Karina arregalou os olhos, parecendo extremamente fofa: — Foi você que me chamou, então é você quem paga. — O quê? Ademir sorriu: — É claro. Você ainda tinha dúvidas? — Só queria ter certeza. — Karina, de repente, sorriu e, como o garçom ainda estava por perto, abaixou um pouco a voz. — No futuro, eu mesma não vou conseguir pagar um lugar desses. Hoje, com certeza, vou comer até ficar satisfeita. Ao ouvir isso, Ademir ficou atônito. Seu corpo enrijeceu um pouco e ele disse: — Não diga isso. Se quiser vir, eu te trago sempre. — Mesmo que sejam só palavras, obrigada. — Karina sorriu, sem levar aquilo a sério. — Mas é melhor não. Se a Vitória souber, com certeza vai brigar com você. Eu não quero te causar problemas. Vitória de novo! Ademir abriu a boca, mas hesitou: — Karina, o que acontece entre nós não tem nada a ver com mais ninguém. — O quê? — Karina ficou surpresa e entendeu o que ele queria dizer. Ademir estava protegendo Vitória. O que ele queria dizer
— Karina! — Ademir imediatamente se levantou e a envolveu em seus braços, seu olhar cheio de preocupação. — O que foi? Você não está se sentindo bem de novo? Karina manteve os olhos fechados e não respondeu. Aquela sensação voltou. Uma tontura repentina. As imagens diante dela balançavam de um lado para o outro em sua visão... — Karina? — Ela continuou em silêncio, deixando Ademir ainda mais aflito. — Espera um pouco... Daqui a pouco passa... Esperar? Como Ademir poderia simplesmente esperar vendo Karina assim? — Esperar o quê? — Ele estendeu os braços e a pegou no colo. — Vamos para o hospital! Sem dar chance para Karina recusar, ele a levou diretamente ao hospital de maternidade. Não tinham consulta marcada, mas, por sorte, naquela noite a Dra. Coelho estava de plantão. Karina se deitou na sala de exames enquanto a Dra. Coelho, de frente para Ademir, o encarava com um tom nada amigável: — Sr. Ademir, que surpresa... Um homem tão ocupado como o senhor encontr
Tão grave assim?! Como as coisas chegaram a esse ponto tão sério?! Ademir franzia as sobrancelhas o tempo todo, seu rosto parecia tenso, e suas mãos estavam cerradas em punhos. A culpa era dele. Ele não cuidou direito de Karina. A Dra. Coelho disse: — Antes, eu já havia sugerido que a Sra. Barbosa se afastasse do trabalho e descansasse, sem fazer nada. Talvez ainda houvesse uma chance de mudança... Mas ela não aceitou... Do interior da sala de exames, veio um som. A Dra. Coelho reagiu prontamente: — Sr. Ademir, sua esposa saiu. Ademir rapidamente ajustou sua expressão, fingindo que nada havia acontecido, e caminhou até Karina: — Está tudo certo. A Dra. Coelho disse que não é nada grave. Karina franziu levemente as sobrancelhas e murmurou em voz baixa: — Eu já tinha dito que não era nada. Nem precisava vir ao hospital. Mesmo assim, no fundo, ela também sentiu um certo alívio. No fim das contas, Karina também estava preocupada. — Não há nada de errado em ser c
A porta do quarto VIP estava escancarada. Médicos e enfermeiros entravam e saíam com frequência, enquanto Eunice e Vitória haviam sido convidadas a se retirar. A porta se fechou. Lá dentro, tentavam salvar uma vida. — Ademir! — Assim que viu Ademir, Vitória começou a chorar. Ademir lhe deu um leve tapinha no ombro, tentando acalmá-la: — Os médicos já estão cuidando dele. — Mas eu estou com tanto medo... — Vitória virou o rosto e se encolheu contra o peito dele. — Tenho medo de que meu pai nunca mais acorde... Sem tempo para confortá-la, Ademir ergueu a cabeça de repente e olhou para Karina. Quis afastar Vitória, mas, ao erguer a mão, simplesmente não teve coragem de fazê-lo. Karina viu tudo. Já estava acostumada e desviou o olhar com indiferença. — Karina! — De repente, Eunice a avistou. Foi direto até ela. Eunice agarrou com força a mão de Karina: — O que você quer para salvar seu pai? Dinheiro? Quanto? Diga o valor, se pudermos pagar, faremos qualquer coisa!
