— Quando estava na faculdade, abriu uma espécie de estágio no FBI, meu internato foi todo já como uma espécie de agente estagiário, quando concluí, assumi de vez o posto! — Huang explicou — foi algo muito bom para mim!
— Se formou cedo?
— Aos quatorze! Meu QI é acima da média e assim, me formei cedo e entrei na faculdade ainda na adolescência... assim como um dos personagens que já escreveu! Em um dos seus livros! — Dominic já não sabia se aquilo era bom ou ruim.
— Qual deles?
— Raízes Negras... foi um dos primeiros, não foi?
— Sim! Nem vou perguntar se gostou, imagino que tenha odiado! — O acastanhado brincou.
— Na verdade não! Bom, não posso dizer que adorei, pois não sou o público-alvo dos seus livros, ainda mais sendo um psiquiatra lendo sobre um personagem psiquiatra! Mas, foi uma leitora divertida, só não entendi o que te levou a crer ser possível o romance entre o psiquiatra e seu paciente! — O mais velho levou a cerveja até seus lábios.
— Ah... foi uma história bonitinha, não achou?
— Não! Foi antiético e me pareceu que ele controlava o namorado! Fora todos os estereótipos em cima do psiquiatra...
— Não tem tantos assim! — Ele se defendeu.
— Antissocial, lê muitos livros, não ouve músicas atuais, somente dos anos sessenta aos oitenta, ah, e claro, uma aparência diferente e desengonçada, sem habilidades sociais e interativas! — Huang listou — acha que toda pessoa inteligente é reclusa e feia?
— Não feia, mas, estranha! — A bebida com certeza não o deixava pensar no que dizia.
— Então me acha estranho? — Os olhos negros do psiquiatra foram até os seus.
Dominic apoiou seus braços na mesa, inclinou o corpo minimamente, sustentando o olhar do outro e sorrindo antes de responder.
— Não, doutor... na verdade, eu te acho muito atraente! — Ambos sorriram — posso até te usar como inspiração para o meu próximo livro!
— E qual seria o tema?
— BDSM! Um dominador sexual que ativa seu submisso em qualquer lugar ou ocasião que queira... um bom e sedutor jogo sexual! O que acha? — Huang lubrificou os lábios antes de se inclinar na direção do mais jovem e ficar bem próximo a ele.
— Acho que já bebeu o suficiente essa noite, garoto! — Huang sorriu — deveria beber um pouco de água e ir para casa!
— Hum..., mas, será que saio daqui com o seu número? Para fins literários, eu digo... — Huang foi o primeiro a se afastar, bebendo mais um pouco da sua cerveja e encarando o outro.
— Me fala um pouco sobre seus livros, o que acha?
Dominic sorriu, sentindo uma pontada de decepção pela recusa sutil do médico. Mesmo assim, ele decidiu mudar de assunto, percebendo que a conversa poderia se tornar desconfortável se continuassem nesse tópico.
— Claro! Bom, meus livros geralmente exploram os aspectos mais sombrios da mente humana, mergulhando em temas como mistério, suspense e, é claro, romance. Gosto de criar personagens complexos e situações intrigantes, que desafiam o leitor a mergulhar fundo na trama. Além disso, tento trazer à tona questões morais e éticas, fazendo com que os leitores reflitam sobre o que é certo e errado.
Huang assentiu, demonstrando interesse genuíno pela explicação de Dominic.
— Parece fascinante! Explorar os cantos mais obscuros da mente humana pode proporcionar narrativas muito cativantes. E quando se trata de romance, a complexidade dos relacionamentos adiciona uma camada extra de profundidade à história. Você tem alguma obra em mente atualmente, ou está apenas contemplando ideias para o próximo projeto? — Dominic se perguntava como aquele homem poderia ser tão intrigante com tão pouco, afinal, era uma simples conversa, onde ele se via fascinado pelo outro.
— Já tenho um em andamento... um romance que não sei o final! — Dominic suspirou.
— Como começa um livro sem saber o final?
