A porta do quarto VIP estava escancarada. Médicos e enfermeiros entravam e saíam com frequência, enquanto Eunice e Vitória haviam sido convidadas a se retirar. A porta se fechou. Lá dentro, tentavam salvar uma vida. — Ademir! — Assim que viu Ademir, Vitória começou a chorar. Ademir lhe deu um leve tapinha no ombro, tentando acalmá-la: — Os médicos já estão cuidando dele. — Mas eu estou com tanto medo... — Vitória virou o rosto e se encolheu contra o peito dele. — Tenho medo de que meu pai nunca mais acorde... Sem tempo para confortá-la, Ademir ergueu a cabeça de repente e olhou para Karina. Quis afastar Vitória, mas, ao erguer a mão, simplesmente não teve coragem de fazê-lo. Karina viu tudo. Já estava acostumada e desviou o olhar com indiferença. — Karina! — De repente, Eunice a avistou. Foi direto até ela. Eunice agarrou com força a mão de Karina: — O que você quer para salvar seu pai? Dinheiro? Quanto? Diga o valor, se pudermos pagar, faremos qualquer coisa!
— Dr. Felipe. — Karina achou que se tratava de alguma tarefa. — Se sente. — Felipe acenou com a mão, examinando Karina atentamente. — Você ainda não está doente? Como já voltou ao trabalho? — Já estou bem. — Karina sorriu despreocupada. — Só peguei um leve resfriado. Felipe ficou em silêncio por um momento, como se tivesse dificuldade em falar: — Você já está no final da gravidez. Que tal parar de trabalhar por enquanto? Tire uma licença médica e volte depois que o bebê nascer. O quê? Karina ficou chocada. Como o professor podia dizer uma coisa dessas? Felipe sempre a apoiou seu trabalho. Além disso, qual das veteranas do departamento não trabalhou até pouco antes do parto? — Dr. Felipe, não precisa... — Precisa, sim. — Desta vez, Felipe foi firme. — Obedeça. Sua barriga já está enorme, vá para casa descansar. Karina sentiu que havia algo errado e perguntou: — Dr. Felipe, aconteceu alguma coisa? Felipe ponderou por um instante antes de dizer diretamente: — F
No instante em que tudo ficou claro, Karina não conseguiu evitar um leve tremor que percorreu seu corpo. Seus lábios ficaram completamente pálidos. — Ademir, por causa da Vitória, você realmente quer me forçar assim? A vida do Lucas é preciosa, mas a minha e a do Catarino não são? — Os olhos de Karina ficaram subitamente vermelhos, as lágrimas inundando seu olhar. — Você me prometeu que nunca mais me pressionaria... Ademir sempre cumpria suas palavras e, de fato, nunca mais havia tentado forçar Karina a ficar com ele. Mas, por Vitória, ele voltou a intervir! — Karina. — Ademir percebeu que a voz dela estava estranha. — Você está tremendo? Está com frio? Se sentindo mal? Karina ignorou suas perguntas. Agora, sua decisão estava tomada. Ela soltou uma risada fria e desdenhosa: — O Sr. Ademir, da nobre família da Cidade J... Realmente faz o que bem entende! — Karina, eu não... — Então o que é?! — Karina elevou a voz, interrompendo ele. — Me diga, por que está me forçand
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu
Karina entendeu, mas casamento não era algo trivial, e ela hesitou, balançando a cabeça.— Não é necessário, né? Tente convencer o Sr. Otávio...Antes de terminar a frase, foi interrompida.Ademir, com a expressão inalterada e o tom de voz tranquilo, disse:— Como condição, vou te compensar financeiramente.Compensação financeira? Karina ficou surpresa e não conseguiu recusar. Seu irmão ainda estava esperando pelo dinheiro do tratamento. Ela tinha procurado a família Barbosa exatamente por causa do dinheiro.Percebendo sua hesitação, Ademir acrescentou:— Basta você concordar, e quanto você precisar, eu darei.Karina ficou em silêncio por alguns segundos, depois assentiu:— Está bem, eu concordo.Ademir baixou os olhos, escondendo a frieza e o desprezo.“Uma mulher que vende seu casamento por dinheiro é realmente barata. Tudo bem, assim será fácil se divorciar depois.”— Vou preparar o contrato. Amanhã de manhã, leve seus documentos e nos encontraremos no cartório!— Certo.Na manhã se
Karina entrou cambaleando no quarto do hospital, quase perdendo o equilíbrio. O médico havia acabado de examinar Otávio e, ao ver Ademir, disse:— Sr. Ademir, o senhor chegou. O Sr. Otávio está temporariamente fora de perigo, apenas bastante fraco. Ele precisa cuidar bem da saúde, prestar atenção à alimentação e ao descanso. O mais importante é manter o bom humor e não sofrer choques emocionais.Terminando de falar, o médico saiu.Otávio estava meio deitado e acenou com a mão.— Ademir, Karina, vocês tiraram a certidão de casamento hoje. Não disse ao Ademir para aproveitarem a lua de mel e não virem me ver?— Sr. Otávio. — Karina estava um pouco nervosa. — Desculpe...Otávio ficou confuso:— Ainda me chama de Sr. Otávio? Por que está se desculpando comigo?— Eu...Com um aperto no pulso, Ademir interrompeu suas palavras:— Karina quer dizer que, com o senhor ainda no hospital, não temos cabeça para aproveitar a lua de mel. Por isso, tivemos que desobedecer a sua vontade.Karina ficou