— Dr. Felipe. — Karina achou que se tratava de alguma tarefa. — Se sente. — Felipe acenou com a mão, examinando Karina atentamente. — Você ainda não está doente? Como já voltou ao trabalho? — Já estou bem. — Karina sorriu despreocupada. — Só peguei um leve resfriado. Felipe ficou em silêncio por um momento, como se tivesse dificuldade em falar: — Você já está no final da gravidez. Que tal parar de trabalhar por enquanto? Tire uma licença médica e volte depois que o bebê nascer. O quê? Karina ficou chocada. Como o professor podia dizer uma coisa dessas? Felipe sempre a apoiou seu trabalho. Além disso, qual das veteranas do departamento não trabalhou até pouco antes do parto? — Dr. Felipe, não precisa... — Precisa, sim. — Desta vez, Felipe foi firme. — Obedeça. Sua barriga já está enorme, vá para casa descansar. Karina sentiu que havia algo errado e perguntou: — Dr. Felipe, aconteceu alguma coisa? Felipe ponderou por um instante antes de dizer diretamente: — F
No instante em que tudo ficou claro, Karina não conseguiu evitar um leve tremor que percorreu seu corpo. Seus lábios ficaram completamente pálidos. — Ademir, por causa da Vitória, você realmente quer me forçar assim? A vida do Lucas é preciosa, mas a minha e a do Catarino não são? — Os olhos de Karina ficaram subitamente vermelhos, as lágrimas inundando seu olhar. — Você me prometeu que nunca mais me pressionaria... Ademir sempre cumpria suas palavras e, de fato, nunca mais havia tentado forçar Karina a ficar com ele. Mas, por Vitória, ele voltou a intervir! — Karina. — Ademir percebeu que a voz dela estava estranha. — Você está tremendo? Está com frio? Se sentindo mal? Karina ignorou suas perguntas. Agora, sua decisão estava tomada. Ela soltou uma risada fria e desdenhosa: — O Sr. Ademir, da nobre família da Cidade J... Realmente faz o que bem entende! — Karina, eu não... — Então o que é?! — Karina elevou a voz, interrompendo ele. — Me diga, por que está me forçand
Patrícia piscou os olhos: — Talvez seja porque tenho estudado muito para as provas ultimamente... Estou exausta. — Entendo. — Simão franziu a testa e soltou a mão. — Quando a comida chegar, coma bastante... Ele ainda falava quando a campainha tocou. — A comida chegou! Eu vou pegar! — Dizendo isso, Simão se virou e foi até a porta. Naquele momento, Patrícia soltou um longo suspiro, chegando até a querer enxugar o suor frio da testa. Karina a observou atentamente e, com um sorriso, disse: — Relaxa, seu rosto não está vermelho, ele não vai perceber. Patrícia ergueu a cabeça de repente e fez um biquinho: — Como você percebeu, então? Está tão óbvio assim? — Nem um pouco. — Karina sorriu de leve e balançou a cabeça. — Mas eu não sou uma tapada como o Simão. — Karina... — Patrícia segurou a amiga pelo braço. — Não conte para ele, por favor! — Eu não vou contar. — Karina deu um tapinha de leve nela. — Se eu quisesse, já teria contado há tempos. Mas, Patrícia, e se você
Assim que colocou Patrícia no chão, Simão balançou a cabeça, um pouco tonto. — Estou meio zonzo... O que está acontecendo? — Em seguida, se jogou ao lado de Patrícia. — O álcool bateu... Vou descansar um pouco. Os olhos de Karina brilharam instantaneamente. Não deixava Patrícia se deitar ao lado de Catarino, mas ao lado de Simão podia? — Simão. — O quê? — Faz tempo que não ouço você falar sobre namoradas. Terminou de novo? Simão soltou um riso frio e balançou a cabeça. — Que nada. Desde o último término, estou sozinho. — É mesmo? — Karina arqueou uma sobrancelha. — Por que não arranja outra? — Não quero. — Simão sacudiu a cabeça, parecendo exausto. — Não tem graça... Sempre sinto que... Ele hesitou por um instante antes de continuar: — O problema sou eu. Acho que me canso muito rápido. Mal me aprofundo em um relacionamento, já não quero mais continuar. Talvez... Seja porque não gosto o suficiente. Ao lado, Patrícia fez um ruído baixinho e se encolheu. — O qu