— Você não precisa saber. — Karina, tentando suportar a dor, retirou a mão.Ele não precisava saber?Ademir estreitou os olhos, que eram lindos e penetrantes:— Você é minha esposa, sua mão está machucada, e eu não preciso saber?— Tem algum problema? — Karina sorriu levemente, sem que sua voz demonstrasse qualquer alteração emocional, tão tranquila quanto se estivesse apenas enunciando um fato. — Você passou a noite com a Vitória comemorando o aniversário, e eu também não sabia, não é?O quê?Mais do que um sentimento de culpa, Ademir estava surpreso. Comemorando o aniversário juntos? Aproveitando que ele estava absorto, Karina sacudiu o braço e subiu as escadas.Aniversário?Ademir franziu a testa, lembrando de repente que era o seu aniversário.Então, Karina o convidou porque queria comemorar seu aniversário?Ele se arrependeu imediatamente ao pegar o celular e discar um número.— Ademir. — Do outro lado da linha, era Bruno.Ele estava com Karina o tempo todo. Se Karina queria faze
Talvez, desde o início, ele já tivesse pensado em comemorar o aniversário com a Vitória.Ela deveria, dali em diante, guardar seu coração e deixar de fazer essas coisas bobas. Ela se esforçava tanto, mas ele não precisava disso, e no final, só acabava deixando todo mundo constrangido.Deitada na cama, com a luz apagada, Karina se preparava para dormir.Mas, de repente, ela ouviu um barulho vindo da porta.Parecia que a fechadura estava girando?Karina imediatamente se virou, se sentando na cama.Nesse momento, a porta foi aberta, a luz principal acendeu, iluminando todo o quarto.Ademir entrou, jogando a chave sobre o sofá com desprezo.Karina ficou paralisada. Ela se esqueceu de que aquela era a casa dele, como ele poderia não ter a chave do quarto?Ademir caminhou em sua direção e, com um movimento calmo, se sentou de pernas cruzadas na cama:— Não vai me deixar entrar? Então, onde eu vou dormir? Este é o nosso quarto, metade é meu.Karina o encarou por dois segundos, então assentiu
Então, com cuidado e delicadeza, ele a deitou na cama. Segurou ela nos braços, sem dar chance para que ela fugisse.— Eu já te falei, tudo o que eu disse não vale nada? Eu te disse que não trairia o casamento, por que você não acredita em mim? — Disse ele.Karina o encarou fixamente:— Sr. Ademir, eu acredito que você é um homem de moral. Seu corpo será fiel ao casamento.Ele recebeu uma boa educação, com um forte senso de moralidade e responsabilidade, e, após tanto tempo juntos, ela tinha confiança nisso.— Mas, não é apenas a traição física que é traição. A traição psicológica também é traição. — Karina pensou um pouco, sentindo que suas palavras não estavam certas, então se corrigiu. — Eu falei errado. Seu coração... Nunca esteve aqui comigo...Ademir a interrompeu, perguntando:— Você realmente acha que tem consciência ao falar assim? Ele tinha sido bom com ela, será que ela havia se esquecido de tudo isso?— Está certo. — Karina aceitou com humildade, reconhecendo que suas pala
— Desculpa, foi minha culpa. Eu aceito a punição....No dia seguinte, Karina ainda estava dormindo, não completamente acordada, quando sentiu uma coceira nas mãos.— O que você está fazendo? — Ela perguntou impacientemente.— Te acordei? — Ademir respondeu em voz baixa. — Já vou sair. Só vou passar mais um pouco de pomada na sua mão, depois você pode continuar dormindo. Quando acordar, se lembre de passar também. Tem que passar quatro vezes por dia.— Que irritante! — Karina puxou as cobertas e cobriu a cabeça.Ademir sorriu, resignado, mas com um toque de carinho.O temperamento de Karina não era dos mais explosivos, mas foi vivendo com ela que Ademir percebeu que ela tinha uma certa tendência a ficar mal-humorada logo ao acordar. Quando ela dormia o suficiente, tudo bem, mas quando não dormia o suficiente, o mau humor era bem evidente.— Não vou te incomodar mais. Dorme aí.Karina abriu os olhos novamente, já era mais de dez horas.Ela não tinha trabalho naquele dia, apenas precisav
