Karina nunca imaginou que a pergunta de Lucas seria essa. Ele estava preocupado com ela? Karina sentiu vontade de rir, sem palavras. À beira da morte, Lucas parecia ter se tornado uma pessoa mais gentil, quase como se fosse outra pessoa. — Karina, você gosta dele? — Vendo que ela não respondia, Lucas perguntou novamente, ansioso. Eunice tinha saído para buscar os remédios e voltaria em breve. O tempo estava se esgotando… Karina finalmente reagiu. Balançou a cabeça lentamente, mas com firmeza: — Não, eu não gosto. Mesmo que já tivesse gostado um dia, isso pertencia ao passado. Mas não havia necessidade de contar isso a Lucas. Depois de falar, Karina sacudiu levemente o braço que ele segurava. — Posso ir agora? — Pode. — Lucas soltou a mão. Karina não hesitou. Se virou e foi embora. Não muito longe dali, Eunice voltava da farmácia com os remédios. — Tinha muita gente na fila. — Ela se aproximou, segurando o saco de remédios, e ajudou Lucas a se levantar. — P
Naquele dia, elas haviam saído às pressas, sem dar uma boa explicação a Simão. — Não precisa. — Patrícia sacudiu a cabeça. — Hoje é dia de semana, ele tem que trabalhar. Não é como a gente, que está sem nada para fazer. De fato, fazia sentido. Karina não insistiu mais. O filme era bem mediano, e quando saíram do cinema, as duas estavam quase dormindo. A Cidade J continuava coberta por uma forte nevasca. — Está tão frio! — Patrícia disse animada, enlaçando o braço de Karina. — Vamos comer hot-pot? Estou morrendo de vontade de algo apimentado! — Então vamos naquele de sempre. — Ótimo! Por sorte, elas já estavam perto do Restaurante Ocean. Assim que pisou dentro do restaurante, Patrícia ficou paralisada. — O que foi? — Karina perguntou intrigada, seguindo o olhar de Patrícia. Não muito longe dali, Simão estava saindo do restaurante. Mas ele não estava sozinho. Ao seu lado, havia uma jovem. Os dois riam alegremente, e Simão, atencioso, segurava um casaco feminin
Karina ficou completamente atordoada com a pergunta de Ademir, sem saber como responder. — Eu não te disse que você não precisa mais fazer tantas coisas pela Vitória...? — Eu não estou fazendo isso por ela! — Ademir já não conseguia mais conter sua frustração, sua paciência estava se esgotando. — Pare de falar da Vitória! Agora sou eu e você. Você fica trazendo o nome dela o tempo todo... Quer me afastar desse jeito? Karina ficou paralisada e, logo em seguida, sentiu uma leve inquietação no peito. De repente, ela disse: — Chega, não quero mais ouvir. Enfiou a mão no bolso, procurando a chave. — Terminamos de falar antes de você entrar. — O pulso de Karina foi envolvido pela mão firme de Ademir. Sua voz grave carregava um traço de autoridade. — Você realmente não entende ou está me punindo de propósito? Você realmente não sabe o que eu quero dizer? — O que eu deveria saber? — O coração de Karina acelerou descompassado. — Eu gosto de você. No instante em que essas pal
— Karina! — Ademir franziu a testa, segurando a mão de Karina com firmeza. — Estou falando de você agora! — Certo, então fale de mim. — Karina ergueu a sobrancelha com um sorriso divertido, olhando para ele com calma. — Você acha que sou tão fácil de enganar? Que bastam algumas palavras suas para me fazer chorar de emoção e, no fim, aceitar ficar com você? — Nunca pensei assim. — O amargor tomou conta de seu peito, e Ademir balançou a cabeça. — Estou preparado... Vou me dedicar e conquistar você de verdade... — Nem vem! — Karina recusou sem hesitar, com uma firmeza límpida no olhar. — Eu não aceito! O silêncio tomou conta do ambiente. Só restavam os dois, se encarando. Os olhos negros de Ademir permaneceram fixos nela. Depois de um momento, ele sorriu de repente: — Já imaginei que diria isso. Mas, Karina, você precisa entender que o fato de eu gostar de você... não está sob seu controle. Nem sob o meu. Ele ergueu a rosa que trazia nas mãos e a estendeu diante dela. — Fo
Quando o dia mal havia amanhecido, Karina já estava de pé. Patrícia abriu os olhos, ainda sonolenta, e perguntou: — Que horas são? — Ainda é cedo. — Karina afagou o rosto de Patrícia. — Vou tomar café da manhã com o Catarino, por isso acordei mais cedo. Volta a dormir. — Tá bom. — Assim que ouviu isso, Patrícia fechou os olhos obedientemente. Karina se levantou, arrumou tudo com cuidado e saiu, pegando um carro até a Villa Verão. Quando chegou, Cecília foi quem abriu a porta. Sorrindo, disse: — O Catarino está se arrumando. De manhã, nem precisa chamá-lo, ele acorda sozinho. Ficou falando o tempo todo que a irmã vinha. Enquanto guiava Karina para dentro, acrescentou: — Senta um pouquinho. O café da manhã já está pronto, vou trazer agora. — Obrigada. — Não há de quê, é meu dever. Assim que o café da manhã foi servido, Catarino saiu do banheiro. — Irmã! — O garoto ficou radiante ao vê-la, os olhos brilhando de alegria. Correu até ela e se sentou ao seu lado.
