Patrícia nunca tinha beijado antes. Esse foi o primeiro beijo em seus vinte e um anos de vida! Ela ficou de olhos abertos, se esqueceu de respirar, como se todos os seus sentidos tivessem desaparecido! Felizmente, Filipe não prolongou o beijo. Ele logo se afastou, mas manteve as mãos firmemente segurando ela, suas testas ainda coladas uma na outra. Sua respiração pesada roçou o rosto de Patrícia, carregada de descontentamento, enquanto ele questionava: — Você dormiu com ele? Patrícia ouviu as palavras, mas ao mesmo tempo parecia que não tinha ouvido. Afinal, ela não entendia o que ele estava dizendo. Naturalmente, não conseguiu responder. — Estou te perguntando! — Filipe apertou um pouco mais o queixo dela, seu olhar cravado nos olhos de Patrícia. — Você dormiu com o Simão? Foi ontem à noite? Ou já tinha dormido com ele antes? Finalmente, Patrícia reagiu. Despertou do choque paralisante e foi tomada pela vergonha e pela fúria. De repente, ergueu a mão e deu um tap
Ia ser mesmo assim? Essas duas coisas... Não eram apenas parte dos métodos dele? Por que agora, não ir trabalhar virou o objetivo, e o Catarino se tornou o meio? Karina não disse nada, porque... Ela não acreditava. Será que Ademir estava tentando fazê-la baixar a guarda? Mas a diferença de poder entre eles era imensa. Diante desse homem influente, o que ela poderia fazer? — Ademir. — Karina ergueu a mão, alcançando Ademir. Com delicadeza, segurou a lapela de sua roupa. A voz saiu fraca, implorando: — Por favor, não machuque o Catarino. Ele não sabe que o Lucas é o pai dele! Ele não sabe... Ele sempre achou que o pai, assim como a mãe, já tinha morrido há muito tempo! A voz de Karina tremia. Ela tentou com todas as forças se segurar, mas não conseguiu. Ela chorou: — Por favor... Quase no mesmo instante em que Karina se aproximou, Ademir a envolveu em um abraço. Ademir deu a ordem: — Vá para a Rua de Francisco Antônio. Já que Karina não queria, ele não a f
— Karina, por que você quer chamar a polícia? — Ademir se aproximou lentamente e se agachou diante dela. — Para com isso, ainda somos marido e mulher. Eu vim à casa da minha esposa... Isso é crime? Karina estava irritada e perguntou: — O que você quer, afinal? — Eu? — Ademir endireitou o corpo, ergueu a mão e acariciou suavemente os cabelos longos dela. — Você não está descansando direito, não é? Pode tirar licença médica, ainda vai receber o salário. Sua barriga já está enorme... Eu só não quero que você se canse. Espero que você e o bebê fiquem bem. Essas palavras fizeram Karina sentir um desconforto profundo. Ela arregalou os olhos. — O quê? Agora que não tem como me obrigar, resolveu falar bonito? Acha que, com isso, eu vou concordar em doar parte do meu fígado? — É assim que você me vê? — E não é? — Karina soltou uma risada fria. — O Sr. Ademir tem uma memória péssima, hein? Não faz muito tempo, você mesmo me deu uma lição, não foi? Ela se referia ao dia em que E
Havia muitos tipos de pratos, mas todos em pequenas porções, garantindo que Karina pudesse provar de tudo sem ficar muito cheia. Ao dar a primeira mordida, ela soube imediatamente: era o toque de Wanessa. Fazia muito tempo que Karina não comia algo preparado por ela e sentia muita falta de sua comida. Saboreou cada garfada com satisfação. Embora tivesse passado por um momento desagradável com Ademir, nunca se privava quando se tratava dessas coisas. Simplesmente não via necessidade de fazer isso. Ademir sorriu levemente. Ele apreciava essa atitude de Karina. Quando terminou de comer, Karina limpou a boca com um guardanapo. Ademir lhe entregou um copo de água: — Comeu bem? — Sim. — Karina pegou o copo, tomou dois goles e, em seguida, encarou Ademir com seriedade. — O que você disse há pouco... Eu não acredito em uma única palavra. — Karina... — Não importa se foi por causa da Vitória... — Disse ela, com indiferença. — Hoje à noite, quando sair daqui, não volte mais.