— Nuvem? Era Túlio!— Karina, você não...Túlio de repente soltou um grito de dor, e seus traços faciais, antes tão perfeitos, se contorceram em uma expressão de agonia. Karina ficou assustada, e sua mente ficou em branco por um momento.— Karina! — Ao ouvir o grito de socorro, Bruno apareceu rapidamente, disparando em direção a ela como uma flecha. Em um instante, ele conseguiu dominar o homem armado com a faca. — Não se mova! Em questão de minutos, Bruno o derrubou no chão, e a faca ensanguentada escorregou das mãos do agressor.O coração de Bruno gelou. Em apenas dois ou três minutos, enquanto ele tinha ido ao banheiro, Karina já estava ferida?— Karina, onde você se feriu? — Não, não fui eu. — Karina estava pálida, franziu a testa e balançou a cabeça, olhando para Túlio. Ele estava com a mão pressionando a parte esquerda de seu abdômen, e o sangue escorria entre seus dedos.Karina imediatamente fez a avaliação: — Túlio, você precisa ser levado imediatamente para a
— É mesmo? Ademir só sentiu seu coração se apertar cada vez mais, como se sua alma estivesse imersa em um poço de vinagre. Não conseguindo mais controlar a angústia, ele soltou a dúvida que o atormentava: — Você só está agradecida a ele por ter te salvo, ou está realmente preocupada com ele como pessoa? — O quê? — Karina se surpreendeu, refletindo sobre suas palavras. — Você está dizendo que ainda penso nele? — Se você não estivesse preocupada com o bebê, teria ficado aqui esperando por ele... — Ademir olhou ela friamente, quase com desprezo. — Então eu tenho razões para suspeitar que você realmente não o esqueceu! Karina deu uma risada amarga, se lembrando de repente do penteado da Vitória, com aquele grampo de borboleta... Que direito ele tinha de duvidar dela assim? Decidiu não entrar em mais discussões e respondeu, calmamente: — Você está certo, o Túlio foi a primeira pessoa de quem eu me apaixonei. E a nossa história, esses anos todos, não é algo que se apaga da
De repente, Karina parou de sorrir. Sua expressão ficou séria, e ela perguntou: — E você, o que acha?Será que...O semblante de Ademir também mudou. O grampo de cabelo de que ela estava falando era...— Sim. — Karina não precisou que ele respondesse; ela mesma falou. — Era aquele, o que você deu para a pequena borboleta.Imediatamente, Ademir sentiu a boca seca, a língua parecia estar toda enrolada, e ele não conseguia dizer nem uma palavra sequer. Uma camada de suor frio começou a escorrer pelas suas costas.A voz de Karina, suave e mansa, soou:— Eu a vi. Parabéns, você encontrou a sua pequena borboleta.O olhar dela estava completamente frio.Ela quase pronunciou o nome: Vitória.Karina já sabia disso! Ademir nem teve tempo de tentar esconder nada; seus olhos já falavam por si mesmos.Aquele grampo, Karina só tinha visto em fotos.No momento, ele não tinha se lembrado de imediato, mas, quando estava na porta da sala de cirurgia, e viu Ademir se aproximando, de repente se deu co
Karina ficou em choque.Ele realmente disse isso? Que tipo de homem ruim era esse?O carro entrou na Mansão da família Barbosa, e Ademir desceu com raiva.Karina empurrou a porta do carro, mas antes que pudesse sair, Ademir já se inclinou e a puxou para fora, segurando ela nos braços.Embora estivesse furioso com ela, ele não ia deixar sua esposa, que tinha acabado de passar por um susto, sem cuidados.Entraram no prédio principal, subiram para o quarto no segundo andar, e ele a deitou na cama, puxando o cobertor para cobri-la.Apesar do semblante fechado, seus movimentos foram surpreendentemente suaves.— Descanse bem. — Ademir falou. — Eu vou ao hospital.Ele se virou para sair, cuidadosamente apagou a luz e fechou a porta.O quarto ficou subitamente silencioso. Karina, encolhida debaixo das cobertas, ficou ali, olhando fixamente para o teto.Ela havia se deixado enganar pela bondade de Ademir, confundindo isso com algo mais... E agora, ela sabia que precisava acordar.Gestos como fa