— Obrigado. — De nada.Catarino olhou para a bandeja de frutas e apontou para um dos compartimentos: — Essa laranja é bem doce. — É mesmo? — Karina sorriu, sem dar muita importância. — Você já experimentou, Catarino? — Sim. — Catarino assentiu. — Foi o tio que trouxe. Karina ficou paralisada por um instante, e seu sorriso se congelou. Tio... O único "tio" ao qual Catarino poderia estar se referindo era Lucas. — Ele... — Karina umedeceu os lábios e hesitou antes de perguntar. — O tio veio te ver? — Sim. — Catarino assentiu de novo. — Ele veio ontem à tarde. Ontem... Ou seja, assim que recebeu alta, a primeira coisa que fez foi vir visitar Catarino. Estava apenas encenando ou realmente se preocupava? Karina franziu a testa, se sentindo dividida. — Irmã. — O que foi? — Karina ergueu o olhar. Catarino parecia um pouco envergonhado ao perguntar: — O tio está bem agora? O quê? O coração de Karina disparou. — Catarino, por que está perguntando isso? —
— Te deixar em paz? — Ademir riu, suas longas pestanas ocultando a expressão nos olhos. — Perseguir você significa que não vou te deixar em paz? Perseguir? De novo essa palavra! Karina realmente não entendia: — Por quê? — Por que o quê? Ela suspirou suavemente. A cabeça inteira estava envolta no cachecol que o homem havia enrolado nela, deixando apenas os olhos à mostra. Sua voz soou abafada: — Você já sabe, não sabe? Eu nunca gostei de você... Ou será que isso não faz a menor diferença para você e já esqueceu? Ademir abaixou o olhar para ela, soltando uma risada baixa e rouca: — Sei. E não, não esqueci. — Então o que você está fazendo? — Karina riu friamente. — Não foi exatamente por isso que nos separamos? Desde então, embora nunca tivessem dito claramente, o longo silêncio entre eles já era uma aceitação tácita do fim. Só por causa de Otávio ainda estavam esperando... Agora, até mesmo Otávio já havia concordado, e ele resolveu voltar atrás? Karina disse:
— Ademir! — Tá bom, eu já entendi. — Ademir suspirou, se rendendo sem escolha. — Espero você tomar banho e deitar, depois eu vou embora. O banheiro é escorregadio demais, prefiro ficar aqui para garantir. Que consideração, hein! Karina, irritada, jogou os cabelos para trás e entrou no quarto. Pouco tempo depois, ao sair do banho, viu Ademir já esperando com uma toalha seca nas mãos. Antes que ela pudesse explodir, ele se adiantou: — Só vou te ajudar a secar o cabelo e depois eu vou. Você cansa os braços se ficar levantando por muito tempo. Karina lançou um olhar frio para ele. — Sabia que você parece um chiclete? Por mais que tentasse se livrar dele, não conseguia. — Pois é. — Ademir não se ofendeu nem um pouco, pelo contrário, sorriu satisfeito. — Gosto desse tipo de elogio. Karina ficou sem palavras. Ela estava elogiando Ademir? — Vem cá, deixa eu secar seu cabelo. Assim você dorme mais confortável. Karina desistiu de responder. Apenas fechou os olhos e de