Karina ficou de boca aberta, parecendo extremamente chocada: — Não, eu só estou lendo alguns livros. Não precisa fazer essa cara tão feroz. — Karina. — O homem chamou seu nome, pausando por um instante enquanto abotoava os botões dela. — Quantos anos você tem? Você tem noção das coisas? Sabe quanto tempo falta para você dar à luz? É claro que Karina sabia. Faltavam menos de três meses. Ela franziu levemente a testa: — Você está... Preocupado com o bebê na minha barriga? — Não posso me preocupar? Karina não conseguiu segurar o riso: — Você realmente é engraçado. Esse bebê aqui nem é seu, não tem nada a ver com você. Por que está tão nervoso? Ainda está atuando? — Karina! O tom frio e até mesmo sarcástico dela irritou o homem. Ademir segurou os ombros de Karina com força. Ele estava tomado por uma fúria intensa, mas não tinha como extravasá-la. Depois de um momento, ele a soltou. — Venha comer alguma coisa! Karina não disse nada. "Nem com isso ele se irrita?
Karina também lançou a Patrícia um olhar confuso: — Eu também não entendo. Ela soltou uma risada fria e disse: — O Sr. Ademir sempre foi tão orgulhoso, achando que podia fazer tudo. Mas desta vez, desculpe... Karina iria decepcioná-lo. Por Catarino, ela não recuaria. Naquela noite, Ademir não apareceu. Se ele não havia voltado para Cidade J ou se simplesmente tinha voltado e não foi procurá-la, Karina não se importava. Nem queria saber. Na manhã seguinte, ela foi até o Hospital J. Tinha saído às pressas quando foi subitamente afastada por licença médica e não havia passado o trabalho adiante. Agora, estava ali para fazer a transição de suas funções. Alguns documentos estavam trancados em seu armário, e ela precisava pegá-los para entregar ao próximo responsável. Depois de concluir tudo, ao passar pelo saguão da recepção, viu Lucas sentado numa das cadeiras da área de espera. Karina parou por um instante, hesitou, mas acabou indo até ele. Desde que adoeceu, Luc
Karina nunca imaginou que a pergunta de Lucas seria essa. Ele estava preocupado com ela? Karina sentiu vontade de rir, sem palavras. À beira da morte, Lucas parecia ter se tornado uma pessoa mais gentil, quase como se fosse outra pessoa. — Karina, você gosta dele? — Vendo que ela não respondia, Lucas perguntou novamente, ansioso. Eunice tinha saído para buscar os remédios e voltaria em breve. O tempo estava se esgotando… Karina finalmente reagiu. Balançou a cabeça lentamente, mas com firmeza: — Não, eu não gosto. Mesmo que já tivesse gostado um dia, isso pertencia ao passado. Mas não havia necessidade de contar isso a Lucas. Depois de falar, Karina sacudiu levemente o braço que ele segurava. — Posso ir agora? — Pode. — Lucas soltou a mão. Karina não hesitou. Se virou e foi embora. Não muito longe dali, Eunice voltava da farmácia com os remédios. — Tinha muita gente na fila. — Ela se aproximou, segurando o saco de remédios, e ajudou Lucas a se levantar. — P
Naquele dia, elas haviam saído às pressas, sem dar uma boa explicação a Simão. — Não precisa. — Patrícia sacudiu a cabeça. — Hoje é dia de semana, ele tem que trabalhar. Não é como a gente, que está sem nada para fazer. De fato, fazia sentido. Karina não insistiu mais. O filme era bem mediano, e quando saíram do cinema, as duas estavam quase dormindo. A Cidade J continuava coberta por uma forte nevasca. — Está tão frio! — Patrícia disse animada, enlaçando o braço de Karina. — Vamos comer hot-pot? Estou morrendo de vontade de algo apimentado! — Então vamos naquele de sempre. — Ótimo! Por sorte, elas já estavam perto do Restaurante Ocean. Assim que pisou dentro do restaurante, Patrícia ficou paralisada. — O que foi? — Karina perguntou intrigada, seguindo o olhar de Patrícia. Não muito longe dali, Simão estava saindo do restaurante. Mas ele não estava sozinho. Ao seu lado, havia uma jovem. Os dois riam alegremente, e Simão, atencioso, segurava um casaco feminin