a se afastar dessa vez e um sorriso doce cresceu nos lábios carnudos e cheios do outro.— Você vai ficar aqui durante o mês! — Simon afirmou — não vou te deixar sozinho de jeito nenhum! Liam já sabe e concordou com isso, nós já arrumamos o quarto de hospedes e não vamos aceitar um não como resposta!Dominic caminhou a