— É mais emocionante assim! Eles são um bom casal, mas, ainda não sei qual será o destino deles... quando crio um personagem, deixo que ele monte sua trajetória, sendo assim, ele quem decide seu desfecho! — Dominic explicou pedindo mais duas cervejas — me deixe pagar essa, hum?
— Não se preocupe com isso, garoto..., mas, sua mente me parece fascinante, porém, barulhenta!
— Análise profissional ou palpite? — Mais duas cervejas foram servidas.
— Bom, um pouco dos dois..., mas, pessoas muito criativas relatam constantemente sobre a mente sempre estar trabalhando!
— É verdade! Às vezes sinto dor de cabeça por conta de tudo que penso..., mas, as vezes ela para e demora a voltar! — Dominic já se embolava um pouco nas palavras — estou tonto!
— É perceptível! Me diga seu endereço, vou te deixar em casa... — Huang se ofereceu.
— Tem um assassino usando meus livros para matar pessoas e você quer que eu passe meu endereço a você? Um completo estranho... — Dominic apertou os olhos, fingindo desconfiar do psiquiatra.
— Não pediu o meu número? — Aaron perguntou.
— Você recusou!
— Recusei? Não me lembro disso! — Aaron respondeu bebendo mais de sua cerveja — seu endereço, menino! Vou te deixar em segurança...
— Primeiro, o seu número, doutor! — Dominic estendeu seu telefone já com o teclado aberto, Huang colocou o seu número e estendeu de volta — Doutor Huang... — falou enquanto digitava, vendo o psiquiatra rir — soa muito bem, por isso decidiu ser médico?
— Não... sempre gostei de ajudar pessoas e medicina era o caminho mais óbvio, depois a psiquiatria! — Huang chamou o garçom e pediu para encerrar as duas contas.
— Deixa que eu pago a minha! É justo...
— Da próxima, você paga! — Aaron brincou.
— E vai ter próxima? — Dominic terminou sua cerveja enquanto olhava o mais velho.
— Para alguém tão jovem, consome muito álcool, não acha? — Ele perguntou ao ver a conta.
— Não sou tão mais novo que você! — O escritor protestou — tenho vinte quatro!
— Tenho trinta e quatro! — O psiquiatra disse entregando o cartão ao garçom para que a conta fosse paga — seu endereço?
— Está tentando saber onde eu moro?
— Garoto, ou te levo em casa, ou te levo para a minha casa! Na rua você não vai ficar! — Huang ficou de pé, encarando o escritor que fez o mesmo, porém, pareceu estar incapacitado de permanecer de pé — já entendi, para a minha casa, então!
Aaron pegou seu cartão de volta e apoiando Dominic saiu do bar, chamou um táxi e passou seu endereço, já pensando em como cuidaria daquele garoto sem que ele se sentisse violado...
Dentro do carro, Dominic estava praticamente apagado, com sua cabeça encostada no ombro do mais velho e dormindo.
O Huang olhou aquela cena e se sentiu um tanto encantado pela forma que o mais novo parecia sereno, aproximando um pouco dos fios castanhos e sentindo um cheiro de cereja que deveria ser do shampoo que o outro usava.
O caminho todo foi silencioso e tranquilo, quando chegaram, Aaron tirou Dominic do carro com certa dificuldade, tentando acordar o garoto que apenas dava passos escorados no corpo do mais velho.
Huang o levou até o quarto de hóspedes com muita dificuldade, o deitou na cama, tirou seus sapatos e o cobriu, ligou o ar-condicionado e o observou dormir por poucos minutos, apenas contemplando sua beleza, deixou o abajur mais distante e ligado, colou o celular e carteira do Snyder na mesinha de cabeceira, se levantou e caminhou até a porta, olhando-o mais uma vez.
— Boa noite, garoto!
