Capítulo 4

— Posso te pagar uma bebida? Digo, deveríamos beber alguma coisa enquanto me dá dicas de como melhorar minha escrita... — ele com certeza estava flertando e o outro notou, sorrindo pequeno pela situação.

— Não acho que pagar uma bebida para mim seja a melhor forma de obter dicas para o seu livro, só estude mais um pouco, garoto... — Hayden era evasivo, o que atiçava Dominic ainda mais.

— Prefiro te ouvir explicar! Me parece mais interessante, hum? Nem uma cerveja? — Ele insistiu, Hayden pareceu ponderar, mas, concordou — duas cervejas!

O barman os serviu e ambos começaram a beber, o médico analisou o garoto antes de voltar a conversar.

— O que te levou a escrever?

— Sempre gostei! Desde cedo meus pais me apoiaram sobre tudo isso e então eu comecei a escrever na adolescência, ganhei um concurso da escola, depois do bairro e escrevi meu primeiro livro aos dezoito anos! Publiquei e demorou um pouco para ter alguma visibilidade, mas, aos poucos, fui ganhando notoriedade e quando assinei com minha editora, meu segundo livro já estava na metade e boom! Descobri que poderia me manter com a escrita! — Dominic respondeu bebendo um pouco — e você? O que te levou a ser legista?

— Fui médico antes disso! Me formei cedo, sempre fui eficiente e comecei a trabalhar com pessoas..., mas, tem uma diferença em trabalhar com os vivos! Todas as vezes que eu entrava em uma sala de cirurgia, independente se era uma simples ou complicada, era como se sentar em uma mesa e jogar xadrez com a morte! — Ele olhou Dominic — a cada movimento, a cada minuto de cirurgia, era como fazer uma jogada... eu nunca sabia se minha próxima jogada me garantiria a vitória ou a derrota! — abaixou a cabeça — lidar com os pais te perguntando por que você não salvou o filhinho deles, filhos te culpando por você ter deixado os pais morrerem... são coisas que não se esquece e nem se supera facilmente!

— Por isso escolheu os mortos?

— Sim! Por mais que eu veja coisas terríveis e que me roubam o sono, aquelas pessoas já chegam para mim com suas sentenças definidas, eu apenas conto suas histórias e dou paz às famílias... eles me agradecem, não me culpam ou cobram, apenas agradecem!

— Então, tem paz ao dormir! — O Snyder concluiu — a quanto tempo está nisso?

— Como legista tem menos de dois anos... venho dormindo melhor, não todas as noites, porém, algumas coisas já me ajudam bastante! — Hayden bebeu mais um pouco e olhou a garrafa em sua mão — garoto, gostaria muito de tomar mais uma com você, porém, hoje é uma das noites que posso dormir!

— Será que consigo seu número ou vou ter que ficar vindo aqui até te achar? — O escritor estendeu o telefone já em seu teclado para o mais velho que o pegou.

— Eu não deveria fazer isso! — Hayden sorriu ao anotar seu número.

— Coloco Hayden, doutor Malik ou professor sobre mortes não exageradas e malfeitas? — O mais velho já estava se perdendo naquele sorriso travesso.

—Como preferir, garoto! — Se levantou — antes de eu ir, nos seus livros tem algum assassinato forjado por queda e um corpo incendiado?

— Incendiado, sim! Forjado não... por quê?

— Nada! Só vendo um padrão! — Sorriu estendendo a mão para o outro, ambos apertaram as mãos brevemente — até depois!

Dominic salvou o contato como Doutor Malik, alguma coisa naquilo o excitava, talvez saber que Hayden era alguém focado, importante de certa forma, trazia uma coisa diferente para Dominic.

— Mais uma por favor! — Dominic pediu, sabendo que não sairia dali tão cedo.

Uma coisa ruim sobre Dominic era a necessidade de sempre estar preenchendo alguma coisa, geralmente queria estar anestesiado de alguma maneira e por isso, quando adorava em um bar, era o último a sair.

Ele sabia que teria uma noite mais do que longa!

⚜️

Dominic se levantou para ir ao banheiro, já tinha bebido o suficiente para se sentir alterado e ter sua visão um pouco bagunçada, após se aliviar no mictório, lavou as mãos e saiu do cômodo, sua intenção era voltar ao balcão, mas, capturou o momento que Aaron estava se sentando em uma mesa próxima onde ele estava.

O psiquiatra viu o mais novo e sorriu em sua direção, ficando de pé quando notou Dominic caminhar até sua mesa.

— Doutor... não achei que te encontraria em um bar como esse! — Dominic sorriu.

— É próximo à delegacia, acabo vindo muitas vezes aqui... — o psiquiatra olhou para a mesa e depois para Dominic — me faz companhia ou já está indo embora?

— Adoraria te acompanhar! — Os dois se sentaram, Dominic encarava o médico e tentava imaginar como acabaria na cama com um homem daqueles, não que ele fosse promíscuo, mas, a bebida trazia seu lado mais devasso — trabalhando até tarde?

— Na verdade sim! Casos como esse, fazem com que um olhar clínico seja necessário! — Huang ergueu a mão para chamar o garçom — posso te pagar uma bebida?

— Quantas quiser! — O homem sorriu ao aceitar, o garçom de aproximou, Huang pediu duas cervejas e Dominic o analisou.

Seu rosto era oval, seus olhos eram expressivos e penetrantes, seu cabelo escuro estava perfeitamente arrumado, vestido com aqueles trajes profissionais, ele transparecia uma imagem de autoridade e competência.

— Alguma novidade no caso? — O mais novo deixou sua curiosidade transparecer.

— Não devo comentar sobre assuntos profissionais com civis! Mesmo que esse civil esteja ligado diretamente ou indiretamente com o caso! — Falando daquele jeito, Aaron conseguiu ficar ainda mais atraente aos olhos do outro — como se interessou por escrever livros de romance e crimes?

— Não sei... acho que é a excitação do perigo controlado, me coloco no lugar dos personagens e assim, a sensação de perigo, adrenalina... tudo é sentido por mim, mas, de forma controlada e segura! Sou medroso demais para me colocar em perigo real! — Os dois riram da fala do escritor, o garçom os serviu e ambos agradeceram — e você? Como acabou no FBI?

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo