Capítulo 3

— Senhor Snyder, sinto muito por tudo isso! Sou Aaron Huang, psiquiatra do FBI! Estou investigando esses crimes! — O psiquiatra estendeu a mão para o escritor que a segurou brevemente, ele era quase da altura de Dominic, seu rosto trazia certa tranquilidade — por favor, quero ajudar a descobrir se o seu livro foi só uma espécie de gatilho ou fonte de inspiração, ou se você é o verdadeiro alvo!

— Como? — Dominic perguntou.

— É reconhecido em seu meio, tem fã clubes e muitos fãs... deve receber muitas mensagens, mas, alguma que o fez ficar com medo, digo, não de ódio ou crítica, mas, alguma declaração romântica assustadora? Algum fã que pareça saber tudo que você gosta ou faz, como se estivesse o stalkeando? — Aaron especificou.

— Duas! Uma menina de dezesseis anos e um cara estranho... eu não liguei muito para o que ela falou, só dei um jeito de não alimentar toda a obsessão dela..., mas, o cara me deixou assustado, passei quase um mês na casa dos meus pais por causa disso, ele sabia até o café que eu comprava! Me mandava fotos de mim em lugares públicos, ficou sério quando ele me mandou uma foto minha dormindo, abri um boletim de ocorrência e pedi medida protetiva, ele me mandou mais uma mensagem sobre como eu desprezei o amor dele! — Dominic explicou — David Decker! Tem trinta e sete anos...

— Acha que ele pode ter voltado? — O psiquiatra perguntou.

— Não sei... isso tem uns dois anos, eu tinha só os três primeiros livros! — Dominic explicou olhando Aaron nos olhos — sou uma vítima em potencial?

— Qual foi a última vez que recebeu alguma mensagem estranha?

— A muito tempo! — ele explicou — olha, se tem alguma coisa, eu deveria estar sendo seguido, não?

Aaron olhou as fotos e depois as páginas dos livros.

— Como era os personagens que mataram essas pessoas? — O psiquiatra perguntou apontando para as fotos das páginas — comece do último.

— Liam é um... bem, ele é um policial que nas horas vagas é um Serial Killer que procura mulheres que machucam os filhos porque ele foi machucado na infância, quando descobre que a esposa o traí, os esfaqueia com ódio, um de cada vez, primeiro a mulher e depois o amante... o segundo é uma vítima de pedofilia, ele cresce e persegue seu abusador, o tortura em busca de vingança, a primeira é uma mulher que atrai menores de idade, ela é uma predadora sexual que passa batido por ser mulher! — Dominic explicou — outra mulher a mata!

— Nick era professora e foi afastada por se envolver com três dos seus alunos, Bruce tem histórico de pedofilia e o casal apaixonado eram amantes... qual o próximo? — Darío perguntou.

— Não sei! Tem muitos, muitos crimes em meus livros, motivações diferentes, vítimas e padrões diferentes... sinceramente, não sei! — O Snyder suspirou.

— Algum apreço por esses personagens? Digo, os assassinos? — Aaron voltou a perguntar.

— Bom, Liam era meu personagem principal, porém morre no final, os outros não eram nada especiais, só eram uma espécie de vítimas do acaso! — Ele respondeu — então, me acha uma vítima em potencial?

— Sinceramente não... ele usaria vítimas que tivessem algum significado maior e já teria se mostrado para você! — O psiquiatra o tranquilizou — seus livros foram apenas uma forma dele achar como cometeria seus assassinatos, não acho que você está na lista, mas, se receber alguma mensagem ou perceber alguma coisa, já sabe o que fazer...

— Está liberado senhor Snyder, caso suspeite de algo, por favor, nos informe! — Daniel entregou um cartão ao escritor — por favor, nos desculpe por toda a confusão.

— Hum... valeu! — Dominic sorriu para Aaron.

Se despediu dos outros e saiu da delegacia, achando que sua vida já estava louca demais.

(><)

Dominic suspirou quando notou que já eram quase dez e meia, se enfiou no primeiro bar que encontrou e caminhou até o balcão, ele estava entre tomar um porre ou apenas pedir um refrigerante e ir para casa.

— O que vai querer garoto? — O barman perguntou.

— Uma cerveja! — Pediu se sentando — ah, e tem algum petisco?

— Cubos de presunto! Gosta?

— Pode ser!

Tudo lhe foi servido em menos de dez minutos, o escritor tomou o primeiro gole já agradecendo por estar gelada. Os olhos castanhos passaram pelo bar, querendo ver algo um pouco interessante, nem que fosse o mínimo.

Mas, ele parou na entrada do bar, vendo Hayden entrar, ele era o médico legista pelo que Dominic lembrava. Ele era bem atraente, a forma que caminhava passava confiança, mesmo parecendo estar cansado, ele ainda era o cara mais bonito daquele lugar.

Dominic sorriu quando seus olhos se encontraram com os de Hayden, vendo o médico caminhar em sua direção com um sorriso pequeno nos lábios.

— Hayden, não é? — O escritor começou.

— Isso! Dominic Snyder... o escritor da noite! — O médico brincou se sentando ao lado do mais novo — veio beber para desestressar?

— Pode ser! E você? O que te traz aqui essa noite?

— Cansaço! Estou trabalhando muito... não sei quando isso vai diminuir na verdade! — O médico suspirou — já li um dos seus livros... Entre sangues do prazer!

— Gostou?

— Acho que não sou seu público-alvo! — Ele sorriu.

— Por quê? — Dominic achava aquilo tudo um tanto interessante.

— As mortes funcionam para quem não tem o olhar costumeiro com aquilo! — Hayden sorriu.

— Exageradas ou malfeitas?

— Não veja como uma grande crítica, pela quantidade de vendas eu tenho certeza de que seu público gosta e muito, mas, como médico legista, digo com toda a certeza de que são exageradas em inúmeros quesitos e que alguma não possuem lógica, digo, um tiro no ombro não mata tanto quanto as pessoas pensam... fora termos médicos usados de forma errôneas! — Ele era sútil, talvez não quisesse ofender Dominic, mas, o escritor só achava uma graça a forma que o outro tomava cuidado com suas palavras — sem ofensas... você só é um jovem escritor que assistiu documentários e séries policiais!

— Tenho vinte e quatro anos, ainda sou tão jovem assim? — Os olhos do médico desceram por seu rosto e depois corpo, voltando seu olhar para os dele.

— Tenho trinta e seis, garoto... para mim, ainda é apenas um jovem rapaz!

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