"A lua cheia iluminava a floresta com uma luz pálida e fria. As árvores balançavam suavemente ao ritmo do vento, criando sombras inquietantes no chão. A tranquilidade da noite era perturbada apenas pelo som das sirenes e das vozes baixas dos policiais que se movimentavam pelo local.O detetive Ramirez, um homem de meia-idade com um olhar cansado, caminhava em direção à fita amarela que delimitava a cena do crime. Ele havia recebido a ligação pouco depois da meia-noite e, apesar do cansaço acumulado, sabia que precisava estar ali. Ao se aproximar, viu o jovem policial Novak, que parecia estar lutando para manter a compostura.— O que temos aqui, Novak? — Perguntou Ramirez, sua voz grave cortando o silêncio da noite.— Um casal que passeava com o cachorro encontrou o corpo, senhor — respondeu Novak, tentando esconder o tremor na voz. — Está ali, entre as folhas...Ramirez franziu a testa e seguiu o olhar do novato. Ele se aproximou do local indicado, iluminado apenas pelas lanternas dos
Mais um corpo!— Emily Keefe! A habilitação estava na bolsa... — Turner mostrou a habilitação — parece que ela foi estuprada...— Não tem como dizer, mas, parece que a pessoa quis que aparentasse isso! Ela foi posta nessa posição e não foi morta aqui! Não tem sangue, não tem nem mesmo uma bagunça aqui... — Hayden suspirou — já acharam a página?— Já! — Darío pegou a página rasgada e começou a ler — a chamada foi feita de um telefone público, os polícias encaravam aquele corpo um tanto sem resposta. Estavam atrás dela a horas e de repente, teriam que dizer aos pais que a doce filhinha única estava morta... — começou a ler — mais uma que faz parte dos livros de um adolescente grande!— Ele não tem culpa se um louco está usando seus livros... — April suspirou — vamos achar logo esse assassino!— E vamos trazer o Dominic! — A voz de Daniel surpreendeu a todos — parece que ele tinha contato com Emily, ela era fã dele!— Acha que ele a matou? — Darío pareceu surpreso.—Todas as vítimas o tin
— Senhor Snyder, conhece esse homem? — Ele estendeu uma foto de um homem claramente morto.— Sim... é o meu ex! — Dominic sentiu uma sensação estranha, sentiu também seu corpo esfriar de repente, seus olhos se focaram na imagem de Alexander morto.— Senhor Snyder? — A voz de Darío era distante, Dominic sentiu seu coração parecer bater mais lento, sua cabeça rodava e tudo parecia demais.Uma pressão absurda foi sentida em sua cabeça e seu ar parecia dificultado.— Dominic! — Ele sentiu quando seu corpo foi amparado por Hayden, sua visão era turva e seu corpo estava muito fraco, ele sentiu quando foi abaixado por Hayden — Aaron...Os dois médicos conversavam alguma coisa, Dominic sentiu seu queixo ser segurado e sua boca foi aberta, ele sentiu o gosto do sal em sua língua e logo depois, uma garrafinha de água foi levada com cuidado até seus lábios.— Beba com cuidado... — a voz de Hayden o tranquilizou.Dominic fez o que foi pedido, sen
Simon era o melhor amigo de Dominic, o professor de literatura conheceu escritor ainda na adolescência e naquele momento ele abraçou o amigo com certa força, apenas por saber que ele precisava.Seu longo cabelo sedoso e brilhoso estava amarrado em um rabo de cavalo, seus olhos focaram na caixinha de transporte que tinha o pequeno animal adormecido.— Obrigado por me deixar ficar... é só por uns dois dias! — Dominic se apressou em falar.Simon suspirou, voltando a abraçar o melhor amigo, demorando a se afastar dessa vez e um sorriso doce cresceu nos lábios carnudos e cheios do outro.— Você vai ficar aqui durante o mês! — Simon afirmou — não vou te deixar sozinho de jeito nenhum! Liam já sabe e concordou com isso, nós já arrumamos o quarto de hospedes e não vamos aceitar um não como resposta!Dominic caminhou a
“A noite estava fria e silenciosa, quando Lucas entrou na sala mal iluminada, com o coração acelerado e um pressentimento sombrio. Maria estava de costas para ele, alheia ao perigo iminente.— Por que está aqui? — Ela perguntou sem se virar, sua voz tingida de desconfiança.— Apenas queria falar — respondeu Lucas, a mão tremendo enquanto segurava firmemente o cabo da faca oculta em seu casaco.Antes que Maria pudesse reagir, ele avançou rapidamente, cravando a lâmina em suas costas. Ela ofegou, um som engasgado que logo se perdeu na escuridão. Seus olhos arregalados, repletos de surpresa e dor, encontraram os de Lucas por um breve momento antes de ela cair no chão, sua vida esvaindo-se rapidamente.Lucas recuou, observando em choque enquanto o sangue se espalhava lentamente ao redor do corpo imóvel de Maria. O silêncio da sala foi quebrado apenas pelo som de sua respiração pesada, misturada com o sussurro do vento que entrava pela janela entreaberta."⚜️— Esse é bem estranho... — Hayd
Mas, seus pensamentos foram cortados quando Liam o chamou da sala, o escritor saiu do quarto e quando se aproximou, viu Liam parado com a porta aberta e do outro lado, Aaron!— Aaron! — Dominic sorriu verdadeiramente — este é o Liam, Li esse é o Aaron!— Ah... vou deixar vocês, tenho que ir buscar o Simon! — Liam pegou suas chaves e realmente saiu de casa, Aaron entrou com a autorização de Dominic e encarou o mais novo.— Oi garoto! — O psiquiatra sorriu pequeno — vim ver como você está... desculpa não ter ligado antes!— Tudo bem! Gostei de você ter vindo... quer alguma coisa? — Dominic ofereceu.— Não! Só queria realmente ver como você está! — Aaron sentiu seu rosto queimar por ter sorrido tão abertamente com aquilo — ah, e eu trouxe uma coisa para você! — Aaron enfiou a mão no bolso do seu sobretudo e tirou uma pequena sacola com algumas caixinhas de remédio — acessei sua ficha médica e peguei os remédios que você parou de tomar contra as recomendações médicas!Dominic encarou aquel
Dominic olhou em volta assim que desceram do carro e se encontraram diante do restaurante. Era um lugar charmoso e intimista, chamado "Lotus Blossom," especializado em culinária tailandesa contemporânea. O exterior do restaurante exalava elegância discreta, com grandes janelas de vidro decoradas com cortinas de seda branca que balançavam suavemente com a brisa noturna. Um letreiro de neon delicadamente iluminado com flores de lótus reforçava o ambiente acolhedor e sofisticado.Ao entrarem, foram recebidos por uma anfitriã sorridente que os guiou para uma mesa reservada em um canto mais privado. O interior do restaurante era uma mistura harmoniosa de tradição e modernidade. As paredes eram adornadas com murais coloridos que retratavam cenas da cultura tailandesa, enquanto luminárias de bambu suspensas do teto emitiam uma luz suave e calorosa.As mesas estavam elegantemente postas com toalhas brancas impecáveis e louças de cerâmica artesanal. Castiçais de vidro com velas acesas acrescent
Deixando a torta no banco traseiro e dando a volta no carro para tomar seu lugar.— O cinto! — Hayden lembrou o mais novo que sorriu.— Nunca me lembro, hum? — Brincou passando o cinto por seu corpo.Novamente o rádio foi ligado e Dominic não demorou a colocar Man Down, sorrindo quando notou que Hayden reconheceu a música de Rihanna.— Finalmente uma coisa que temos em comum! — O mais novo brincou.— Um gay que não conhece Rihanna? Não daria essa decepção a minha classe! — Brincou enquanto dirigia, tirando uma das mãos do volante e a levando até a coxa do outro, apertando levemente e a mantendo ali.— Conversamos sobre tudo, menos sobre sua infância... — Dominic observou.— Fui adotado aos seis anos! Meus pais eram médicos e já estavam com quarenta anos, me adotaram como filho único e tudo que tenho é por causa deles... tudo mesmo! — Sorriu — eles me ensinaram a amar a medicina desde sempre, fiquei três anos estudando em casa e depois fui para a escola normal, frequentei Harvard e me f